Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
27/09/2019 (Nº 69) SENSIBILIZAÇÃO QUANTO AO DESCARTE CORRETO DE DEJETOS DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO EM SANTOS (SP)
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SENSIBILIZAÇÃO QUANTO AO DESCARTE CORRETO DE DEJETOS DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO EM SANTOS (SP)

Victor Vasques Ribeiro1, Igor Roberto Lins da Silva2, Vitória Rocha dos Santos2

¹victorvasquesribeiro@outlook.com
²ir_lins@hotmail.com
²vitoria.rocha0309@gmail.com

1 e 2Centro Universitário São Judas – Campus Unimonte



Resumo: O presente trabalho tem como objetivo relatar as ações e resultados do Projeto de Educação Ambiental intitulado “Quem Cuida Recolhe”, sediado pelo Departamento de Políticas e Condutas Ambientais da Secretaria do Meio Ambiente de Santos. As atividades relatadas tiveram duração de aproximadamente 11 meses, entre 2017 e 2018 e contaram com a participação de aproximadamente 19 estagiários. O projeto contemplou grande parte da área da cidade de Santos, e efetuou a aplicação de cerca de 1.036 questionários, além de caracterizar os trajetos visitados, com a ajuda de checklists preenchidos pelos estagiários. Durante as abordagens foram utilizados coletores ecológicos com forma de instrumento educacional, o que foi de grande importância para a divulgação do projeto, assim com as faixas instaladas pela cidade e a participação em diversos eventos relacionados ao meio ambiente. A partir dos resultados encontrados, foi possível determinar os pontos críticos, e assim direcionar a esses locais maior atenção quanto a necessidade de projetos de educação ambiental. Ao final, ficou claro a importância de projetos relacionados ao meio ambiente e o quanto esse tema é indispensável para a sociedade.

Abstract: This paper aims to report on the actions and results of the Environmental Education Program entitled "Quem Cuida Recolhe", hosted by the Environmental Policy and Conduct Department of the Santos Environment Secretariat. The activities reported lasted approximately 11 months, between 2017 and 2018 and had the participation of approximately 19 trainees. The project covered a large part of the area of ​​the city of Santos, and carried out the application of about 1,036 questionnaires, in addition to characterizing the routes visited, with the help of checklists filled out by the trainees. During the approaches were used ecological collectors with the form of educational instrument, which was of great importance for the dissemination of the project, as well as the bands installed by the city and participation in various events related to the environment. From the results found, it was possible to determine the critical points, and thus to direct to these places more attention on the need for environmental education programs. In the end, it was clear the importance of projects related to the environment and how much this theme is indispensable for society.

Introdução

A população estimada do município de Santos (SP), segundo censo IBGE de 2018, é de 432.957 habitantes, com uma densidade demográfica de 1494,96 hab/km². A área total do município é de 271 km². Destes, são divididos entre uma área insular, ligada ao mar, e uma área continental, conectada a serra do mar (Figura 1). A área continental tem aproximadamente 231,6 km² e a área insular, 39,4 km² (SEADE apud MELHOR DE SANTOS, 2010).

Figura 1 – Área continental e insular do município de Santos (SP).

Fonte: Melhor de Santos, 2010.

A cidade de Santos é cortada por sete (7) canais de drenagem pluvial. Os canais servem como divisa entre bairros e também das praias de Santos, que recebem são diferentemente nomeadas. É importante ressaltar que a descarga de esgotos dos locais não se mistura com a rede de drenagem de águas pluviais, sendo esta, escoada pelos Canais de drenagem.

Em função da grande ocupação na região, há uma grande pressão sobre os sistemas de coleta e tratamento de efluentes urbanos. O sistema de disposição oceânica de esgotos de Santos/São Vicente está em operação desde 1978 e atende à maior parte das residências de Santos e metade das residências em São Vicente. O sistema é constituído por uma estação de pré-condicionamento (EPC) e um emissário submarino (ABESSA et al., 2006).

A Secretaria do Meio Ambiente de Santos (SEMAM) desenvolve, desde 1993, projetos socioambientais a fim de contribuir para a qualidade de vida de toda a população, abordando frequentemente, questões referentes a impactos ambientais negativos relacionados aos recursos hídricos, advindos da deposição de resíduos de qualquer natureza em locais inadequados (BRITO et al., 2017).

