PRÁTICA
DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: EXPERIÊNCIA DO PROJETO
MIGUEL CONSCIENTE
Gleison
Peralta Peres – gleisonpp@hotmail.com
Resumo:
Este
relato consiste em estudo de caso referente ao projeto Miguel
Consciente desenvolvido na Escola Estadual Miguel Barbosa na cidade
de São José dos Quatro Marcos – MT. Foram
apresentados aos estudantes do 6º ano formas de diminuição
e reaproveitamento do lixo urbano, bem como o descarte correto do
lixo através da coleta seletiva. A metodologia utilizada foi
através de visita in
loco
ao lixão da cidade, para demonstrar como é feito o
descarte do lixo urbano. O resultado do projeto foi apresentado à
comunidade através de painéis e palestras na feira
científica. Acreditamos que essa ação foi
fundamental para despertar o interesse dos estudantes para a
preservação do meio ambiente.
Palavras-chave:
Educação ambiental; Compromisso social; Escola.
Abstract:
This report consists of a case study regarding the Miguel Consciente
project developed at the Miguel Barbosa State School in the city of
São José dos Quatro Marcos - MT. 6th year students were
introduced to ways of reducing and reusing urban waste, as well as
the correct disposal of waste through selective collection. The
methodology used was through an on-site visit to the city dump, to
demonstrate how urban waste is disposed of. The result of the project
was presented to the community through panels and lectures at the
scientific fair. We believe that this action was fundamental to
arouse students' interest in preserving the environment.
Keywords:
Selective collection, Environmental education, School.
1
Introdução
Este
trabalho tem como objetivo de divulgar os resultados do projeto de
educação ambiental, realizado na Escola Estadual Miguel
Barbosa, na cidade de São José dos Quatro Marcos –
MT, com a turma do 6º ano do ensino fundamental, cuja faixa
etária é de 10 a 12 anos.
O
projeto é referente às perspectivas dos estudantes
sobre a importância da educação ambiental e da
coleta seletiva na escola, proporcionando uma futura conscientização
sobre o descarte correto do lixo de qualquer espécie e os
impactos do lixo na saúde ambiental e humana e os danos que
podem ser evitados no mesmo como aborda a Lei 9.795/1999 que
estabelece a educação ambiental e política
nacional de educação ambiental:
Art.
1o
Entendem-se por educação ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.
Art.
2o
A educação ambiental é um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não-formal.
Art.
3o
Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito
à educação ambiental (BRASIL,1999).
O
projeto tem como norte central a conscientização dos
alunos do 6º ano do ensino fundamental sobre a importância
de separar, reciclar e reutilizar o lixo descartado, seja no ambiente
escolar ou em suas casas.
A
metodologia utilizada é exploratória, com a coleta de
dados de autores que abordam o tema de educação
ambiental e coleta seletiva e da própria importância de
reciclar, além da visita dos estudantes in
loco
ao lixão da cidade para assim conseguir alcançar o
objetivo, que é a possível conscientização
para a exposição do trabalho à comunidade
escolar.
Por
fim é feito um balanço sobre os resultados obtidos com
seu desenvolvimento e uma breve avaliação sobre os
impactos causados nos estudantes envolvidos no projeto.
2
A importância da coleta seletiva
Nos
dias atuais convivemos com uma sociedade extremamente consumista, que
está em constantes transformações, seja nos seus
produtos ou no próprio estímulo a consumir e substituir
seus equipamentos eletrônicos em virtude das novas tecnologias.
Junto
a essas mudanças, algo nos chama a atenção, a
poluição do ambiente causada principalmente pelo
excesso de lixo, e seu descarte incorreto, seja em terrenos baldios,
beira de estradas, lixões ou aterros sanitários
clandestinos, prejudicando o meio ambiente, pois é
o conjunto, é sistêmico e precisa ser percebido em sua
totalidade complexa como afirma Layrargues (2003, p. 16):
A reflexão a respeito do
problema ambiental, sem estar articulada com a contextualização
social, cultural, histórica, política, ideológica
e econômica, resulta na reprodução de uma visão
de mundo dualista, que dissocia as dimensões social e natural.
Assim, a luta pela proteção da natureza sobressai como
algo hierarquicamente prioritário sobre a luta por justiça
e igualdade social, em vez de serem percebidas como intrinsecamente
vinculadas.
