Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/09/2019 (Nº 69) PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES FAMILIARES QUANTO A SEGURANÇA NO TRABALHO
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PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES FAMILIARES QUANTO A SEGURANÇA NO TRABALHO

Sara Julliane Ribeiro Assunção1, Alceu Pedrotti2, Taise Correia Santos3,

Márcio George Vinhas Brandão4

1Doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, julliassuncao@yahoo.com.br

2Doutor em Ciências do Solo, Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, alceupedrotti@gmail.com

3Engenheira Agrônoma, Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, taise-correia@hotmail.com

4Especialista em Segurança no Trabalho, Departamento de Pós-graduação, Faculdade de Tecnologia e Ciências, mgvbrandao@gmail.com





Resumo: A execução da agricultura, atividade necessária para a manutenção da vida, traz atrelada ao seu desenvolvido a exposição dos seus trabalhadores a uma série de riscos, Dentre estes podemos destacar longas jornadas de trabalho, exposição a intempéries e animais peçonhentos, além da exposição a agroquímicos, principalmente por parte dos agricultores familiar que fazem uso dessas substâncias no intuito de garantir maior produtividade das suas culturas, sem assistência técnica muitas vez. Identificando essa realidade, objetivou-se analisar a percepção dos agricultores de milho verde da Cooperativa Jardim, localizada no município de Japaratuba- Se, no tocante à segurança no trabalho. Para tanto realizou-se observação participante, caminhada transversal e a realização de entrevista por meio de questionário semiestruturado. Os resultados demonstraram que os agricultores familiares possuem pouco conhecimento necessário para a manipulação destes produtos, considerados de alto risco, cujos impactos estende-se ao homem e ao meio ambiente. Identificou-se que, poucos usuários de agrotóxicos costumam ler o receituário agronômico e compreender as informações contidas na bula dos produtos. Além disso, ao armazenarem os agroquímicos, estes não são sinalizados de forma adequada. e quanto ao uso de Equipamento de Proteção Individual, o fazem parcialmente. Desta forma, torna-se evidente a necessidade de ações educativas visando repassar informações e esclarecimentos aos agricultores a respeito dos riscos inerentes a atividade agrícola e dos perigos decorrentes do uso e manuseio de agrotóxicos.

Palavras-chave: Riscos. Agrotóxicos. Equipamento de proteção individual. Fertilizantes. Milho verde.



Abstract: The execution of agriculture, a necessary activity for the maintenance of life, brings to its development the exposure of its workers to a series of risks. These include long working hours, exposure to bad weather and venomous animals, as well as exposure to agrochemicals, mainly on the part of the familiar farmers who use these substances in order to guarantee greater productivity of their crops, without technical assistance many times. Identifying this reality, the objective was to analyze the perception of the green corn farmers of the Cooperativa Jardim, located in the municipality of Japaratuba- Se, regarding safety at work. Participant observation, cross-sectional observation and the interview were carried out through a semi-structured questionnaire. The results showed that family farmers have little knowledge necessary to handle these products, considered to be high risk, whose impacts extend to man and the environment. It was identified that, few users of agrochemicals usually read the agronomic prescription and understand the information contained in the product leaflet. In addition, when storing agrochemicals, they are not properly signaled. and regarding the use of Personal Protective Equipment, they do so partially. In this way, it becomes evident the need for educational actions aimed at passing on information and clarification to the farmers about the risks inherent to agricultural activity and the dangers arising from the use and handling of agrochemicals.

Keywords: Scratchs. Pesticides. Individual protection equipment. Fertilizers. Green corn.



Introdução

Podemos entender a agricultura, como uma estreita relação existente entre o homem e a natureza, objetivando a produção de alimentos de interesse ao homem, utilizando para isso os recursos naturais disponíveis. Segundo Mazoyer e Roudart (2010) ela surgiu a aproximadamente 10 mil anos, no período neolítico, e desde o seu surgimento vem sofrendo uma série de transformações quer seja na forma de operação (preparo do solo e uso de insumos), quer seja por razão da localização geográfica ou de quem cultiva o campo.

Essas transformações sofridas pela agricultura permitem caracteriza-la em diferentes formas, e entre estas, temos a agricultura familiar cuja nomenclatura é relativamente recente, pelo menos no Brasil, tendo, talvez, uns 30 anos (DENARDI, 2001). Atualmente a lei nº 11.3262, de 24 de julho de 2006, também conhecida como a “Lei da Agricultura Familiar” apresenta como agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural e dirige seu estabelecimento ou empreendimento com sua família, não detendo título de área maior que 4 módulos fiscais, utilizando predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, possuindo um percentual mínimo de renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento.

Desde a colonização, a agricultura figura como umas das principais atividades econômicas dos pais. Sabidamente, o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos de todo o mundo. Por suas dimensões continentais e climas variados, o país consegue produzir uma grande variedade de alimentos. Entretanto devemos destacar que grande parte do que é produzido no Brasil, com destaque para produtos como a soja, o milho, café, trigo, são produtos de exportação comercial.

Segundo o Ministério da Agricultura, (2017) a agricultura familiar é a principal responsável pela comida que chega às mesas das famílias brasileiras, respondendo por cerca de 70% dos alimentos consumidos em todo o País. O pequeno agricultor ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são alguns grupos de alimentos com forte presença da agricultura familiar na produção, contribuindo dessa forma para a segurança alimentar do país.

No Brasil, apenas 20% das terras agricultáveis pertencem aos pequenos produtores familiares, que segundo dados do Censo Agropecuário realizado em 2006, engloba 4,2 milhões de estabelecimentos familiares, representando 84% dos estabelecimentos rurais do país. Mesmo assim, a agricultura familiar é responsável por mais de 80% dos empregos gerados no campo (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2017).

Dentre as diversas culturas cultivadas pela a agricultura familiar, o milho verde figura como um produto de ampla aceitação. Os produtores consideram o milho verde como fonte complementar de renda, pois apresenta valor comercial superior ao milho comercializado na forma de grãos secos (LUZ et al., 2014), além de apresentar demanda constante pelo produto in natura no mercado local, (BORGES et al., 2012) por fazer parte de vários pratos típicos regionais; e menor tempo de tratos culturais. No semiárido nordestino, a cultura do milho verde assume grande importância econômica e Social quando se avalia as oportunidades para geração de emprego renda (GUILHOTO et al., 2014). Cuenca et al., (2005), destaca que o plantio do milho é relevante para o estado de Sergipe, sob a ótica alimentar, econômica e social.

