Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
03/09/2020 (Nº 72) PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DA ALDEIA CANUANÃ/ETNIA JAVAÉ SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA AÇÃO MUTIRÃO DA LIMPEZA
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PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DA ALDEIA CANUANÃ/ETNIA JAVAÉ SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA AÇÃO MUTIRÃO DA LIMPEZA

José Antônio Pereira1, Welington Francisco2

1Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal do Tocantins – Gurupi. joseantonioquimica@gmail.com

2Professor do Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e Natureza, Universidade Federal da Integração Latino-Americana. welington.francisco@unila.edu.br



Resumo: Apoiando-se nas ideias da Educação Ambiental Crítica (EAC) e na realização de ações ambientais socioparticipativas, o objetivo desse trabalho foi identificar a percepção dos estudantes da Escola Indígena Tainá sobre a ação “Mutirão da Limpeza” realizada na comunidade indígena. Trata-se de uma pesquisa-ação realizada em quatro fases, cujos 34 estudantes da comunidade que participaram da ação responderam um questionário elaborado com quatro perguntas. A ação Mutirão da Limpeza possibilitou a identificação da quantidade de lixo descartada inadequadamente, assim como uma intervenção em conjunto para solucionar ou minimizar essa problemática. Essa ação promoveu um contato maior com o ambiente, ampliando as compreensões e sentimentos de pertencimento ao meio ambiente, corroborando com a importância da EA.

Palavras-chaves: Educação ambiental; comunidade indígena; compromisso social.

Perception of students from the Canuanã village/Ethnic Javaé about Environmental Education in the cleaning effort action



Abstract: Based on the ideas of Critical Environmental Education and on the realization of socio-participatory environmental actions, the goal in this article is to identify the perception of students from the Tainá Indigenous School about the “Cleaning Effort” action realized in the indigenous community. It is an action research conducted in four phases, whose 34 indigenous students who participated in the action answered a questionnaire with four questions. The Cleaning Effort allowed the identification of the amount of waste improperly disposed by the community, as well as a joint intervention to solve or minimize this problem. This action promoted greater contact with the environment, expanding the understanding and feelings of belonging to the environment, corroborating the importance of Environmental Education.

Keywords: Environmental education; indigenous community; social commitment.

Introdução

A noção de Educação Ambiental (EA) surge como consequência de uma crise ambiental oriunda do avanço tecnológico desenfreado, que se deu no fim do século XX. Todas as discussões e preocupações foram pautadas em demandas para um olhar de minimizar os impactos ambientais que apareciam. Nesse primeiro momento, a EA era tida como um saber e uma prática fundamentalmente conservacionista (Layrargues; Lima, 2011).

Essa vertente conservadora é caracterizada por possuir uma visão mecanicista e utilitarista da ciência, simplificando os fenômenos presentes da realidade. Além disso, a EA conservadora é conhecida por ignorar ou não querer mostrar o conhecimento sobre as relações de poder que estruturam a sociedade atual, tais como luta de classes, relações de gênero, minorias étnicas e culturais entre outros. No entanto, com o passar do tempo floresceu outra visão para a EA, conhecida como vertente crítica (Layrargues; Lima, 2011).

De acordo com Loureiro (2004, p. 4), a EA Crítica é entendida pela:

Valorização da democracia e do diálogo na explicitação dos conflitos ambientais, em busca de alternativas que considerem o conhecimento científico, as manifestações culturais populares e uma nova ética nas relações sociedade-natureza pautada e construída em processos coletivos de transformação social, enquanto condição básica para se estabelecer patamares societários que requalifiquem nossa inserção na natureza.

Desta forma, o interesse desse estudo advém da identificação de diversos problemas socioambientais após sucessivas visitas na Aldeia Canuanã, etnia Javaé, onde moram aproximadamente 488 índios sob a chefia do cacique Tehambi Javaé. Essa aldeia se distancia em 385 km de Palmas (TO) e 65 km do município de Formoso do Araguaia, localizando-se dentro da Ilha do Bananal, onde possui uma grande biodiversidade que é protegida pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Realizando percursos pelas margens do Rio Javaés e pelas praias naturais que são formadas, foram observados problemas relacionados com o desmatamento da vegetação da mata ciliar e, sobretudo, com o excesso de lixo.

Nesse sentido, o objetivo do trabalho é identificar a percepção dos estudantes da Escola Indígena Tainá sobre a ação “Mutirão da Limpeza” realizada na comunidade indígena. A identificação do que os estudantes participantes pensam sobre essa ação é parte fundamental para responder a seguinte questão de pesquisa da dissertação de mestrado: O quanto que ações ambientais participativas podem provocar transformações socioculturais na comunidade indígena?