Metodologia

O projeto de Educação Ambiental intitulado “Quem cuida Recolhe” teve sua duração entre Dezembro de 2017 e Outubro de 2018, e contou com a atuação de 19 estagiários. Foram selecionados estudantes de Biologia e Engenharia Ambiental de instituições de ensino superior do município.

O Departamento de Políticas e Controle Ambiental (DEPCAM), na Secretaria do Meio Ambiente de Santos (SEMAM) foi sede principal do projeto. Entretanto, a atuação dos estagiários contou com a conexão e sinergia de outros centros de Educação Ambiental municipais, sendo estes o Jardim Botânico “Chico Mendes”, Orquidário e Aquário municipal.

As três semanas iniciais do projeto foram dedicadas à formação dos estagiários. O objetivo da formação foi possibilitar a compreensão dos estagiários quanto aos aspectos que um projeto de Educação Ambiental apresenta e despertar a autonomia nos novos educadores ambientais, para que pudessem realizar abordagens com confiança sobre assuntos complexos como os canais de drenagem pluvial, sistemas de tratamento de esgoto e descarte correto de resíduos.

O treinamento contou com a realização de diversas palestras, vivências educacionais, visitas técnicas e oficinas (Figura 2). Ao final do período de treinamento dos estagiários, ocorreu uma oficina de construção coletiva para definir as metodologias que seriam utilizadas durante todo o projeto.

Figura 2 – Oficinas e visitas técnicas durante o período de treinamento dos estagiários.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

Devido à falta de informações e dados sobre o diagnóstico do recolhimento correto da população de Santos (SP), decidiu-se que as metodologias utilizadas seriam a abordagem aos munícipes e turistas nas ruas do município, aplicando um questionário para os munícipes e turistas que estivessem passeando com seus pets sobre os costumes e hábitos de recolhimento dos respectivos donos. Foi aplicado também um checklist visual das condições em que as ruas se encontravam (Tabela 1).

Tabela 1 – Fatores visuais a serem avaliados nas ruas do município.

Checklist

Questionário

Fluxo de pessoas?

Munícipe ou Turista?

Faixa etária dos entrevistados?

Você passeia com seu animal de estimação?

Munícipes passeando com cachorros?

Se sim, Cachorro ou Gato?

Porte dos cachorros?

Com que frequência passeia?

Presença de animais abandonados?

Seu animal costuma defecar na rua?

Presença de fezes nas ruas?

Você recolhe as fezes do seu animal?

Aspecto do canal?

Se recolhe, qual material utilizado?

Nível do canal?

Onde você descarta as fezes após recolhê-la?

Reação ao Rapa Caca?

Em casa, você descarta as fezes de que forma?

Avaliação da abordagem?

Em casa, qual material usado para o descarte?



Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

A quantidade ideal de questionários a serem aplicados nas ruas foi determinada a partir do cálculo de amostragem aleatória simples (AAS). Assumiu-se um grau de confiança de 99% e um erro aceitável de 4%, partindo-se do número de habitantes do município de Santos (SP).

Os estagiários foram divididos em equipes distintas, tendo como sede os centros de educação ambiental e a Secretaria de Meio Ambiente do município (SEMAM). Das quatro equipes, três estavam nos centros e duas na sede. A “Equipe de dados” lidou com o controle, tabulação de dados gerados e a elaboração de relatórios mensais ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), patrocinador do projeto. As demais equipes ficaram responsáveis pelas abordagens e aplicação de questionários aos munícipes e turistas nas ruas, palestras e apresentações teatrais em escolas da região (Tabela 2).

Tabela 2 – Sedes das equipes e suas respectivas funções.

Sedes

Funções

Aquário

Abordagens; Aplicação de Questionários e Checklists; Palestras e apresentações teatrais em escolas.

Jardim Botânico

Orquidário

SEMAM (Itinerante)

SEMAM (Dados)

Planejamento de atividades; Tabulação de Dados; Elaboração de relatórios mensais.



Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

A área na qual os questionários foram aplicados e os checklists visualizados foram definidas pelas equipes, que traçaram quadrantes a serem percorridos. Chegou-se ao número de 46 trajetos, com aproximadamente três (3) quilômetros cada.