De acordo com a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (COHIDRO), a área plantada com milho voltada à colheita verde foi de 137 hectares, na safra de 2016. Atualmente dentre os municípios produtores de milho verde em Sergipe, Japaratuba localizado na mesorregião Leste do estado, no Vale do Cotinguiba, destaca-se pela produção expressiva e contínua, tornando-se uma das principais fontes de renda agrícola na região.

Buanain et al. (2003), destaca que a agricultura familiar brasileira contempla grande diversidade cultural, social e econômica, variando desde famílias que vivem e exploram minifúndios em condições de extrema pobreza, a produtores inseridos no moderno agronegócio com uma pequena produção modernizada. A maioria desses agricultores adota cada um mediante a sua realidade, a agricultura convencional como forma de condução das suas lavouras. Essa agricultura caracteriza-se pelo intenso revolvimento do solo para o plantio, associado ao uso de insumos agrícolas (sementes híbridas, fertilizantes químicos e agrotóxicos).

Dentre estes insumos, destaque especial deve ser dado aos fertilizantes e aos agrotóxicos, principais instrumentos do modelo de desenvolvimento da agricultura brasileira, utilizados com a finalidade de aumentar a produtividade e lucratividade das culturas; eliminar pragas, doenças e plantas espontâneas que possam interferir no rendimento das culturas agrícolas (BOHNER, 2015). Fertilizantes ou adubo são produtos minerais ou orgânicos, naturais ou sintéticos, que fornecem um ou mais nutrientes (macronutriente ou micronutriente) aos vegetais. Já agrotóxicos, conforme a Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989, pode ser definido como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados a produção agrícolas, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento das plantas.

O uso de agrotóxicos no país teve início na década de 40 e ganhou força no final dos aos 60, período marcado por incentivos à “modernização” da agricultura, conhecida como revolução verde, havendo nesta época, uma vasta difusão do uso de agrotóxicos na produção agrícola (SOARES, 2010). Atualmente, os agrotóxicos são amplamente empregados nos sistemas agrários brasileiros a fim de elevar o potencial produtivo e, por conseguinte, o retorno econômico da atividade agrícola (ALTIERI et al., 2012). Entretanto vale atenção destacar que desde a sua difusão, medida de controle de uso e de seus impactos na saúde da população exposta e no meio ambiente, foram negligenciados.

O Brasil lidera desde 2008 o ranking de maior consumidor e usuário de agrotóxicos no mundo (SINDAG, 2017), cujo consumo vem aumentando a cada ano, constituindo hoje um importante problema de saúde pública, tendo em vista a amplitude da população exposta (RIGOTTO et al., 2014). Em 2014, segundo dados do Boletim anual de produção, importação, exportação e vendas de agrotóxicos no Brasil do IBAMA, as vendas internas de Agrotóxicos foram de 508,6 mil toneladas de ingredientes ativos (IBAMA, 2015), o que equivale a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante. Existem hoje mais de 500 substâncias de uso permitido no Brasil, ao passo que menos de 100, tem o seu uso banido (ANVISA, 2017). Tais questões adquirem forte impacto no contexto brasileiro, uma vez que, o maior contingente de agricultores familiar faz uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos para a produção agrícola, sem acompanhamento e orientação técnica adequada.

Vale salientar que embora o grupo populacional mais vulnerável aos riscos causados pelos agrotóxicos sejam os trabalhadores rurais, os quais são constantemente expostos a estas substâncias; os impactos do uso indiscriminado e sem supervisão e orientação técnica, ultrapassam a porteira das propriedades rurais, gerando situações de risco também para os consumidores e à população em geral diante a contaminação da água, solo, ar, animais e alimentos produzidos (RIGOTTO et al., 2014). Não obstante o Brasil ainda permiti o uso de produtos banidos em outros países (ABRASCO, 2012), cujos efeitos deletérios na saúde humana e do meio ambiente são amplamente conhecidos.

Os trabalhadores agrícolas apresentam um grande risco de intoxicação aguda ou crônica por agrotóxico, devido ao contato intenso com os produtos concentrados, ou diluído em baixas concentrações. O contato pode ocorrer durante a aplicação, elaboração das caldas ou, ainda, durante o manuseio, limpeza do equipamento de pulverização e pessoal e durante o descarte de embalagens vazias (DOMINGUES, et al., 2004).

A exposição do trabalhador ao agrotóxico pode acarretar na sua contaminação por via dérmica, digestiva ou respiratória, podendo resultar em efeitos imediatos - intoxicação aguda- diante de uma única ou mais exposições a produtos concentrados ou puros, tais como tonturas, desmaios, vômitos, diarreias, desorientação, dificuldade respiratória, náuseas, convulsões, hemorragias, coma e morte; ou ainda ocasionar problemas crônicos- intoxicação crônica- decorrentes a exposição prolongada a baixas concentrações de agrotóxicos, mais dificilmente detectados e percebidos, tais como danos carcinogênicos, diminuição da taxa de fertilidade (atrofia testicular; esterilidade masculina), prejuízos ao fígado e ao sistema nervoso central (paralisia reversíveis, lesão cerebral e retardo irreversível), tumores malignos, formação de catarata, atrofia de nervo ótico, dentre outras (SILVA et al., 2005; BOHNER, 2015).

As dermatoses, como as dermatites de contato, são patologias frequentes entre os usuários de agrotóxicos como os agricultores familiares. Outras formas menos frequentes também podem ocorrer, como urticária, hipopigmentação da pele, e alterações em unhas e cabelos (SPIEWAK, 2001). As doenças respiratórias também são reconhecidas como sério problema na agricultura (NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH, 2007), assim como vários outros agravos agudos e crônicos são relatados como de alta prevalência entre agricultores e trabalhadores rurais, entre eles amputações, doenças cardiovasculares, artrite, e perda auditiva (FREITAS; GARCIA, 2012).

Soares e Porto (2007) estimam que, 540 mil trabalhadores rurais brasileiros anualmente são contaminados por agrotóxicos, sendo que destes 4 mil resultam em morte, salientando que os danos socioambientais causados pelo uso destes produtos, não são contabilizados. Pires et al. (2005) evidenciam ainda que para cada caso de intoxicação notificado pelo sistema de saúde, existem outros 50 casos não notificados, chamando atenção para a alta taxa de subnotificação dos casos de intoxicação por agrotóxicos entre os trabalhadores rurais principalmente já que são a principal população exposta a tal produto e seus efeitos.

