Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
Início
Cadastre-se!
Procurar
Área de autores
Contato
Apresentação(4)
Normas de Publicação(1)
Podcast(1)
Dicas e Curiosidades(5)
Reflexão(6)
Para Sensibilizar(1)
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(11)
Dúvidas(1)
Entrevistas(2)
Divulgação de Eventos(1)
Sugestões bibliográficas(3)
Educação(1)
Você sabia que...(2)
Reportagem(2)
Soluções e Inovações(3)
Educação e temas emergentes(6)
Ações e projetos inspiradores(24)
Cidadania Ambiental(1)
O Eco das Vozes(1)
Do Linear ao Complexo(1)
A Natureza Inspira(1)
Relatos de Experiências(1)
Notícias(26)
| Números
|
Relatos de Experiências
CONSTRUINDO CONHECIMENTOS SOBRE A COLETA SELETIVA ATRAVÉS DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA Rose Cristina Alves Nunes 1, Carlos Maximiliano Dutra 2 1Mestranda de Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde. Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA. E-mail: rosecristinaanunes@gmail.com 2Doutor em Física (UFRGS). Professor na Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA. E-mail: carlosmaxdutra@gmail.com
Resumo: A Educação Ambiental (EA) necessita se constituir como tema relevante desde o início da vida escolar dos alunos. Pois, desenvolver novas aprendizagens no ensino em Ciências e consolidá-las, através do conteúdo de EA com alunos do Ensino Fundamental I, ainda é um desafio para os professores. Desse modo o presente trabalho traz relato de experiência da realização de uma sequência didática que teve como temática a Coleta Seletiva, contando com a confecção de um jogo didático. A intervenção foi desenvolvida com alunos de uma turma de 4º ano em uma escola pública do município de Uruguaiana-RS. A intervenção contou com aula expositiva e participativa, pesquisa, roda de conversa, vídeo, confecção de jogo didático e Quiz. Constatou-se que muitas vezes os alunos ainda necessitam rever temáticas tidas como consolidadas, pois o estudo da EA se dá de forma continua, e retomadas de conteúdos são necessárias. As atividades puderam contar com a participação ativa dos alunos e interação com os demais colegas demonstrando construção de conhecimentos. Palavras-chave: Sequência didática; Jogos didáticos; ensino em Ciências; Ensino Fundamental I. Abstract: Environmental Education (EE) needs to be a relevant theme since the beginning of the students' school life. Therefore, developing new learning in science education and consolidating it through the content of EE with elementary school students is still a challenge for teachers. Thus, the present work contains an experience report of a didactic sequence about Selective Collection, counting on the making of a didactic game. The intervention was developed with students from a 4th grade class in a public school in the city of Uruguaiana-RS. The research was developed in a qualitative manner, constituting a methodological sequence. The process included lecture and participatory, research, conversation wheel, video, making game and quiz. Demonstrated that students often still need to review themes considered as consolidated, because the study of EA is continuous, and content retakes are necessary. The activities could count on the active participation of students and interaction with other colleagues demonstrating knowledge construction. Keywords: Following teaching; Didactic games; science teaching; Elementary School
Introdução Conforme Loureiro (2004) a Educação Ambiental (EA) deve estabelecer processos práticos e reflexivos, que conduzam a consolidação de valores passíveis de serem entendidos e aceitos como favoráveis à sustentabilidade global, à justiça social e a preservação da vida, devendo fortalecer o sentido de responsabilidade cidadã em cada localidade. O autor ainda afirma que não existe uma única EA, mas um conjunto de tendências com sujeitos distintos, visões paradigmáticas da natureza e de sociedade, em uma rede de interesses e interpretações que está em constante conflito e diálogo. Portanto o estabelecimento de novas relações mentais e sociais, advindas das interações estabelecidas na escola, propiciam que se aprenda em todos os momentos. Vivenciamos diariamente situações de uma sociedade contemporânea problemática quanto a utilização e o descarte dos recursos materiais, sua degradação ameaça a biodiversidade. Pois sabemos que o lixo produzido polui cidades, rios e mares, e muito pouco se consegue fazer frente ao o consumo desenfreado, que a cada dia geram mais poluição, similar a um círculo vicioso, difícil de ser corrigido. Para mudarmos este cenário, toda informação propiciada na escola, através do ensino de Ciências voltado à EA, desenvolvido no Ensino Fundamental