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PERDA DE BIODIVERSIDADE
Perda de biodiversidade: Cristiana Simão Seixas: Como medir o valor da natureza. Bióloga que coordenou diagnóstico sobre a biodiversidade nas Américas expõe estratégias para reduzir velocidade da perda Perda de biodiversidade No final de março de 2018, pesquisadores e autoridades de 129 países participaram em Medelín, Colômbia, da 6ª Plenária da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), painel ligado às Nações Unidas que busca organizar o conhecimento científico e outras formas de conhecimento sobre a biodiversidade e os benefícios que ela fornece para a vida humana no planeta. Relatórios sobre degradação e restauração de áreas e a respeito da situação da biodiversidade em quatro regiões foram aprovados na plenária. A organização das informações teve a colaboração direta de 25 pesquisadores brasileiros, que até julho devem divulgar outro diagnóstico, esse específico sobre a situação do país, coordenado pelos biólogos Carlos Joly, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Fábio Scarano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como medir o valor da natureza A bióloga Cristiana Simão Seixas, de 47 anos, teve um papel de destaque nesse grupo. Foi uma das coordenadoras do Diagnóstico das Américas do IPBES, documento que mapeou a velocidade da perda da biodiversidade no continente e seus impactos na qualidade de vida humana e sugeriu estratégias para refrear o processo. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp, ela se envolveu nos últimos anos com um tema de pesquisa que está no cerne das preocupações da plataforma: as interações entre conservação da biodiversidade e desenvolvimento econômico e social. Criada na zona rural do interior paulista, ela se interessa pelo assunto desde que escolheu a graduação em biologia e o mestrado em ecologia, realizados na Unicamp, e passou a desenvolvê-lo em seu doutorado em Gestão Ambiental e de Recursos Naturais na Universidade de Manitoba, no Canadá, concluído em 2002. Na entrevista a seguir, ela expõe as conclusões do diagnóstico, explica a importância dos conhecimentos tradicionais e mostra por que é preciso contabilizar também os valores imateriais da biodiversidade. O que foi avaliado no diagnóstico das Américas? O foco do diagnóstico não foi simplesmente mostrar que estamos perdendo biodiversidade. Isso todo mundo já sabe. O objetivo foi apontar a velocidade desse processo e como a contribuição da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos para a qualidade de vida das pessoas vem mudando. A partir disso, levantamos cenários e as opções de políticas para tentar frear a perda. Qual é a dimensão dela? Os dados mostram que 95% das pradarias na América do Norte já se transformaram em áreas dominadas pela ação humana. O mesmo vale para 88% da Mata Atlântica, 70% dos Campos do Rio de la Plata, incluindo os Pampas, 50% do Cerrado, 17% da floresta amazônica e por aí vai. Em algumas regiões, a biodiversidade diminui muito rapidamente. Ainda assim, as Américas possuem 40% da chamada biocapacidade global, que é a possibilidade de prover serviços e benefícios para a humanidade. Isso é medido pelo potencial ecológico dos ecossistemas das Américas, pela contribuição de tecnologias e pela capacidade de absorver os dejetos da produção econômica. O continente tem 13% da população do mundo e 40% da capacidade global de produzir serviços para a humanidade. Ao mesmo tempo, temos 22,8% da pegada ecológica do mundo, o que é evidentemente desproporcional. A pegada ecológica é o impacto que a produção econômica e o desenvolvimento dos países causa nos ecossistemas. Ela continua crescendo na América do Sul, no Caribe, na América Central. Mas nos Estados Unidos e no Canadá, embora sejam responsáveis por dois terços da pegada ecológica do continente, a tendência é de diminuição. Esta é a boa notícia: é possível frear esse processo. Fonte original: Revista Fapesp > Cristiana Simão Seixas: Como medir o valor da natureza
Fonte: encurtador.com.br/xyzS6
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