Princípios da Educação Ambiental Crítica

Diversos autores reforçam formulações teóricas que consolidam, no campo da educação, a Educação Ambiental numa perspectiva crítica como forma de intervenção no/para o mundo (Lima, 2002; Layrargues, 1999, 2003, 2004; Loureiro et al., 2002b e 2006); Tozoni-Reis, 2006).

A Educação Ambiental Crítica (EAC) objetiva promover ambientes educativos de mobilização e de intervenção sobre a realidade dos problemas socioambientais. Esse caminho busca superar as armadilhas paradigmáticas e propiciar um processo educativo em que todos os envolvidos procurem soluções que contribuam para a transformação da grave crise socioambiental que vivenciamos (Loureiro, 2004). Assim, passa a ser entendida como um processo educativo de dimensão política que pode ser explicada numa:

Práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente (Loureiro, 2002a, p. 69).

Pelo seu teor e vigor, a EAC pode ser um instrumento que reforce e incentive a viabilidade da inserção das discussões ambientais no âmbito da educação. É com essa perspectiva, que o sujeito reflete e age, almejando a transformação da realidade socioambiental com vistas à construção de sociedades sustentáveis. Isso permite compreender que é possível pensar sobre o papel social de todos, sobretudo da escola, quanto a construção de um futuro melhor.

Por isso que Reigota (2009) defende a educação ambiental como uma educação política comprometida com: a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos cidadãos e das cidadãs na busca de soluções e alternativas que lhes permitam a convivência digna e voltada para o bem comum. Para Carvalho (2004, p. 20), a formação dos cidadãos nessa perspectiva:

Incide sobre as relações indivíduo sociedade e, neste sentido, indivíduo e coletividade só fazem sentido se pensados em relação. As pessoas se constituem em relação com o mundo em que vivem com os outros e pelo qual são responsáveis juntamente com os outros. Na Educação Ambiental crítica, esta tomada de posição de responsabilidade pelo mundo supõe a responsabilidade consigo próprio, com os outros e com o ambiente, sem dicotomizar e/ou hierarquizar estas dimensões da ação humana.

Na EAC é necessário que os participantes estejam envolvidos no processo de criar e solidarizar com o princípio de participação social na resolução de um problema ambiental local, partindo do princípio dos núcleos de emersão. Esse princípio se define como “um eixo estruturante das práticas de educação ambiental... essencial para a transformação das relações entre sociedade e ambiente (Jacobi, 2005, p. 233). Além desse princípio, existem outros para nortear o desenvolvimento de ações educativas relacionadas com as questões ambientais. Loureiro (2004, p. 139) considera que:

É absolutamente crucial para a concretização de um novo patamar societário que a produção em educação ambiental aprofunde o debate teórico-prático acerca daquilo que pode tornar possível ao educador discernir uma concepção ambientalista e educacional conservadora e tradicional de uma emancipatória e transformadora, e as variações e nuances que ambas se inscrevem problematizando-as, relacionando-as e superando-as permanentemente.

Layrargues (2003) afirma que muitos dos modos de fazer e pensar a EA enfatizam a dimensão ecológica da crise ambiental como se os problemas ambientais independessem das práticas sociais. Um novo olhar sobre as abordagens de conceitos sobre educação ambiental deve permitir que a “seja compreendida não apenas como um instrumento de mudança cultural ou comportamental, mas também como um instrumento de transformação social para atingir a mudança ambiental” (Layrargues, 2003, p. 14).

Nessa perspectiva, o meio ambiente é conjunto, é sistêmico e precisa ser percebido em sua totalidade complexa. Layrargues (2003, p. 16) ainda destaca que:

A reflexão a respeito do problema ambiental, sem estar articulada com a contextualização social, cultural, histórica, política, ideológica e econômica, resulta na reprodução de uma visão de mundo dualista, que dissocia as dimensões social e natural. Assim, a luta pela proteção da natureza sobressai como algo hierarquicamente prioritário sobre a luta por justiça e igualdade social, em vez de serem percebidas como intrinsecamente vinculadas.

Assim, se a educação é mediadora na atividade humana, a EAC é mediadora da apropriação, pelos sujeitos, das qualidades e capacidades necessárias para à ação transformadora diante do ambiente em que vivem. Pode-se dizer que a gênese do processo educativo ambiental é o movimento de fazer-se plenamente humano pela apropriação crítica e transformadora da totalidade histórica e concreta da vida dos homens no ambiente (Tozoni-Reis, 2004).