Os 46 trajetos foram analisados separadamente quanto ao checklist. De forma coletiva, chegou-se a consideração de que, para diagnosticar as ruas do município, seria necessário realizar três (3) checklists a cada trajeto, de forma mais espaçada possível. Assim, foram determinados a realização de 138 checklists visuais num período de aproximadamente seis (6) meses.

Para os questionários, os quadrantes não foram analisados separadamente. Portanto, embora se buscasse realizá-los de forma homogênea, os estagiários ficaram livres para aplicar a quantidade de questionários que julgassem necessárias por trajeto. Entretanto, buscando padronizar a metodologia, a equipe de dados orientou que as outras equipes aplicassem apenas quatro (4) questionários por dia.

Durante as abordagens, um dos materiais que foram utilizados para sensibilização foi o coletor ecológico denominado “Rapa Caca”, feito de papel. Os estagiários tinham a disposição 17.000 unidades de coletores a serem entregues aos munícipes e turistas. Em eventos relacionados ao meio ambiente, palestras, apresentações e ao final das abordagens, eram entregues um ou mais coletores por pessoa interessada.

Em fevereiro de 2018, os estagiários entregaram uma notificação em petshops, hotéis caninos e clínicas veterinárias. A notificação explanava que os dejetos dos animais devem ser descartados na rede de esgoto, para que esses dejetos possam também ser tratados ao invés de serem despejados nos canais de drenagem pluvial do município.

Ao decorrer do projeto, notou-se a necessidade de confecção de materiais para melhor sensibilização das crianças, além das palestras e apresentações nas escolas. Em março de 2018, foram confeccionados materiais educacionais na temática do projeto, como painéis, cartazes, jogos e desenhos para colorir.

Em abril de 2018, a equipe de dados iniciou a avaliação da balneabilidade das águas das praias de Santos, buscando traçar uma possível melhora nos índices. A SEMAM do município recebe um relatório mensal da SABESP quanto a balneabilidade, que foi analisado pelos estagiários.

No mês de maio de 2018, iniciaram-se os contatos telefônicos com as escolas públicas municipais, para levantar quais dessas instituições topariam receber os estagiários. Durante o contato, foi explanado que os estagiários gostariam de realizar, num primeiro momento, palestras para os professores nas HTPC’s (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo). Num segundo momento, os estagiários fariam as palestras e apresentações diretamente com as crianças.

O “Pooblicão” é uma empresa que investe na propaganda ambiental. Essa empresa atendeu a um chamamento publico da prefeitura de Santos e implementou e instalou de totens com dispenser de sacos de papel, utilizados como coletores de dejetos de animais domésticos. O objetivo dessa parceria com a iniciativa privada foi oferecer uma alternativa ecológica para o descarte de dejetos de animais domésticos, para contribuir com a melhora das águas dos canais de drenagem pluvial e a balneabilidade das praias. Estes totens foram instalados em diversos locais da cidade e continham orientações aos donos de cães, além de propagandas.

O mês de junho de 2018 foi marcado pelo término da aplicação dos questionários e checklists visuais. Iniciaram-se também as palestras nas escolas, para os professores e alunos. Ainda em junho, além dos jogos educativos, foram confeccionados outros materiais educativos para serem utilizados em intervenções com crianças, como desenhos para colorir e um painel com informações e ilustrações. O painel era utilizado também nos eventos relacionados ao meio ambiente, pois nestes, os estagiários tinham sempre uma mesa ou stand para exposição.

Os estagiários receberam 25 dias de folga, no mês de julho de 2018. Nos meses de agosto e setembro de 2018, os estagiários continuaram com as palestras e apresentações nas escolas e abordagens nas ruas. O Projeto “Quem cuida Recolhe” teve seu término em três (3) de outubro de 2018, quando foi entregue aos coordenadores e patrocinadores, o relatório final de atividades.

Resultados e Discussões

Os materiais de divulgação do projeto utilizados foram faixas, cartazes, totens e painéis. Foram entregues 17.000 unidades de coletores ecológicos “Rapa Caca”. Em escolas e eventos relacionados ao meio ambiente, foram realizadas palestras e apresentações teatrais. Nos 46 trajetos traçados, foram analisados os aspectos visuais, além dos questionários aplicados para diagnosticar o costume da população quanto ao descarte correto de dejetos de animais.