Associado ao uso indiscriminado de agrotóxico, a falta de uso de equipamentos de proteção individual (EPI) por parte dos trabalhadores nas atividades de campo, desde as mais simples a aplicação de agrotóxico, chama atenção dos profissionais que atuam nessa área. Além de realizar grande esforço físico devido às características intrínsecas da própria atividade e da tecnologia restrita, o agricultor familiar ainda está sujeito a inúmeros acidentes de trabalho, aos efeitos nocivos dos raios de sol, às temperaturas extremas do clima e ao risco de ser atacado por animais peçonhentos. Devido a estas características do trabalho na agricultura familiar, é possível perceber que este público está submetido a condições de trabalho muitas vezes insalubres e críticas em termos ergonômicos (BOHNER, 2015).

Além dos riscos decorrente do uso de agrotóxico aos quais os trabalhadores rurais estão expostos, devemos destacar que outros riscos e danos também acomete essa classe trabalhadora, tais como: Acidentes com ferramentas manuais (enxada, foice, facão), máquinas e implementos agrícolas; Lesão traumática provocada por animais peçonhentos (cobras, abelhas, aracnídeos, escorpioides); Exposição a agentes infecciosos e parasitários endêmicos (esquistossomose, a malária etc); Exposição às radiações solares por longos períodos, sem pausas e reposições calórica e hídrica necessárias; Exposição a ruído e à vibração que estão presentes pelo equipamentos elétricos (motosserras , colhedeiras , tratores etc); Exposição a poeiras diversas (solo, ácaros, pólen, detritos de origem animal, componentes de células de bactérias e fungos); Jornada de trabalho longa e intermitente com ritmo intenso; e Exposição a fertilizantes , que podem causar intoxicações graves e mortais (SILVA et al., 2005) .

Desta forma estudos que possibilitem uma visão mais ampla e nítida das condições de trabalho dessa classe, assim como uma avaliação acerca da percepção dos mesmos em relação a noções de segurança no trabalho, são imprescindíveis no intuito de proporcionar ações que se traduzam em melhores condições de trabalho e consequentemente vida desses trabalhadores, justificando a necessidade do desenvolvimento dessa pesquisa.

Portanto, considerando o uso predominante de agrotóxicos e fertilizantes no modelo de produção agrícola adotado pelos agricultores de milho verde em Japaratuba-Se, assim como os riscos à saúde dos trabalhadores envolvidos no processo, o presente estudo aborda a percepção dos agricultores familiares quanto a questões voltadas à segurança no trabalho desta atividade, partindo dos seguintes questionamentos: Como os agricultores estão utilizando os agrotóxicos e fertilizantes para a produção de milho verde? Qual a sua percepção quanto ao uso e impactos dos agrotóxicos e fertilizantes sob a sua saúde e do meio ambiente? Como a saúde dos agricultores familiar é impactada pela falta de uso de EPI’s nas atividades laborais? Propôs-se como objetivo geral identificar e avaliar a percepção dos agricultores familiares quanto à segurança no trabalho no desenvolvimento das suas atividades laborais.



Metodologia

O presente estudo apresenta uma abordagem interdisciplinar uma vez que faz uso de conceitos, metodologias e ferramentas de diversa área, visando à compreensão da percepção de um grupo de agricultores quanto a questões voltadas a segurança no trabalho de suas atividades laborais. Quanto à abordagem da pesquisa, a mesma pode ser identificada como pesquisa qualitativa, uma vez que se preocupa com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações de um grupo social.



Local de estudo

O estudo foi desenvolvido no município de Japaratuba no estado Sergipe (Nordeste do Brasil), localizado na mesorregião Leste do estado, no Vale do Cotinguiba. O município faz parte da microrregião de Japaratuba, localizado a uma Latitude 10º35'36" sul e a uma longitude 36º56'25" Oeste, a 79 m de altitude. Em 2015 apresentou uma população de 18.288 habitantes, segundo o IBGE (2016), em uma área de 364,899 Km², com predominância do bioma Mata Atlântica, clima sub úmido, e solo predominante o Argissolo Vermelho Amarelo (EMBRAPA, 2006).



Delimitação do Campo de pesquisa

Inicialmente, foi realizada uma pesquisa exploratória acerca de área produtoras de milho verde em Sergipe, na qual a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (ENDAGRO), que presta serviços de extensão rural e assistência técnica aos agricultores, foi consultada. Nesta ocasião, a partir de registros da empresa, foram identificados os municípios produtores de milho verde no estado. Em seguida foi realizada outra pesquisa exploratória junto a ENDAGRO do município de Japaratuba no intuito de identificar populações produtoras de milho verde.

De acordo com as informações da ENDAGRO, foi selecionada a população de estudo no município, tomando como critério para a seleção: ser agricultor familiar e possuir como principal fonte de renda a agricultura e em especial o cultivo do milho verde. Desta forma, selecionou-se os agricultores pertencentes a Cooperativa Mista de Colonização - Cooperativa Jardim, localizada no município de Japaratuba, no povoado São José, que atualmente conta com uma área de 20 ha, destinada ao plantio de milho verde. O cultivo dessa oleícola é feita durante todo o ano, totalizando de 4 safra/ano, destinada ao comercio regional. Atualmente na Cooperativa Jardim, 60 agricultores cultivam milho, sendo toda a produção colhida em forma de milho verde. Dessa população de agricultores, foi tomada uma amostra probabilista de 53 agricultores, com nível de confiança de 95%, calculada através da calculadora amostral (SANTOS, 2017).



Instrumentos de pesquisa

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a presente pesquisa trata-se de um levantamento porque envolve questionamentos diretos abrangendo pessoas cujo comportamento se almeja conhecer. Quanto a natureza da pesquisa, a mesma pode ser identificada como uma pesquisa exploratória pois o pesquisador tem como objetivo descrever melhor o problema para obter maiores informações sobre determinado assunto, envolvendo entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e descritiva uma vez que as características estudadas são descritas com o intuito de analisar as relações de causa e efeito (GIL, 2007; TRIVINOS, 2009).

Para o levantamento dos dados foi realizado o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), com o uso de ferramentas previamente selecionadas: Observação participante, Entrevista Semiestruturada (com aplicação de questionário; e Travessia/Caminhada Transversal (VERDEJO, 2006). A caminhada transversal, a observação participante assim como a realização das entrevistas, foram realizadas no período compreendido entre os meses de fevereiro e junho de 2017. Foram feitas 6 caminhadas na propriedade com grupos de agricultores diferentes. Nessas caminhadas foi realizado o reconhecimento da área da propriedade, dos recursos naturais disponíveis tais como nascentes de rios, culturas cultivadas e condução do cultivo. A observação participante foi realizada durante os meses de condução da pesquisa, sendo observados os agricultores realizando as atividades de condução do cultivo.