Ao se trabalhar a EA na escola, o ponto de partida é estabelecer relações entre a sociedade, educação e a escola. Por meio da educação é que a formação consciente do ser humano vai sendo construída, tendo como objetivo principal o conhecimento da realidade e a participação atuante no processo de solucionar ou minimizar determinados problemas ambientais. Daí surge a tendência de a educação ambiental estar associada com a responsabilidade social, o que se torna um desafio complexo. Dessa complexidade emerge as mútuas relações de causalidade multidimensional entre os fatores ecológicos, sociais, culturais, econômicos, políticos, territoriais, éticos (Layrargues, 2004).

Metodologia

O desenho metodológico desta pesquisa concentra-se nas ideias de uma pesquisa-ação, com a perspectiva de reflexão, ação, geração de conhecimento e mudança social. Essa abordagem promove a compreensão da problemática, o mútuo envolvimento, mudanças e crescimento pessoal (Kidd; Kral, 2005).

De acordo com Green (2008), a pesquisa-ação é considerada um processo no qual os pesquisadores e os participantes trabalham embasados na produção de conhecimento e promoção de uma ação útil para a comunidade, primeiramente, para depois buscar o empoderamento por meio de “afloramento da conscientização”. Tripp (2005) sumariza sua realização em quatro fases: (i) PLANEJAR ações; (ii) AGIR para alcançar resultados; (iii) MONITORAR e DESCREVER os efeitos; (iv) AVALIAR os resultados.

PLANEJAR ações

Esta etapa consistiu no planejamento de ações em conjunto voltadas para os principais problemas ambientais que a comunidade indígena Javaé possui. Para isso foi realizada uma primeira reunião com os principais líderes da aldeia (cacique, diretor, professores, pais e outros funcionários) no dia 28 de março de 2018 às 18h com duração de 1 hora na Escola Indígena Tainá, localizada dentro da aldeia, com a finalidade de apresentar a proposta da pesquisa e conhecer alguns anseios locais.

A segunda reunião foi feita no dia 18 de outubro de 2018 às 13h e teve duração de 2h. Participaram desse encontro: comunidade escolar (alunos, professores, diretor, coordenador e auxiliar de serviços gerais), o cacique e vice cacique e os pais dos alunos (parte da comunidade), em que foi conversado acerca dos problemas ambientais que vem acontecendo no Brasil pela própria ação do homem. Os participantes relataram os impactos ambientais na própria aldeia. O problema ambiental mais comentado foi sobre o lixo. Após a reunião foi realizada uma caminhada a convite dos professores da escola por vários pontos da Aldeia (lixão, ruas, campo de futebol e nas proximidades do Rio Javaé).

A partir da caminhada, observou-se que o excesso de lixo era uma problemática na aldeia e que a agressão à natureza era causada tanto pelos indígenas como não indígenas. Assim, as sugestões de ações feitas pela comunidade em um planejamento coletivo foram: mutirão da Limpeza na coleta do lixo nas redondezas da aldeia; revitalização de um barracão de palha para ser o ponto de triagem; oficina de coleta seletiva e de reciclagem.

AGIR para alcançar resultados

Foi o momento do desenvolvimento e execução das ações propostas e definidas em conjunto. Como o principal problema ambiental apontado por toda a comunidade foi o lixo, sugeriu-se a realização de um “Mutirão da Limpeza”.

No dia 07 de novembro de 2018 às 13h, na aldeia Canuanã, alunos, professores e comunidade foram reunidos em frente à Escola Indígena Tainá e o Posto de Saúde para a realização da ação “Mutirão da Limpeza”. Esse mutirão foi realizado com o objetivo de retirar o lixo que estava espalhado em torno da Aldeia e principalmente na margem do Rio Javaé.

Durante a reunião foi comentado sobre a importância do projeto e do compromisso sociocultural participativo. Adicionalmente, foi ressaltado sobre as orientações quanto aos riscos decorrentes da ação, como por exemplo: os métodos de acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final adequados do lixo na aldeia de Canuanã.

O cacique e o vice cacique doaram um barracão para ser reformado e revitalizado pela comunidade para ser o Ponto Central de Triagem dos resíduos sólidos. Ao término da reunião, todos foram direcionados ao barracão para revitalizá-lo. No primeiro momento, as ações do mutirão da limpeza iniciaram-se com a limpeza dentro do barracão e em seguida, foram definidos os lugares para cada tipo de material que seria coletado (vidro, metal, plástico e papel).

A triagem manual demanda pouco investimento, mas não deixa de ser uma etapa importante para o processo de reciclagem. Esse local foi escolhido porque fica mais distante do centro da comunidade e por apresentar um grande espaço para a realização do trabalho. Foi necessário todo o uso de equipamentos de segurança e orientado que andassem pelo menos calçados, principalmente para não ter o contato direto com os resíduos sólidos no solo, pois poderiam adquirir algum tipo de patologia ou se machucarem.

