Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
20/03/2020 (Nº 70) PERCEPÇÃO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS DOS SERVIDORES DOS LABORATÓRIOS DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
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PERCEPÇÃO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS DOS SERVIDORES DOS LABORATÓRIOS DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU



Nicolau Cardoso Neto¹

Simone Wagner²

Nelson Afonso Garcia Santos³

Flávia Keller Alves

Monike Schlingmann Anacleto, João Lucas de Souza Raiol⁵

André Felipe Martins, Anna Júlia Fritzke, Anya Rafaela Hemmer dos Santos, Beatriz Pellis, Carolina Bosse, Eduardo Augusto Lunkes, Elen Larissa Tomio, Ester Decker, Gabriel Loes, Júlia Borralho, Manoelli Cardoso Lopes, Mariana Gaspar, Rodrigo Cardoso, e, Sabrina dos Santos⁶



Doutor pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade de Blumenau – FURB, Mestre em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Especialista em Direito Ambiental pela Fundação Boiteux – UFSC. Docente da Universidade de Blumenau – FURB. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Direitos Fundamentais, Cidadania e Justiça, na linha de pesquisa Sustentabilidade Socioambiental, Ecocomplexidade, Políticas Sanitárias e Ambientais. Advogado. Coordenador do Projeto de Extensão Reciclando Hábitos. E-mail: ncardoso@furb.br

2 Doutora em Biologia Animal pela Universidade de Brasília, Graduada em Ciências Biológicas - Bacharelado pela Universidade de Brasília - 1997. É docente do quadro da Universidade Regional de Blumenau, leciona as matérias de Fisiologia Humana e Fisiologia Comparada. É tutora do PET/Biologia e Vice-Diretora do Centro de Ciências Exatas e Naturais. Trabalha com biologia de anfíbios e de serpentes. Coordenador do Projeto de Extensão Reciclando Hábitos. E-mail: simone@furb.br

³ Doutor em Desenvolvimento Regional pelo Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional/FURB. Mestre em sociologia Política pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia Política/UFSC. Graduado em Ciências Sociais (Licenciado e Bacharel)/UFSC. Docente na Universidade Regional de Blumenau onde ministra disciplinas de Teorias Sociologicas, Desafios Sociais Contemporâneos e Sociologia Jurídica.

Doutoranda em Desenvolvimento Regional pela Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB, Mestre em Administração pela Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB. Especialista em Gestão Ambiental com ênfase em organizações produtivas pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e Especialista em Gestão Universitária pela FURB. Servidora de carreira administrativa na FURB, lotada no Sistema de Gestão Ambiental. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Núcleo de Ecossocioeconomia (NEcos) – Universidade Federal do Paraná (UFPR/PR), na linha da Ecossocioeconomia das organizações. Administradora. Extensionista no Projeto Reciclando Hábitos. E-mail: flavia@furb.br

Bolsistas extensionistas do projeto Reciclando Hábitos, acadêmico do curso Ciências Biológicas na Universidade Regional de Blumenau.

Bolsistas extensionistas voluntário do projeto Reciclando Hábitos, acadêmico do curso Ciências Biológicas na Universidade Regional de Blumenau.



RESUMO

Atualmente, a preocupação com a questão socioambiental e a procura por técnicas e métodos que visam solucionar algum tipo de problema ambiental, de forma a diminuir custos e ser de fácil aplicação, tiveram uma crescente demanda. É a partir desta demanda que o projeto Reciclando Hábitos vem, em seu segundo ano de atividade, verificar a visão sobre responsabilidade ambiental dos servidores dos laboratórios do Departamento de Ciências Naturais (DCN) da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Para tanto, foi aplicado questionários que procurou identificar qual a percepção socioambiental daqueles que trabalham nestes ambientes. Também, foi realizado inventário dos resíduos comuns e perigosos e houve capacitação aos servidores para lidar com estes. Desta forma, a educação ambiental entra como garantia de continuidade e permanência do processo educativo. Os métodos utilizados proporcionaram ótimos resultados após a aplicação, principalmente no auxílio da segregação e gestão dos resíduos produzidos pelos laboratórios.

