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PRÁTICAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: um relato vivenciado na Escola Capitão Silvio de Farias através do Programa de Ensino Integral (PEI) Francisca Raquel Santos do Nascimento 1, Andreia Aparecida Maia 2, Liziane Crisula Pereira Gomes 3 Maic Bezerra Uchôa 4 1 Mestra pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Campus Rolim de Moura no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Natureza-PGECN. E-mail: profbioraquelge@gmail.com 2 Graduada em licenciatura plena em Química e Especialista em Instrumentalização para o Ensino de Ciências e Matemática (Quí. Fís. e Bio) pela Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA). E-mail: andreia.maia19@hotmail.com 3 Mestra pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Campus Rolim de Moura no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Natureza-PGECN. E-mail: lizianecrisula@gmail.com 4 Mestrando pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Campus Rolim de Moura no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Natureza-PGECN. E-mail: maic.b.uchoa@gmail.com
Resumo: O presente estudo relata a experiência vivenciada por professores da escola de ensino integral através da aplicabilidade de aulas práticas experimentais no espaço físico da Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Capitão Sílvio de Farias, na cidade de Jaru, no estado de Rondônia. As atividades foram direcionadas a estudantes do Ensino Fundamental II, abrangendo as turmas de 6º, 7º, 8º e 9º anos. Para alcançar o objetivo proposto, foram realizados trabalhos e intervenções com os estudantes, e um planejamento conjunto com os professores do componente curricular de Ciências. Os resultados da pesquisa indicaram que as aulas práticas, como a realizada sobre células animal e vegetal, foram eficazes para promover a interdisciplinaridade, engajamento dos alunos e o desenvolvimento de habilidades práticas. A metodologia adotada favoreceu a conexão entre diferentes áreas do conhecimento, estimulou o pensamento crítico e a colaboração, além de contribuir para um aprendizado mais significativo. A implementação dessa abordagem no Ensino Integral demonstrou ter um impacto positivo no desempenho dos alunos, incentivando o trabalho em equipe e a construção de um conhecimento mais profundado. Palavras-chaves: Aulas práticas de Ciências; Interdisciplinaridade; Ensino de Ciências
Abstract: The present study reports the experience lived by teachers of the full-time school through the applicability of experimental practical classes in the physical space of the Capitão Sílvio de Farias State Full-Time High School, in the city of Jaru, in the state of Rondônia. The activities were aimed at Elementary School II students, covering the 6th, 7th, 8th and 9th grade classes. To achieve the proposed objective, work and interventions were carried out with the students, and a joint planning with the teachers of the Science curricular component. The results of the research indicated that practical classes, such as the one held on animal and plant cells, were effective in promoting interdisciplinarity, student engagement and the development of practical skills. The methodology adopted favored the connection between different areas of knowledge, stimulated critical thinking and collaboration, in addition to contributing to more meaningful learning. The implementation of this approach in Integral Education has been shown to have a positive impact on student performance, encouraging teamwork and the construction of deeper knowledge. Keywords: Practical Science classes; Interdisciplinarity; Science Teaching.
INTRODUÇÃO O Programa de Ensino Integral (PEI) é um plano do Governo do Estado de Rondônia, junto à Secretaria de Estado da Educação, que tem como objetivo a formação de indivíduos autônomos, solidários e competentes, com conhecimentos para o pleno desenvolvimento da pessoa humana e seu preparo para o exercício da cidadania, através da implementação de políticas públicas direcionadas à melhoria da qualidade da Educação Básica a partir da articulação do modelo pedagógico ao modelo de gestão, para fins de elevação dos índices de desempenho por meio da ampliação da Educação em Tempo Integral. Diante do exposto, o presente estudo relata a experiência vivenciada por professores de uma escola de ensino integral por meio da aplicação de aulas práticas experimentais no espaço físico da Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Capitão Sílvio de Farias, localizada na cidade de Jaru, no estado de Rondônia, para estudantes do Ensino Fundamental II, que abrange as turmas de 6º, 7º, 8º e 9º anos. Para alcançar o objetivo proposto foram realizados trabalhos e intervenções com os estudantes, e um planejamento conjunto com os professores do componente curricular de Ciências. As aulas experimentais, ao promoverem a interdisciplinaridade, permitem que os alunos percebam as conexões entre diferentes áreas do conhecimento. Essa abordagem é especialmente relevante no cenário educacional contemporâneo, onde diretrizes como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Lei Complementar nº 1.2014 do estado de Rondônia destacam a importância de uma educação integral e contextualizada, que se adapte às necessidades de um mundo em constante evolução. A prática experimental, portanto, não só enriquece o aprendizado, mas também fomenta o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo, essencial para a tomada de decisões cotidianas. Gilbert (2006) argumenta que a aprendizagem ativa nas Ciências deve ir além da execução de experimentos; é crucial que os alunos sejam incentivados a refletir sobre suas experiências e resultados. Como docentes na Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), percebemos que as práticas experimentais são essenciais para o aprendizado dos estudantes. Elas tornam os alunos mais engajados, conectando conceitos teóricos com experiências práticas, o que facilita a compreensão. Além de ajudar na fixação de conteúdo, essas atividades estimulam o pensamento crítico e a resolução de problemas. No ambiente de ensino integral, o tempo ampliado permite explorar os conteúdos de maneira mais profundada, favorecendo o desenvolvimento acadêmico e pessoal dos estudantes. Dessa forma, as práticas experimentais tornam o aprendizado mais dinâmico e aplicável ao cotidiano dos alunos.