Os alunos foram divididos em 6 grupos de 10 participantes supervisionados por três professores, a coordenadora, o diretor da unidade escolar e o vice cacique. A distância percorrida durante o Mutirão da Limpeza pelos envolvidos foi de aproximadamente 2,5 km totalizando uma área aproximada de 152.000 m2 (Figura 1). Cada equipe seguiu pelas proximidades da margem do Rio Javaés coletando os 04 tipos básicos de recicláveis em saco plástico de 200 litros. Quando o recipiente ficava cheio, a equipe voltava ao barracão para a entrega, enquanto outra equipe fazia a triagem do que foi coletado. Os alunos usaram carrinho de mão para transportar motos carbonizadas, fogões, geladeiras, freezers, pneus, portas e grades metálicas descartadas.

A classificação dos resíduos sólidos foi feita manualmente por uma equipe de 10 alunos. Quando os demais chegavam ao barracão, após percorrer o trajeto, também contribuíam para a segregação. Todo o material chegava misturado e era colocado no centro do barracão para que a triagem fosse realizada. Os materiais foram classificados em: PET incolor, PET verde, latinhas de alumínio, outros metais como o ferro, vidros, papel e papelão.

Todo o material coletado foi triado, classificado, ensacado e guardado. Dentre os resíduos sólidos coletados verificou-se que o alumínio e o plástico foram os com maior quantidade. Por volta das 16h todos se encontraram no barracão central para fechamento da ação.

Figura 1 -- Mapa do Percurso feito pelo Mutirão da Limpeza.

Fonte: Google Maps, 2019.



MONITORAR e DESCREVER os efeitos

Esta fase focou na forma de coleta e produção de dados referente à pesquisa. Para isso, foi elaborado um questionário (Figura 2) com quatro (4) perguntas em uma escala tipo Likert (Concordo, Discordo e Não sei responder) e com possibilidade de justificativas. Essa combinação teve como objetivo identificar a concepção que os estudantes tiveram em relação aos impactos ambientais durante o mutirão da limpeza, o que ressalta as características da pesquisa-ação.

O questionário foi aplicado entre os dias 22 e 26 de 2019 nos períodos matutino, vespertino e noturno para trinta e quatro (34) estudantes nas modalidades de ensino, fundamental I da primeira fase, fundamental II da segunda fase, ensino médio e EJA da Escola Indígena Tainá.

Em toda a coleta e produção de dados foram preservadas as identidades dos participantes, assegurado pelos TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e TALES (Termo de Assentimento Livre e Esclarecido). Vale ressaltar que tal pesquisa teve parecer favorável no Comitê de Ética e Pesquisa – Seres Humanos da UFT/Palmas (TO), sob o número 3.475.842 indicado pela Relatoria no dia 30/07/2019.

Figura 2 -- Questionário elaborado.



AVALIAR os resultados

Nessa fase foi feito a análise dos resultados segundo os referenciais de Tozoni-Reis (2005), em que a metodologia de pesquisa-ação em EA centra-se em três “práticas” articuladas entre si: a produção de conhecimento, ação educativa e a participação dos envolvidos.

A produção de conhecimento evolui a partir que o ser humano começa a fazer uma investigação de um determinado fenômeno. Partindo do problema ambiental “lixo”, apontado pela comunidade indígena, percebeu que a interação homem-natureza fazia surgir uma investigação mais detalhada em busca de planejar ações para a solução do problema. Pode-se entender melhor que a pesquisa é uma “ação de conhecimento da realidade, um processo de investigação minucioso e sistemático [...] um processo de produção de conhecimentos para a compreensão de uma dada realidade” (Tozoni-Reis, 2007, p. 7-8).

A ação Mutirão da Limpeza buscou uma construção do conhecimento a respeito do ambiente limpo e da coleta seletiva, promovendo resultados para que despertasse na comunidade uma consciência ambiental mais crítica acerca dos impactos ambientais trazidos pelo descarte inadequado do lixo. Na medida em que as ações educativas eram desenvolvidas observava nos participantes uma interação de poder contribuir para uma melhoria do ambiente que vivem. A interação entre os participantes e pesquisador foi fundamental para aproximar e buscar alternativas de respostas condizentes com as ações.

Os resultados dos questionários na escala tipo Likert foram tabulados em termos de porcentagem. As justificativas das perguntas foram analisadas segundo a Análise de Conteúdos em Bardin (2011), utilizando de categorizações em função da semelhança de temas presentes nas respostas. Optou-se em apresentar e explicar as categorias nos resultados desta pesquisa.

