Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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18/08/2021 (Nº 76) HOMEM E A NATUREZA: A DIFÍCIL HARMONIA
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Homem e a natureza: a difícil harmonia

Profª Maria Emília dos S. Gonçalves

Enfermeira Docente do IFBA. Especialista em Administração Hospitalar. Especialista em docência do ensino superior. Especialista em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos. Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional. emiliasam.ifba@gmail.com.

Resumo: Trata-se de um estudo teórico com o objetivo de refletir sobre a relação do homem com a natureza a partir das Bases filosóficas da concepção mágica da natureza à concepção Marxista, considerando o impacto ambiental que vem se aprofundando e colocando em xeque a vida no planeta, exigindo uma nova postura ética e de solidariedade, assim e um modo de produção que harmonize com a natureza, com os povos das florestas, com os trabalhadores e com a relação homem-homem e homem-natureza.

Palavras-chave: Impacto ambiental; Natureza; Modo de produção

Abstract: This is a theoretical study with the aim of reflecting on the relationship between man and nature from the philosophical bases of the magical conception of nature to the Marxist conception, considering the environmental impact that has been deepening and putting life at risk on the planet, demanding a new ethical posture and solidarity, and a mode of production that harmonizes with nature, with forest peoples, with workers and with the man-man and man-nature relationship.

Keywords: Environmental impact; Nature; Production mode

Introdução

A relação do homem com a natureza foi se modificando ao longo do tempo, colocando ambos em campos diferentes. Do período de uma relação de medo, admiração, respeito e hierarquia, até os dias atuais, a humanidade foi se afastando da natureza, deixando de ser o “homem da caverna” e ao poucos passou a usar a natureza á seu favor, mantendo ainda uma relação de medo respeito admiração e gratidão. A evolução humana com ao aprimoramento das técnicas e da tecnologia proporcionaram mudanças na produção dos meios para a sua existência, gerando transformações na sociedade, na relação homem-natureza e homem-homem. A produção de bens de consumo à medida que aumentou, demandou maior exploração dos recursos naturais, desencadeando impacto ambiental e redefiniu o lugar do homem na natureza e na sociedade.

Assim como a Revolução Industrial, a Revolução Tecnológica também causa impacto ambiental, tanto na produção de bens, como no grande consumo dos recursos naturais para atender a necessidade de consumo de bens e, além disso, as grandes empresas, não só estimulam o consumismo, como cada vez mais os produtos não têm durabilidade. Dessa forma, se torna importante uma nova ética social, econômica e ambiental. Como nos fala (NYLAND, 2019) ao refletir sobre o contexto atual do avanço tecnológico demandando uma nova cultura e uma ciência mais crítica e uma nova ética e solidariedade, que poderá harmonizar o fraco e o forte e o respeito à diversidade cultural, a identidade e autonomia. Na busca pelo o equilíbrio ambiental há deve-se pensar nas características de cada continente.

Nessa perspectiva, Porto-Gonçalves (2019), ao analisar a contradição da dinâmica sociogeográfica da Amazônia, nos aponta que se deve considerar os múltiplos territórios da Amazônia para além do interesse dos países desenvolvimentistas com o objetivo de sua exploração como objeto ou sua conservação para o equilíbrio ecológico na lógica eurocêntrica e desconsiderando os povos que vivem na região.

Com essas reflexões, este estudo tem como objetivo: Refletir sobre a relação do homem com a natureza a partir Bases filosóficas, da concepção mágica da natureza à concepção Marxista, considerando o impacto ambiental causado pelo o modo de produção.

A relação do homem com a natureza

A relação do homem com a natureza é uma construção histórica e social que foi se moldando ao longo dos tempos. Compreender a concepção da natureza nos permite também a compreensão das questões que envolvem a relação homem-natureza e a ruptura que colocou ambos em posições contraditórias determinando, a crise ambiental agravada em decorrência do modelo econômico que vem se reconfigurando. Porém, embora se tenha tido um intenso desenvolvimento e maior conhecimento técnico científico que proporcionou o maior aprofundamento dos conhecimentos sobre os processos ecológicos, ainda não se conseguiu reverter essa relação dicotomizada (TOZONI-REIS, 2004).

A dicotomia homem-natureza como característica do mundo ocidental foi fundamentada na filosofia clássica da Grécia e da Roma Antiga. Lembrando que o modo de se pensar a natureza no mundo ocidental moderno e contemporâneo é radicalmente diferente de épocas anteriores. Daí a importância de se considerar o contexto histórico e a pluralidade da sociedade e suas implicações nas questões socioambientais da atualidade e no fazer da Educação Ambiental (PORTO-GONÇALVES, 2000).

