Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
18/08/2021 (Nº 76) TRILHANDO SÃO FRANCISCO DO SUL-SC: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA INTEGRANDO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO.
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TRILHANDO SÃO FRANCISCO DO SUL-SC: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA INTEGRANDO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO



Trailing São Francisco do Sul-SC: an experience report integrating Teaching, Research and Extension.

Maykon Rodrigo de Oliveira1, Vitoria Rohling Canuto1, Moisés Eduardo Garcia Junqueira2; Camila de Carli3, Patrícia Devantier Neuenfeldt3, Sandro Augusto Rhoden3.



1Bolsista APL- Egressos do Curso Técnico Médio Integrado em Administração;

2Discente do Curso de Mestrado em Tecnologia e Ambiente – IFC – Campus Araquari

3Professor (a) do IFC – Campus São Francisco do Sul.

Autor para correspondência: sandro.rhoden@ifc.edu.br



Resumo: O Município de São Francisco do Sul-SC é conhecido principalmente pelas suas belíssimas praias e pelo Centro Histórico, uma vez que representa a cidade mais antiga de Santa Catarina e a terceira do Brasil. A vegetação predominante na região é a restinga e a mata atlântica. As trilhas ecológicas nestes biomas ainda são pouco exploradas no aspecto turístico, desta forma, o presente projeto elaborado no Instituto Federal Catarinense-IFC – Campus São Francisco do Sul, objetivou dar visibilidade a esta opção no ecoturismo. Para cumprir este principal objetivo foram executadas as seguintes estratégias: a) conhecimento da comunidade acadêmica do IFC – Campus São Francisco do Sul sobre as trilhas ecológicas no Município; b) realização das trilhas para mapeamento com GPS, averiguação das condições estruturais, como sinalização, presença de lixo, largura e determinação da dificuldade da trilha; c) em seguida, os dados de GPS, fotos e relatórios das trilhas foram compilados e divulgados num BLOG e numa conta do Instagram; d) divulgação do projeto nas escolas municipais; e) sinalização das trilhas do Morro da Cruz e do Morro da Esperança. O presente projeto ainda conta com a elaboração de uma cartilha, um aplicativo e o término da sinalização das trilhas. Até o momento, os resultados têm se mostrado promissores na utilização das trilhas como ferramentas de ensino, pesquisa e extensão, pois nele conseguimos aliar a prática pedagógica do conteúdo escolar, com a natureza e a saúde do indivíduo.



Abstract: The Municipality of São Francisco do Sul-SC is known mainly for its beautiful beaches and Historic Center, since it represents the oldest city in Santa Catarina and the third in Brazil. The predominant vegetation in the region is the restinga and the Atlantic forest. The ecological trails in these biomes are still little explored in the tourist sense, thus, the present project elaborated at the Instituto Federal Catarinense – São Francisco do Sul Campus, aimed to give visibility to this option in ecotourism. To fulfill this main objective, the following strategies were implemented: a) knowledge of the academic community of IFC – São Francisco do Sul Campus about ecological trails in the Municipality; b) realization of the trails for mapping with GPS, investigation of structural conditions, such as signaling, presence of garbage, width and determination of the difficulty of the trail; c) then the GPS data, photos and trail reports were compiled and published in a BLOG and an Instagram account; d) dissemination of the project in municipal schools; e) signaling of the Morro da Cruz and Morro da Esperança trails. This project also includes the development of a booklet, an application and the completion of the signaling of the trails. So far, the results have shown to be promising in the use of trails as teaching, research and extension tools, because in it we manage to combine the pedagogical practice of school content with the nature and health of the individual.

Palavras chave / Keywords: São Francisco do Sul; Ecological trails; Ecotourism; Teaching-research-extension.



INTRODUÇÃO

O município de São Francisco do Sul-SC possui belíssimas praias, que são muito procuradas na temporada de verão. Da mesma forma, por ser uma cidade muito antiga, a terceira do Brasil e a primeira de Santa Catarina, destaca-se aqui o turismo histórico. Outros atrativos, como as Trilhas Ecológicas (TE), ainda são pouco exploradas neste contexto, desta forma elaboramos um projeto no Instituto Federal Catarinense – IFC – Campus São Francisco do Sul, para fornecer visibilidade e divulgar, além de envolver o tripé Ensino, Pesquisa e Extensão.