Resultados e Discussão

No Quadro 1 apresenta-se a frequência das respostas referente à escala tipo Likert para cada questão presente no questionário:

Quadro 1 -- Porcentagem das respostas do questionário entregue aos 34 alunos participantes da ação “Mutirão da Limpeza”

Questão

Alternativas

Frequência

Porcentagem

1. O mutirão da limpeza proporcionou detectar problemas ambientais na comunidade indígena?

Concorda

23

67,64%

Não concorda

06

17,64%

Não sabe responder

05

14,70%

2. Pode-se dizer que um dos problemas ambientais observados foi o LIXO presente por toda comunidade?

Concorda

28

82,35%

Não concorda

02

5,88%

Não sabe responder

04

11,76%

3. Acredita que a coleta do lixo durante a trilha e a prática da reciclagem pode diminuir significativamente a quantidade de lixo encontrada na comunidade indígena?

Concorda

28

82,35%

Não concorda

02

5,88%

Não sabe responder

04

11,76%

4. Durante o Mutirão da Limpeza os grupos de alunos foram questionados e orientados pelos professores sobre poluição, doenças, coleta seletiva, reciclagem, aterro sanitário e consciência ambiental?

Concorda

27

79,41%

Não concorda

05

14,70%

Não sabe responder

02

5,88%

Fonte: Autores.



Os resultados mostram que a ação “Mutirão da Limpeza” possibilitou a identificação do excesso de lixo descartado como um dos problemas ambientais presente na comunidade (questões 1, 2 e 3). Ademais, a maioria dos participantes concorda que esse lixo pode trazer doenças para a comunidade (questão 4).

Para Gonçalves et al. (2012), há a necessidade de desenvolver nos alunos consciência sobre os problemas ambientais bem como estimulá-los a buscar soluções. Desta forma, a ação realizada vem proporcionar um posicionamento crítico, oferecendo uma reflexão entre teoria e prática para rediscutir os princípios e valores da realidade local. É nesse contexto que a EAC surge para contribuir com o resgate de valores essenciais para uma nova cidadania, assumindo um olhar integrado das relações entre seres humanos-natureza e entre seres humanos-seus semelhantes.

Das justificativas à elaboração das categorias de análise

A partir da análise de conteúdo das justificativas apresentadas pelos estudantes que responderam “Concorda” na primeira questão, foi possível criar três categorias com base na noção de tema. A primeira categoria, denominada de “Retirada do lixo”, é referente à coleta do lixo durante a ação, em que seis (6) estudantes destacam a retirada do lixo na comunidade. As justificativas a seguir buscam exemplificar essa categoria:

Observam-se em todas as justificativas que durante a ação os estudantes identificam que o lixo é um dos problemas ambientais presente na comunidade, sendo possível retirá-lo. Desta forma, verifica-se que o processo de retirada do lixo feita por eles e demais membros da comunidade indígena retrata uma produção de conhecimento sobre a própria realidade (Tozoni-Reis, 2005).

O excesso de lixo também foi reportado como um dos principais problemas na comunidade escolar do Município de Itarantim (BA), segundo Trindade (2011). Por isso que ações como a do Mutirão da Limpeza proporciona um ambiente mais limpo e passa a ser possibilidade de contornar o problema do lixo que ocorre em diversos locais.

Na segunda categoria, dois (2) estudantes apontam características visuais da aldeia em função do excesso de lixo que observaram durante a ação de limpeza. Assim, nomeou-se a categoria como “Aspecto Visual”, que correspondem aos seguintes exemplos:

Nota-se a preocupação de ambos estudantes com a visão que se tem da própria aldeia. É nesse sentido que a ação “Mutirão da limpeza”, em que envolveu todos da comunidade, buscou transformar esse panorama. Tozoni-Reis (2005, p. 271) destaca que o essencial para uma proposta de educação ambiental crítica é promover um “processo coletivo, dinâmico, complexo e contínuo de conscientização e participação social que articule também a dimensão teoria e prática, além de ser um processo necessariamente interdisciplinar”.

De acordo com Santos e Almeida (2011), ações desse caráter (que incluem trilhas interpretativas/ecológicas) possibilitam discutir diversos temas como queimadas, falta de planejamento na área urbana e a disposição do lixo nas margens de rios para explorar a Educação Ambiental alicerçada em um tema-gerador.