Buscando o apoio de Duarte (1986), o autor para aponta as diferentes concepções da relação homem-natureza ao longo da história como sendo: a concepção mágica; a cosmologia grega ou concepção científica; a concepção mecanicista e a concepção marxista.

A base da concepção mágica da natureza é a existência de uma mentalidade primitiva, na qual o homem buscava compreender o mundo natural, como se relacionar com ele e como conhecer a si mesmo por meio das representações míticas. e sob a intervenção de Deuses, justificava a existência do que lhe parecia absurdo, colocando os fenômenos naturais como algo inexplicável ou como uma ação supra-humana, ou melhor, divina. O homem projetava na natureza seus traços humanos, o que o autor supracitado denominou de como antropomorfização do mundo físico, na qual “[...] os fenômenos naturais ganham atributos que, a rigor deveriam se circunscrever ao âmbito humano: amor, ódio, compaixão etc., quase sempre sob a forma de posturas adotadas por potências divinas [...]” (DUARTE, 1986, p. 15), buscando formas de desvendar os mistérios e reverter as forças da natureza.

A visão do sagrado no mundo se revelava na relação do homem com a natureza, durante os rituais religiosos e na ação humana ao fazer uso dos recursos naturais. A ideia de mãe natureza também como ser divino estabeleceu uma relação de amor, respeito e veneração. A partir da compreensão mágica e primitiva, a natureza era concebida como uma totalidade, na qual o homem e a natureza se tornavam uma unidade viva. Os homens veneravam os fenômenos da natureza que eram considerados deuses ou demônios, despertando sentimentos de medo ou de adoração (RAMOS, 2010). O homem primitivo projetava na natureza suas necessidades e desejos, mesmo não sabendo se estas iriam ou não lhe satisfazer. Assim se foi desenvolvendo a perspectiva de uma compreensão e explicação mítica da realidade. O pensamento mítico tinha como função responder à necessidade de sobrevivência e de enfrentamento do medo diante do desconhecido.

A existência humana depende assim da satisfação das suas necessidades, sendo, portanto, o primeiro ato histórico do homem, como apontam Marx e Engels:

[...] A primeira premissa de toda a existência humana, e, portanto, também de toda a História, ou seja, a premissa de que os homens têm de estar em condições de viverem para poderem (fazer a história). Mas da vida fazem parte, sobretudo comer e beber, habitação, vestuário e ainda algumas outras coisas. O primeiro ato histórico do homem é, portanto, a produção de meios para a satisfação destas necessidades, a produção da vida material, e a verdade é que este é um ato histórico, que ainda hoje, tal como há milhares de anos, tem de ser realizado dia-a-dia, hora a hora, para ao menos manter o homem vivo (MARX e ENGELS, 1984, p. 14).

Ao desenvolver o patrimônio corporal e intelectual, o homem passou a produzir uma nova forma de existência material e estabeleceu novas relações sociais. Com a técnica de cultivar os alimentos, deixou de ser nômade e se estabeleceu em determinados lugares dando origem à agricultura, modificando as relações sociais, assim como com a natureza. Nesse sentido, Porto-Gonçalves (2000) aponta que natureza e cultura estão em lados opostos, na qual a cultura nega aquilo que é natural ou próprio da natureza, sendo tomada como algo superior e assim consegue dominar e controlar a natureza.

Daí se toma a revolução neolítica, a agriCULTURA, um marco da História, posto que com ela o homem passou da coleta daquilo que a natureza ‘naturalmente’ dá para a coleta daquilo que se planta, que se cultiva. Com a agricultura nos tornamos sedentários e não mais nômades. [...] com a agricultura irrigada alguns povos se estabelecem sobre um determinado território de maneira permanente, mais estável. A vida se torna menos inconsistente, domestica-se a natureza e, assim, formam-se os berços das civilizações na Mesopotâmia, no Egito, na China, etc. Dominar a natureza é dominar a inconstância, o imprevisível; é dominar o instinto, as pulsões, as paixões (PORTO-GONÇALVES, 2000, p. 25).