METODOLOGIA O presente estudo utilizou a abordagem qualitativa, com foco na compreensão e interpretação dos impactos da aplicação de aulas práticas experimentais no Ensino Fundamental II. A pesquisa configura-se como um relato de experiência baseado na prática pedagógica desenvolvida na Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Capitão Sílvio de Farias, situada no município de Jaru, Rondônia. O estudo buscou analisar os efeitos das aulas experimentais na aprendizagem dos estudantes e sua relação com a interdisciplinaridade, o engajamento e o desenvolvimento de habilidades práticas. A pesquisa foi realizada com uma turma do 8º ano do Ensino Fundamental II, composta por 27 alunos, dentro do componente curricular de Ciências. A aula prática teve duração de 48 minutos e abordou o tema "Células Animal e Vegetal". Durante a atividade, foram promovidas estratégias de observação, interação e questionamento, permitindo uma avaliação formativa e processual do aprendizado dos alunos. As aulas práticas foram planejadas de maneira integrada ao conteúdo teórico previamente abordado em sala de aula. A metodologia adotada incluiu três etapas principais: 1° Etapa - Momento Inicial:
2° Etapa - Desenvolvimento da Aula Prática:
3° Etapa - Momento Final e Avaliação:
A avaliação foi realizada de maneira processual, considerando:
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES A aula foi previamente apresentada junto ao planejamento do semestre, incluindo a data de realização e o plano de aula, que foram antecipadamente informados aos alunos. O objetivo da aula foi proporcionar o aprimoramento das habilidades práticas dos alunos em relação aos conceitos e funções das organelas celulares, além da diferenciação entre células animal e vegetal, possibilitando um conhecimento mais aprofundado. A atividade teve duração aproximada de 48 minutos. A aula envolveu conhecimentos dos diferentes componentes curriculares de Ciências da Natureza, como Física (no processo de osmose), Química (nos processos de transporte passivo e ativo de substâncias) e Biologia (organelas celulares, célula animal e célula vegetal). No segundo momento, foi realizada uma aula prática sobre “Células Animal e Vegetal”, com a participação ativa dos alunos durante todo o procedimento, seguida da elaboração de um relatório. Essa aula prática teve um enfoque qualitativo. No início da aula prática, foi proposta uma discussão entre os alunos para que apontassem a importância das células e sua aplicabilidade na biotecnologia, relacionando o tema a seus conhecimentos e experiências prévias, além de resgatar o conteúdo teórico visto em sala de aula. Essa discussão durou aproximadamente 10 minutos. Após a discussão, os procedimentos, previamente abordados nas aulas teóricas, foram relembrados antes da execução da prática, com a participação ativa dos alunos. Eles foram questionados sobre os conhecimentos adquiridos a respeito das diferenças entre as células animal e vegetal. Em seguida, foram apresentados os materiais necessários para a atividade, seguidos da demonstração da montagem das maquetes. Após a demonstração, os alunos foram incentivados a montar as maquetes em grupo, seguindo o modelo apresentado na Figura 1. Essa etapa teve duração aproximada de 30 minutos. Figura 1- Montagem das maquetes pelos alunos.
Fonte: Próprios Autores (2024). Após a montagem das maquetes (Figura 2), os alunos foram incentivados a realizar uma apresentação em grupo, com o apoio dos colegas e sob supervisão. Durante a apresentação, participaram ativamente, sendo questionados sobre a importância da atividade. Eles explicaram a localização e a função de cada organela celular, além de destacar as diferenças entre a célula animal e a vegetal. Figura 2 - Maquetes montadas.