Dentre os biomas nas quais as trilhas são encontradas em São Francisco do Sul, destaca-se a Mata Atlântica, que segundo (OLIVA, 2003) é um bioma florestal que se estende praticamente por todo o litoral brasileiro, ocorrendo nas encostas do planalto atlântico e nas baixadas litorâneas contíguas, desde a costa nordeste até o litoral sul do Brasil. Engloba um grande e diversificado mosaico de ambientes da grande região onde ocorre. Rica em biodiversidade, inclusive as endêmicas, esse tipo de floresta recobria de modo quase contínuo a faixa paralela ao litoral, porém atualmente corresponde a um dos biomas mais degradados e ameaçados. A maior parte dos ecossistemas naturais foi eliminada ao longo de diversos ciclos desenvolvimentistas. Hoje, a especulação imobiliária, a pressão demográfica e a ocupação desordenada são alguns dos principais fatores que mais estimulam a degradação ambiental da Mata Atlântica.

As TE destacam-se numa determinada região, pois são um importante elemento cultural, que está presente nas sociedades humanas desde os tempos remotos e que serviram durante um grande tempo, como via de comunicação e visitação entre os diversos lugares habitados ou visitados pelo homem, para suprir a necessidade de deslocamento, reconhecer novos territórios, buscar alimento e água (Maciel et al., 2011).

Além de servir como trajetos de ligação, as TE apresentam outras funções: a) no turismo; b) na educação ambiental. Nestes dois setores, tornam-se instrumentos pedagógicos, permitindo um contato mais próximo com a natureza, possibilitando assim, a compreensão de diversos temas relacionados à conservação, diversidade, preservação, patrimônio cultural e natural. Também na educação ambiental é possível a abordagem multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar envolvendo temáticas como ecologia, reflorestamento, desmatamento, tipo de vegetação (flora), fauna e os estágios de sucessão ecológica.

O turismo local também pode ser incrementado com as TE, pois são ferramentas de desenvolvimento regional a partir do Ecoturismo, segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações (BRASIL, 2010).

Na educação as TE são ferramentas valiosas para o ensino formal e para o não formal, pois constituem espaços para a prática de programas de Educação Ambiental (EA), que devem ir além de simplesmente ensinar o que os visitantes devem fazer nos ambientes visitados, mas também, propor alterações na forma como as pessoas pensam e avaliam a sua relação com o ambiente (Campos et al., 2011).

Para utilizar uma trilha com o objetivo de EA é necessário, além da adequação, um bom planejamento; fundamental para o sucesso das atividades, em locais com essa vocação. Para tanto, é necessário um conhecimento mínimo sobre características básicas dos visitantes, como idade, sexo, escolaridade, tempo de permanência no local, percepções ambientais e ecológicas, motivações, expectativas, atitudes, também valores e condutas (Projeto Doces Matas, 2002).

Desta forma, considerando o potencial do Município de São Francisco do Sul no turismo, e principalmente, a baixa visibilidade das TEs na cidade, aliada a importância destas para conhecimentos de EA, além dos benefícios para a saúde, o presente projeto engloba os três componentes básicos na formação cidadã: o Ensino (divulgação do projeto nas escolas), Pesquisa (questionário com a comunidade acadêmica do Instituto Federal Catarinense-Campus São Francisco do sul) e Extensão (divulgação nas escolas, na comunidade, nas mídias sociais, além da formulação de material para conhecimento das trilhas).