Durante o período de atuação dos estagiários foram instalados faixas de divulgação no município (Figura 3). Os locais escolhidos para a instalação foram aqueles por onde circulavam grande número de pessoas e veículos, buscando envolver e mobilizar toda a sociedade. As faixas alertavam ainda para a existência de legislação que permite a aplicação de multas para o descarte incorreto de dejetos animais.

Figura 3 – Faixa do projeto Quem cuida recolhe.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

Os estagiários entregaram cartazes de divulgação do projeto (Figura 4) em escolas, petshops e condomínios. Foram entregues 525 cartazes nos 46 trajetos. A presença de materiais de divulgação do projeto foi importante para o seu sucesso, pois auxiliaram na consolidação da divulgação de seu ideal.

Figura 4 – Cartaz do projeto Quem cuida recolhe.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

A instalação dos totens do “Pooblicão” em praças (Figura 5) e na orla do município foi importante para o sucesso do projeto. Cerca de 100 totens foram cedidos à Prefeitura Municipal de Santos pela iniciativa privada, como o objetivo de contribuir com o projeto.

Figura 5 – Totem com papel para coleta de dejetos de animais domésticos em praça de Santos.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

Os estagiários confeccionaram materiais educacionais. Nos centros de educação ambiental e nos diversos eventos nos quais os estagiários participaram, foram utilizados painéis, cartazes e jogos (Figura 6).

Figura 6 – Entrega dos coletores ecológicos no período de treinamento dos estagiários.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

Durante o projeto, visitas foram realizadas em diferentes escolas, atingindo o público infanto-juvenil. Primeiramente a equipe se reunia com a coordenação pedagógica (diretoria e professores) para, posteriormente, realizar encontros com as crianças (Figura 7).

Figura 7 – Palestra e distribuição de coletores ecológicos em escolas municipais.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

As apresentações teatrais contaram com a parceria entre outros projetos de educação ambiental do município. Alguns estagiários dos projetos “Quem cuida recolhe” e “Estação Ambiental” foram os atores das apresentações, assim como integrantes da Secretaria de Saúde do município (Figura 8).

Figura 8 – Apresentações teatrais.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

Ao final do projeto, pôde-se notar a importância da formação de multiplicadores diversos do ideal proposto. Os considerados “principais” multiplicadores do projeto eram os estagiários, que então repassavam conhecimentos e informações para a população em geral, os multiplicadores “secundários”. Para isso, a participação em eventos relacionados ao meio ambiente e a formação técnica e treinamento inicial dos estagiários foram primordiais.

Os estagiários atuaram como educadores ambientais com autonomia e protagonismo. Esses jovens graduandos definiram a metodologia a ser utilizada durante o projeto. Os aspectos decididos coletivamente foram quais trajetos seriam percorridos e o diagnóstico do município a ser avaliado, a partir da aplicação de questionários e checklists visuais.

Os estagiários entregaram 17.000 unidades de coletores ecológicos, durante eventos e abordagens (Figura 9). A entrega de coletores ecológicos foi um diferencial. Ao saber que ganhariam uma ou mais unidades de coletores, os abordados esboçavam uma reação inicial de surpresa e então, se mostravam mais tranquilos e abertos para reflexões.

Figura 9 – Entrega dos coletores ecológicos durante abordagens.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

Foi determinado que 1.036 questionários fossem aplicados. Das quatro equipes que tinham a aplicação de questionários como função, cada uma ficou responsável por 260. O período de aplicação dos questionários foi de seis meses, tendo início em janeiro de 2018 e término em junho de 2018. A partir dos questionários, foi possível traçar os hábitos da população santista no que se diz respeito ao recolhimento e descarte dos dejetos de animais bem como o material utilizado para tal ato.

Durante as abordagens, notou-se certa resistência da população quanto a assuntos socioambientais, mais especificamente, a problemática de dejetos de animais. Apenas uma parcela dos entrevistados estava realmente interessada no tema. Estes interessados foram os selecionados a responderem os questionários.