I, é de extrema relevância, para a conscientização de valorização do meio ambiente. Pessano et al. (2013) nos traz sobre a importância de conhecer as percepções dos estudantes, pois são futuros cidadãos construtores da sociedade e essas percepções poderão determinar atitudes e valores que conduzirão suas práticas. Conforme Zabala (1998) é por meio de sequências didáticas que são demonstradas para os alunos variadas maneiras de aprender e, ao professor, algumas formas para entender o processo de ensino e aprendizagem. O autor pressupõe que é possível observar que “nem tudo se aprende do mesmo modo, no mesmo tempo nem com o mesmo trabalho” (Zabala, 1998, p. 86), o professor necessita dispor de estratégias fundamentadas e que contribuam com os alunos de modo que aprendam o que se é proposto de maneira significativa. Nesta perspectiva, uma sequência didática deve ser elaborada dispondo de vários recursos pedagógicos, apresentando em sua construção aspectos de uma concepção pluralista de ensino e aprendizagem. Desenvolver uma sequência didática sobre a EA, envolvendo atividades lúdicas, é um importante momento de retomada de conceitos e construção de conhecimentos no ensino de Ciências. Pois, é importante desvincular o ensino de Ciências, de aulas em que acontecem mera transmissão de informações com conteúdo de livros didáticos, para Moraes (1995) o ensino de Ciências nas séries iniciais deve procurar conservar o espírito lúdico das crianças, o que pode se pode conseguir através da proposição de atividades desafiadoras e inteligentes, promovendo uma participação alegre e curiosa, possibilitando às crianças uma leitura de mundo mais consciente e ampla. Segundo Melo (2005), vários estudos a respeito de atividades lúdicas vêm comprovar que o jogo, além de ser fonte de prazer e descoberta para o aluno, é a tradução do contexto sócio-cultural-histórico refletido na cultura, podendo contribuir significantemente para o processo de construção do conhecimento do aluno como mediadores da aprendizagem. Para Silva (2008, p.14), os jogos didáticos possuem uma função importante no processo educacional. Os ensinamentos transmitidos ludicamente são absorvidos e assimilados pelos alunos com maior facilidade. Cabendo ao professor direcionar, contextualizar e significar esta prática docente durante o desenvolvimento de suas aulas. Segundo Miranda (2001) é por intermédio do jogo didático que vários objetivos relacionados à cognição, afeição, socialização, motivação e criatividade podem ser atingidos. De acordo com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular, 2017), ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Natureza tem um compromisso com a continuidade de desenvolvimento do letramento científico, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências. Como um documento regulador, propõe que o professor deve desenvolver um trabalho em espiral, em que os eixos se repitam a cada ano, apontando uma progressão da aprendizagem no conjunto de habilidades propostas, com conceitos que serão construídos gradativamente, com complexidade maior ano a ano, conforme for avançando o desenvolvimento e a maturidade dos alunos. Considerando que no Ensino Fundamental I (anos iniciais) ocorrem a construção de bases suficientes para a compreensão de conhecimentos posteriores, como afirmam Costa & Pinheiro (2013). Este artigo tem como propósito, apresentar uma sequência didática, demonstrando a importância da utilização de diferentes recursos pedagógicos para desenvolver conteúdos voltados para a EA, direcionados a identificar e consolidar as aprendizagens de maneira lúdica e contextualizada com os conteúdos. Procedimentos Metodológicos O presente estudo desenvolveu-se através de uma sequência didática com a temática sobre a coleta seletiva. As atividades foram desenvolvidas em uma escola pública de Educação Básica do município de Uruguaiana-RS, que atende as modalidades de Educação Infantil, Ensino Fundamental I/ II e EJA. Funciona nos três turnos e está localizada em área urbana, recebe alunos de diferentes condições sociais, predominando as de relativo poder econômico. A turma participante é do 4º ano, possui 28 alunos, sendo 15 meninas e 13 meninos, com faixa etária que varia dos 9 aos 10 anos de idade. As famílias assinaram TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) concordando com a participação dos estudantes envolvidos. A elaboração da sequência didática apresentada se embasou no pluralismo metodológico defendido por Laburú, Arruda e Nardi (2003) que entendem que “é questionável uma ação educacional baseada num único estilo didático, que só daria conta das necessidades de um tipo particular de aluno ou alunos