A última categoria elaborada é Conscientização, pois os dois estudantes retratam a preocupação com a quantidade de lixo e identificam como um problema para a aldeia:

Tais justificativas revelam a relação “ser humano e natureza”, preocupando-se com a necessidade de melhorar o meio ambiente para benefício do todo. Este enfoque tem como consequência uma transformação do conhecimento, da comunidade, das relações sociais e políticas, e consequentemente, dos valores culturais e éticos (Layrargues; Lima, 2011).

É necessário estimular a sensibilização e conscientização ambiental por meio da coleta seletiva como um dos instrumentos deste trabalho, reduzindo impactos e desperdícios bem como valorizar a prática da reciclagem nesta comunidade fazendo cumprir os objetivos que foram traçados. As ações devem permitir que a escola e comunidade continue nessa árdua conscientização na formação de valores e atitudes para buscar minimizar ou até mesmo solucionar os problemas ambientais, a fim de buscar mais qualidade de vida.

De acordo com o Quadro 1, observou-se que 82,35% dos alunos concordam que o lixo é um dos problemas ambientais que a comunidade indígena vem enfrentando (segunda questão). Ao analisar as justificativas (de nove estudantes), três categorias foram identificadas. A primeira categoria é “Localização do lixo”, criada porque as respostas especificam o local onde o lixo se encontra na comunidade:

Verifica-se que o local mais afetado pelo descarte inadequado de lixo é o rio Javaé, que fica localizado a alguns metros da área de maior convívio da comunidade. Percebe-se que ainda falta consciência dos moradores e visitantes a esta comunidade indígena, pois, o excesso de lixo causa contaminação tanto da água quanto do peixe, que são usados para o próprio consumo. No período chuvoso, a situação fica ainda mais preocupante devido à quantidade de lixo que é arrastado pelas correntezas da água.

Segundo Loureiro (2002a), são necessárias ações ambientais que partam da realidade local e cotidiana dos grupos sociais envolvidos. Isso possibilitará um processo participativo que ressalte a dinâmica da relação do ser humano com todos os elementos do ambiente, de forma a compreender melhor o ambiente em que se vive.

Os resultados da pesquisa de Andrade e Bomfim (2018) apontam que a poluição dos rios também é um dos problemas ambientais mais citados pelos alunos da Escola Estadual localizada na Baixada Fluminense (RJ). Isso mostra que o descarte inadequado do lixo não é apenas um problema local da Aldeia Canuanã, destacando que é preciso continuar com ações e pesquisas em EA para intensificar os trabalhos e a participação de todos.

A segunda categoria identificada foi “Quantidade de lixo”, pois cinco estudantes afirmam sobre a preocupação com o quantitativo de lixo presente na comunidade, destacando que está em excesso:

As justificativas mostram que as quantidades de lixo descartado inadequadamente têm preocupado toda a comunidade. Um dos fatores que está relacionado é o crescimento populacional desta aldeia. Consequentemente, os impactos ambientais aumentam em função do consumismo.

Diante deste contexto e após a realização da ação, a questão dos resíduos passou a ser intensificada pelos professores a partir de várias ações pedagógicas (palestras, rodas de conversas, jogos, músicas) que motivaram a um trabalho melhor de conscientização. A compreensão da necessidade do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos corrobora com a chamada Política dos 3R‟s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), que inspira técnica e pedagogicamente os meios de enfrentamento da questão do lixo (Layrargues, 1999).

O trabalho apresentado por Rodrigues et al. (2010) evidencia que os moradores da zona urbana do município de Urutaí-GO têm consciência do problema da quantidade de lixo que é jogado nas ruas e nos terrenos baldios em seus bairros. No entanto, mesmo tendo consciência apontam para uma inexistência de políticas públicas e de ações que colaboram para a resolução dos problemas.

A última categoria, com apenas uma justificativa foi estabelecida como “Apoio municipal”, retratando que o município de Formoso do Araguaia deveria dar mais apoio à comunidade em relação ao lixo que é produzido pela comunidade:

A distância entre a cidade de Formoso do Araguaia e a aldeia (65 km) é um dos motivos, alegado pelo Secretário do Meio Ambiente, para a não prestação do serviço rotineiramente. Outro ponto destacado é a localização da aldeia, que está do outro lado da margem do Rio Javaé, dificultando mais ainda o transporte dos resíduos sólidos por meio do transporte aquático local (canoas) para o atendimento de coleta do lixo.

A coleta de resíduos nos domicílios é responsabilidade municipal dada pela Constituição Federal de 1988 que define como competência de as prefeituras “organizar e prestar diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão os serviços públicos de interesse local que têm caráter essencial” (Brasil, 1988, art. 30). Sobre este aspecto, Layrargues (2000) argumenta que o governo se apresenta como o ramo mais importante do poder público, em detrimento do Poder Legislativo ou do Judiciário e da própria sociedade, o que faz com que se crie a “estadania”, a antítese da cidadania, quando a população espera passivamente a intervenção do governo para a solução de seus problemas.