Metodologia:

O projeto foi dividido em várias etapas, de forma a envolver a três esferas, a Pesquisa, o Ensino e Extensão. As etapas e a maneira que foram formuladas serão descritas a seguir:

  1. Levantamento das principais trilhas ecológicas utilizadas no município. Para este levantamento, foram utilizadas informações da comunidade, da internet e da Secretaria Municipal de Turismo;

  2. Com o resultado da etapa-1 em mãos, foi realizado juntamente com os alunos bolsistas o mapeamento das TEs com aplicativo de GPS. A TE foi percorrida e a partir do aplicativo, foi gerado um arquivo digital, que pode ser utilizado pelos frequentadores, incluindo informações sobre o trajeto, tempo, elevação no terreno e acesso a entrada;

  3. A partir do resultado da etapa-2, foi criado um BLOG (https://trilhandosaofranciscodosul.blogspot.com/), com o objetivo de disponibilizar os dados de GPS, informações históricas, fotos e informações (acesso, cuidados e conservação) para que possam ser utilizados pela comunidade francisquense e também para os turistas que visitam a cidade;

  4. Nas trilhas também foram observados: a) as principais alterações antrópicas; b) erosão; c) lixo; d) tráfego de veículos automotores; e) desmatamento; f) tipo de sucessão ecológica; g) presença de espécies exóticas; h) presença e ou estado da sinalização; i) largura mínima e máxima da trilha; J) a fauna;

  5. Concomitante com as etapas anteriores foi realizado uma pesquisa, por intermédio de questionário (FORMULÁRIO GOOGLE); juntamente com os alunos do Ensino Médio do Instituto Federal Catarinense- Campus São Francisco do Sul, sobre hábitos e conhecimento relacionados a utilização das TE no município.

  6. Juntamente com a Secretaria do Turismo de São Francisco do Sul, foram instaladas placas informativas nas TE Morro da Cruz e no Morro da Esperança;

  7. Para divulgação do projeto, foram criadas palestras sobre TE e ministradas nas escolas de São Francisco do Sul. As palestras abordaram a importância das trilhas como ferramentas de Ensino Pesquisa e Extensão, assim como a sua utilização para esporte, turismo e lazer.

  8. Como atividade final do projeto, foi elaborado um curso para orientação dos alunos Formandos em Guia de Turismo.



Resultados e Discussão das Etapas

As TE são importantes ferramentas didáticas em estudos não formais, nela os professores podem aliar a prática pedagógica com o conhecimento da natureza. São Francisco do Sul é uma cidade muito procurada para o Turismo, principalmente o turismo de balneários. As suas praias são belíssimas e destaque-se a prainha, ou praia da saudade, na prática de Surf.

É interessante observar que um dos sites mais utilizados como guias para viagem, o TRIPADVISOR, não contemple a presença de TE na cidade ou no roteiro Turístico. De maneira semelhante, o site da Prefeitura destaca algumas trilhas, porém com poucas informações de acesso e outras dicas para visitação nas trilhas. Os resultados serão apresentados na mesma sequência da prática metodológica:

Etapa-1: o levantamento das principais trilhas utilizadas em São Francisco do Sul, resultou em cinco principais trilhas: A “Trilha do Casqueiro” localizada no Parque Acaraí, sendo a vegetação predominante restinga e a mata atlântica. Nas demais outras quatro trilhas a vegetação predominante é a mata atlântica, são elas: “Trilha Morro da Cruz” (Figura-1) localizada no Centro, “Trilha Morro da Esperança”, localizada no Bairro Enseada e a “Trilha Morro do Hospício”, localizada no Centro Histórico, “Trilha do Casqueiro” (Figura-2), no “Parque Acaraí e a trilha do “Morro do Cantagalo” localizada na Vila da Glória. Assis, et al., 2017, descreve a partir de um relato de um antigo morador que a trilha do “Casqueiro” tem um importante componente histórico, descrevendo a comunidade que ali viveu. Outra trilha que se destaca é a Trilha do “Morro do Pão de Açúcar” ou simplesmente Morro da Cruz. Esta trilha por sua vez, destaca-se por dois motivos muito aparentes, primeiro é um Morro de 173 metros, quase no centro da cidade, segundo no seu cume é possível a visualização em 360 graus do Município de São Francisco do Sul. Lá de cima é possível a visualização das Praias, dos Portos, das Ilhas e do Parque Acarai, do Rio Acaraí, além da vegetação de Mata atlântica que recobre parte da Ilha.