e não de outros” (LABURÚ; ARRUDA; NARDI, 2003, p. 251). Sendo assim, esta sequência didática contém diferentes estratégias pedagógicas que possibilitam a inserção de conhecimentos baseados no contexto cultural, social e individual dos alunos, considerando diferentes maneiras de aprender. Para a elaboração da sequência didática para o 4º ano, foram levados em consideração o “Projeto de Educação Ambiental” das escolas municipais de Uruguaiana/RS cujo tema deste ano letivo é “Viva: valorizando a vida!”, tendo como objetivo geral que os alunos devem-se “compreender as relações humanas como fator preponderante para conscientização da importância do meio ambiente e convívio social, como forma de valorização e transformação da vida”, visando que o ensino em Ciências seja contemplado desde os anos iniciais. O conteúdo temático sobre a coleta seletiva está contemplado nos objetivos específicos aos alunos que necessitam “perceber a importância de todas as formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais“, devendo serem desenvolvidos conforme o projeto através de: leitura, escrita, atividades livres e dirigidas, jogos didáticos, vídeos e rodas de conversa. A sequência didática foi desenvolvida em três etapas, buscando levar em consideração os saberes que os alunos traziam do ano anterior, constituídos didaticamente ou socialmente em sua interação familiar. Os conteúdos ou temáticas a serem abordados conforme a Tabela 1 demonstram os objetivos específicos atrelados às estratégias pedagógicas, que serão usados para obtenção de resultados, ilustra a organização da sequência didática, que foi desenvolvida em três aulas, que, por se tratar de anos iniciais tem um maior tempo de duração das aulas.
Tabela 1 -- Organização da sequência didática
• Atividade 1 - (1 aula): consiste em retomar o tema Meio Ambiente com conversa sobre os conhecimentos prévios dos alunos. Nessa atividade é proposto a utilização do livro didático de Ciências do 4º ano, observação de diferentes lugares que os rodeiam, anotações no caderno; • Atividade 2 - (1 aula): pesquisa em livros e revistas sobre o lixo e sua importância social, relacionando com o tempo de decomposição de cada material. Com momento de roda de conversa, sobre os conhecimentos adquiridos. • Atividade 3 - (1 aula): execução de vídeo educativo sobre o meio ambiente “Os 5 R’s e Coleta Seletiva”, confecção de jogo didático sobre a Coleta Seletiva e aplicação do Quiz. Conforme anteriormente descrito, essa sequência será desenvolvida baseando-se nas contribuições teóricas do pluralismo metodológico, utilizando-se de diferentes estratégias pedagógicas. A Tabela 1 exemplifica os amplificadores culturais utilizados, bem como a intenção ao propor o seu uso. Sendo que, as atividades e seus amplificadores foram escolhidos e sistematizados de acordo com as demandas e faixa etária da turma em que o trabalho foi desenvolvido.
Aplicação da sequência didática A primeira etapa da sequência didática teve início através do conteúdo sobre EA, mais especificamente tudo o que envolve o meio ambiente, com observação de diferentes ambientes, conversação sobre os conhecimentos prévios dos alunos, sendo desenvolvido através de aula expositiva e participativa, livro didático e atividades no caderno. Momento em que puderam retomar conceitos e identificar que tudo que os rodeia forma o meio ambiente. A segunda etapa foi de pesquisa sobre o lixo, sua importância na sociedade, de que forma faz parte do dia-a-dia de cada um e o tempo que cada material demora para se decompor no ambiente. Os alunos demonstraram surpresa com o tempo de degradação de alguns materiais, foram sensibilizados e puderam relatar suas percepções durante a roda de conversa, momento em que foi possível identificar que em média apenas 25% da turma pôde relatar situações familiares em que realizam a separação do lixo orgânico do inorgânico, 25% não soube dizer e os outros 50% disseram não terem este hábito em suas casas. Também foi demonstrado pela turma não terem consolidado os conceitos sobre a Coleta Seletiva, apenas 30% da turma soube relacionar a cor das lixeiras ao tipo de material que deve ser depositado. Na terceira etapa as temáticas das aulas anteriores foram retomadas com a turma em três momentos, sendo o primeiro, com a apresentação de vídeos com linguagem lúdica e educativa sobre os temas “5 R’s e Coleta Seletiva”, Tiveram continuidade com a utilização de dois vídeos lúdicos e educativos: “Por que a reciclagem é tão importante?” (https://www.youtube.com/watch?v=ZcymnW5NRYQ), “As cores das lixeiras da coleta seletiva para reciclagem na educação ambiental” (https://www.youtube.com/watch?v=IfJ1z6ahgzk), conforme Figura 1.