Fonte: Próprios Autores (2024). Ao final da aula, foi realizado um questionamento oral com as seguintes perguntas:
Essa etapa teve duração média de 8 minutos. Além disso, foi solicitada a confecção de um relatório, no qual, além da descrição dos procedimentos, os alunos deveriam relatar a importância da aula e sua influência no processo de ensino-aprendizagem, permitindo um feedback sobre a atividade. Em cada etapa, foram observadas a participação e a desenvoltura dos alunos, tanto individualmente quanto na interação com os demais. Nos casos em que houvesse resistência à participação, foi realizada uma abordagem para compreender os motivos e estimular o envolvimento. Freire (2014) destaca que o ensino vai além do instinto na análise dos fatos e acontecimentos que envolvem o ser humano. Dessa forma, a percepção dos alunos sobre o processo de ensino-aprendizagem, especialmente no que se refere à utilização do laboratório como ferramenta didática, foi considerada por meio de suas opiniões sobre a realização das práticas nesse contexto. A forma como os alunos se viam no processo de construção do conhecimento dentro da perspectiva de aulas práticas também foi levada em consideração na análise, sendo um aspecto fundamental para a tomada de decisões futuras no planejamento de ações dentro do componente curricular. A avaliação do processo foi imprescindível para verificar até que ponto a atividade atingiu seus objetivos e proporcionou melhorias no desempenho dos alunos nos aspectos analisados. O resultado obtido indicou avanços significativos e serviu para realimentar o processo, tornando-o cada vez mais eficiente e aplicável a situações semelhantes. Os dados coletados foram quantificados, permitindo a observação dos percentuais em cada categoria avaliada e a geração de gráficos úteis para a análise. Nesse sentido, a pesquisa não se restringiu a um único elemento da realidade nem a um único indivíduo, pois todos puderam, ao mesmo tempo, ser sujeitos e objetos da investigação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo descreve a implementação de aulas práticas experimentais no Programa de Ensino Integral (PEI) da Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Capitão Sílvio de Farias, em Jaru-RO, com estudantes do Ensino Fundamental II. A pesquisa demonstrou que as aulas práticas, como a realizada sobre células animal e vegetal, foram eficazes para promover a interdisciplinaridade, o engajamento dos alunos e o desenvolvimento de habilidades práticas. A metodologia adotada mostrou-se altamente eficaz ao estabelecer conexões entre as áreas de Ciências da Natureza, promovendo uma aprendizagem integrada e contextualizada. Esse enfoque possibilitou que os estudantes desenvolvessem habilidades essenciais, como o pensamento crítico e reflexivo, ao mesmo tempo em que estimulou a colaboração e o trabalho em equipe. Tais práticas não apenas enriqueceram a experiência de aprendizagem, mas também favoreceram a construção de conhecimentos mais profundos e significativos, preparando os alunos para lidar com desafios reais de maneira mais criativa e autônoma. No contexto do Ensino Integral, a aplicação dessa abordagem revelou um impacto positivo tanto no desempenho escolar quanto no desenvolvimento pessoal dos estudantes. Por meio do incentivo à interação, ao diálogo e à cooperação, os alunos foram motivados a participar ativamente do processo educacional, consolidando valores como responsabilidade coletiva, respeito mútuo e protagonismo. Essa integração entre conteúdos e práticas reforça a importância de metodologias inovadoras na construção de uma educação transformadora, capaz de formar cidadãos críticos, colaborativos e preparados para atuar em uma sociedade em constante evolução. Apesar dos resultados positivos observados, desafios como a disponibilidade de recursos didáticos e a necessidade de formação continuada dos professores ainda representam obstáculos para a implementação plena dessas metodologias.
Bibliografia BELOTTI, S. H. A.; FARIA, M. A. Relação professor-aluno. Saberes da Educação, v.1 ,n. 1, p. 01-12, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências naturais. 2. ed. Rio de Janeiro: DO & A, 2000. FROTA-PESSOA, Oswaldo; GEVERTZ, Rachel; SILVA, Ayrton Gonçalves da. Como ensinar ciências. 5.ed. São Paulo: Nacional, 1985, 218. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 49. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014 LIMA,G.L.;FERNANDES,M.A.F.B. 36 Relato de Experiência: As Aulas Práticas no Aprendizado dos Alunos Da Disciplina De Reprodução e Inseminação Artificial: Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília, v.6 ,n.2, p.25-46, Jul./Dez., 2020. GILBERT, J.K. On the nature of “context” in chemical education. International Journal of Science Education, v. 28, n. 9, p. 957-976, 2006. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Edusp, 2008 ZÓBOLI, G. Práticas de ensino: subsídios para a atividade docente. 11.ed. São Paulo: Ática, 2000.
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