Palavras-chave: resíduos perigosos; percepção socioambiental; responsabilidade ambiental; extensão; educação ambiental.



ABSTRACT

Currently, the concern with the environmental awareness issue and the search for techniques and methods that want to solve some kind of social problem, in order to reduce costs with an easy applicability have been growing in demand. From this demand, the project Reciclando Hábitos comes, in its second year of activity, to verify the social and environmental as the vision environmental responsibility view of the laboratories servers of the Natural Sciences Department (DCN), of the Universidade Regional de Blumenau (FURB). Therefore, questionnaires were applied to identify the social and environmental perception of those who work in these environments. Also, an inventory of common and hazardous waste was carried out and the employees were trained to deal with them. Thus, environmental education comes as a guarantee of continuity and permanence of the educational process. The methods utilized obtained excellents results, principally with the segregation and management of waste produced by laboratories.

Keywords: hazardous waste; environmental awareness; environmental responsibility; extension; environmental education.



INTRODUÇÃO

A geração de resíduos sólidos perigosos no cenário atual vem aumentando significativamente, principalmente por consequência do aumento populacional, do avanço tecnológico e pela expansão industrial. Considerando a crescente preocupação de setores da sociedade com relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável, a ABNT criou a Comissão de Estudo Especial Temporária de Resíduos Sólidos (CEET-00.01.34), para revisar a ABNT NBR 10004:1987 que classifica Resíduos Sólidos. A ideia foi aperfeiçoá-la e, desta forma, fornecer subsídios para o gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2004).

Em decorrência disto, verificou-se a necessidade de realizar adequação das legislações específicas sobre este tema, exemplo disso, é a promulgação da lei 12.305 de 2 de agosto de 2010, a qual instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS).

Esta prevê, além de outros institutos, a necessidade de elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos em estabelecimentos potencialmente poluidores (CARDOSO NETO, 2018). Ainda é possível destacar a norma criada pela ABNT (NBR 10.004 de 31 de maio de 2004), que aborda a classificação dos resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública.

Esta norma aborda, dentre outros pontos, sobre a necessidade de identificação dos processos e atividades, a fim de caracterizar os resíduos gerados. Desta forma, determina sobre a necessidade de haver a segregação dos resíduos na fonte geradora, como se lê a seguir:

A classificação de resíduos sólidos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A segregação dos resíduos na fonte geradora e a identificação da sua origem são partes integrantes dos laudos de classificação, onde a descrição de matérias-primas, de insumos e do processo no qual o resíduo foi gerado devem ser explicitados. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que lhe deu origem. (BRASIL, 2004)

Os resíduos sólidos perigosos devem ser classificados de acordo com suas características, como por exemplo: inflamabilidade, corrosividade, patogenicidade, toxicidade e reatividade. Dentro desta temática principal, o presente trabalho se aplica na área de gestão dos resíduos sólidos perigosos gerados pelos usuários dos laboratórios do Departamento de Ciências Naturais (DCN), no campus I da Universidade Regional de Blumenau - FURB, com a intenção de averiguar os processos realizados em cada laboratório, a fim de elaborar metodologias para a padronização desta gestão junto ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da FURB, com a atualização da documentação presente no site da FURB, elaboração de apostila e/ou cartilhas e a capacitação contínua destes usuários.



METODOLOGIA

Vinculado ao Sistema de Gestão Ambiental da FURB e ao Programa de Educação Tutorial do curso de Ciências Biológicas, este projeto de extensão universitária tem como um de seus principais objetivos, realizar o diagnóstico dos resíduos perigosos gerados nos laboratórios do Departamento de Ciências Naturais do Campus I da FURB.

Para que tais objetivos fossem alcançados, aplicou-se um questionário online a todos os usuários dos laboratórios, incluindo professores, monitores, bolsistas e técnicos, totalizando 31 questionários aplicados, com o intuito de verificar se estes possuem conhecimento sobre os resíduos perigosos que são gerados dentro dos laboratórios, a legislação/normas/procedimentos presente no site da FURB e sobre a correta segregação, armazenamento, manuseio e descarte destes resíduos.