Fig.1 – Trilha Morro da Cruz Fig.2 - Trilha do Casqueiro

Etapa-2: Com exceção da Trilha do “Morro do Cantagalo” todas as Trilhas destacadas na “Etapa-1” foram percorridas e com a utilização do aplicativo WIKILOC, os trajetos foram demarcados e disponibilizados para futuro acesso dos trilheiros. Nas imagens abaixo, visualizamos o mapeamento das trilhas do “Morro da Esperança” e do “Morro da Cruz” no Aplicativo Wikiloc (Figura-3 e 4).

Fig. 3 – Trilha do Morro da Esperança Fig.4- Trilha Morro da Cruz

O aplicativo WIKILOC (Figura-5) é um aplicativo de fácil manuseio, interativo, que também permite a divulgação das trilhas a partir da criação de uma conta. Também foram utilizados outros dois aplicativos, um para reconhecimento de flora (PlantNET-Android/IOS) (Figura-5b) e outro para gerenciamento da biodiversidade (Inaturalist-Android/IOS) (Figura 5c).

5a) 5b) 5c)

Fig -5 (a): WIKILOC; (b) Plantnet; (c) Inaturalist.

Etapa-3: O BLOG (Figura-6) (https://trilhandosaofranciscodosul.blogspot.com/) foi criado com o objetivo de disponibilizar os dados de GPS, fotos e informações (acesso, cuidados e conservação) para que possam ser utilizadas pela comunidade francisquense e pelos turistas para suas incursões na natureza. No Blog foram inseridas informações relativas a cada trilha mapeada, assim como também as etapas do projeto, entre elas o processo de sinalização. De acordo com Andriolli, 2016 a utilização de Blog é uma prática que proporciona a aplicação prática da teoria estudada, como também, desperta nos alunos a criatividade e o trabalho colaborativo. Como ferramenta e canais de comunicação foram criados o e-mail trilhandosaofrancisco@gmail.com e uma conta no Instagram @trilhando_sfs.

Fig.6- Página do Blog Trilhando São Francisco do Sul.

Etapa-4: nesta etapa, basicamente, as atividades estavam relacionadas a observação de fauna, flora e também as relativas as ações antrópicas. Destacaram-se a elevada presença de lixo nas trilhas, principalmente na do Casqueiro e na do Morro da Cruz; Erosão na do Morro da Cruz e na do Morro da Esperança; Vestígios de fogueira na do Casqueiro; Vestígios de tráfego de veículos automotores (Proibidos em Unidades de Conservação); Presença de espécies exóticas nas trilhas do Casqueiro; Péssimo estado de conservação da sinalização. Com relação a observação de fauna, estas ficaram restritas a aves e insetos.

Etapa-5: O resultado da etapa 5 será apresentado com os questionamentos realizados para aos alunos, em seguida, a resposta será apresentada na forma de gráfico em porcentagem das respostas. Foram entrevistados 195 alunos dos cursos Técnicos em Guia de Turismo e Técnico em Administração.

Gráfico-1: Você gosta de realizar TE?

Gráfico-2: Você conhece alguma (as) destas trilhas ecológicas em São Francisco do Sul?

Gráfico-3: Você já realizou alguma destas trilhas ecológicas em São Francisco do Sul?

Gráfico-4: Se sim, qual?

Gráfico-5:  Quais destas trilhas você gostaria de conhecer?

Gráfico-6: Caso fosse realizar uma trilha, qual destas categorias escolheria?

Gráfico-7: Prefere trilhas guiadas?

Gráfico-8: Qual a sua maior motivação para praticar trilhas ecológicas?

Gráfico-9: Gostaria de realizar atividades como acampar nas trilhas?

Gráfico-10:  Gostaria de realizar trilhas com meios de locomoção diferentes? ex: carro, bicicleta, etc...

Gráfico-11: Quais desses motivos te levaram a não realizar uma trilha anteriormente?

,

Gráfico-12: Tem interesse em realizar trilhas noturnas?

Gráfico-13: A presença de animais na trilha, tais como pássaros e mamíferos, faria com que você tivesse mais interesse em praticá-la?