Para a realização da entrevista semiestruturada, foi utilizado um questionário semiestruturado composto de 50 perguntas, com o intuito de conhecer o perfil socioeconômico dos agricultores, bem como identificar quais as práticas voltadas à segurança no trabalho adotadas por eles do desenvolvimento das suas atividades e suas percepções sobre o assunto e dos impactos causados sob a sua saúde e meio ambiente. Para tanto as perguntas do questionário, foram seccionadas em 4 partes: Aspectos gerais (abordando informações acerca do agricultor no intuito traçar o seu perfil), Aspectos da produção e da propriedade (abordando informações sobre as atividades desenvolvidas na produção de alimentos, assim como informações da propriedade), Aspectos Ambientais (abordando informações a respeito do uso de agrotóxicos e fertilizantes, uso de EPI e impactos na saúde e meio ambiente), e Aspectos sistêmicos (abordando informações sobre a sua permanência na cadeia produtiva de alimentos).

A entrevista foi conduzida com auxílio do questionário impresso, onde as respostas foram anotadas pelo entrevistador, e conduzidas nos campos de produção ou na sede da associação Jardim, dependendo exclusivamente de o ensejo do entrevistado participar. Junto ao questionário, foi apresentado um termo de livre consentimento e esclarecimento (TCLE), que após a explanação dos objetivos do estudo, era assinado pelo agricultor (entrevistado) caso consentisse em participar da pesquisa. Todas as entrevistas foram conduzidas pelo mesmo entrevistador, com o intuito de minimizar os efeitos da influência do entrevistador sobre a resposta coletada.



Análise e Interpretação dos dados

Após a coleta dos dados através da entrevista e caminhada transversal, os mesmos foram tabulados para proceder à análise. Os dados quantitativos da pesquisa foram tabulados e analisados através de estatística descritiva, no programa Sisvar (FERREIRA, 2007). Já os dados qualitativos foram analisados por meio da definição de categorias de análise, permitindo uma análise qualitativa das informações, conforme descrito por Bohner, (2015).



Resultados e Discussão

Após tabulação dos dados tornou-se possível identificar alguns aspectos comuns ao grupo amostral. Todos entrevistados foram do sexo masculino. Mendes et al. (2014) e Silva et al. (2015), também revelam a predominância de trabalhadores do sexo masculino em seus estudos (98% e 93% respectivamente). No entanto, vale a pena a destacar que na Cooperativa Jardim existem membros associados do sexo feminino, entretanto não compõem o público alvo do estudo (agricultores de milho verde). Outra característica comum a todos os entrevistados, é que os mesmos se autodeclararam como brancos. Resultados semelhantes foram encontrados por Farias et al. (2009) em estudo realizado com 290 produtores procedentes da agricultura familiar do município de Bento Gonçalves – RS, e por Guimarães e Oliveira (2015) em trabalho realizado com 105 agricultores familiares da zona rural do município de Malhada de Pedras-BA.

A idade média dos agricultores que cultivam milho verde é de 45,64 ± 0,87 anos de idade, sendo que o agricultor mais novo possui 37 anos e o mais velho 55 anos, conforme dados apresentados na Tabela 1. Nenhum dos agricultores entrevistados possui a posse da terra. A mesma pertence a Cooperativa, e o seu uso é realizado pelos membros associados, tendo esses o direito de cultivar culturas variadas (foram observados o cultivo de quiabo, amendoim, milho, maxixe, coco, banana e mangaba) não sendo possível realizar a construção de nenhuma benfeitoria sobre as terras para uso particular. Desta forma, nenhum dos agricultores entrevistados mora vizinho à área de cultivo, ou na própria área, mais sim no povoado São José, (localizado no município de Japaratuba-SE), mesma localização da lavoura.

Tabela 1: Perfil dos agricultores de milho verde da Cooperativa Jardim em Japaratuba-Se.

Perfil dos Agricultores

Média amostral

Coeficiente de Variação (%)

Idade (anos)

45,64 ± 0,87

13, 85%

Tempo trabalhado por dia (horas)

8,49 ± 0,50

43,19%

Tempo de trabalho na agricultura

14,62 ± 1,71

85,19%

Número de pessoas envolvidas na atividade

1,73 ± 0,12

50,72%

Área cultivada (tarefas)

3,21 ± 0,24

54,47%

Número de culturas cultivadas

2,02 ± 0,98

35,68%

Fonte: ASSUNÇÃO et al. Elaborado com dados dos autores, 2019

Com relação ao perfil dos agricultores, os dados quantitativos coletados foram submetidos a análise descritiva através do programa estatístico Sisvar a 95% de confiança , sendo identificado que a idade média dos agricultores que cultivam milho verde é de 45,64 ± 0,87 anos de idade, sendo que o agricultor mais novo possui 37 anos e o mais velho 55 anos, conforme dados apresentados na Tabela 1.

Quanto ao tempo dedicado à lavoura, corroborando com os dados de Mesquita Filho e Pereira (2011) foi identificado que em média os agricultores dedicam-se mais de 8 horas (8,49 ± 0,50 horas diárias) as suas atividades laborais (Tabela 1), sendo que o menor quantitativo identificado foi de 4 horas diárias ao passo que o maior foi de 14 horas diárias. Pode-se identificar em campo que o quantitativo de horas está relacionado principalmente com a quantidade de pessoas (familiares e/ou contratados) que trabalham na atividade da lavoura, que em média apresenta 1,73 ± 0,12 pessoas envolvidas por cada entrevistado.

Nesse aspecto vale a pena ressaltar que conforme relatos de entrevistados existem agricultores que chegam as suas lavouras as 03:00 horas da manhã e lá permanecem até as 17:00 horas ficando exposto ao sol 12:00 por dia, uma vez que os mesmos não realizam pausa para o almoço (almoçam no campo mediante “marmitas” confeccionadas em suas residências, cujo acondicionamento não obedece a preceitos regulares de armazenamento), não realizam descanso após 4 horas de jornada de trabalho, não fazem uso de protetor solar (100% dos entrevistados) e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPI) (Figura 1). Silva et al. (2005), descreve que a exposição às radiações solares por longos períodos, sem pausas e reposições calórica e hídrica necessárias desencadeia problemas tais como cãibras, síncopes, exaustão por calor, envelhecimento precoce e câncer de pele.