Torna-se importante observar o significado etimológico da palavra “cultura”, que passa por cultivar, conjunto de valores, ideias, conhecimentos. Assim, ao realizar meios para cultivar o solo, o homem utiliza conhecimento e traz seus valores e ideias relacionadas à própria natureza. Ao se fixar em determinado lugar, o homem não cultivava só o solo, mas cultivava relações, estabelecia valores, ideias e transmitia conhecimentos para as novas gerações. Ao dominar a natureza, o homem dominou sua própria natureza primitiva, produziu não só sua existência material como também social.

O distanciamento do pensamento mágico proporcionou ao homem nova forma de pensar e outra leitura de mundo e da relação com a natureza, dando lugar ao pensamento racional que não se apoia no sobrenatural, para explicar os fenômenos naturais e a existência humana. Dessa forma, surgiram os primeiros filósofos por volta do final do Século VII e início do Século VI aC, nas colônias gregas da Ásia Menor (região denominada Jônia) na cidade de Mileto (CHAUI, 2000) e que buscavam respostas para as inquietações sobre o mundo, a natureza, a vida, a morte e a existência humana, posto que estas inquietações não mais poderiam ser explicadas pelo pensamento mítico (CHAUI, 2000).

Neste processo de mudança, Duarte nos aponta que:

[...] com a constituição de uma sociedade mais dinâmica, baseada no comércio, as monarquias deram lugar a oligopólios mercantis e os fatos da natureza ficaram à espera de uma nova linguagem – diferente do mito – para sua explicação, pois esse não pode imperar numa sociedade mercantil, onde as relações dos homens entre si e deles com a natureza diferem fundamentalmente da situação tribal ou de oligarquia agrária. Estes fenômenos se apresentaram, então, como problemas, sobre os quais se encontrava aberta a discussão. Esse foi o momento de aparição do filósofo: ele sucedeu ao velho rei-mágico, mas no sentido de tentar teorizar sobre o que o rei antes realizava, pura e simplesmente (DUARTE, 1986, p. 20).

Já Unger (2006), nos remete à reflexão do pensamento dos filósofos pré-socráticos, também chamados de Pensadores Originários ou Filósofos da Natureza, voltados para o estudo da natureza na busca de explicação sobre os fenômenos naturais e sobre a origem do mundo, desvinculando das explicações sobrenaturais. Para esses filósofos, o mundo era concebido como ordem natural ou a Cosmologia (Kosmos – Ordem e natureza; Logia - conhecimento).

Nessa perspectiva, dois conceitos são importantes para a compreensão do pensamento pré-socrático e sua interface com a relação homem-natureza, sendo eles: arché e physis. Arché é a origem de todas as coisas e diz respeito à fonte extraordinária de tudo o que é, de onde elas vêm e para onde vão são o princípio regente que constitui a physis. Desse modo, os filósofos buscavam compreender o princípio de tudo por meio da explicação natural ou na própria natureza e não mais alicerçado no mito dos deuses. Assim, physis, por sua vez, diz respeito “[...] a tudo que é em qualquer nível de ser: uma pedra, uma planta, o ser humano, mas também um sentimento, um deus, tudo que é expressão da physis” (UNGER, 2006, p. 26). Embora diga respeito à totalidade do real em qualquer nível (homem, plantas, animais, etc.), não se traduz como a soma aritmética de todas as coisas.

Bornheim (1993) chama a atenção para o erro recorrente ainda na contemporaneidade, ao utilizar physis para se referir à natureza uma vez que,

[...] a nossa compreensão do conceito de natureza é muito mais estreita e pobre que a grega, o perigo consiste em julgar a physis como se os pré-socráticos a compreendessem a partir daquilo que nós hoje entendemos por natureza; neste sentido, se comprometeria o primeiro pensamento grego com uma espécie de naturalismo. [...] para os pré-socráticos, já de saída, o conceito de physis é o mais amplo e radical possível, compreendendo em si tudo o que existe. Não se compreende o psíquico, por exemplo, a partir do modo de ser da natureza em seu sentido atual, como não se entende os deuses a partir de nosso conceito mais parco de natureza (BORNHEIM, 1993, p. 14).

Essa compreensão é muito importante, pois, a visão do Meio Ambiente e seus componentes naturais dissociados das relações sociais, econômicas e culturais inviabilizam as ações para a transformação da relação desigual entre homem e natureza.