Dentre os laboratórios do DCN, não foi aplicado o questionário no de Anatomia Humana, uma vez que este está passando por readequação na gestão, de forma que poderia alterar os resultados esperados, considerando que já está sendo acompanhado pelo SGA da FURB. Vale destacar também, que este estudo não computou o descarte dos resíduos do Laboratório de Anatomia Humana que ocorrerá após a realização deste levantamento, assim, os dados não irão representar o volume total deste laboratório.



LOCAL DA PESQUISA

Foram escolhidos os laboratórios do Departamento de Ciências Naturais do Campus I da FURB, visto que são os laboratórios com maior utilização por estudantes, professores, bolsistas e técnicos da Universidade, tendo um total de 15 laboratórios e 51 acadêmicos e servidores técnico-administrativos vinculados diretamente a estes. São laboratórios diferentes e cada um possui a geração diversa entre os diferentes tipos de resíduos comuns e perigosos que podem ser classificados, passando de resíduos biológicos de origem animal ou humana, até resíduos químicos.



MÉTODO DE AVALIAÇÃO

Aplicado o questionário, verificou-se que, apesar de fazer parte do cotidiano dos usuários dos laboratórios, ainda surgem muitas dúvidas quanto à questão de gestão, armazenamento e classificação dos resíduos perigosos gerados por estes. Sendo assim, foi realizado um inventário dos resíduos comuns gerados nestes laboratórios, durante uma semana em período letivo (junho/2019) e uma semana durante período de recesso (julho/2019). Neste último, apenas os monitores estão presentes nos mesmos.

A fim de verificar se é feita a correta separação destes resíduos comuns e se ocorrem mudanças na quantidade de resíduos gerados, deu-se início a um modelo de gestão para ser aplicado na Universidade.

Além do inventário de resíduos comuns, realizou-se um inventário dos resíduos perigosos gerados pelos laboratórios, durante os meses de maio, junho, julho e agosto de 2019, com dados obtidos a partir de planilhas do Sistema de Gestão Ambiental da FURB e da planilha de reagentes controlados pela Polícia Federal, preenchidas pelo usuário responsável de cada laboratório, com o intuito de averiguar a quantidade média de resíduos gerados durante estes meses, a fim de criar uma metodologia para a gestão correta e padronizada dos mesmos, de acordo com as necessidades de cada laboratório, e, também, para verificar a possibilidade de atividades e metodologias que possam reduzir ou possibilitar a reutilização destes materiais, reduzindo assim, a geração e descarte excessivo dos mesmos.

Para tanto, foi elaborado metodologia com enfoque na capacitação contínua dos usuários dos laboratórios, a identificação da necessidade de atualização constante da legislação presente no site da FURB e a criação de material auxiliar para a gestão dos resíduos sólidos perigosos.

Foi realizado um inventário dos coletores presentes em cada laboratório, para verificar as necessidades de cada um, de acordo com os diferentes resíduos gerados nos mesmos. Criou-se também uma apostila, com base nas principais dúvidas em relação a segregação dos resíduos perigosos e a gestão dos mesmos, averiguados em reunião com os usuários dos laboratórios e obtidos também a partir do questionário aplicado no início do projeto de 2019.

Na segregação dos resíduos comuns dos laboratórios encontrou-se diversos resíduos sólidos perigosos, alguns que passaram por processo de limpeza em autoclave, e outros contaminados, descartados incorretamente, constatando-se que os usuários dos laboratórios ainda possuem muitas dúvidas em relação a classificação dos resíduos. As imagens a seguir expõe alguns dos resíduos encontrados.

Imagem 01 - resíduos sólidos perigosos contaminados encontrados

durante a segregação do inventário de resíduos comuns e não perigosos dos laboratórios.

Fonte: Dos Autores.

Imagem 02 - resíduos sólidos perigosos contaminados encontrados

durante a segregação do inventário de resíduos comuns e não perigosos dos laboratórios.

