No município de Piracicaba, interior de São Paulo, um lugar tem se destacado como modelo bem sucedido de educação ambiental. A Estação Experimental de Tupi, área protegida com rica biodiversidade e história marcada pela pesquisa e conservação, tem se transformado em um berçário de iniciativas inovadoras que conectam educação, ciência e comunidade.
Criada em 1923, a área possui longa trajetória dedicada à pesquisa e à preservação ambiental. Ao longo dos anos, a Estação Experimental evoluiu, ampliando seu foco para a educação ambiental e a promoção da sustentabilidade. Hoje, além de área de pesquisa, é um espaço de aprendizagem, um ponto de encontro para a comunidade e um exemplo de como a ciência pode ser aplicada para a construção de sociedades sustentáveis.
Integração entre pesquisas e ações na construção de programas inovadores
O Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) oferece na Estação Experimental de Tupi, junto a parceiros, uma variedade de programas de educação ambiental, cada um com seus objetivos e características específicas:
O EducaTrilha teve sua história iniciada em 2013, com uma pesquisa de iniciação científica. Em 2015, aconteceu sua primeira aplicação, como curso de formação de professores premiado pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente. Em 2018, influenciado por uma pesquisa de doutorado, tornou-se do “EducaTrilha na Escola”, um concurso de projetos de educação ambiental que já teve cinco edições e beneficiou mais de 33 mil pessoas. Nesse programa, é desenvolvido um processo de formação continuada com os professores e são realizadas visitas dos estudantes à Estação Experimental de Tupi, como parte de um processo educativo mais amplo. O programa envolve mais de 30 instituições na sua organização;
O “PJ Tupi: educação integral e ambiental”, por sua vez, teve sua origem em 2016 a partir de uma proposta da Escola Estadual “Pedro de Mello” para a realização de atividades educativas em parceria. Hoje é desenvolvido por meio de reuniões pedagógicas periódicas dos professores desta escola, que trabalham a educação ambiental em todas as disciplinas eletivas. As atividades do programa foram iniciadas em 2019 e cerca de 2.250 pessoas já foram beneficiadas;
O “Vem pro Horto” é voltado à comunidade em geral e contempla atividades aos finais de semana, feriados e período noturno, com sua programação construída de modo participativo. O programa começou em 2016 e já beneficiou mais de 5.700 pessoas. A programação inclui eventos como “Cinema e Trilha Noturna”, “Vem Brincar e Aprender no Horto” e “Observação de aves”, envolvendo cerca de 30 instituições a cada ano no planejamento e organização;
O “Bacia Caipira” tem como foco grupos de idosos dos municípios de Piracicaba e de Santa Bárbara d’Oeste e oferece visitas educativas em diversos locais, entre eles um encontro anual na Estação Experimental de Tupi. Já participaram mais de 260 pessoas.
A continuidade dos quatro programas citados está prevista para o próximo ano.
Esses programas têm impacto significativo na vida das pessoas. Ao oferecer experiências práticas, o IPA contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e engajados na conservação do meio ambiente. Além disso, essas iniciativas têm estimulado a criação de redes de colaboração entre escolas, universidades, ONGs e empresas, fortalecendo o movimento em prol da sustentabilidade na região.
O processo de construção dos programas de educação ambiental da Estação Experimental de Tupi, conduzido historicamente pelo Instituto Florestal e desde 2021 pelo IPA, foi registrado em capítulo do livro “Práticas Interdisciplinares para o Ensino das ciências ambientais: espaços não formais de educação” da Coleção PROFCIAMB – Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais. O texto “Construção Conjunta de Programas Educativos Envolvendo o Estado, o Município, a Universidade e a Comunidade na Estação Experimental de Tupi, em Piracicaba (SP)”, de autoria da especialista ambiental do IPA Maria Luísa Palmieri e da professora da Universidade de São Paulo (USP) Vânia Massabni, analisa a integração entre os programas e o papel da pesquisa científica no seu desenvolvimento e aprimoramento, citando sete pesquisas diretamente relacionadas a estes programas.
O sucesso do modelo de educação ambiental adotado na Estação Experimental de Tupi é fruto de uma parceria sólida entre diferentes atores da sociedade: o IPA, a Prefeitura Municipal de Piracicaba, a Fundação Florestal, a USP e a comunidade local. Todos têm se integrado no desenvolvimento e a implementação dos programas. Essa união tem permitido a criação de um ambiente propício para a troca de conhecimentos, a experimentação de novas ideias e a construção de soluções inovadoras para os desafios ambientais.
O trabalho do IPA na Estação Experimental de Tupi representa um modelo que pode inspirar outras instituições e comunidades a desenvolverem iniciativas semelhantes. O desenvolvimento de programas de educação ambiental construídos com diferentes atores sociais, a partir de uma visão inovadora e comprometida com a construção de processos educativos em escolas e com a possibilidade de todos os interessados oferecerem voluntariamente atividades no local, não sendo somente público das atividades, mas protagonistas. Ao promover a educação ambiental de forma colaborativa e participativa, contribui para a construção de um futuro mais justo e sustentável para todos.