A permanência dos traços míticos na Filosofia pré-socrática se manteve ainda durante todo o período de florescimento da Filosofia Grega. Aristóteles foi quem atingiu maior objetividade no conhecimento da natureza superando a ideia mágica de natureza para a ideia de que a natureza é um conjunto na qual as coisas são submissas a algo por meio de determinadas leis. A partir desse conhecimento o homem passa a usar a natureza em seu próprio benefício (DUARTE, 1986, p. 26).

O pensamento de Porto-Gonçalves (2000) vai ao encontro de Duarte (1986) ao apontar que a partir de Platão e Aristóteles se inicia o desprezo pela natureza. Sendo o homem e a ideia elevados como privilegiados, rejeitando o pensamento mítico dos pensadores anteriores e desprezando os sofistas. Proporcionando dessa forma, a mudança do conceito physis e de natureza, que se iniciou de forma bastante débil, mas foi se afirmando até os dias atuais, na qual desponta como uma concepção de natureza desumanizada e natureza não humana.

Na concepção Aristotélica a natureza é regida por suas próprias leis e não segundo as leis do homem. Por meio da observação sistemática e de métodos metafísicos e científicos de investigação, buscou-se a compreensão do universo e da natureza. Para o filósofo o Ser é definido por sua natureza, na qual cada um contém uma substância que determina sua essência (RAMOS, 2006, p. 74).

Na busca por respostas do mundo à sua volta, da origem, sua transformação e causas, Aristóteles desenvolveu a teoria composta por quatro aspectos, que posteriormente foi concebida como teoria da causalidade: causa material, causa formal, causa eficiente e causa final. Para Duarte, o aspecto “causa final” está relacionado à teleologia, ou a finalidade ou propósito do universo, da natureza e do homem. Este aspecto foi tomado pela crença cristã e serviu de base para a subordinação da natureza ao homem. Assim,

É interessante observar como a noção de finalidade em Aristóteles, cujas substâncias independem do homem, se amolda perfeitamente a essa ideia bíblica, segundo a qual toda natureza existe para servir à criatura privilegiada de Deus (DUARTE, 1986, p. 27).

Porto-Gonçalves corrobora com Duarte ao apontar que na Idade Média sob a influência da crença tanto judaica como cristã aumentou o fosso entre homem e natureza e entre espírito-matéria. Apoiados nas ideias de Aristóteles, ou na sua má interpretação, os cristãos legitimaram a supremacia do homem ao afirmarem que este foi criado à semelhança de Deus, ou seja, munido de superioridade em relação à natureza. Dessa forma,

Com o cristianismo no Ocidente, Deus sobe aos céus e, de fora, passa a agir sobre o mundo imperfeito do dia-a-dia dos mortais. Localizado num lugar privilegiado, estratégico, do alto, Deus tudo vê e controla. A assimilação aristotélico-platônica, que o cristianismo fará em toda a Idade Média levará á cristalização da separação entre espírito e matéria (PORTO-GONÇALVES, 2000, p. 32).

Desse modo, o homem é deslocado da natureza e se torna transcendente a ela. Essa concepção impressa pelo cristianismo manteve-se inalterada por muito tempo, até no período do Renascimento ou Renascença, período que proporcionou grandes transformações na sociedade e rompeu com as estruturas da Idade Média. Neste cenário de grandes mudanças nos vários campos sociais, a Idade Moderna traz a marca da filosofia cartesiana que rompeu com a filosofia antiga e com a cosmologia grega, propondo uma nova concepção da relação homem natureza, emergindo assim a concepção mecanicista da natureza, estando assim relacionada á revolução mecanicista que imprime uma nova relação homem-natureza.

Nesse sentido, Porto-Gonçalves destaca a contribuição do filósofo Descartes a que propôs o homem como o centro do universo e a natureza como “coisa”, já que ela não possui alma/espírito. Por meio da ciência, o homem desvenda a natureza e torna-se o seu senhor. O autor supracitado considera dois aspectos da filosofia cartesiana.

[...] 1º o caráter pragmático que o conhecimento adquire – conhecimentos que sejam úteis à vida na qual a natureza é tomada como recurso [...]”, 2º o antropocentrismo, isto é, o homem passa a ser visto como o centro do universo; o sujeito em oposição ao objeto, à natureza. O homem, instrumentalizado pelo método científico, pode penetrar os mistérios da natureza e, assim, tornar-se “senhor e possuidor da natureza [...]” (PORTO-GONÇALVES, 2000, p. 33).

Dessa forma, o modelo de racionalidade da matemática e da física passa a balizar a relação homem-natureza tomando o lugar ocupado pela categoria substância, no conhecimento científico (DUARTE, 1986, p. 28).