Figura 1: Retomada do conteúdo através dos vídeos: “Por que a reciclagem é tão importante? ” e “As cores das lixeiras da coleta seletiva para reciclagem na educação ambiental “. Trazendo um pouco dos conteúdos desenvolvidos, é importante salientar que a política dos 5 R’s auxilia na mudança de hábitos no cotidiano, estimulando a responsabilidade. Pois, será repensando valores e práticas, que as novas gerações poderão reduzir o consumo exagerado e o desperdício. De maneira resumida os 5 Rs referem-se a: • Repensar: indica a necessidade de refletirmos sobre o modo e quanto consumimos e as consequências para o ambiente e para a sociedade; • Reduzir: indica a necessária diminuição da quantidade do que compramos e olhar voltado somente ao necessário; • Recusar: é dizer não para a compra de um produto quando não concordamos com suas características e procedência; • Reutilizar: é dar um novo uso para um produto que já foi utilizado; • Reciclar: é transformar um resíduo em matéria-prima para outros produtos; (CARBONE et al., 2017, p.5). Ainda segundo Carbone et al. (2017), a sensibilização é um processo gradual que deve ser inserido em nosso dia-a-dia por meio da educação formal e não formal, devendo desempenhar um papel fundamental na forma com que vivemos e nos relacionamos com o mundo e as pessoas que nos cercam. Durante a contextualização, o conteúdo teve continuidade, tratando da Coleta Seletiva, identificando que reciclar é o último dos 5 Rs. Pois, sendo inevitável o consumo, e muitas vezes frente a impossibilidade da reutilização, os resíduos devem ser reciclados e transformados em novos insumos, evitando que novos recursos naturais venham a ser extraídos. A reciclagem pode ser feita com resíduos secos e orgânicos. Os resíduos secos são constituídos principalmente de embalagens, vidros, plásticos, alumínio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem. Reciclar envolve a transformação dos resíduos sólidos, com alteração de suas propriedades física, físico-química ou biológica, para a produção de matéria-prima. Os resíduos secos são transformados por meio de processos industriais (MACHADO, 2012; MMA, 2005; BRASIL, 2010) e os resíduos orgânicos, por meio da compostagem, gerando adubos sólido e líquido que podem ser utilizados no plantio. Não são todos os materiais que podem ser reciclados, aumentando a importância da coleta seletiva e a separação adequada de materiais. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei Federal nº 12.305/2010, dispôs, entre outras coisas, sobre a coleta seletiva, que seria a segregação adequada de materiais (MMA, 2005). Os resíduos sólidos, quando aproveitados, possuem valor econômico, e são chamados de rejeitos. Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro. No segundo momento foi proposto a confecção de um jogo didático desenvolvido em formato de tabuleiro, com uma trilha contendo conceitos sobre a Coleta Seletiva, em que os alunos além de participarem da preparação, puderam colaborar com seus conhecimentos e criatividade. Os alunos foram estimulados a confeccionaram seus próprios jogos didáticos, intitulado “Trilha do Meio Ambiente”, com conceitos sobre a Coleta Seletiva. Iniciaram com a montagem do dado: pintando, recortado e montando. A trilha com 40 espaços numerados, também chamados casas, poderia ser pintada e contornada, onde cada aluno deveria criar quatro conceitos sobre a coleta seletiva, juntamente com prendas (Figura 2). Para os marcadores os alunos utilizaram seus materiais escolares (borrachas, apontadores, carimbos), já que cada vez que o jogador parar em uma dessas casas com informações, terá algum tipo de prenda para cumprir.