Devido à natureza do trabalho no campo, todas as atividades são realizadas "em pé". Essas atividades sobrecarregam os membros inferiores havendo uma tendência de que o sangue fique acumulado nas pernas, dificultando o retorno venoso, contribuindo para o surgimento de varizes, assim como dores nos joelhos, pernas e quadris (BATIZ et al., 2009). Conforme preconiza a Norma Regulamentadora (NR) 17 –, todas as atividades onde o trabalho é realizado de pé, deve-se disponibilizar assentos para descanso dos trabalhadores durante as pausas de trabalho (BRASIL, 2007). De maneira semelhante, a NR 31 recomenda que, para as atividades que forem realizadas necessariamente em pé, devem ser garantidas pausas para descanso (BRASIL, 2005), visando manter a integridade da saúde do trabalhador.

Figura 1: Utilização de Equipamentos de proteção individual pelos agricultores familiares no desenvolvimento das suas atividades de campo, em Japaratuba –SE, 2017.

Fonte: ASSUNÇÃO et al. Elaborado com dados dos autores, 2019

Embora reconheçam a importância do uso de EPI como luvas e óculos de proteção, os entrevistados relatam que não os utilizam porque não gostam (25%); não possuem (25%); não possuem o hábito de utilizarem (38,5 %) ou esquecem de levar para o campo (13,5%), evidenciando que entendem os riscos físicos aos quais estão expostos durante o desenvolvimento das suas atividades laborais, embora negligenciem aspectos relacionados às questões de segurança quanto ao manuseio e uso de EPI’s. Os dados coletados corroboram com os resultados encontrados por Mendes et al. (2014) e Oliveira et al. (2015) ao avaliar a exposição de 27 trabalhadores da pecuária leiteira aos riscos ocupacionais, identificando que 100% dos entrevistados não usavam todos os EPI’s, havendo um maior uso de botas entre os participantes.

Quanto a variável tempo de atuação na agricultura, em média os agricultores estão a 14,62 ± 1,71 anos nessa função, existindo desde agricultores que desempenha a atividade a 1 ano, a agricultores que possuem 40 anos de atividade de campo, explicando o elevado coeficiente de variação dos dados encontrados. Já quanto à área cultivada, em média cada agricultor cultiva 3,21 ± 0,24 tarefas de terra, que equivalem a 0,98 ha (MDA, 2017), cujos valores variaram de 1 a 6 tarefas (0,3 a 1,83 ha), sendo que apenas 25% apenas cultivam milho, 50% cultivam milho e amendoim e 25% cultivam milho, amendoim e quiabo, sendo que em média eles cultivam 2,02 ± 0,98 culturas conforme dados da Tabela 1.

Essa variação de cultivo, também chamado de policultivo ou rotação de cultura é uma das características mais marcantes da agricultura familiar. Essa diversificação é decorrente da adoção de técnicas de manejo agroecológicas do solo, visando a sua restruturação; oferta de produtos mediante demanda; garantia de diversas fontes de renda diante de intempérie; e autoconsumo (GAVIOLLI; COSTA, 2011).

Outras duas variáveis analisadas nesse estudo foram à renda média mensal e o nível de escolaridade dos entrevistados. Quanto a renda mensal, a maioria (73,58%) informou receber entre 1 e 2 salários mínimos ao passo que apenas 26,46 % declarou receber até 1 salário mínimo por mês (Figura 2a). Resultados diferentes foram encontrados por Silva et al. (2015) ao avaliar a situação de risco de 184 agricultores de manga do centro-sul baiano, onde 77% afirmaram receber até um salário mínimo. Entretanto os dados coletados corroboram com os resultados vistos por Alexandre, (2009) onde mais de 80% dos entrevistados afirmam que sua renda familiar está entre 1 e 2 salários mínimos, ao avaliar a exposição a agrotóxicos e fertilizantes químicos de agricultores de abacaxi em Limoeiro do Norte-CE.

Figura 2: Renda mensal e nível de escolaridade dos agricultores de Japaratuba –SE, 2017.

Fonte: ASSUNÇÃO et al. Elaborado com dados dos autores, 2019

Quando avaliado o grau de escolaridade dos entrevistados, constatou-se que 73,58 % dos entrevistados possuem o ensino fundamental incompleto (estudaram dos 4⁰ ao 6⁰o ano), 24,5% possuem o ensino fundamental completo e apenas 1,89% possui o ensino técnico (Figura 2b). Os resultados encontrados corroboram com encontrados por Bedor et al. (2009) que constataram que a escolaridade dos agricultores do submédio do Vale do São Francisco, avaliando a vulnerabilidades e situações de riscos é baixa, com 12% de analfabetos e 64% com o ensino fundamental completo. Siqueira et al. (2013) também encontraram resultados semelhantes, onde 130 (57%) trabalhadores tinham o ensino fundamental incompleto e 45 (19,7%) eram analfabetos.

Segundo Guimarães e Oliveira, (2015), nenhum outro grupo é mais vulnerável aos efeitos nocivos dos agrotóxicos que os agricultores da agricultura familiar, sendo um dos motivos a não clareza de informações contidas nos rótulos e bulas de agrotóxicos, atrelado aos baixos índices de escolaridade observados neste grupo, também conforme observado no presente estudo. Estes fatos os tornam menos preparados para manusear os produtos com maior atenção, ou seja, aumenta os riscos, já que esses não são possíveis de serem eliminados em sua plenitude (MATOS, 2013).

Bohner (2015) salienta que no Brasil, o uso de agrotóxicos é regulamentado pela Lei 7.802, que normatiza desde a pesquisa e fabricação dos agrotóxicos até sua comercialização, aplicação, controle, fiscalização, assim como o destino final da embalagem após utilização, possuindo o receituário agronômico, como instrumento legal que regulamenta o seu uso, constituindo uma forma de tentar controlar o uso e comercialização visando minimizar os efeitos negativos desta prática .

Segundo dados levantados nesse estudo, 100% dos entrevistados afirmam utilizar agrotóxicos para a produção de milho verde, corroborando com os dados encontrados por Silva et al. (2015). Desse quantitativo, 84,61 % dos entrevistados (45 agricultores), afirmam não lerem o receituário agronômico e, por conseguinte não entenderem as informações contidas nos mesmos e nem seguir as suas orientações. Já 15,39 % afirmam ler poucas vezes o receituário agronômico e quando assim o faz, entende a maior parte das informações ali contidas, seguindo poucas vezes as suas orientações (Tabela 2). Faria et al. (2007) destaca que o receituário agronômico por ser aplicado de maneira burocrática, torna-se impotente como medida de controle e não resulta em contribuições efetivas para a prevenção e manejo dos problemas decorrentes do uso de agrotóxicos por parte dos agricultores.

Tabela 2: Conhecimento dos agricultores familiares de Japaratuba-Se, acerca do receituário agronômico, bula e rótulo de agrotóxico, 2017.