Duarte ao discorrer sobre a teoria das qualidades primárias e secundárias de Galileu a ponta que está ligada a uma certa concepção de matéria. Assim, as qualidades primárias das coisas, diz respeito àquelas relacionadas aos movimentos mecânicos existentes na natureza, estando ligadas à forma, figura ou movimento. Sendo, portanto, objetivas podendo ter tratamento matemático. Enquanto as qualidades secundárias são como reflexo das qualidades primárias no aparelho perceptivo humano, estando relacionadas à cor, odor e sabor (DUARTE, 1986, p. 27).

As qualidades secundárias foram fundamentais para a filosofia e serviram de apoio para Descartes estabelecer o dualismo matéria-espírito. Na concepção do filósofo, o corpo e a mente eram feitos de essências diferentes, sendo o espírito a substância pensante e o corpo como matéria que ocupa o espaço e funciona com princípios mecânicos. Nesse sentido, Ramos (2006) analisa a influência dessa concepção na relação homem- natureza afirmando que:

Este filósofo propõe a distinção entre o mundo das coisas materiais, cuja essência é a extensão geometricamente delimitada (res extensa) e o mundo subjetivo e pensante (res cogitans). A alma é distinta do corpo, e este se caracteriza como objeto de apreensão mediante atos do pensamento. Essa ideia sugere que os fenômenos humanos estão fora do âmbito da natureza, a partir do qual a ideia de homem passou a ser correlata ao conceito de espírito, onde reside o mundo subjetivo do pensamento Essa ideia sugere que os fenômenos humanos estão fora do âmbito da natureza, a partir do qual a ideia de homem passou a ser correlata ao conceito de espírito, onde reside o mundo subjetivo do pensamento (RAMOS, 2006, p. 28).

Para a autora, essas ideias colocam homem e natureza em posições contraditórias. A reflexão converge para o sujeito (homem) e cada vez mais o distancia da natureza e ao mesmo tempo, a natureza se torna objeto. Campos (2000), também analisa que ao romper matéria e espírito, a concepção cartesiana consolida a ruptura do homem com a natureza. Ao utilizar a natureza como instrumento, a ciência possibilita a intervenção na natureza, agora com interesses econômicos e, ao mesmo tempo, liberta o homem da dependência primitiva de outrora.

Desse modo, a concepção mecanicista que compara a natureza com uma máquina ou como um conjunto de mecanismos, promove o desligamento do homem com a natureza e a comunhão com os seres vivos compostos no Meio Ambiente. Separado em partes, o ambiente natural pode ser assim explorado de acordo com o interesse dos diversos grupos.

Porto-Gonçalves chama a atenção para não se desvincular o antropocentrismo e o sentido utilitarista, contidos na concepção cartesiana do mercantilismo que ganhou corpo com o colonialismo invadindo outras regiões em busca de riquezas e escravizando outros povos. Isto nos remete à colonização do Brasil, pois, ao chegaram aqui, eles não viram o povo com o qual queriam realizar trocas culturais, saberes e tradições. Viram “selvagens” que deveriam ser domados, catequizados, “humanizados” e escravizados, assim como a natureza com seus bens naturais que poderiam ser retirados e transformados em Capital, levando ao extermínio dos povos indígenas, que de 05 milhões no passado, hoje são apenas 340 mil (GADOTTI, 2000). Houve uma grande invasão no Brasil recém-conquistado e uma colonização selvagem e espoliativa, não só dos recursos naturais, mas da cultura e da tradição dos indígenas. Não podemos esquecer ainda, os milhões de africanos que foram traficados de suas nações, deixando a terra natal, costumes e saberes. Trazemos a herança do colonizador até os dias atuais, como afirma Gadotti:

[...] herdamos essa ideia de que a terra, a floresta é ‘mato’. Devemos desmatar civilizar e destruir a vida que está nela. Os índios sempre foram considerados incultos e incivilizados porque vivem no mato. Estrada e asfalto são confundidos com civilização (GADOTTI, 2000, p. 22).

Essa ideia trazida pelas Grandes Navegações por meio do sistema econômico capitalista que se modificou ao longo da história, ainda hoje, desapropria as pessoas de suas terras, culturas e tradições, imprimindo a cultura globalizada e perpetuando as desigualdades sociais e a destruição do Meio ambiente.

