CONHECIMENTOS
SOBRE PARQUES DE PROTEÇÃO/PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL E O USO DA ÁGUA DE FORMANDOS EM LICENCIATURA EM
CIÊNCIAS
André
Alex de Paula Silva1,
Christiano Nogueira2
1
Universidade Federal do Paraná - Setor Litoral, Fundação
Araucária.
2
Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral
Resumo: Esta
pesquisa mostra como formandos em Licenciatura em Ciências da
UFPR entendem sobre parques de proteção/preservação
ambiental e o uso da água. A análise dos resultados
mostrou que há um conhecimento dos parques de
proteção/preservação ambiental, e sobre o
uso da água apresentam aspectos alguns críticos.
Abstract:
This research shows how of newly formed sciences teachers understand
environmental protection/preservation parks and the use of water. The
analysis of the results showed that there is a knowledge of the
environmental protection/preservation parks, and the use of water
presents some critical aspects.
Introdução
Os
recursos ambientais, inclusive as florestas, estão sendo
degradados constantemente, tendo como exemplo a Mata Atlântica,
a qual resta apenas áreas degradadas e pequenos fragmentos
florestais. Diante deste problema, a importância da criação
das Unidades de Conservação (UCs) é
imprescindível, pois devido a essas áreas, é
onde predomina a maior parte da Mata Atlântica existente.
De
acordo com a Lei 9.985/2000 do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza (SNUC), as UCs são áreas
que são sujeitas à proteção devido às
suas características naturais. As UCs são classificadas
entre as de uso sustentável e as de proteção
integral, nas instâncias federal, estadual e municipal.
As
UCs de proteção integral têm como objetivo a
conservação da biodiversidade, o qual inclui parques
nacionais que são destinados a recreação,
pesquisas científicas e educação (MACHADO et
al., 2004). As estações ecológicas são
fechadas ao público, com o foco em pesquisas. Semelhante a
estação ecológica, as reservas biológicas
são igualmente fechadas ao público, com exceção
da aplicação de educação ambiental. As
unidades de uso sustentável têm como objetivo também
a conservação da biodiversidade, mas permitindo
diversos tipos de interferência humana com relativa
intensidade.
De
acordo com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP, 2019), as UCs
federais existentes na região do litoral do Paraná são:
APA de Guaraqueçaba e o Parque Nacional Saint Hilaire-Lange
(PNSHL). As UCs estaduais são: APA Estadual de Guaratuba,
Estação Ecológica do Guaraguaçu, Parque
Estadual Rio da Onça, Estação Ecológica
da Ilha do Mel, Floresta Estadual do Palmito, Parque Estadual da Ilha
do Mel, Parque Estadual do Boguaçu, APA Estadual de
Guaraqueçaba, Parque Estadual do Pau Oco, Parque Estadual do
Rio Marumbi, Parque Estadual Roberto Ribas Lange e o Parque Estadual
da Graciosa.
Esta
região é contemplada por uma riqueza em recursos
hídricos devido a sua bacia hidrográfica, a bacia
litorânea. A significância das áreas protegidas
nessa região toma destaque devido as nascentes acompanhadas de
suas matas ciliares, de acordo com a Lei 12.651/2012, são
consideradas como Área de Preservação Permanente
(APP), que possui como objetivo o resguardo destes locais que possuem
funções ecossistêmicas, além de áreas
protegidas pelas UCs. A conscientização sobre o uso da
água é imprescindível, tendo em mente a garantia
da priorização adequada do acesso à água,
permitindo necessidades essenciais da humanidade, assim como dos
nossos ecossistemas (LORD, 2001).
Considerando
este contexto envolvendo áreas de proteção e/ou
preservação ambiental e conhecimentos a respeito da
água e do seu uso consciente, esta pesquisa abordou sobre tais
conhecimentos com estudantes formandos(as) do curso de Licenciatura
em Ciências da UFPR, Setor Litoral na cidade de Matinhos,
litoral do Paraná. Este curso existe desde 2008, na modalidade
presencial, no período noturno, com duração
mínima prevista de 4 anos com carga horária total de
3030h e 35 vagas de ingresso anualmente (UFPR – CIÊNCIAS,
2014).
Metodologia
A
pesquisa foi realizada com estudantes do último semestre do
curso de Licenciatura em Ciências da Universidade Federal do
Paraná, Setor Litoral. Houve a participação de
oito do total de vinte estudantes. A pesquisa foi de cunho
qualitativo com desenvolvimento de entrevistas, classificadas segundo
Gil (2008), como entrevista por pautas, tendo em vista que possui uma
certa estruturação com o pesquisador se guiando por uma
relação de pontos de interesse que o pesquisador vai
explorando durante o processo. O grau de saturação
relacionado ao que a pesquisa possibilita chegar de acordo com o
total de sujeitos fundamentou o número de participantes.