Gráfico-14: Na sua opinião, quais itens são indispensáveis ao realizar uma trilha?

Gráfico-15: Chamaria um amigo para realizar a trilha com você?

Gráfico-16: Teria interesse em trilhas inclinadas/rapel?

Gráfico-17: Faixa etária



Segundo Chaer, et al., 2011 o questionário se mostra uma alternativa, uma técnica bastante viável e pertinente para ser empregada, uma vez que aplicada quando se trata de problemas relacionados aos objetos de pesquisa correspondem a questões de cunho empírico (como é o caso das TES), envolvendo opinião, percepção, posicionamento e preferências dos pesquisados. No questionário aplicado aos alunos do Ensino Médio Integrado, do IFC- Campus São Francisco do Sul, foram no total 195 respostas, aos 17 questionamentos.

O objetivo inicial do questionário foi realizar um levantamento do conhecimento das TEs em São Francisco do Sul, em seguida, questionamentos sobre de que forma gostariam de realizar as trilhas. A faixa etária dos alunos variou de 14 anos até 18+, destacando-se com 43,1% os alunos com 17 anos. Dentre os resultados que se destacaram foi o conhecimento das TEs do Morro da Enseada e do Morro da Cruz, sendo que a maioria tem conhecimento destas duas trilhas (Ambas as trilhas escolhidas inicialmente para sinalização).

A grande maioria dos entrevistados também já realizou a TE do Morro da Enseada. Destacou-se também que 46,7% das entrevistas gostariam de conhecer a TE do Morro da Cruz. Dentre as categorias, a moderada destacou-se com 41% das entrevistas. Entre os fatores relacionados aos alunos não realizarem trilhas anteriormente, destacou-se a pouca divulgação e a falta de tempo. A presença de fauna também teve destaque. Sobre os itens indispensáveis numa TE destacou-se a água com item indispensável para uma trilha, seguido de alimentos e sapato fechado. Também a maioria dos alunos gostariam de realizar a trilha acompanhado de um amigo, assim como desenvolver atividades extras, como o rapel.

Etapa-6: instalação de placas.

A sinalização foi realizada com placas que foram confeccionadas de acordo com a normativa NBR 15505-2, trilíngue (português, espanhol e inglês) e juntamente com o apoio da secretaria do Meio Ambiente de São Francisco do Sul foram instaladas na trilha do “Morro da Cruz” e no “Morro da Esperança” (Figuras 7,8 e 9). Inicialmente, com auxílio do Manual do ICMbio as placas foram confeccionadas com recurso do IFC, seguindo as seguintes especificações: placa em ACM com aplicação de adesivo com impressão digital 1440 dpi, com verniz de proteção e caibro cambará 5x5. A instalação ocorreu em dois momentos, um para cada trilha, sendo as placas aterradas a uma profundidade de 0,4 m. Neste momento participaram os alunos bolsistas e também a Secretaria de Turismo de São Francisco do Sul, que além do auxílio para instalação, auxiliou na divulgação desta Etapa.

Nas imagens abaixo podemos visualizar a configuração das placas instaladas no Morro da Cruz (Figura-7) e no Morro da Enseada (Figura-8). Destaca-se a presença de um Qr code nas placas que remetem diretamente para o BLOG do projeto.

Fig. 7 - Placa de Entrada da Trilha ”. Fig. 8- Placa na entrada da Trilha

Morro da Cruz Morro da esperança

Fig. 9 -Placa no interior da TE com o deslocamento.

Etapa-7: Palestras foram ministradas nas escolas municipais de São Francisco do Sul para divulgação do projeto (Figuras-10 e 11). As principais informações repassadas nas palestras foram de: estímulo para utilização das trilhas; informações sobre a fauna; a flora; a importância das atividades físicas e conceitos de Educação Ambiental. Nas palestras também foram distribuídos folders com informações sobre as principais trilhas (figura 12 e 13) .

Fig. 10 – Palestras nas escolas; Fig.11- Palestras nas escolas.