No Século XIX, com a Revolução Industrial, o capitalismo se consolidou e se tornou mais intenso. Caracterizado pela produção de mais e mais mercadorias e pela acumulação de capital, esse sistema modificou as relações de trabalho, a relação homem-natureza e acentuou as desigualdades sociais. Nesse sentido, Oliveira (2011) aponta que o Capital, por meio de seu processo de produção, desvincula o homem da natureza e passa a impor ao trabalhador o ritmo do Capital, e, não mais o ritmo da natureza. Nessa “nova” forma de relação homem-natureza, Porto-Gonçalves analisa como a ciência teve (e ainda tem) papel importante nesta dicotomia e aponta que:

O século XIX será o triunfo desse mundo pragmático, com a ciência e a técnica adquirindo, como nunca, um significado central na vida dos homens. A natureza, cada vez mais um objeto a ser possuído e dominado, é agora subdividia em física, química, biologia. O homem em economia, sociologia, antropologia, história, psicologia, etc. (PORTO-GONÇALVES, 2000, p. 34).

A modificação da técnica artesanal para a produção por máquinas acarretou transformações na natureza e nas relações de trabalho, como a divisão técnica e social do trabalho. Em oposição à concepção mecanicista que estabelece o dualismo homem-natureza, Marx propõe a relação homem-natureza como histórica e dialética, compreendendo o homem como parte da natureza, transformada pelo homem por meio do trabalho. Para o filósofo, “[...] a contradição homem-natureza é a contradição da forma de produção capitalista [...]” (TOZONI-REIS, 2004, p. 38) estabelecendo a relação sujeito-objeto, na qual a natureza torna-se objeto e mercadoria.

Segundo Gomez (2004), o conceito dialético de natureza proposto por Marx, implica em um processo no qual o homem transforma a natureza primeira e produz uma segunda natureza, que é artificial e humanizada. Para melhor compreensão do conceito de dialética da natureza o autor aponta que o processo dialético é composto pela tese representada pela natureza natural e pela antítese, como negação da realidade imediatamente dada, representada pelo trabalho. Nesse processo, o trabalho tanto transforma a natureza natural como também transforma a natureza humana. A consequência dessa interação é a síntese, que é representada pelo objeto produzido e pelo próprio homem que também foi transformado nesse processo. O resultado do seu trabalho se torna um objeto que terá determinada utilidade e, portanto, valor de troca. Por outro lado, o homem enriquece a sua natureza dada. No entanto, nem os objetos naturais e nem o homem deixam de ser natureza (figura 01).

Figura 01: Síntese da Dialética da natureza. Adaptado de Gomez (2000).

Dessa forma, o homem modela e remodela o mundo à sua volta e ao mesmo tempo, produz a si mesmo. A natureza é a totalidade do real, revelando o seu caráter dialético porque o homem e o trabalho, como atividade vital, são constituitivos da realidade natural. “[...] Assim, a dialética da natureza revela-se como a dialética do trabalho e, portanto, do homem, a dialética do sujeito e do objeto, das partes constituitivas da natureza [...]” (GOMEZ, 2004, p 40). Nesse sentido, MARX e ENGELS (1984) analisam que:

A compreensão da relação homem-natureza não pode, portanto, ser realizada fora da compreensão de como o homem se organiza para produção de sua vida material, pois ‘[...] coincide, portanto, com a sua produção, com o que produzem e também como produzem. Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais de sua produção [...]’ (MARX e ENGELS, 1984, p. 15).

Nessa perspectiva do trabalho como mediador na relação homem-natureza, Tozoni-Reis (2004) nos chama a atenção para não se tomar o trabalho no seu conceito econômico, mas, como conceito filosófico. Considerando que embora a categoria trabalho tenha se transformado no âmbito do capitalismo, ele continua sendo atividade vital do ser humano.

Na concepção marxista (MARX, 2008, p. 84) a relação homem-natureza é mediada pelo trabalho. Sendo que este assume um duplo caráter. No primeiro, o filósofo coloca o trabalho como atividade vital na qual o ser humano se constrói e se relaciona com a natureza não somente como ser natural, mas como ser natural humano, tendo o trabalho como atividade consciente, intencional e livre, diferentemente do animal. A outra face do trabalho é revelada por Marx como trabalho estranhado ou trabalho alienado, que expropria o homem do objeto de sua produção, da sua vida e objetividade genérica. Transformando, assim, a atividade livre em atividade meio, apenas para sua existência física e a natureza se torna mercadoria.