Também se considerou uma forma de contrabalancear fatores que
se relacionam com o que se espera por parte dos entrevistados, tempo
que ocorrem as entrevistas e quantidade de vezes que pode se repetir
as entrevistas (FLICK, 2012). Cada participante assinou um termo de
consentimento de livre e esclarecido (TCLE) com detalhes da
participação voluntária na pesquisa. Realizou-se
as entrevistas nos dias dez e dezessete de setembro de 2018. Foram
realizadas as transcrições e a análise ocorreu
através do método da Análise de Conteúdo
(BARDIN, 1977; FRANCO, 2005).
Análise
As
unidades de análise que se destacaram na Análise de
Conteúdo foram que “Há conhecimentos das áreas
de preservação e/ou proteção ambiental na
região”, “Reconhecem a importância das áreas
de preservação e/ou proteção ambiental na
região” e “Uso consciente da água e não
percepção sobre o seu ciclo”. A primeira Unidade
de Análise que apresentamos é que “Há
conhecimentos das áreas de preservação e/ou
proteção ambiental na região”. O(a)
estudante A relata seu conhecimento sobre o Parque Nacional Saint
Hillaire Lange, um dos principais parques do litoral do Paraná,
e questiona se o Parque Estadual Rio da Onça está
integrado ao Parque Nacional:
“Olha, eu vou te dizer que assim de
cabeça eu conheço duas, deve ser, parque Saint Hillaire
é uma área ambiental e… agora não sei se
esse Rio da Onça está incluso, está incluso
dentro do Saint Hillaire será?” (Estudante
A)
Este
relato indica seu breve conhecimento sobre a presença áreas
de preservação e/ou proteção na região,
mas de forma confusa em questão de suas categorias, já
que o PNSHL é uma UC federal e o Parque Rio da Onça é
uma UC estadual.
O(a)
estudante B possui um relato semelhante, afirmando seu conhecimento
sobre a presença do Parque Estadual Rio da Onça, apesar
de não ter visitado.
“Conheço ali o Parque Rio da Onça.
Dizem que ali do lado do hotel é, mas eu não conheço.
Conheço de passar, mas não sabia que era unidade de
conservação.” (Estudante
B)
O
Parque Estadual Rio da Onça descrito pelo(a) estudante B é
uma unidade de conservação estadual criada em 1981,
possuindo grandes belezas naturais, sendo um dos últimos
remanescentes da Mata Atlântica do país, além de
possuir uma estrutura de alta qualidade, incluindo mirantes e uma
trilha circular, a qual diminui o impacto de pisoteamento e
degradação da mesma (IAP, 2015). O Parque possui grande
atividade com acadêmicos de várias universidades, além
de receber estudantes do ensino básico para educação
ambiental, apesar de haver conflitos em suas áreas periféricas
devido a ocupação irregular, é de grande
importância para a região. No caso do(a) estudante C, o
mesmo relata seu conhecimento sobre a Área Ambiental do Rio
Iraí (APA), a qual faz parte de uma unidade de conservação
de uso sustentável. O(a) estudante conhecia antes de sua
integração na UFPR Litoral:
“Conheço algumas. Quando vim pela
Alexandra, conheço algumas pela Alexandra. Conheço lá
em Pinhais né, a área de preservação
ambiental do Apiaí do rio Iraí.” (Estudante
C)
A
APA citada pelo(a) estudante é instituída a Área
de Proteção Ambiental na área de manancial da
bacia hidrográfica do Rio Irai, denominada APA Estadual do
Iraí, localizada nos municípios de Piraquara, Colombo,
Pinhais e Quatro Barras. O(a) estudante D, além de conhecer
áreas de preservação antes de sua integração
na UFPR Litoral, obteve vivências com a mesma após sua
integração:
“Conheço, conheço tanto em
Curitiba como aqui. Aqui o Parque do Palmito, se não me
engano, ele é perto, não sei se ele é isso, mas
ele é perto, tem o mangue ali, tem uma trilha que leva ao
mangue lá no Parque do Palmito, é e não é.
Já fui lá em Guaraqueçaba, zona de preservação
ambiental que é liberada só para pesquisa, que eu já
fiz na faculdade.” (Estudante D)
O
município de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná,
é uma referência sobre áreas de preservação.