Os líderes da comunidade já tiveram reunidos várias vezes com prefeito e secretários com o objetivo de contribuir na implantação da coleta seletiva na aldeia, além de outras demandas ambientais locais. Contudo, não obtiveram ainda respostas concretas. Segundo Andrade e Bomfim (2018, p. 243), “ações como estas só trazem mais frustação e sensação de impotência quando não atendidas”.

A partir desta situação, o Mutirão da Limpeza sensibilizou os envolvidos para que juntos fossem desenvolvidas ações sustentáveis sobre o gerenciamento do lixo, como coleta seletiva e o destino final mais “adequado do lixo”. A mobilização da comunidade em parceria com a pesquisa refletiu ao poder público municipal junto com a FUNAI a aquisição de um trator novo para dar continuidade e melhorar o serviço que vem sendo realizado. Para Layrargues (2002, p. 169), a EA busca:

Uma estratégia pedagógica do enfrentamento de tais conflitos a partir de meios coletivos de exercício da cidadania, pautados na criação de demandas por políticas públicas participativas conforme requer a gestão ambiental democrática.

Na terceira questão, 82,35% dos alunos responderam em concordância de que práticas como coleta do lixo e reciclagem podem de fato reduzir o volume dos resíduos sólidos que traz prejuízos à natureza. Das justificativas (6), emergiram duas categorias: “Redução do lixo” e “Conscientização”.

A categoria “Redução do Lixo” agrupa quatro (4) respostas dos estudantes que apontaram que com a coleta seletiva e a reciclagem ocorrem a diminuição do lixo e dos impactos ambientais:

Esse resultado mostra que tanto a retirada do lixo quanto a triagem da coleta seletiva são caminhos para a valorização do lixo. Além disso, a intervenção e participação de todos foi fundamental para amenizar os problemas ambientais que vem sendo causado pelo descarte inadequado.

A reciclagem só é possível através da coleta seletiva do lixo, pois reduz o volume do resíduo, contribui para diminuir a poluição e a contaminação, coopera na recuperação natural do meio ambiente, bem como economiza os materiais e a energia usada para fabricação de outros produtos. De acordo com Layrargues (2002, p. 179):

Pouco esforço tem sido dedicado à análise do significado ideológico da reciclagem, em particular da lata de alumínio, e suas implicações para a educação ambiental reducionista, mais preocupada com a promoção de uma mudança comportamental sobre a técnica da disposição domiciliar do lixo (coleta convencional x coleta seletiva) do que com a reflexão sobre a mudança dos valores culturais que sustentam o estilo de produção e consumo da sociedade moderna.

Segundo Costa et al. (2014), 98% dos alunos, que responderam uma questão sobre o excesso de lixo, expressaram de forma positiva que o impacto ambiental causado pelo lixo pode ser diminuído através desse processo, semelhante ao encontrado nessa pesquisa.

Acredita-se que com um ensino de educação ambiental que leve em conta os conhecimentos prévios dos alunos em projetos ou ações socioambientais, a escola passa a exercer um papel transformador voltado aos problemas entorno, permitindo na formação de um cidadão mais ecológico. É de grande valia que a escola participe deste processo de mobilização social, pois como ressalta Penteado (2001, p. 53-54) a escola é um local:

Onde professores e alunos exercem a sua cidadania, ou seja, comportam-se em relação a seus direitos e deveres de alguma maneira. Portanto, o desenvolvimento da cidadania e a formação da consciência ambiental têm na escola, um local adequado para a realização através de um ensino ativo e participativo, capaz de superar os impasses e insatisfações vividas de modo geral pela escola na atualidade, calcado em modos tradicionais.

Outra categoria foi a “Conscientização”, identificada em duas justificativas. Aqui a ideia é revelar a preocupação com abandono de lixo nos lugares de convívio dos moradores e a importância da ação:

O ato de conscientizar sobre os problemas ambientais, a partir da ação de reciclagem, é destacada por todos os envolvidos, porque a produção de lixo e o não descarte corretamente contribui para consequências de agressão ao próprio homem e a degradação do meio ambiente. Portanto, com racionalidade estas alternativas promovem uma geração bem menor de lixo.

É salutar a segunda justificativa (“Sim. Só que o povo da comunidade não ajuda a limpar, mas sim a fazer mais lixo jogado na rua”). Aqui, apesar do estudante concordar que a coleta seletiva e a reciclagem ajudam a diminuir a quantidade de lixo na comunidade, preocupa-se que o povo não contribui com a limpeza, mostrando que a conscientização deve ser um processo contínuo na comunidade para ocorrer atitudes socioambientais.