Variável

Sempre

Na maioria das vezes

Algumas vezes

Poucas vezes

Nunca

Ler o receituário agronômico

0

0

1

1

13

Seguir orientações do receituário agronômico

0

0

0

2

13

Ler bula de agrotóxico

0

0

1

0

14

Seguir orientações da bula do agrotóxico

0

0

0

1

14

Observa o pictograma de perigo e a cor da tarja no rótulo do agrotóxico

11

0

0

0

4


 

 

 

 

 


Entende Tudo

Entende maior parte

Entende parcialmente

Entende pouco

Não entende

Entende as informações do receituário agronômico

0

2

0

0

13

Entende as informações da bula dos agrotóxicos

0

0

0

1

14

Entende as informações dos pictogramas e coloração da tarja dos agrotóxicos

0

0

0

1

14

Fonte: ASSUNÇÃO et al. Elaborado com dados dos autores, 2019.



Quanto à leitura da bula dos agrotóxicos 98,11 % afirmam não lerem as informações contidas, não seguindo dessa forma as suas orientações. Entretanto 73,58 % dos entrevistados indicam que observam as tarjas coloridas e pictogramas de perigo presentes nos rótulos dos agrotóxicos sempre, sendo que segundo levantamento 98,11 % entendem pouco acerca das informações expressas pela coloração da tarja e pelo pictograma de perigo (Tabela 2).

Resultados similares foram também encontrados por Bohner (2015) a respeito dos desenhos e tarjas, onde grande parte dos entrevistados revelou observá-las (83;3%) e compreendê-las (77,8%), sendo que destes, apenas 11,1% não o faze; e por Recena e Caldas (2008), e Guimarães e Oliveira (2015).Segundo Yamashita (2008), apesar da maioria dos agricultores entrevistados lerem os rótulos e bulas de agrotóxicos, a compreensão destes impressos ainda é problemática, e o uso de cores na classificação toxicológica é ineficaz, sendo que certas classes são comumente confundidas entre si. Nesse aspecto o grau de escolaridade interfere diretamente na compreensão das informações, tanto escritas como visuais.

Para aquisição dos agrotóxicos, 93,33 % dos entrevistados, buscam informações com 3⁰, não buscando orientação técnica adequada. Tal comportamento também foi observado por Mendes et al. (2014) que indica que 36,8% das orientações de compra estão associadas a pessoas despreparadas para orientar de forma correta a utilização e compra do produto, onde 21,7% das recomendações deram-se por amigos e 8,7% por comerciantes ou proprietários de lojas de produtos agroveterinários.

Os agrotóxicos utilizados pelos agricultores de milho verde em Japaratuba, podem ser categorizados em 2 tipos específicos: Herbicida (Glifosato - N-(phosphonomethyl) glycine) para controle de plantas espontâneas na lavoura aplicado de 1 a 4 vezes por cultivo, 500 ml a cada 0,03 ha; e Ectoparasiticida (Cipermetrina, clorpirifós e citronela) que tem sido utilizado para controle da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), praga agrícola de maior importância e incidência na cultura do milho, aplicado de 2 a 8 vezes durante o cultivo, mediante a infestação das lagartas no milharal, 20 ml a cada 0,03 ha. Siqueira et al. (2013) e Rigotto et al. (2014) também observou que os agrotóxicos mais utilizados foram os herbicidas e inseticidas, corroborando com os dados desse estudo.

O herbicida assim como o ectoparasiticida são aplicados por meio de bomba costal manual, sendo observado por todos os entrevistados (100%) as condições climáticas e o horário de aplicação (início da manhã). Entretanto, apenas 13,5 % dos entrevistados regulam o equipamento antes de utilizar. Essa falta de calibração do aspersor da bomba costal pode provocar dois resultados distintos, porem ambos de impacto negativo: Ser aplicado uma dosagem a cima da recomendada propiciando uma contaminação ambiental do solo, água e animais, e do próprio agricultor; ou uma indução a resistência do patógeno diante da aplicação de uma dosagem inferir ao necessário para controlar a praga agrícola. Nas pequenas propriedades, a aplicação dos agrotóxicos, realizada por pulverização costal, acarreta maior exposição dos trabalhadores rurais quando comparada a outras técnicas, elevando dessa forma a possibilidade de contaminação dessa população (BEDOR et al. 2009).

Dentre os agrotóxicos comercializados por classes de periculosidade ambiental no período de 2009 a 2012 no Brasil, os produtos Classe III (Medianamente tóxico, com Dose Letal (DL) de 50 e 500 mg/kg (OPAS/OMS, 1996), foram os mais comercializados, seguidos dos produtos da Classe II (Altamente tóxico, com DL de 5 e 50 mg/kg (OPAS/OMS (1996)) (IBAMA, 2015). Quando avaliados os agrotóxicos segundo o grupo químico a que pertencem, os mais comercializados foram os herbicidas (ABIFINA, 2013). Esse cenário também foi observado na nossa população de estudo. Ressalta que mesmo os agrotóxicos enquadrado na classe III e IV (Pouco tóxico, com DL de 500 e 5.000 mg/kg (OPAS/OMS, 1996), devem ser manuseado com todos os cuidados necessários para evitar efeitos agudos e até mesmos crônicos, pois, vários anos de exposição a esses produtos podem resultar no surgimento de doenças mentais, degenerativas, neurológicas, entre outras (CARNEIRO et al., 2012), justificando a necessidade de intervenção quanto ao manuseio dos produtos a fim de minimizar os efeitos sob a saúde dos agricultores.

Associado ao risco da classe ao qual pertence o agrotóxico, o tempo de uso, assim como a frequência de uso, também pode gerar prejuízos em nível de saúde do trabalhador e meio ambiente. Conforme dados coletados a respeito da frequência do uso de agrotóxicos, 86,5% afirmam que utilizam agrotóxico na lavoura às vezes, e 13,5% indicam que faz uso poucas vezes (Figura 3a). Essa variação é decorrente da maior ou menor incidência de plantas espontâneas e de lagartas nas lavouras. Já quanto ao tempo de uso dos agrotóxicos pelos agricultores, varia de 1 a 18 anos, sendo diretamente relacionado com o tempo de atividade agrícola que o agricultor acumula.

Figura 3: Frequência de uso de agrotóxico e percepção dos agricultores de Japaratuba –SE, quanto a finalidade de utilização do agrotóxico, 2017.

3a: Frequencia de uso de agrotóxico 3b: Percepção dos agricultores quanto ao agrotóxico

Fonte: ASSUNÇÃO et al. Elaborado com dados dos autores, 2019.