Fazendo parte da maior área de remanescentes da Mata
Atlântica, a APA de Guaraqueçaba faz parte das Reservas
da Biosfera do Vale do Ribeira e da Serra da Graciosa abrangendo
diversas UCs de proteção integral como a Reserva
Biológica Bom Jesus, a Estação Ecológica
de Guaraqueçaba. Ter uma vivência nessa região é
muito significativa para a obtenção de conhecimento
sobre o local, tanto sobre as características ecossistêmicas
como culturais, por haver presença de comunidades que praticam
a pesca tradicional na região. Outro relato que envolve o
conhecimento sobre o PNSHL é o do(a) estudante E:
“Já! O Saint Hillaire que é
uma referência. Eu fui em Morretes ou em Antonina, não
sei se faz parte de Morretes ou Antonina, só que eu não
lembro o nome. Ah, é antes, de Guaraqueçaba…”
(Estudante E)
Grande
parte dos estudos da área ambiental praticados na UFPR Litoral
possuem algum tipo de relação com o PNSHL, devido a sua
proximidade e promover atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Este relato deixa evidente a importância das instituições
de ensino para o conhecimento das áreas de preservação
ambiental e os parques:
“Sim, as APA’s né, porque
assim, no primeiro semestre a gente fez um trabalho sobre as unidades
de conservação, na matéria de reconhecimento do
litoral, então assim, eu não pude visitar, não
pude ir, mas a gente acabou conhecendo um pouquinho de cada um.”
(Estudante F)
Os
estudantes possuem aulas que envolvem o reconhecimento da região
litorânea, onde está situada a UFPR Litoral, com o
intuito de trazer o conhecimento da região para os estudantes,
além de uma ressignificação de conceitos,
alcançando uma valorização. Um dos métodos
para este aprendizado envolve aulas de campo, ocorrendo visitas as
áreas protegidas, fazendo jus ao relato do(a) estudante F. A
respeito disso:
“Tais módulos são trabalhados no início
dos cursos, geralmente durante o primeiro semestre, para que
estudantes tenham contato com a realidade da região. São
aprofundados os conhecimentos a respeito das principais
vulnerabilidades e potencialidades locais, envolvendo a
sensibilização de distintas áreas, como a
ambiental, sócio-econômica, cultural, entre outras; uma
vez que todos esses fatores podem ser determinantes no processo
saúde-doença (WENZINACK et al. 2014, p. 295)”.
A
segunda Unidade de Análise que se destacou foi a de que
“Reconhecem a importância das áreas de preservação
e/ou proteção ambiental na região”
O(a) estudante A se remete a uma visão
referente ao meio biológico, numa esfera preservacionista:
“A importância é pra gente
preservar a mata nativa, preservar os animais que nela habitam, se
continuar no ‘pé’ que está, daqui uns dias
não vai ter animais, várias espécies de animais
vão desaparecer.” (Estudante
A)
De
acordo com Medina (1994), a perspectiva do(a) estudante A possui
características de uma vertente conhecida como
“ecológica-preservacionista-romântica”. A
autora a define como “separa o mundo construído do mundo
natural, onde a natureza é tudo que esta ‘fora’,
não inclui o homem, idealizando e atribuindo valores estéticos
a uma natureza virgem, não violada pelo homem pela História”
(MEDINA, 1994, p. 65). Os(as) estudantes C e D apresentam relatos
semelhantes:
“Elas amenizam a destruição
ambiental que o ser humano faz na terra. Vamos supor, ela não
soluciona o problema, mas ela ameniza o problema, é aquele fio
de esperança de que o ser humano possa mudar, possa ter uma
consciência ambiental, coisa que o ser humano não tem.”
(Estudante C)
“Com certeza, acredito que por causa dos
animais, né, que aqui nós temos alguns que são
nativos daqui do litoral, eu acho que o Guará que é né.
E tem outros que não lembro agora. Mas se não tivesse
essas preservações, o que iam acontecer com isso? Os
manguezais, esse tipo de coisa, que é uma característica
nossa daqui, e as espécies de flora também.”
(Estudante D)
Neste
tipo de relato, é evidente a preocupação dos(as)
estudantes com a preservação dos bens naturais com o
objetivo de mudar as ações dos seres humanos para haver
uma “proteção à natureza”, mas não
possuindo um olhar holístico sobre outros temas, como o
socioeconômico, socioambiental, históricos, entre
outros. Conforme Layrargues (2012) necessita-se de evitar leituras
superficiais e simplificadoras da realidade resultando em práticas
incoerentes e inconsistentes. Para este autor há a necessidade
de um direcionamento para leituras relacionais e dialéticas
que envolvem a realidade e permitam ocorrer mudanças na
cultura e conduzam à uma ética ambiental com mudanças
sociais resultando em uma sociedade que esteja atenta às
questões ambientais e sejam socialmente justas.