Para
uma possível diminuição desse lixo, várias
são as propostas de destaque, neste caso optamos pela coleta
seletiva que é uma forma importante para a seleção
dos materiais, que podem ser reaproveitados e reutilizados e uma
possível fonte de renda para modificar as condições
de vida de várias pessoas.
Outro
ponto importante a ser mencionado é o da educação
ambiental, como proposta para a conscientização das
pessoas, com um maior impacto significativo nas fases iniciais da
educação escolar. Ela pode estar inserida no currículo
escolar proposto na educação básica como aborda
Layrargues
(2006), destaca que a educação ambiental alcança
os objetivos de construir uma sociedade ecologicamente equilibrada,
culturalmente diversa, socialmente justa e politicamente atuante, e
não pode estar descolada da realidade social, devendo alcançar
tais metas através de duas dimensões: a mudança
cultural e a mudança social. De fato, as discussões
buscaram a conscientização ambiental, ao inserir o
estudante na sua realidade.
A
educação ambiental é fonte fundamental para a
conscientização e sensibilização e deve
estar inserida em todos os níveis do processo educativo de
forma unificada, dos quais todos devem participar, como aponta Novais
(2008, p. 47):
A educação ambiental é
um componente essencial e permanente da educação
nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os
níveis e modalidades do processo educativo, em caráter
formal e não formal.
O
mesmo autor afirma que é necessário a educação
ambiental seja ampla, que a maioria das pessoas estejam
sensibilizadas e conscientes sobre os problemas ambientais e busquem
alternativas para a identificação e solução
desses problemas que a sociedade enfrenta.
Nessa
perspectiva, na busca por alternativas para a conscientização
e sensibilização da comunidade escolar, foi implantado
um projeto que visa esclarecer sobre os impactos do lixo urbano no
meio ambiente, inserindo a coleta seletiva na Escola Estadual Miguel
Barbosa em São José dos Quatro Marcos - MT, com uma
turma do 6º ano do ensino fundamental.
3
Metodologia utilizada
A
principal metodologia utilizada é a implantação
da coleta seletiva como aborda Novais (2008, p. 53):
Coleta seletiva consiste na segregação
dos materiais recicláveis tais como papéis, plásticos,
metais e vidros na forma gerada, sendo esses materiais,
posteriormente classificados por categorias e encaminhados às
indústrias recicladoras. Pode ser: porta a porta, grandes
geradores e entrega voluntária.
Após
a compreensão da importância da coleta seletiva e suas
finalidades, a fase seguinte foi a seleção de materiais
para coleta seletiva na escola por parte dos estudantes visando à
sensibilização dos envolvidos sobre os problemas
ambientais. Foi realizada verificação in
loco
sobre os problemas do lixo na cidade de São José dos
Quatro Marcos – MT, com a visita ao lixão da cidade, que
não tem nenhum tratamento e é jogado a céu
aberto causando danos irreparáveis às pessoas e ao meio
ambiente.
Também
fez parte do projeto o reaproveitamento de utensílios para a
confecção dos tambores (recipientes em que havia
produtos químicos) para separação dos materiais.
Após a higienização seguindo as orientações
(ver a norma de lavagem de produtos químicos para descarte),
foram pintados com as cores que definem a coleta seletiva.
Conforme
os procedimentos adotados, os procedimentos foram realizados pelos
próprios estudantes com orientação do professor.
Neste caso específico foram utilizados quatro tambores com as
cores e símbolos da coleta seletiva.
4
Miguel Consciente, um modelo a ser seguido
Com
o desenvolvimento do projeto notou-se um avanço por parte dos
estudantes, pois tiveram a oportunidade de apresentar à
comunidade as teorias e práticas adquiridas sobre os reais
problemas enfrentados no ambiente escolar e a realidade do município
devido à visita in
loco
ao lixão da cidade.
No
desenvolvimento do projeto, houve o envolvimento dos estudantes tanto
na produção dos materiais quanto nas explicações
para a comunidade na feira
São
grandes os esforços dos envolvidos para sensibilizar e
conscientizar os estudantes sobre o quanto o consumo em excesso é
prejudicial ao meio ambiente, seja ele na poluição do
ar, ou dos lençóis freáticos, como aponta
Rebouças (2010, p. 20):
Os
lençóis freáticos consistem em depósitos
subterrâneos de água, esses depósitos são
resistentes a determinados processos de contaminação em
comparação com a água existente na superfície.
Por ser subterrânea a água tem o solo como um filtro
químico e físico, porém há possibilidades
de um determinado insumo ou resto químico atingir essas águas.
