50 FATOS FASCINANTES SOBRE
POVOS INDÍGENAS DE TODO O MUNDO
Dois
garotos indígenas Karo perto do Rio Omo na Etiópia. © Survival
A
Survival International foi fundada em 1969 para lutar junto dos povos
indígenas para defender suas terras e suas vidas. Não
há nada de “primitivo” sobre eles, eles
simplesmente vivem de maneira diferente. Os povos indígenas
são extraordinariamente diversos e há muito a se
aprender com eles. Para celebrar meio século do movimento
global pelos povos indígenas, juntamos aqui 50 fatos para 50
anos.
Os
povos indígenas valorizam o espírito comunitário,
priorizando o compartilhando de bens, objetos e alimentos.
O
dinheiro não é o segredo para a felicidade. Uma
pesquisa mostrou que um grupo de indígenas Maasai da
África Oriental apresentava uma satisfação de
vida semelhante a das pessoas mais ricas da Forbes 400.
Povos
caçadores gastam muito menos tempo trabalhando do que nós.
O povo Cuiva, da Colômbia e Venezuela, “trabalha”
de 15 a 20 horas por semana e passa muitas horas por dia em suas
redes, que são grandes o suficiente para que os cônjuges
e os filhos possam deitar juntos;
De acordo com o povo Piaroa da
Venezuela, a paz vem de rejeitar conceitos de propriedade,
competição, vaidade e ganância. Eles repudiam a
violência, consideram homens e mulheres iguais e nunca castigam
fisicamente os filhos;
O
povo Hadza da Tanzânia valoriza enormemente a igualdade e não
tem líderes oficiais. Para eles, é uma obrigação
moral dar o que você tem sem expectativa de retorno. Se você
tem mais pertences do que você precisa, você deve
compartilhá-los;
Os
caçadores Yanomami não
comem suas próprias caças. Eles dão para os
outros antes mesmo de trazê-las para casa e só comem o
que os outros caçadores lhes dão. Assim, todos comem
algo fornecido por outra pessoa, promovendo o espírito
comunitário e a coesão.
Os povos indígenas
possuem um conhecimento incomparável sobre os animais e
ecossistemas do mundo.
Os
povos indígenas têm relações únicas
com os animais. O povo Baka da África tem mais de 15 palavras
diferentes para “elefante”, dependendo da idade, sexo e
temperamento do animal. Eles acreditam que seus ancestrais caminham
com os animais pela floresta;
Uma
garota indígena do povo Baka, República do
Congo. © Survival
Existem
cerca de 100 povos indígenas isolados vivendo na floresta
amazônica. Eles são caçadores-coletores e vivem
em sintonia única com o meio ambiente e possuem um vasto
conhecimento botânico. Proteger seus territórios é
a melhor barreira contra o desmatamento;
Quando
colhem mel do alto das árvores, o povo Soliga leva parte para
si e deixa outra parte perto do chão para os tigres, que eles
consideram parte de sua família, porque os tigres não
podem escalar as árvores e colher mel para si mesmos;
Quando
nasce uma criança do povo Orang Rimba na Indonésia, o
cordão umbilical é plantado embaixo de uma árvore
Sentubung. A criança tem um vínculo sagrado com aquela
árvore pelo resto da vida, e para os Orang Rimba, cortar uma
“árvore de nascimento” é equivalente ao
assassinato;
Lavrar
a terra é “arranhar o peito” da Mãe Terra,
diz o povo Baiga da Índia, acreditando que Deus criou as
florestas para prover tudo o que os humanos precisam e deu a eles a
sabedoria para encontrá-las. Somente as pessoas as quais Deus
não deu esse conhecimento precisam cultivar para sobreviver.