Um relato relacionado à saúde
ambiental surgiu do(a) estudante B:
“Olha, a primeira coisa que veio na minha
cabeça é assim… acho que acima de tudo é
a nossa saúde. Se a gente respira o ar que a gente respira
hoje aqui em Matinhos, com a qualidade que a gente tem é
justamente por causa dessas áreas, e assim, tem vários
lugares no Brasil e no mundo que não tem essa… Porque
até onde eu sei, aqui é a maior área da
preservação contínua da Mata Atlântica do
Brasil ou do mundo, não sei… A gente tem essa
qualidade de vida aqui em questão da saúde, do ar que a
gente respira, da água que a gente bebe, ainda é por
causa dessas áreas de conservação, que
influenciam em várias outras questões, mas o que vem
mais na minha cabeça é a questão da saúde
em si.” (Estudante B)
Segundo
Gouveia (1999), uma urbanização que cresce sem
precedentes em nossa história, que com seus desdobramentos
físicos, sociais e econômicos, está tendo um
impacto importante na saúde da população. O(a)
estudante afirma que a qualidade de bens naturais necessários
para uma saúde ambiental adequada se encontra na região
do litoral do Paraná devido aos Parques e áreas de
preservação ambiental. A saúde ambiental é
definida pela Organização Mundial da Saúde como
“consequências na saúde da interação
entre a população humana e o meio ambiente físico
– natural e o transformado pelo homem – e o social”
(WHO, 1996).
No
caso do(a) estudante E, é afirmada a importância dos
Parques e áreas de preservação, mas o mesmo
questiona a gestão e cita sobre ocupações
irregulares em áreas do Parque:
“Com certeza, apesar que parece que aqui
em Matinhos não está funcionando muito né,
porque aqui pelos balneários o pessoal tá invadindo e
vendendo os terrenos a preço de banana, como se fosse deles e
sendo que não pode, só que assim, não pode, mas
quem faz alguma coisa pra não poder, entendeu? As pessoas
simplesmente vão lá.” (Estudante
E)
As
ocupações e atividades antrópicas dentro o nos
limites do PNSHL são caracterizadas de acordo com a
dissertação de Denes (2006) como:
[…] “a evolução
populacional aconteceu em razão do crescimento demográfico
natural dos primeiros habitantes locais. Esses últimos não
constituíram grandes núcleos populacionais, formando
apenas aglomerações de moradias localizadas ao longo
dos cursos d'água. Em geral, essa área é pouco
habitada, mostrando decréscimo populacional, exceto na
localidade de Floresta, que exibe um incremento no número dos
sítios e chácaras de lazer. A região como um
todo não expõe problemas sérios de pressão
antrópica” (DENES, 2006, p. 63).
Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
população que reside em Matinhos teve sua quantidade
dobrada em menos de 10 anos (IBGE, 2015). Apesar que recentemente,
por consequência deste acréscimo, foram criadas
legislações de cunho federal para diminuir essas
ocupações a partir do SNUC, dispondo sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades que
lesionam o meio ambiente da região (MMA, 2005).
No
Parque Estadual do Rio da Onça é possível
observar várias áreas ao seu redor construções
em sua área de amortecimento que são aproximadas das
áreas de preservação permanente, o que não
se adéqua as leis de ocupação. O último
relato referente a importância dos Parques e áreas de
preservação ambiental é a do(a) Estudante F, o
qual afirma a importância e questiona o conceito de
“progresso”:
“Eu acho que sim, mas é, muita
gente acha que não né, sempre vejo esse tipo de
discussão na internet né, por exemplo, quando uma
empresa quer construir alguma coisa no espaço, por exemplo, eu
que moro aqui sempre né, não vejo a necessidade de
construção, desse aumento, de conseguir mais coisas,
vejo que muita gente daqui quer esse progresso e acaba desmatando
essas áreas.” (Estudante
F)
Segundo
De Oliveira (2002), na literatura especializada em economia é
comum haver certa associação desenvolvimento com
industrialização, pois a indústria é
responsável por incrementos positivos no nível do
produto, no assim chamado crescimento econômico, ou no que o(a)
estudante se refere, o “progresso”. O autor explica a
motivação que a população, de forma
geral, tende a querer industrializar sua região:
“Isso ocorre, principalmente, devido à ampliação
da atividade econômica advinda dos efeitos de encadeamento
oriundos do processo de industrialização. Tais efeitos
servem para aumentar a crença de que a industrialização
é indispensável para se obter melhores níveis de
crescimento e de qualidade de vida. Essa é a razão pela
qual todos os países do mundo almejam tanto industrializar seu
território” (DE OLIVEIRA, 2002, p. 44).