Figura 2: Trilhas confeccionadas pelos alunos
É importante ressaltar que cada um teve a oportunidade de fazer uma trilha única, demonstrando seus conhecimentos através dos conceitos que deveriam colocar juntamente com cada prenda. Após finalizarem a confecção das trilhas, os alunos foram divididos em duplas, sendo que cada aluno possuía sua própria trilha e dado para jogar com o colega, após cada jogada deveria trocar a trilha, pois as regras e conceitos se modificariam, aumentando a possibilidade de novos saberes e fixação de saberes sobre os conteúdos desenvolvidos. Poucas explicações foram necessárias para que os alunos começassem a atividade, as duplas tiveram em média 50 minutos para jogar (Figura 3). Momento em que demonstraram envolvimento e interesse pela atividade.
Figura 3: Momento de interação entre os alunos, jogando em duplas.
Como os dados e as trilhas foram confeccionados individualmente, também possuíam o objetivo de que fossem jogados como atividade de tema de casa, propiciando que as informações em forma de conceitos fossem transmitidas também aos familiares dos alunos. Pois como demonstrado na segunda etapa da sequência didática, a turma é formada por 75% de famílias que não realizam a separação do lixo orgânico do inorgânico em suas casas. Finalizando a terceira e última etapa da pesquisa, foi aplicado o Quiz do Meio Ambiente (Tabela 2), com questionário de oito perguntas de múltipla escolha, para fazer a avaliação dos conhecimentos construídos sobre EA, mais especificamente a Coleta Seletiva e identificar as possíveis dúvidas ainda pendentes sobre as temáticas desenvolvidas. Nesta aula foi possível contar com a participação de 24 alunos. Tabela 2 -- Resultados do QUIZ do Meio Ambiente
Esta atividade foi desenvolvida dando continuidade ao jogo didático da “Trilha do meio ambiente”, transcorrendo também de forma lúdica, será descrita conforme a Tabela 2, iniciando pela análise das perguntas que tiveram maior acerto: - Na Questão 5 com 24 acertos, todos os alunos souberam responder sobre as possíveis colaborações com a preservação do meio ambiente e em como reduzir a produção de resíduos, escolhendo a opção de reutilizar os materiais e objetos sempre que possível; - Na Questão 2 com 23 acertos, a maioria dos alunos conseguiu identificar a necessidade da separação entre o lixo orgânico dos resíduos sólidos um aluno confundiu a resposta certa com “juntar todo tipo de lixo e descartar em ponto de coleta”; - Na Questão 7 com 22 acertos, a maioria identificou que ao reciclar papeis, jornais e revistas estarão colaborando com a preservação de árvores e florestas; - Na Questão 8 com 21 acertos, demonstraram que possuem a noção de que a energia solar não polui o meio ambiente; - Na Questão 3 com 20 acertos, em consonância com a Questão 2 conseguiram conceituar e compreender o processo da coleta seletiva. Dando continuidade os alunos desta turma ainda estão em processo de abstração quanto aos seguintes itens: - Na Questão 4 com 18 acertos, um terço dos alunos ainda não souberam responder sobre o que se deve fazer com o lixo eletrônico, que é extremamente poluente ao meio ambiente; - Na Questão 1 com 16 acertos confundiram o processo de transformação de materiais usados em novos produtos para consumo através da reciclagem, com o processo do lixo que se dá somente após seu descarte, mesmo demonstrando compreender da importância da coleta seletiva na Questão 2; - Na Questão 6 com 16 acertos, muitos alunos ainda não souberam responder sobre como consumir de forma consciente, optando pela opção que cita o consumo de materiais de pouca utilização dos recursos naturais a fim de que também possam servir para as próximas gerações. Mesmo o Quiz tendo demonstrado que alguns alunos ainda se encontram em processo de aprendizagem quanto algumas temáticas da EA, a sequência didática demonstrou que ao final do processo os alunos puderam externar um maior conhecimento, ou mesmo a consolidação de alguns conhecimentos prévios, tanto pedagógicos quanto sociais.