Fig.12 - Frente do folder Fig 13 - Verso do folder

Etapa-8: com o objetivo de instruir os alunos egressos do Curso Técnico em Guia de Turismo, foi elaborado um curso para o “Guiamento nas Trilhas de São Francisco do Sul”. O curso abordou as TE, aplicativo para identificação de flora, aplicativo de trilha e outro para gerenciar o conhecimento da Biodiversidade.

Seguindo o princípio do projeto, Cazoto, et al., 2008, sugerem que ideia de que o processo educativo ambiental é amplo, complexo e histórico, compreendem também que ele pode acontecer em diversos grupos da sociedade: discussões podem ser incentivadas em grupos industriais ou sindicalistas, com idosos, adultos, jovens ou crianças. O amplo conhecimento e incentivo aos questionamentos e a apropriação do conhecimento por várias pessoas, são formas de contribuição para a articulação social e a formação de cidadãos mais conscientes e ativos no cuidado ambiental, dedicados ao ambiente da comunidade. Neste sentido, os projetos educativos temáticos, como os de trilhas ecológicas, são parte de um processo educativo ambiental mais amplo, de conscientização ambiental.

O trabalho demonstrou também que grande parte dos alunos desconhece as trilhas, onde ficam, onde iniciam e como poderiam realizá-las. Os discentes bolsistas em momentos de divulgação, já conhecendo as trilhas, esclareceram os alunos sobre as principais características de cada trilha, assim como o local de início, dificuldade da trilha e os possíveis animais e plantas que poderiam ser avistados.



Conclusão:

A execução do presente projeto, demonstrou pela pesquisa com os alunos do IFC- Instituto Federal Catarinense- Campus São Francisco do Sul, um baixo conhecimento sobre as trilhas ecológicas em São Francisco do Sul, porém um grande interesse em realizá-las. Possibilitou também aos alunos bolsistas a aquisição de conhecimento sobre as TE e Educação Ambiental.

Propiciou através das redes sociais e nas palestras nas escolas a divulgação do projeto. O projeto continuará mapeando outras trilhas em São Francisco do Sul e a divulgação nas escolas será de forma contínua. O presente projeto ainda conta com a elaboração de uma cartilha, um aplicativo e o término da sinalização das trilhas.

Até o momento, os resultados têm se mostrado promissores na utilização das trilhas como ferramentas de Ensino, Pesquisa e Extensão, pois nele conseguimos aliar a prática pedagógica do conteúdo escolar, com a natureza e a saúde do indivíduo.

Além disso, as TE tem se mostraram uma importante ferramenta alternativa (Ecoturismo) para o Turismo em São Francisco do Sul.



Referências Bibliográficas



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CAMPOS, R.F.; FILLETO, F.. Análise do perfil, da percepção ambiental e da qualidade da experiência dos visitantes da Serra do Cipó (MG). Revista Brasileira de Ecoturismo, 4: 69-94, 2011.

CAZOTO, J. L; TOZONI-REIS, DE CAMPOS, M. F. Construção coletiva de uma trilha ecológica no cerrado: pesquisa participativa em educação ambiental. Ciência & Educação, 14: 3, 575-82, 2008.

CHAER, G., E DINIZ, R. R. P.. “A técnica do questionário na pesquisa educacional”. Evidência, 7: 7, 2011.

MACIEl, L.A., SILES, M.F.R. ; Bitencourt, M.D. Alterações na vegetação herbácea de floresta ombrófila densa decorrentes do uso em uma trilha turística na Serra do Mar em São Paulo, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 25, 628-632, 2011.

ASSIS, N., ZANELLA, A. V., BOLIGIAN, L. Histórias, memórias, lugares: Seu Maneca e a comunidade do Casqueiro em São Francisco do Sul – SC. TEXTURA – Revista de educação em Letras. Canoas-RS. 19, 39, 2017.

OLIVA, ADRIANA. Programa de Manejo Fronteiras para o Parque Estadual Xixová-Japuí - SP. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais). Universidade de São Paulo. 257p.. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba - SP, 2003.

Projeto Doces Matas. Brincando e aprendendo com a mata: manual para excursões guiadas. Belo Horizonte, 2002.



Ilustrações: Silvana Santos