Como
resultado, o litoral do Paraná é caracterizado por uma
complexidade e heterogeneidade apresentada que dão origem a
duas fortes contradições: o valor da região como
patrimônio natural e para a proteção da
biodiversidade e, de outro, um quadro de subdesenvolvimento que não
corresponde aos potenciais regionais e ao sucesso de algumas
atividades (DENARDIN et al. 2008). Isso reflete ao relato do(a)
estudante, que mostra a perspectiva da população
litorânea que habita a área urbana pelo anseio de um
território industrializado esperando como resultado o
“progresso”.
A
terceira unidade de análise que se destacou nesta pesquisa foi
o “Uso consciente da água e não percepção
sobre o seu ciclo”. A citação do(a) Estudante C
demonstra bem esta unidade de análise:
“Em relação à
economia da água, eu acho que não, eu acho que seria
uma conscientização do bom uso da água, não
economia né, eu acho que a água é um bem finito
né, então se o ser humano, eu sinto muito a crise
hídrica de 2013 em São Paulo lá, três
volumes mortos, já chegaram até o segundo né,
estavam a beira de um colapso de água lá em São
Paulo né, não ensinar a economia né, mas no uso
real, e hoje os grandes vilões da água e do meio
ambiente, não é o ser humano, são as grandes
empresas, o jeito que as pessoas utilizam e o jeito em que as
empresas utilizam, para fabricar uma camisa gasta 1500 litros de
água, uma única camiseta. Acho que as grandes empresas
são os grandes vilões, não o ser humano.”
(Estudante C)
Ao
citar que a água é um bem finito, o(a) estudante não
apresenta compreensões sobre a existência de seu ciclo e
sua relação com a capacidade de regeneração
do planeta. Ou seja, um entendimento do ciclo água no contexto
local e global tais como chuvas, descargas totais de rios e processos
metabólicos de seres vivos em sus ecossistemas (REBOUÇAS,
2004). Entretanto este(a) estudante apresenta uma análise com
um viés mais crítico relacionado às
responsabilidades sobre o uso da água. O(a) Estudante G
apresenta um viés semelhante:
“Concordo, acho que deve ter sim na
verdade, mas eu acho que a mídia coloca muita conscientização
pra gente né. Mas eu acho que quem gasta muita água são
as empresas né, que ficam influenciando a mídia e
colocam as propagandas, mas eu concordo sim, eu acho que tem que
fazer a nossa parte, mesmo que seja pequeno, mas tem que fazer a
nossa parte.” (Estudante G)
Assim,
estes(as) estudantes mostram um conhecimento conforme (AZEVEDO, SILVA
e FREIRE, 2014), pois devido ao aumento do uso da água nos
dias atuais existem conflitos e interesses de diferentes grupos
sociais. Ao citarem que a responsabilidade direta na conscientização
sobre o consumo da água seria somente para as pessoas está
implícito que nos processos produtivos da sociedade estas
responsabilidades devem ser também consideradas por empresas e
organizações em geral no sentido de que a problemática
envolva a organização social como um todo.
Considerações
Finais
Este
estudo obteve resultados positivos a partir da análise quanto
ao conhecimento dos(as) estudantes em relação as áreas
protegidas, principalmente ao fato de que foi evidenciado sobre o
conhecimento obtido sobre o mesmo após o ingresso no ensino
superior, no caso, na UFPR Setor Litoral. Mesmo havendo alguns casos
de estudantes que já havia conhecido áreas protegidas
anteriormente do ensino superior, o aprofundamento e o conhecimento
salientado durante o aprendizado em aulas puderam mostrar objetivos,
características, a importância e a diferença que
uma área protegida pode fazer para uma região onde está
situada. Como no caso do litoral do Paraná, uma região
privilegiada por obter uma parte relevante da Mata atlântica,
os estudantes verificaram problemas, principalmente relacionados com
a questão da ocupação irregular nas áreas
periféricas das unidades de conservação, o qual
é muito evidente na cidade de Matinhos. Realçam a
importância da presença das áreas de proteção
também em relação à saúde
ambiental, que por fim, é perceptível a conscientização
dos estudantes em questão de que áreas naturais são
essenciais para funções ecossistêmicas e para o
bem-estar do ser humano, envolvendo a qualidade do ar e da água.
Em relação ao uso consciente da água os(as)
estudantes demostraram uma certa limitação relacionada
ao conhecimento do ciclo da água e também um
conhecimento com aspectos críticos a respeito do uso e da
distribuição da água na sociedade.
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