As possibilidades de haver poluição nos lençóis
freáticos dependem do tipo de aquífero, profundidade,
permeabilidade, matéria orgânica e minerais presentes no
solo.
As
discussões em sala de aula são necessárias para
despertar o indivíduo e, com a visualização in
loco,
dá-se o impacto para se conscientizar sobre suas ações
no cotidiano.
A
coleta seletiva pode ser uma forma de mudar os hábitos de vida
dessas pessoas e a reciclagem e reutilização podem
diminuir a poluição do meio ambiente e minimizar a
necessidade de explorar os recursos naturais, como aponta Motta
(2005, p. 3):
A coleta seletiva é aquela que
recolhe somente os materiais recicláveis, aqueles que podem
ser utilizados como matéria-prima na indústria da
reciclagem. Papéis, vidros, plásticos, materiais
ferrosos, alumínio e outros tipos de resíduos que
seriam enterrados em aterros sanitários ou jogados em lixões
ganham uma nova vida, deixam de ser lixo e viram matérias-primas.
Com a coleta seletiva, o resíduo que era lixo, que estava
desorganizado e misturado, passa a ser organizado, selecionado, vira
matéria-prima.
Conforme
as contribuições de Motta (2005) constatamos a
necessidade de nos disciplinarmos e cumprirmos o papel de educador,
dando ênfase à educação ambiental para
conservarmos o planeta reutilizando o próprio lixo.
Os
estudantes expuseram seus trabalhos a comunidade, exemplificando as
experiências vividas naquele período, com maquetes e
imagens de alguns pontos da cidade onde o lixo é descartado de
forma irregular.
Foi
destacada a necessidade de mudar alguns hábitos, como o
reaproveitamento e a reciclagem para a construção de
uma sociedade consciente e menos poluente e que a reciclagem pode ser
utilizada como fonte de emprego e renda.
5
Considerações finais
Esse
trabalho tem como objetivo destacar a importância da coleta
seletiva no ambiente escolar e a conscientização dos
envolvidos de forma direta e indireta sobre os problemas ambientais a
respeito do lixo na cidade.
Espera-se
que essa conscientização seja positiva, visto que visa
destacara importância de um ambiente limpo e saudável às
pessoas, orientar para um consumo consciente, e alertar aos
estudantes que na natureza não tem lixo, que este é
jogado nela pelas mãos de homens e mulheres, que são
responsáveis pela sua poluição.
Esperamos
despertar nas pessoas a consciência de que é possível
progredir sem agredir o meio ambiente, que é preciso
preservar, e para que isso ocorra são necessárias
mudanças de hábitos, reduzindo os materiais usados no
cotidiano, reutilizando e reciclando os materiais passíveis de
reciclagem por meio de processos industriais.
A
partir do exposto, espera-se que
os trabalhos tenham
despertado
o interesse dos estudantes em aplicá-los
no seu cotidiano, e
que
não caiam no esquecimento, já que as contribuições
foram fundamentais para o sucesso do projeto.
6
Referências
BRASIL.
Lei 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe
sobre a educação ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e outras providências.
Brasília, DF.
LAYRARGUES,
P. P. A crise ambiental e suas implicações na educação.
In: QUINTAS, J. S. (org.).
Pensando e praticando
educação ambiental na gestão do meio ambiente.
2. ed. Brasília: Edições IBAMA, 2003. p.
161-198.
LAYRARGUES,
P.P. Muito além da natureza: educação ambiental
e reprodução social. In: LOUREIRO, C.F.B.; LAYRARGUES,
P.P. CASTRO, R.C. (orgs.) Pensamento
complexo, dialética e educação ambiental.
São Paulo: Cortez, 2006. p. 72-103.
MOTA,
Ariana Valle. Do
lixo à cidadania. Revista
Democracia Viva,
Rio de Janeiro, 27, jun-jul. 2005. Disponível em:
<http://www.ibase.br/pubibase/media/dv27_artigo1_ibasenet.pdf>
Acesso em: jul. 2020.
NOVAIS<
Sueli Menelau de. Coleta Seletiva e Educação Ambiental
na cidade de Natal. Revista
da Farn,
Natal, v. 7, n. 2, p. 45-67, jan./jun. 2008.
REBOUÇAS,
Fernando. Poluição
dos Lençóis Freáticos.
Disponível em:
http://www.infoescola.com/ecologia/poluicao-dos-lencois-freaticos/
Acesso em: 20 jun. 2020.
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