A meta de aplicação de checklists foi cumprida dentro prazo proposto, sendo este, o mesmo da aplicação dos questionários. Foi possível determinar os pontos críticos do município e destinar ações de educação ambiental com maior frequência nestes pontos. Entretanto, além de destinar ações, seria necessário também o monitoramento contínuo dos pontos críticos em oportunidades futuras, para confirmar alguma possível melhor ou piora nos trajetos traçados, utilizando a mesma metodologia.

Os trajetos foram traçados de forma que, ficassem perto o suficiente de suas sedes de atuação, promovendo uma jornada de trabalho próspera aos estagiários. Cada um dos 46 trajetos traçados tinham aproximadamente 3 km² (Figura 10).

Figura 10 – 46 trajetos percorridos pelos estagiários na cidade de Santos (SP).

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Santos, 2018.

Na Zona Noroeste do município, apenas 2% utilizam a melhor opção de recolhimento (papel), porém 43,9% descartam os dejetos de forma adequada em suas residências, ou seja, no vaso sanitário. O trajeto 3 (bairro Bom retiro), trajeto 6 (Santa Maria), o trajeto 7 (Vila São Jorge), e o trajeto 8 (Nova Cintra) foram classificados como críticos, segundo os aspectos observados no checklist.

Nos arredores do aquário 5,88% usam papel na hora de recolher, enquanto 18,60% descartam no vaso sanitário. Nessa região, os trajetos 40, 44, 45 e 46 foram classificados como críticos, sendo todos no bairro da Ponta da praia.

Na área próxima a SEMAM, 13,15% recolhe utilizando papel e 21% descarta no vaso sanitário. Nos arredores da SEMAM, os trajetos 21, 22, 26 e 32 foram classificados como críticos, nos bairros do Gonzaga, Boqueirão e Macuco.

Na região próxima ao orquidário, 15% utiliza papel no recolhimento e 29,10% descarta de modo adequado. Apenas o trajeto 9, no bairro do Marapé, foi classificado como crítico.

Os estagiários planejavam incluir o maior número de bairros nos trajetos que seriam visitados. Devido a grande distância dos Centros de Educação Ambiental e da sede da SEMAM, muitos locais da porção insular município ficaram de fora do diagnóstico. Nenhum local da porção continental foi considerado. Entretanto, este diagnóstico ainda se mostra válido, pois inicia uma possível base de dados ao se tratar de dejetos de animais no município de Santos.

O monitoramento mensal da balneabilidade das águas das praias de santos foi recebido pelos estagiários e analisado. Entretanto, não se teve uma resposta satisfatória de que as ações do projeto foram fatores decisivos para possíveis mudanças nos índices de balneabilidade. Dentre os meses de atuação do projeto, a qualidade das águas das praias era piorada.

Existem muitas variáveis que afetam diretamente na balneabilidade, como quantidade e dispersão de precipitação, dispersão oceânica, presença de rede de esgoto clandestina ligada a rede de drenagem pluvial, além dos dejetos de gatos e cachorros de rua e outros animais.

Além da contaminação da faixa de areia, a deposição ou descarte incorreto de dejetos de animais domésticos interfere na balneabilidade das praias, pois fazem parte dos componentes da poluição difusa, que alcança os canais e, consequentemente, o mar, através das galerias de águas pluviais.

Notou-se que a continuidade de projetos deste tipo é de suma importância. Alguns cidadãos que já tinham sido entrevistados voltaram para conversar e/ou pegar mais alguns coletores ecológicos. Portanto, ao perceberem os estagiários constantemente realizando abordagens nas ruas, a população pode começar a enxergar o tema em seu dia-a-dia.

Bibliografia

Estabelecendo a conexão entre os gestores das Unidades de Educação Ambiental da Prefeitura de Santos (SP). BRITO, C. C. G.; CHOUERI, R. B.; NEIMAN, Z. Educação ambiental em ação, v. 62, p. 1-16, 2017.

Mapas e Limites de Santos. Melhor de Santos. Disponível em: <http://www.melhordesantos.com/2010/04/mapas-e-limites-de-santos.html>. Acesso em: 10 de Março de 2019.

População. IBGE. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/santos/panorama>. Acesso em 12 de Março de 2019.

Toxicidade da água na Baía de Santos. ABESSA, D. M. S.; IMAI, R. S.; HARARI, J. São Paulo: IOUSP, 2006.

Ilustrações: Silvana Santos