As
colinas Niyamgiri da Índia absorvem a chuva das monções,
dando origem a mais de cem riachos e rios permanentes, incluindo o
rio Vamshadhara. O povo Dongria Kondh que habita esta
paisagem exuberante se chama “Jharnia”, o que significa
“Protetor de Riachos”;
Duas
garotas do povo indígena Dongria Kondh, Índia. © Jason
Taylor/Survival
O
povo Arhuaco da Sierra Nevada colombiana assume uma grande
responsabilidade pelo bem-estar do planeta, percebendo como seu
trabalho manter a Mãe Terra em harmonia. Eles veem as secas e
a fome como consequências do fracasso humano em manter o mundo
em equilíbrio;
Muitos
povos indígenas respeitam a igualdade de gênero; eles
nos mostram que as normas de gênero da nossa sociedade não
são “naturais”, mas sim culturalmente construídas
As
mulheres eram tradicionalmente as principais provedoras do povo
Chambri da Papua Nova Guiné. Elas faziam toda a pesca e
levavam o os peixes extras que pescavam para as colinas ao redor para
negociar com outros povos. Nenhum gênero é visto como
dominante na vida dos Chambri;
Os
pais Bayaka passam metade do dia perto de seus bebês. Se a
criança está chorando, e a mãe ou outra mulher
não estão disponíveis, eles até oferecem
o peito para a criança mamar. Não é incomum
acordar durante a noite e ouvir um pai cantando para seu filho;
A
monogamia não é uma característica humana
universal. Os indígenas Zo’é da
Amazônia são polígamos: tanto homens quanto
mulheres podem ter mais de um parceiro. Todos são iguais entre
os Zo’é e, tradicionalmente, eles não
apresentavam líderes. Eles também usam o “m’berpót”
– um longo pedaço de madeira no lábio;
Uma
família Zo’é relaxando numa rede feita de fibras
de plantas © Fiona Watson/Survival
Muitas
sociedades indígenas norte-americanas tradicionalmente
reconheciam três gêneros. O terceiro gênero,
chamado “Dois Espíritos”, é visto como
abençoado e que possui uma visão única graças
a sua compreensão das perspectivas masculinas e femininas;
As
mulheres nas sociedades industriais ainda lutam por igualdade, mas o
status igual dos gêneros é normal para o povo Awá da
Amazônia brasileira. As mulheres Awá participam
igualmente em viagens de caça e elas podem até ter
vários maridos;
Clique
aqui para apoiar os povos indígenas do Brasil
O
nível de poder e independência das mulheres do povo
indígena Innu do Canadá escandalizou os missionários
católicos, que, até meados do século XX,
tentaram impor seus padrões europeus e tornar as mulheres Innu
subservientes a seus maridos.
Nem
todo mundo considera os seios das mulheres indecentes: para muitos
povos indígenas eles não são notáveis e
outras partes do corpo podem ser tabus. As mulheres Emberá na
Colômbia podem livremente ficar de topless mas devem sempre
cobrir os lados das coxas;
O
povo Wodaabe, do norte do Níger, realiza anualmente um
concurso de beleza masculina no final da estação
chuvosa. Os jovens usam maquiagem, jóias e suas melhores
roupas, e fazem fila para competir pela atenção das
mulheres;
Os
povos indígenas desenvolveram conhecimentos extraordinários
e tecnologias exclusivas para viver de maneira sustentável em
alguns dos ambientes mais desafiadores do planeta.
O
povo Penan de Sarawak prepara uma mistura para pescar de
forma sustentável. Eles usam toxinas de plantas para que os
peixem flutuem para a superfície. Os Penan pegam apenas o que
precisam e permitem que os peixes menores se recuperem e continuem
nadando, de modo que os estoques de peixes não se esgotem;
Um
favo de mel especial é usado pelo povo Chenchu, do sudeste da
Índia, para fazer moldes para membros quebrados. Eles também
dizem que nunca coletam mel durante as chuvas, porque as abelhas
terão dificuldade de construir uma nova casa enquanto as
pedras estiverem escorregadias;
Mulher
do povo indígena Chenchu, Índia. © Survival
Sirius
é a estrela mais brilhante do céu e tem um parceiro
oculto. Sirius B é invisível a olho nu e foi descoberto
por cientistas ocidentais no século XIX. Mas o povo Dogon
do Mali provavelmente sabia sobre a estrela e compreendia seu período
orbital de 50 anos muito antes;
As
mulheres Himba, da Namíbia e de Angola, se cobrem com um creme
de otjize, uma mistura de gordura e ocre, para limpar a pele e o
cabelo sem água. Otjize também protege contra o sol e
as picadas de mosquito, mas as mulheres dizem que só usam para
ficarem bonitas mesmo!