Fonte: Dos Autores.



No total, foram quatro meses de trabalho nos inventários, somados a mais dois meses de pesquisas, produção de material, reuniões administrativas e com os usuários dos laboratórios, tabulação e análise dos resultados.



RESULTADOS E DISCUSSÃO

O questionário foi elaborado baseando-se na ABNT NBR 12808, ABNT NBR 10004 e Resolução CONAMA nº 275 de 25 de abril de 2001, aplicado de maneira online com a plataforma Forms, a um total de 51 usuários dos laboratórios, englobando professores, técnicos, monitores e bolsistas, os quais fazem uso dos laboratórios de forma contínua. Deste total, 31 pessoas responderam ao questionário, as quais, em sua maioria, foram de bolsistas e monitores. Decidiu-se optar pelo questionário online por ser mais prático para o envio ao público-alvo e pela facilidade de obter e tabular as respostas.

Após a análise dos dados obtidos com as respostas dos questionários foi possível verificar que os usuários tinham um bom conhecimento acerca dos resíduos que são gerados em cada laboratório e as consequências de seu descarte incorreto, porém uma grande maioria alega não ter passado por algum tipo de capacitação prévia (65% dos usuários), e 55% dos usuários dos laboratórios não possuem conhecimento sobre a classificação dos resíduos sólidos perigosos quanto às suas propriedades (inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, radioatividade, patogenicidade e reatividade).

Outros pontos importantes que também puderam ser analisados, foram que 81% dos usuários alegam que são realizados procedimentos de acordo com as normas presentes no site da FURB para realizar o descarte dos resíduos perigosos gerados, incluindo a identificação, armazenamento, manuseio e acondicionamento in loco dos resíduos, sendo os demais 19% bolsistas, os quais apenas fazem o uso dos laboratórios e não têm envolvimento com estes procedimentos.

Cada laboratório possui um período próprio para realizar o tratamento e descarte dos resíduos, de acordo com sua necessidade, podendo variar semanalmente, mensalmente ou de acordo com a utilização dos resíduos nas aulas práticas, sendo que alguns poucos usuários, em sua maioria bolsistas (os quais não são responsáveis pelos laboratórios), possuem dúvidas quanto a frequência do descarte.

Do total das respostas, 16 pessoas desconhecem (45%) ou negam (6%) a existência de documentação instrutiva existente no site da FURB, a qual orienta sobre todos os procedimentos para a gestão dos resíduos sólidos perigosos, algo que é considerado essencial para os usuários dos laboratórios, acreditando-se que a ausência do conhecimento destas informações se dá pela falta de capacitações contínuas para os usuários.

No demais, também foi questionado aos usuários o que poderia ser acrescido e quais as principais dúvidas quanto a gestão dos resíduos sólidos, onde a maior demanda foi de capacitação contínua dos usuários, seguida da necessidade de atualização da documentação presente no site da FURB (a mesma foi gerada em 2005), e a padronização para a gestão dos resíduos, para cada laboratório, dado que cada um possui diferente geração de resíduos.

Verificou-se que muitos usuários se encontravam bastante dispostos a discutir acerca da realização de metodologia para a gestão dos resíduos sólidos perigosos gerados nos laboratórios, enquanto que uma minoria não possuía uma ideia formada sobre o assunto, em sua maioria bolsistas, que possuem contato recente com os laboratórios e usuários com maior tempo, os quais nunca tiveram contato com as legislações vigentes e procedimentos de gestão destes resíduos.

Estes inventários realizados, nos auxiliaram a compreender de que forma é realizada o descarte dos resíduos e verificar que há uma geração considerável destes, sendo o inventário dos coletores de resíduos comuns de suma importância para entender as necessidades dos usuários, visto que alguns laboratórios possuíam lixeiras para resíduos que não geram, enquanto que outros laboratórios têm a necessidade de lixeiras específicas para resíduos que geram e não possuem as mesmas, fazendo com que ocorra o descarte incorreto destes.