No entanto, não basta apenas falar sobre educação ambiental ou praticar ações nesse sentido dentro dos muros da escola, é preciso estendê-la para a prática social cotidiana, com a finalidade de desenvolver uma consciência ambiental.

Essa justificativa mostra-se preocupante com a realidade que vem sendo enfrentada, no sentido que cada cidadão deve fazer a sua parte para construção de um lugar mais limpo para melhor qualidade de vida e preservação dos recursos naturais. Somado a essa resposta, 6% dos alunos responderam no questionário que “não concorda” que estas práticas reduz a produção desordenada do lixo.

A primeira categoria criada na quarta questão foi “Informação”. Aqui as respostas dos estudantes retratam que eles foram informados e orientados pelos professores sobre: poluição, doenças, coleta seletiva, reciclagem, aterro sanitário e consciência ambiental durante o Mutirão da Limpeza.

De acordo com as justificativas, a maioria dos alunos afirma que foram informados a respeito de toda a problemática que o lixo vem acometendo a comunidade. Se o lixo é descartado inadequadamente, pode causar mau cheiro e proliferar doenças, além de uma poluição terrestre e aquática.

Através destas respostas, percebe-se que existe compreensão e entendimento de atitudes ecologicamente correta. Porém, o trabalho de conscientização tem que ser contínuo, visando um bem-estar ambiental diante das destruições que a população vem enfrentando e poucas ações que a sociedade tem feito diante desta situação.

A falta de conscientização por parte da população em relação a esses problemas ambientais tem contribuído para um desgaste maior dos recursos naturais, sem pensar nas consequências futuras que nós mesmos iremos enfrentar.

Nas justificativas (1 e 5), observa-se que a comunidade aos poucos precisa tomar consciência do seu espaço de morada. Isso provocará mudanças em suas atitudes e valores, cujas experiências possam amenizar os problemas ambientais locais e o conhecimento adquirido possa ser usado ao longo do tempo.

Segundo Costa et al. (2014), o acompanhamento dos professores em trilhas ecológicas possibilita uma observação mais direta e ação pontual do que os estudantes devem fazer. Já Santos e Almeida (2011) citam que o monitor responsável por um grupo de alunos em uma trilha consegue abordar a importância das práticas que estão sendo realizadas. Assim, corroboram com a melhoria do meio ambiente e a necessidade de rever os conceitos para a busca de soluções para um futuro sustentável.

As ações que são realizadas durante as trilhas ecológicas contribuem para o desenvolvimento de uma educação ambiental, servindo como apoio e de formação de cidadãos críticos, capazes de observarem o caminho percorrido com um olhar diferenciado. Isso provê uma atuação na realidade do local e aguça a percepção ambiental de cada indivíduo, o que pode aproximá-lo do mundo natural (Copatti; Machado; Ross, 2010).

Considerações finais

Os resultados apresentados mostram que ainda existe uma carência de informações relacionada às consequências do descarte inadequado do lixo na natureza, bem como da importância em se diminuir o consumo para gerar menos resíduos. Isso porque não há um programa de coleta para o lixo doméstico na aldeia, além do descaso do município mais próximo atualmente. Assim, a responsabilidade do descarte adequado e disposição final desses resíduos ficam a cargo da comunidade indígena.

A ação Mutirão da Limpeza possibilitou a identificação da quantidade de lixo descartada inadequadamente pela comunidade, assim como uma intervenção em conjunto para solucionar ou minimizar essa problemática. Essa ação promoveu um contato maior com o ambiente, ampliando suas compreensões e sentimentos de pertencimento ao meio ambiente, corroborando com a importância da EA. Ademais, o estudo revelou que as atividades desenvolvidas oportunizaram reflexões coletivas e individuais, voltadas aos valores da separação, reciclagem e destino final do lixo. Isso evidenciou que a coleta seletiva é extremamente importante para uma gestão melhor dos resíduos sólidos, ressaltando a inserção da EA tanto no contexto escolar quanto na comunidade em geral, pois eleva o nível de conhecimento, reforça valores sociais contribuindo para uma qualidade de vida melhor e formação de um cidadão mais consciente na comunidade.

Portanto, as atividades desenvolvidas até o momento são um indício de resposta da questão de pesquisa. Isso porque a ação fez com que todos os participantes se dispuseram a contribuir para a limpeza da aldeia, abraçando a causa para a sensibilização ambiental com compromisso social devido às mudanças de perspectivas e alguns hábitos.

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Ilustrações: Silvana Santos