O
halo lunar – um anel brilhante visível ao redor da lua
quando há cristais de gelo no ar – foi usado pelos povos
indígenas em toda a Austrália como uma refeerência
para a previsão do tempo. A Austrália já foi
habitada por até um milhão de pessoas que falavam mais
de 250 idiomas;
O
espetacular Vale de Baliem, em Papua Ocidental, abriga o povo Dani,
que teria desenvolvido a agricultura há pelo menos 9.000 anos,
provavelmente muito antes da Europa;
O
povo Guugu Ymithirr da Austrália tradicionalmente não
possuía palavras para esquerda e direita e só usavam
Norte, Sul, Leste e Oeste para orientação. Eles se
orientavam instintivamente, sendo capazes de usar cada ponto da
bússola com precisão em relação ao local
onde estavam;
O
povo Jumma de Bangladesh permite que sua preciosa terra se
recupere com a ‘agricultura itinerante’, cultivando
alimentos em pequenas partes do seu território, antes de
passar para outra área. Eles colocam uma mistura de sementes
de diversos cultivos em cada buraco em diferentes estações
do ano;
Mulher
e criança do povo indígena Jumma, Bangladesh. © Mark
McEvoy/Survival
As
mulheres eram tradicionalmente as principais provedoras do povo
Chambri da Papua Nova Guiné. Elas faziam toda a pesca e o
peixe extra que pegavam, levavam para as colinas ao redor para
negociar com outros povos. Nenhum gênero é visto como
dominante na vida dos Chambri;
A
malária é uma das doenças mais mortais do mundo.
A quinina, feita a partir da casca das árvores de Cinchona,
tem sido vital na luta contra a doença e foi usada pela
primeira vez medicinalmente por povos indígenas como o Quechua
do Peru, Bolívia e Equador como um relaxante muscular;
A
compreensão sobre seu meio ambiente e a capacidade de
interpretar os fenômenos naturais salvou os povos indígenas
das Ilhas de Andaman da devastação do tsunami asiático
de 2004. Eles conseguiram notar os sinais e se locomoveram para
lugares altos;
Eles nos mostram que o leque de habilidades,
percepções e experiências humanas é muito
mais amplo do que o que existe em nossa sociedade.
O
povo Shipibo da Amazônia peruana faz intrincada arte geométrica
que pode ser lida como música. As pessoas podem “ouvir”
a música observando os padrões, como partituras. Os
padrões representam cânticos e músicas associadas
a cerimônias de cura da Ayahasca;
Os indígenas
Bajau, que vivem na costa da Malásia, podem prender a
respiração por até 3 minutos e mergulhar até
20 metros. Os cientistas descobriram que os Bajau ficam submersos por
até 60% do tempo que passam na água, quase o mesmo
tempo que uma lontra marinha;
O inglês talvez não
seja uma língua tão difícil de aprender, pois
usa apenas 42 sons diferentes. ǃXóõ, uma língua
falada pelos Bosquímanos do Deserto de Kalahari, tem
mais de 160. Isso inclui cinco diferentes sons de “clique”
originalmente encontrados apenas em idiomas bosquímanos;
Garoto
em cima de um burro, povo indígena Kua do Kalahari,
Botsuana. © Forest Woodward / Survival, 2015
Muitos
povos indígenas usam substâncias psicoativas naturais
para aprimorar suas habilidades mentais e físicas. Os homens e
mulheres Matsés costumam
usar veneno de rã antes das viagens de caça para
produzir uma sensação de clareza, visão e força
que pode durar vários dias;
Em
um clima polar severo, com temperaturas próximas ao
congelamento, os antigos habitantes indígenas da Tierra Del
Fuego, no extremo sul da Argentina, podiam freqüentemente ficar
sem roupa, dormiam ao relento e nadavam em água fria,
suficiente para matar europeus;
O
futuro está atrás de você e o passado a sua
frente, segundo o povo Aymara dos Andes. Você pode “ver”
o passado, mas não pode ver o futuro. A palavra Aymara para o
passado literalmente significa olho, visão ou frente, e a
palavra para o futuro significa “atrás” ou “as
costas”;
Você
está no seu auge mental à meia-noite? Dormir “a
noite inteira” não é o que todos os povos do
mundo fazem. Por exemplo, o povo Pirahã, do Amazonas, não
dorme por cerca de 8h à noite: eles tiram sonecas a qualquer
hora do dia ou da noite;
O
povo Rarámuri do México desenvolveu uma tradição
de corridas de longa distância, de até 200 milhas por
vez, para a comunicação entre as vilas, para o
transporte e a caça. Eles vivem em um terreno montanhoso
desafiador, com grandes distâncias entre os vilarejos;
A
língua Guarani tem duas palavras diferentes para
“nós”. Um dos “nós" inclui as
pessoas com as quais você está falando, é como
dizer “eu e você”. O outro costuma falar sobre um
grupo de pessoas que não estão presentes, como “eu
e eles”;
Os
Guarani usam o urucum para pintar seus rostos e corpos durante as
festas, Brasil. © Survival
O
povo Moken, do mar de Andaman, tem capacidades visuais notáveis.
