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Para a ganância, toda a natureza é insuficiente. Sêneca
ISSN 1678-0701 · Volume XXIII, Número 91 · Junho-Agosto/2025
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O QUE É SUSTENTABILIDADE, ESG E REGENERAÇÃO E POR QUE SÃO IMPORTANTES Por Fabiano Porto (@fabiano.pporto) 17/04/2025 Sustentabilidade e Regeneração - com Fabiano Porto Jornalista, palestrante e consultor em ESG, ODS, Sustentabilidade e Comunicação estratégica.... ESG e Regeneração Nos últimos anos, termos como sustentabilidade, ESG e regeneração passaram a fazer parte do vocabulário de empresas, governos e organizações sociais. Mas, apesar de estarem conectados por uma mesma intenção — construir um futuro mais justo, equilibrado e ético —, eles têm origens, objetivos e aplicações diferentes. É comum ver esses conceitos usados de forma intercambiável, mas compreender suas diferenças é essencial para quem quer realmente atuar com propósito e responsabilidade diante dos desafios do nosso tempo.
O tripé da sustentabilidade também conhecido como "three bottom line" Sustentabilidade: o conceito que busca o equilíbrio A sustentabilidade propõe um modelo de desenvolvimento capaz de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de fazerem o mesmo. Para isso, ela busca o equilíbrio entre três pilares fundamentais: o ambiental, o social e o econômico. Na prática, isso significa pensar em soluções que preservem o meio ambiente, promovam justiça social e sejam financeiramente viáveis. A sustentabilidade nos convida a fazer escolhas mais conscientes e integradas, olhando para o futuro com responsabilidade. Seu foco está, muitas vezes, na redução de impactos negativos e na promoção de práticas mais equilibradas dentro do sistema atual. ESG: critérios para avaliar responsabilidade nas organizações Já o ESG — sigla para Environmental, Social and Governance — é uma abordagem mais prática e técnica, voltada principalmente ao universo corporativo. Trata-se de um conjunto de critérios utilizados para avaliar como empresas e instituições lidam com questões ambientais, sociais e de governança. Na dimensão ambiental, entram temas como emissões de carbono, gestão de resíduos e uso eficiente de recursos. No aspecto social, são avaliadas práticas relacionadas a direitos humanos, diversidade, saúde e segurança. E na governança, o foco está em temas como transparência, ética, estrutura organizacional e combate à corrupção. O ESG tem sido cada vez mais utilizado por investidores, consumidores e governos como ferramenta para medir o grau de responsabilidade de uma organização e seu alinhamento com os valores da sociedade contemporânea. Regeneração: uma nova forma de se relacionar com a vida
As principais áreas de atuação do ESG na organização A regeneração vai além da sustentabilidade e do ESG. Ela parte da compreensão de que não basta apenas reduzir impactos ou medir resultados — é preciso restaurar, revitalizar e participar ativamente da cura dos ecossistemas e das relações humanas. O desenvolvimento regenerativo nos convida a cocriar com a natureza, entendendo que tudo está interconectado. Trata-se de um novo paradigma, que propõe desenhar sistemas — como cidades, empresas e comunidades — a partir dos princípios da vida: diversidade, cooperação, interdependência e equilíbrio dinâmico. Enquanto a sustentabilidade procura “fazer menos mal” e o ESG ajuda a mensurar esse esforço, a regeneração nos provoca a ir além, buscando gerar impacto positivo, restaurando a saúde do planeta e das pessoas. Por que devemos ir além da sustentabilidade e buscar a regeneração?
Algumas das dimensões da Regeneração em seu propósito de gerar impacto positivo de forma ampla Compreender os conceitos é um passo importante, mas, diante do cenário atual, também é fundamental refletir: será que apenas “sustentar” é suficiente? Vivemos um momento em que os impactos ambientais, sociais e climáticos já ultrapassaram os limites do que pode ser considerado equilibrado. A ideia de sustentabilidade surgiu em um contexto em que ainda era possível pensar em conter os danos. Hoje, no entanto, as futuras gerações já não terão acesso às mesmas condições ambientais, sociais e econômicas que tivemos. Por isso, é necessário dar um passo adiante: não basta mais sustentar — é preciso regenerar. Foi com essa consciência que fundei o Instituto Regeneração Global e o portal colaborativo de soluções www.Wiki-Solution.org. Acreditamos que as soluções já existem. Estão espalhadas pelo mundo, em diferentes culturas, tecnologias, saberes tradicionais e práticas inovadoras. O que falta é conexão, consciência e ação coordenada. O Instituto nasceu justamente para isso: mapear essas soluções, conectar pessoas, e construir caminhos possíveis para um futuro mais justo e equilibrado — com impactos positivos, e não apenas mitigados. A proposta de regeneração está profundamente conectada com novos modelos de desenvolvimento. Um exemplo é a Economia Donut, da economista Kate Raworth, da Universidade de Oxford. Ela propõe um modelo econômico que respeite os limites planetários e, ao mesmo tempo, garanta as bases sociais mínimas para uma vida digna. Um equilíbrio entre o que é necessário para sustentar a vida e o que é preciso para garantir justiça e bem-estar. É um modelo que se opõe à lógica do crescimento a qualquer custo e coloca o bem comum no centro das decisões — especialmente nas cidades, onde a desigualdade e os impactos ambientais se encontram com mais intensidade. Buscar a regeneração é, portanto, assumir a responsabilidade de participar ativamente da reconstrução dos nossos sistemas. É mudar a pergunta de “como podemos causar menos impacto?” para “como podemos causar mais impacto positivo?”. A boa notícia é que esse caminho não depende apenas de grandes decisões políticas. Ele começa no nível pessoal, nas escolhas do dia a dia, nas práticas de negócios, nos projetos sociais, nos territórios e nas comunidades. Regenerar é possível — e urgente.
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