Foi possível constatar com o inventário de resíduos comuns que não há grande diferença entre a geração de resíduos durante o período letivo e de recesso, onde a produção destes em junho e julho, respectivamente, foi de 210g/110g para metal, 4.862g/1.300g para papel, 1.464g/892g para plástico, 8.142g/9.452 para orgânicos e 834g/750g para resíduos sólidos perigosos, este último, encontrado descartado juntamente nos coletores de resíduos comuns, onde, após identificação dos laboratórios de que cada resíduo foi descartado, verificou-se que uma pequena parte destes resíduos foram auto clavados, porém sem identificação, o que fez com que, quando segregados, fossem incluídos como resíduos perigosos e contaminados.

Quadro 01: quantidade (kg) de resíduos sólidos perigosos gerados por cada laboratório do DCN da FURB.

Fonte: dos autores.

Com o inventário de resíduos sólidos perigosos pode-se perceber que há uma quantia maior de resíduos anual gerados em cada laboratório, em comparação ao ano de 2018, conforme demonstra o Quadro 01.

Estes dados também foram tabulados por laboratórios em gráfico para ajudar a compreender a quantidade que é gerada, como se pode ver no Gráfico 1.

Fonte: dos autores.

Do gráfico, é possível perceber que a quantidade gerada em cada um dos laboratórios é muito diferente, o que já demonstra a necessidade de trabalhar cada um deles separadamente, de forma a caracterizar cada um dos processos para então compreender quais são os tipos de resíduos gerados, e, então realizar a gestão por laboratório para poder identificar o processo e ver sobre a possibilidade de diminuir ou caracterizar corretamente os resíduos conforme sua classe.

Uma hipótese para a quantificação tão diferente entre os anos, ocorre em razão da atuação que o Sistema de Gestão Ambiental está implementado no ano de 2019. Vale lembrar que este estudo não computou o descarte dos resíduos do Laboratório de Anatomia Humana.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela interpretação dos dados, é possível perceber que a quantidade de resíduos sólidos perigosos gerados nos laboratórios é grande, principalmente considerando-se a produção dos mesmos durante o ano de 2019, levando a necessidade de se elaborar metodologias e aplicar métodos para reduzir a geração destes resíduos, e, quando possível, para o tratamento e reutilização dos mesmos.

Tornou-se evidente a necessidade da mudança nas formas como é feita a gestão dos resíduos sólidos perigosos gerados nos laboratórios do DCN, assim como realizar capacitações contínuas e educação ambiental (semestral ou anualmente) aos usuários dos laboratórios, visto que há uma rotatividade dos mesmos, e, principalmente, em conjunto com o SGA, como também, deve ser realizada a atualização das legislações para a gestão dos resíduos perigosos presentes no site da FURB, pois os documentos operacionais são datados de 2005.

Da mesma forma, foi possível identificar a necessidade de atribuição de responsabilidade para os gestores dos laboratórios e do departamento ao qual estão vinculados, uma vez que as normas de controle existem a mais de 15 anos e veem sendo colocadas em prática desde então, de forma que estes devem ter conhecimento destas e aplicar o que está sendo determinado por elas.

O projeto, de forma geral, auxiliou na atualização e aprimoramento da gestão de resíduos sólidos perigosos dentro do ambiente dos laboratórios do DCN, assim como prevê levar este conhecimento e informações para o espaço fora do ambiente universitário, em sua etapa de extensão. Para dar continuidade ao projeto, é necessário não somente a dedicação de seus bolsistas, extensionistas e coordenadores, mas principalmente o envolvimento de toda a comunidade acadêmica, assim como da comunidade externa envolvida durante a execução do projeto.

Desta forma, a educação ambiental é tida como ferramenta para a realização, por meio da concepção do meio ambiente em sua totalidade, de formações que devem considerar a interdependência do meio natural, do sócio-econômico e do cultural, sob a ótica da sustentabilidade, visando aplicar as diretrizes da política nacional de saneamento e de resíduos sólidos.



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Ilustrações: Silvana Santos