Dos agricultores entrevistados 100 % afirmam que pretendem continuar utilizando agrotóxicos nas suas lavouras, para alcançar produções expressivas com diminuição da carga de trabalho. Dos 53 entrevistados 27 afirmam que não é possível produzir sem o uso de agrotóxico, ao passo que 26 afirmam que é possível. Na concepção dos agricultores, 75,5% entende que os agrotóxicos são venenos e 24,5 de que são controladores de pragas e doenças (Figura 3b). Os resultados encontrados assemelham-se aos de Bohner (2015) que indica que quando os agricultores foram questionados sobre o significado dos agrotóxicos, 44,4% deles responderam ser um veneno, 22,2% identificaram-no como um protetor de plantas 22,2%, associaram-no a uma ferramenta de trabalho, 5,5% a um remédio para as plantas e 5,5% a um controlador de pragas.

Questionados sobre os impactos que o uso dos agrotóxicos traz a saúde, 100 % afirmam que eles causam danos graves, podendo provocar câncer e doenças diversas. Dentre os entrevistados apenas 24,5% agricultor apresentou sintomas de intoxicação (alergia, náusea e tontura). Já sobre os impactos no meio ambiente 73 % entendem que causam danos graves assim como na saúde; e 13,5% que causam danos não tão graves e 13,5% que causam poucos danos ao meio ambiente (Tabela 3). Corroborando com os resultados identificados nesse estudo, Mendes et al., (2014), afirma que estudo a maioria dos entrevistados (87%) afirmou nunca ter sentido problema algum, enquanto que 13% afirmaram já tiveram algum tipo de problema, principalmente sintomas como: dor de cabeça.

Tabela 3: Percepção dos agricultores familiares de Japaratuba, quanto a impactos do uso de agrotóxico na saúde e meio ambiente, mensurada em número de agricultores, 2017

Variável

Contaminação da água

Contaminação do solo

Contaminação dos animais

Doenças

Presença de resíduos nos alimentos

Não traz consequência

Principal consequência do uso agrotóxico

11

11 

 11

11 

4

 

 

 

 

 

 

 

 

Danos graves

Danos não graves

Às vezes causam danos

Poucos danos

Não causam danos

 

Os alimentos produzidos com agrotóxico podem causar danos a saúde do agricultor

 15

 0

 








Os alimentos produzidos com agrotóxico podem causar danos ao meio ambiente

11

 2

 0

2

 

Fonte: ASSUNÇÃO et al. Elaborado com dados dos autores, 2019.

Mesquita Filho e Perreira (2011) relatam em seus estudos que 3,2 e 9,1% dos 317 agricultores da cultura do morango no sul de MG apresentaram respectivamente irritação na pele e tontura como sintomas atribuídos ao contato e uso de agrotóxicos. O sintoma mais comum entre esses trabalhadores foi a cefaleia (18%). Nesse mesmo estudo 89,9% que disseram que o agrotóxico é prejudicial à saúde. Silva et al. (2015) relata que todos os agricultores (100%) afirmaram conhecer os efeitos prejudiciais a saúde que o uso inadequado dos agrotóxicos pode ocasionar no organismo de quem aplica, havendo uma maior incidência entre eles de cefaleia (27%) seguido de tontura (11%) , assim como também observado por Alexandre (2009), e Guimarães e Oliveira (2015).

Peres et al. (2005) destaca que a percepção de riscos associados à utilização de agrotóxicos está diretamente relacionada ao grau de instrução dos agricultores. Além do grau de instrução destaca-se também a influência da presença de órgãos governamentais ligados à agricultura (municipais, estaduais ou federais), uma vez que estes impactam a percepção de riscos desses produtos por meio o desenvolvimento de ações de educação ambiental e de segurança no trabalho com essas comunidades. No presente estudo foi constatado a ausência de atuação desses órgãos, corroborando com os resultados encontrados por Mesquita Filho e Perreira (2011), onde órgãos governamentais ligados à agricultura praticamente se ausentaram em relação a estes conteúdos.

Os efeitos da carência de ações educativas sobre o manuseio seguro do agrotóxico e sobre ações voltadas à proteção da saúde do trabalhador os direciona para a utilização desses produtos sem orientação, ocasionado distorções quanto ao uso dos agrotóxicos, tais como concentração do produto errada, manipulação inadequada, aplicação excessiva, não cumprimento do período de carência do produto, dentre outros efeitos.

Segundo Peres et al. (2003), os agrotóxicos podem causar dois tipos de intoxicação: a de efeitos agudos e a de efeitos crônicos. Faria et al. (2009), estudando produtores da agricultura familiar do município de Bento Gonçalves – RS, observaram que os registros de intoxicações agudas são bastante limitados e considerando os casos crônicos ainda é pior, devido a quase não existir registros sistematizados na população em estudo. Esta realidade também é possível de ser observada na nossa população de estudo, onde a ausência de dados assim como a sua sistematização, induz ao não registro de casos reais de intoxicação, favorecendo futuramente aos agricultores demonstrarem sintomas de doenças mais graves oriundas da intoxicação por agrotóxicos (GUIMARÃES; OLIVEIRA 2015).

Com o grande uso de agrotóxico nas culturas, surge o problema da destinação final das embalagens vazias, as quais podem se tornar objetos de contaminação do meio ambiente (BOZIK et al., 2011). Para cuidar unicamente da destinação adequada das embalagens vazias de agrotóxicos, as indústrias se organizaram e criaram um órgão a nível nacional chamado de INPEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias). A Lei Federal 9.974 (BRASIL, 2000), foi criada para dar uma destinação ambientalmente adequada as embalagens vazias de agrotóxicos utilizadas no Brasil (GUIMARÃES; OLIVEIRA 2015). Na amostra coletada 75,5% dos agricultores sabem onde devolver as embalagens vazias de agrotóxico, embora devolvam poucas vezes. 24,5% alegam não saber onde devolver e por isso as dispõem dentro da plantação ou em terrenos não agricultáveis dentro do terreno da cooperativa. Resultados semelhantes foram encontrados por Guimarães e Oliveira (2015); Silva et al. (2015); Mendes et al. (2014); Bedor et al. (2009), onde destinos indevidos poluem o ambiente, colocando a si mesmos, seus familiares, vizinhos e população em risco.

Quando questionados sobre o armazenamento todos os agricultores, armazenam seus produtos no galpão da associação. Esse galpão é fechado, tem acesso controlado, ficando a uma distância segura de fonte de água, alimentos e crianças. Entretanto não utilizam sinalização de segurança para alertar outros membros a respeito do perigo daqueles materiais. Resultados semelhantes foram identificados por Bohner et al. (2015) e Mesquita Filho e Pereira (2011), que identificou que a maioria dos agricultores guardava os agrotóxicos em locais inapropriados tais como suas casas, barracões, aumentando a probabilidade de contaminar um número maior de pessoas, principalmente quando não identificados e sinalizados.