De acordo com Tozoni-Reis (2004), para os ambientalistas mais críticos as ideias marxistas são fortes aliadas para o enfrentamento político dos problemas ambientais visto que estes são de ordem política e, para superá-los requer transformações nas formas de organização da sociedade.

Por outro lado, a autora aponta que é preciso superar os limites conceituais contidos no pensamento de Marx. Para esses ambientalistas mais críticos a transformação da sociedade a partir do pleno desenvolvimento das forças produtivas, por meio do desaparecimento da sociedade de classes, tem raízes antropocêntricas, pois envolvem e mantêm a relação de domínio do homem sobre a natureza. Assim, criticam as formas de socialismo inspiradas nas ideias marxistas, pois acabaram se desenvolvendo sobre as mesmas bases conceituais do capitalismo, ou seja, o desenvolvimento industrial. Dessa maneira, a superação dessas limitações só será possível se tomar o trabalho como mediador da relação homem-natureza a partir da concepção filosófica de trabalho.

Outro aspecto a ser considerado na relação homem-natureza, é o uso da técnica e da tecnologia. De acordo com Duarte (1986), com o advento da ciência moderna há o interesse pelo conhecimento técnico, que era reservado apenas a “artesões superiores” por possuírem o saber técnico (saber fazer ou a técnica – technê) e também o conhecimento teórico (ciência – epistême). Assim, da oposição entre o saber técnico e o saber teórico emergiu a nova síntese chamada tecnologia, na qual o saber teórico é imprescindível ao saber técnico. Nesse sentido, Porto-Gonçalves (2000) analisa que o uso da técnica e da tecnologia é uma realidade em qualquer sociedade, porém, o seu uso na sociedade industrial, que se intensificou a partir do Século XIX na Europa e se expandiu para o resto do mundo, é outro, e se tornou condição para o desenvolvimento dos povos, afirmando que:

A ‘razão técnica’ ganha uma dimensão inimaginável, daí a exaltação da ciência e da técnica em oposição à filosofia especulativa e aos dogmas religiosos. A ‘razão técnica’ está preocupada com o agir-com-vistas-a-um-fim-imediato, com eficácia. Está ligada à intervenção do homem na natureza, aos processos de trabalho. Todavia, este é um dos campos da ação humana que é constituído também pela relação dos homens entre si, mediatizada por relações simbólicas, intersubjetivas. São relações complexas de duas ordens diferentes, porém imbricadas: sujeito-objeto, no que diz respeito à relação do homem com a natureza e sujeito-sujeito, no que diz respeito aos homens. Uma não pode ser reduzida a outra, embora haja influências recíprocas. No entanto, como vivemos numa sociedade marcada pelo produtivismo, a ‘razão técnica’ tornou-se a única razão. Os próprios homens, os trabalhadores, passaram a ser levados na conta de objetos, de fatores de produção, de recursos humanos [...] (PORTO-GONÇALVES, p. 118).

O autor analisa ainda que o advento das máquinas como expressão do avanço tecnológico, a manufatura, dá lugar à maquinofatura, modificando a relação do homem com seu próprio trabalho e com a natureza. Assim como proporcionou ao capitalista maior controle tanto sobre o homem, quanto sobre a natureza e ao mesmo tempo, se libertou dos limites que a manufatura impunha à dinâmica de acumulação de capital.

A técnica que estava centrada no corpo do trabalhador passa para a máquina. O trabalhador que não é dono da máquina se torna apenas um apêndice dela, sendo ainda expropriado do seu saber. Além disso, é ainda afastado do seu objeto de trabalho, que passa a ser planejado e pensado por outro, levando à divisão social do trabalho, entre aqueles que pensam (trabalho intelectual) e aqueles que executam (trabalho manual). Assim, “[...] coroa-se o processo de separação homem-natureza, ao ser negado à grande maioria da população aquilo que é próprio da natureza humana, ou seja, a faculdade de criar, imaginar, sonhar que os homens arrogantemente exaltam como indicadores da superioridade [...]” (PORTO-GONÇALVES, 2000, p. 121).

Por meio da tecnologia o homem controla, entre outras, a produção agrícola através da fertilização do solo, da seleção das sementes, do desvio de rios para irrigação ocasionando grande impacto socioambiental, como analisa Campos (2000).