Seu estilo de vida aquático significa que eles desenvolveram a
capacidade única de ver debaixo da água a fim de
mergulhar em busca de comida no fundo do mar. A visão deles é
50% mais precisa que a dos europeus;
Você
já ficou tão ansioso para ver alguém que fica
indo lá fora para ver se já chegaram? A língua
Inuktitut dos Inuit tem uma palavra para isso: “Iktsuarpok”,
pronunciado eekt-soo-ahh-pohk;
Os
povos indígenas são uma parte vital da diversidade
humana
O
lugar mais diverso do planeta é a ilha da Nova Guiné,
habitada por cerca de mil povos indígenas diferentes. Embora
apenas cerca de 0,1% da população mundial viva nessa
ilha, ela é o lar de aproximadamente um sétimo dos
7.000 idiomas do mundo;
Existem 100 ou mais povos indígenas
isolados na América do Sul e todos vivem na Amazônia –
exceto um. Os Totobiegosode do Paraguai são um subgrupo do
povo Ayoreo e alguns deles optaram por rejeitar a interação
com a sociedade dominante;
Clique
aqui para apoiar o direito dos povos indígenas isolados a
viver como querem
Povos
isolados não necessariamente querem o “nosso” modo
de vida. Em 2014, três indígenas Awá isolados
deixaram a floresta e conheceram a sociedade dominante. Não
impressionados, dois deles retornaram à floresta, cobrindo
seus rastros para que não pudessem ser seguidos;
O povo
indígena de contato mais recente da Colômbia, os Nukak,
tradicionalmente usava dentes de piranha para cortar seus cabelos.
Eles viveram isolados até 1988, quando inesperadamente
apareceram em uma cidade recém-estabelecida dentro do
território Nukak;
Mulher
do povo indígenas Nukak, Colômbia. © Survival
International
Você
fala com seus animais de estimação? O povo Bodi da
Etiópia canta poemas especiais para suas vacas favoritas. Esse
povo é agro-pastoralista e seu sustento e cultura giram em
torno de seu gado;
É
provável que os indígenas isolados do povo Sentinelese
estejam vivendo isolados em sua ilha há muitos séculos.
Seus vizinhos mais próximos, os Jarawa,
não conseguem entender a língua deles, indicando que
esses grupos próximos devem ter sido separados há
centenas de anos;
O
povo Enawenê Nawê pratica uma das mais longas
celebrações rituais do planeta, com duração
de mais de 4 meses. Eles constroem complexas barragens de madeira ao
longo dos rios para capturar peixes que migram de suas áreas
de desova. Depois que o ritual termina, as barragens são
destruídas;
Até
onde sabemos, os ancestrais do Bosquímanos, do sul da
África, estavam na região dezenas de milhares de anos
antes de qualquer outra pessoa. Eles provavelmente viveram em suas
terras por mais tempo do que qualquer outra pessoa.
O
mundo precisa dos povos indígenas. Nosso trabalho está
impedindo sua aniquilação. Nós trabalhamos
juntos dos indígenas e damos a eles uma plataforma para falar
ao mundo. Precisamos dos seu apoio para alcançar uma mudança
radical na opinião pública para garantir que eles
tenham um futuro.
Fonte:
https://survivalbrasil.org/artigos/50fatos