O uso de EPI, embora seja uma das últimas alternativas de controle a ser adotada na segurança no trabalho, muitas vezes é a medida mais eficaz, para evitar a contaminação durante o manuseio com os agrotóxicos (MONQUEIRO et al., 2009). Segundo a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEV), considera-se equipamento de proteção individual completo a utilização de luvas, máscara, calça, jaleco, avental, bota, boné árabe e viseira.

Os agricultores familiares entrevistados afirmam em sua totalidade que utilizam parcialmente os EPI’s, conforme dados apresentados na Tabela 4. Entretanto em caminhada transversal e observação participante podemos perceber que alguns agricultores não utilizam nenhum EPI, sendo verificado in loco o desenvolvimento das atividades laborais com pés descalços. Quando questionados sobre a importância sobre seu uso, 100% dos entrevistados responderam que considera de muito importante a importante o seu uso, justificando a ausência completa do traje por diversos motivos, tais como: Não gostar, não possuir e não ter costume de uso.

Mesquita Filho e Perreira (2011) relatam em seus estudos que a máscara, luvas, calças e botas (59,6; 44,5; 36,3 e 35,6% respectivamente) foram os EPIs mais utilizados pelos 317 agricultores da cultura do morango no sul de MG. Já Silval et al. (2015) em seus estudos indicaram que 80 trabalhadores utilizam luvas, 111 disseram usar bota e macacão, 110 usavam máscara, 83 chapéus e somente 19 agricultores, relataram fazer uso de óculos apropriado. Mendes et al. (2014) afirma que dos agricultores entrevistados que utilizavam algum tipo de equipamento de proteção individual (EPI) (84,8%), afirmaram fazer uso de botas (34%); luvas (29%); roupão (28%); máscaras (23%); chapéu (12%) e óculos (2%). Desta forma percebe-se que há uma heterogeneidade quanto aos EPI’s adotados, prevalecendo o uso da bota, mascara viseira e calça com blusa de manga comprida ou macacão, corroborando com os dados encontrados nesse estudo.

Após a aplicação dos agrotóxicos 86,75% dos trabalhadores entrevistados afirmam realizar higiene pessoas, tomando banho e trocando de roupas. Essas roupas utilizadas tanto para a condução da lavoura, assim como para aplicação de agrotóxico, são higienizadas separadas das demais roupas da casa. Estes resultados assemelham-se aos vistos por Silva et al. (2015), sendo está a recomendação do Manual de Uso Correto e Seguro de Produtos Fitossanitários / Agrotóxicos, elaborado pela ANDEF.

Tabela 4: Utilização de EPI pelos agricultores familiares em Japaratuba-Se, 2017.

Variável

Sim

Não

Sempre

Na maioria das vezes

Poucas vezes

Nunca

 

 

Utiliza EPI na aplicação de Herbicida

 15

 0

 0

 0

 0

 0

 

 

 

Calça

Jaleco

Bota

Avental

Mascara

Viseira

Luvas

Chapéu


11

0

15

0

15

0

8

15

Utiliza EPI na aplicação de Inseticidas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Calça

Jaleco

Bota

Avental

Mascara

Viseira

Luvas

Chapéu

 

11 

 15

 0

 15

 0

 8

 15

Fonte: ASSUNÇÃO et al. Elaborado com dados dos autores, 2019.

Os fertilizante embora comumente não entre nos levantamentos acerca dos impactos que provoca na população de agricultores, é um agroquímico que conforme destaco por Silva et al. (2005), pode causar intoxicação, lesões gástricas e dérmica, hemorragias e perfuração intestinal. No levantamento realizado junto aos agricultores de milho verde, podemos constatar que eles utilizam os mesmos EPI’s descritos na figura 1, que são as roupas “do dia a dia na lavoura”. Quanto à percepção do risco que os adubos podem acarretar a sua saúde, os agricultores entendem que não trará nenhum prejuízo, aplicando manualmente o mesmo no solo, havendo o contato direto do produto com as mãos, sem uso de luvas, máscara ou óculos de proteção, importantes no seu manuseio uma vez que esses materiais utilizados por eles (ureia e NPK(nitrogênio-fósforo-potássio) -12-32-18), podem trazer prejuízos a longo prazo para eles, principalmente levando em consideração o volume de vezes que fertilizam o solo por cultivo (3 vezes), totalizando 12 aplicações ao ano uma vez que são 4 cultivos anuais.

Silva et al. (2005) destaca que as intoxicações registradas têm sido consideradas acidentais, envolvendo produtos do grupo dos fosfatos, sais de potássio e nitratos, que são os fertilizantes mais comuns já que promovem a elevação dos teores de macronutrientes no solo. As intoxicações por fosfatos se caracterizam por hipocalcemia, enquanto as causadas por sais de potássio provocam ulceração da mucosa gástrica, hemorragia, perfuração intestinal etc. Os nitratos, como a ureia uma vez no organismo, se transformam em nitrosaminas, que são substâncias cancerígenas.



Considerações Finais

Não foi registrada nenhuma recusa por parte dos agricultores em participar do estudo. Os resultados indicam que a percepção dos agricultores quanto aos impactos que o uso de agrotóxicos pode trazer a sua saúde é baseada na crença, por assim dizer correta, que podem ocasionar vários tipos de doenças principalmente o câncer, muito temido por eles. Em contra partida, o olhar e enfoque dados pelos mesmos em relação aos impactos dos agrotóxicos sob o meio ambiente é preocupante já que entendem que se pode ser utilizado para a produção, não causa sérios problemas ambientais.

Outro fator de extrema preocupação, dia a respeito do uso de ectoparasiticida para controle de lagarta. A utilização de uma droga cujo princípio de utilização e fim, não é o correto, traz imensa preocupação por questões agrícolas (resistência da lagarta), ambiental (uso excessivo contaminando o meio ambiente) e social (exposição prolongada por necessidade de várias aplicações), lançando luz sobre um problema que aflige todos os agricultores familiares do Brasil: a falta de orientação e acompanhamento técnico.

Políticas públicas devem ser incentivadas para melhor compreensão e conhecimento dos agricultores a respeito dos perigos dos agrotóxicos, para uso com mais responsabilidade e menos riscos, para melhor condição de vida do trabalhador rural e de sua família, considerando o nível educacional e a capacidade de entendimento dos trabalhadores.

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Ilustrações: Silvana Santos