Considerações finais Com a aplicação da sequência didática, foi possível identificar como os alunos desta turma de 4º ano compreendem sobre o meio que os cerca, percebendo que temáticas sobre a Coleta Seletiva, tidas como consolidadas em anos anteriores de escolarização ainda necessitavam serem retomadas. Durante todo o processo os alunos foram estimulados a participarem e construírem ou reelaborarem conhecimentos já adquiridos didaticamente ou socialmente. Tendo a escola como um local essencial para a democratização dos conhecimentos e a inserção de indivíduos mais críticos na sociedade, para Muline (2013, p.193), é necessário fomentar um ensino de Ciências que prepare os cidadãos para lidarem como responsabilidade com as questões sociais, ambientais, econômicas, ecológicas, entre outras relativas à ciência, de forma propiciar uma EA que seja significativa para todos, alunos e familiares. O ensino de Ciências voltado à EA deve ser estimulado desde o Ensino Fundamental I (anos iniciais). Sendo possível verificar e afirmar que metodologias diferenciadas favorecem a aquisição, retomada e consolidação de conhecimentos de forma contextualizada, interativa e lúdica, Benedetti-Filho et al. (2004), ressalta que existem muitos jogos, e outros tipos de atividades lúdicas que ajudam os alunos a colocarem em prática tudo o que foi apresentado de conteúdo programático em sala de aula. Esses jogos agem como uma aprendizagem diferente e inclusive podem ser feitos em grupos. Assim atividade lúdica trabalhada de forma específica contribui para a evolução mental dos alunos e promove o desenvolvimento de outras habilidades não trabalhadas no ensino tradicional. Desta forma, foi possível verificar que a sequência didática com desenvolvimento de várias estratégias pedagógicas, fazendo uso de atividades participativas e lúdicas deveriam merecer um espaço maior no processo metodológico e na prática diária dos professores. Pois, este trabalho além de ter colaborado com a construção, retomada e consolidação das aprendizagens dos alunos, também pode servir como exemplo para a sensibilização de professores, propiciando que os mesmos identifiquem ser possível desenvolver este modelo de atividades contextualizadas para diferentes conteúdos tanto de EA quanto aos demais contemplados no ensino de Ciências.
Bibliografia BENEDETTI-FILHO, E.; OLIVEIRA, N.; SANTOS, W. Utilização de jogos de cartas na construção do conhecimento de Química. Revista Arandu, v. 27, nº 7, p. 40-45, 2004. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017. BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 2010. CARBONE, Amanda Silveira; CEZARE, Juliana Pellegrini; RAMOS, Michelle de Fátima; EGUTE, Nayara dos Santos; COUTINHO, Sonia Maria Viggiani. 5 Rs: educação para o consumo responsável – Livro eletrônico. 1ª Ed. São Paulo: Instituto SIADES, 2017. COSTAM, J.M. & PINHEIRO, N.A. Parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental: análise de sua proposta para os anos iniciais. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Tecnologia, Ponta Grossa, v.6, n.1, p. 84-99, 2013. LABURU, C.; ARRUDA, S. M.; NARDI, R. Pluralismo metodológico no ensino de ciências. Ciência & Educação, Bauru, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-3132003000200007&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 30 de nov. de 2019 LOUREIRO, Carlos Frederico B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2004. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Revista do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, v. 24, n. 7, jul. 2012 MELO, C. M. R. As atividades lúdicas são fundamentais para subsidiar ao processo de construção do conhecimento (continuação). Información Filosófica, v.2 nº1, p.128-137, 2005. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Consumo Sustentável: Manual de educação. Brasília: Consumers International/MEC/IDEC, 2005. MIRANDA, S. No fascínio do jogo, a alegria de aprender. Ciência Hoje, v.28, p. 64-66, 2001. MORAES, Roque. Ciências para as séries iniciais e alfabetização. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1995. MULINE, Leonardo Salvalaio; GOMES, Adriane Gonçalves; AMADO, Manuella Villar; CAMPOS, Carlos Roberto Pires. Jogo da “trilha ecológica capixaba”: uma proposta pedagógica para o ensino de ciências e a educação ambiental através da ludicidade. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, Curitiba, v. 6, n. 2, p.183-195, mai-ago. 2013. PESSANO, E. F. et al. Percepções socioambientais de estudantes concluintes do ensino fundamental sobre o Rio Uruguai. Revista Ciências & Ideias, v.4, n.2, p. 1-23, 2013. SILVA, Rejâne Maria Lira da. Ciência Lúdica: Brincando e aprendendo com jogos sobre ciências. Salvador: Edufbar, 2008. ZABALA, A. A prática educativa: Como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. |