[...] A própria fertilidade do solo é transformada em mercadoria, passa a ser atributo do proprietário da terra. KLOPPENBURG JR (1988) discute os impactos sociais e ambientais do progresso tecnológico como principal fator de mudanças na agricultura: desaparecimento das famílias como unidade de produção, concentração da posse de terras (latifúndios), deslocamento do trabalho, declínio qualitativo, impacto ambiental no solo e na água, etc. Além disso, assistimos à mercantilização da agricultura em todas as suas dimensões, agravando a marginalização do pequeno produtor e a desigualdade na distribuição de créditos na agricultura. Esses problemas são decorrentes do uso da tecnologia, de sua apropriação privada, unilateral (CAMPOS, 2000, p. 130).

A semente que se tornaria alimento deixa ter valor de uso para ter valor de troca. Exemplo disso é explicitado por Porto-Gonçalves (2000) ao apontar a Revolução Verde, na qual a seleção de sementes mais produtivas e o desenvolvimento das técnicas de manejo do solo seriam a solução para o problema da fome nos países pobres. Ao invés disso, a necessidade de obter essas sementes em um banco e os recursos financeiros necessários para implantar a tecnologia para o cultivo, determinou a concentração de terras nas mãos de latifundiários e a expropriação dos camponeses, provocando, assim a miséria deles.

Ainda pautada em por Porto-Gonçalves (2000), para o autor, a técnica não é neutra e o lugar que ela assume na sociedade atual, não é natural e está relacionada a um processo histórico de tensões e conflitos. Destacando-a como necessária, porém, não é suficiente para a resolução dos problemas enfrentados pela humanidade.

Na sociedade contemporânea e no mundo globalizado vivemos em plena era da tecnologia, onde as inovações são rápidas e intensas implicando novas configurações nas relações homem-natureza e homem-homem. Nesse sentido, Leff analisa que:

Hoje se afirma que, graças à modernidade, à Revolução Científica e ao processo de globalização impulsionado pela revolução cibernética e informática, o homem entra em uma nova etapa civilizatória: a era do conhecimento. Isso é verdade, porque nunca antes ele havia construído e transformado o mundo com tanta intensidade sobre a base do conhecimento. Ao mesmo tempo em que o ser humano superexplora recursos e desgasta ecossistemas para convertê-los em valor de troca, “tecnologiza” a vida e coisifica o mundo. A ciência e a tecnologia se converteram na maior força produtiva e destrutiva da humanidade. (LEFF, 2000, p. 23).

Ao mesmo tempo em que vivemos a “Era do conhecimento”, estamos em uma sociedade afundada ainda no desconhecimento e na alienação, pois é grande a quantidade de pessoas sem acesso á Educação formal, aos direitos básicos sociais, desempregados, desapropriados não só das suas terras, mas também de suas tradições e vítimas da degradação ambiental.

As estratégias para resolver a crise social, econômica e ambiental, por meio da ciência, da tecnologia e da economia, acarretam a crescente desvalorização do conhecimento diante dos parcos recursos destinados tanto para a educação como para a ciência e a tecnologia, como acontece na América Latina. Soma-se a isso a falta de investimentos em pesquisa interdisciplinar para o Desenvolvimento Sustentável, para além da natureza apenas como moeda de troca, mas com vistas à diminuição das desigualdades socioeconômicas. Assim, a partir dessa perspectiva, que devemos pensar na prática interdisciplinar fundamentada no saber ambiental. Para tanto, é preciso superar o que Santos (2010), chama de paradigma dominante da racionalidade científica, pois este não consegue dar conta dos problemas da sociedade e criar assim uma razão diferente. Para isso, propõe o paradigma emergente, ou como fala o autor “[...] do paradigma prudente para uma vida decente [...]” (SANTOS, 2010, p. 59), que responda às necessidades do ser humano.

Finalizando essas reflexões, se torna importante o apoiodas palavras de Gadotti que afirma: “[...] pela primeira vez na história da humanidade – não por efeito de armas nucleares, mas pelo descontrole industrial, podemos destruir a vida no planeta” (GADOTTI, 2000, p. 31). Compreender o caráter histórico e social da relação homem-natureza é imprescindível para uma nova postura ética e solidária, a busca para tomada de consciência, a mudança da visão de mundo e uma nova relação homem-natureza e homem-homem e superar o capitalismo como forma histórica que produz e reproduz a pobreza, as desigualdades sociais e a degradação ambiental causada principalmente pelos os mais ricos do mundo, sendo importante uma práxis política consciente de todos para a alteridade entre a humanidade.

Referências

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Ilustrações: Silvana Santos