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Para a ganância, toda a natureza é insuficiente. Sêneca
ISSN 1678-0701 · Volume XXIII, Número 91 · Junho-Agosto/2025
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O Eco das Vozes
03/06/2025 (Nº 91) O JARDIM DAS FADAS E GNOMOS: O LÚDICO E O ENCANTAMENTO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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O JARDIM DAS FADAS E GNOMOS: O LÚDICO E O ENCANTAMENTO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Adriana Backes

Tiago Barbosa Macedo

O Projeto de Educação Ambiental do Parcão1 , o Parque Municipal Henrique Luiz Roessler, de Novo Hamburgo, ocorre desde o início dos anos 2000 com a parceria das Secretaria de Educação (SMED) e do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMMADU). E dentro desse Projeto ocorrem diversas atividades e iniciativas durante o decorrer do ano, com a parceria ou envolvimento das escolas e da comunidade em geral, em especial do entorno do Parcão.

E dentro dessa perspectiva, idealizei e concretizei o projeto de Ação “Pesquisando, cultivando e saboreando flores comestíveis e PANCs no Jardim da Casa da Fada” , contemplando a tarefa de realizar uma prática educativa, por ocasião da minha participação, como discente, no Curso de Formação Continuada em Educação Infantil Ambiental para Justiça Climática: crianças de um território, infâncias de um planeta (imagem1), ofertado pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).

https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2024/outubro/mec-lanca-curso-de-educacao-infantil-ambiental

O projeto foi realizado com as crianças de faixa etária mista, do turno da manhã e da tarde e professoras do MOVE (Programa Movimentos e Vivências na Educação Integral) da EMEB (Escola Municipal de Educação Básica) Marcos Moog, no jardim da “Casa da fada” (casa onde ocorre os serviços Educação Ambiental, Arborização, Fiscalização e Proteção Ambiental do Parcão Ele ocorreu no segundo semestre de 2024.

O Projeto buscou uma abordagem educativa de encantamento e de ludicidade, que visou criar um ambiente de aprendizado mágico e envolvente, onde os alunos se sentissem motivados e inspirados a aprender, numa jornada de descobertas, tornando-a uma experiência prazerosa e significativa:

O lúdico faz parte do universo infantil, qualificando e dando significado aos processos de aprendizagem. Isso não é diferente na educação ambiental, que tem seus objetivos potencializados ao inserir personagens presentes no mundo imaginário e afetivo de crianças de diferentes idades para um acolhimento diante do mundo natural. (BACKES, 2024, p.528)

O lúdico também encontra seu espaço na educação ambiental quando consideramos que:

O lúdico também se origina na capacidade simbólica, na qual as imagens são consideradas fundamentais para instrumentalizar a criança, visando a construção do conhecimento e sua socialização. Contos, lendas e um acervo de brincadeiras constituem, nesse contexto, um rico banco de dados de imagens culturais. Hoje, existe um consenso de que o lúdico é fator determinante na aprendizagem da criança. O ensino, utilizando meios lúdicos, criaria um ambiente gratificante e atraente, servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. Por isso, no universo lúdico, foram criadas as brinquedotecas, os jogos educativos, os brinquedos pedagógicos e outros materiais (MENEZES; SANTOS, 2001, s/p).

E, tanto o personagem da Fada Arco-Íris, como o do Gnomo Folha, serviram para criar:

um elo de ligação afetivo e lúdico, numa rápida conexão através de uma “persona” que povoa o mundo imaginário e afetivo infantil, como um meio para que as crianças tenham uma escuta atenta e afetiva, com acolhimento e desejo de ocupação de um espaço autoral e de protagonismo de um conto de fadas, na vida real, quando se tornam ajudantes da fada. (BACKES, 2024, p.528)

Tendo como mediadores uma educadora ambiental caracterizada como fada (esse é o meu papel) e um convidado voluntário caracterizado como gnomo, (Tiago Barbosa Macedo) a atividade tornou-se mais envolvente, criativa, imaginativa e para as crianças.

[...] os elementais acompanham a história dos seres humanos, surgindo de formas variadas em lendas e tradições no mundo inteiro. Ao contrário do que se pensa, as tradições referentes a esses "espíritos" ligados aos elementos da natureza, não surgiram unicamente entre as populações européias. Povos indígenas de todo o mundo possuem seus próprios "elementais", descrevendo-os de acordo com sua própria cultura, a visão que têm do mundo à sua volta e a forma como se relacionam com ele (SCHOEREDER, 1980).

E por que um jardim? O Jardim da ”Casa da Fada” Arco-Íris (a casa localizada no Parcão e que abriga a Educação, Proteção e Fiscalização Ambiental e Arborização) oportuniza vivências, lúdicas e saborosas, gerando conhecimento e conscientização ambiental, a partir de um cultivo de um jardim das fadas e gnomos com destaque ao cultivo de flores comestíveis e PANCs.



O cultivo de um jardim, ou de uma horta, traz infinitas possibilidades de aprendizagens, através da observação e das lidas com a terra, que é fonte de toda a nossa vida: ciclo da vida, estações do ano, equilíbrio ecológico, bichinhos de jardim, alimentação saudável com alimentos, que as próprias crianças, “os jardineiros” do Jardim da Casa da Fada plantaram, cuidaram e saborearam.

Um pequeno jardim, uma horta, um pedaço de terra, é um microcosmos de todo o mundo natural. Nele encontramos forma de vida, recursos de vida, processos de vida. A partir dele podemos reconceitualizar nosso currículo escolar. Ao construí-lo e cultivá-lo podemos aprender muitas coisas. As crianças encaram como fonte de tantos mistérios! Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra: a vida, a morte, a sobrevivência, os valores da paciência, da perseverança, da criatividade, da adaptação, da transformação, da renovação (Gadotti, 2011, p.78).

Também nesse projeto foi dado destaque para flores comestíveis e PANCs, temas que ainda são inéditos e curiosos para muitos adultos e mais ainda para crianças, que primeiramente aprendem a identificar para depois cultivar e saborear.

A jardinagem contribui para o desenvolvimento da criança em todos os sentidos: com a visão, elas percebem as diferenças de formatos e cores das flores, das folhas, das frutas, com o tato, elas podem sentir as diferentes texturas das plantas, da areia, da terra, dos galhos, do tronco de uma árvore, os sabores das frutas, legumes, verdura e com o olfato, através do perfume, do aroma das flores, folhas e frutas. Os benefícios de um cultivo de um jardim também são terapêuticos, pois a jardinagem tem ao mesmo tempo um efeito motivador e relaxante, sendo contribuição para a saúde mental das crianças.

Em cada encontro foi tratado um tema e uma prática da jardinagem E por fim a valiosa oportunidade e a alegria de fazer um piquenique sob a sombra das árvores ao lado do jardim, onde as crianças fizeram seus sanduichinhos abertos com as flores e PANCs que elas próprias plantaram e cultivaram. A alegria diante do protagonismo, da curiosidade sobre os sabores e texturas, das descobertas feitas, da sensação empolgante que, de fato, elas são capazes, foi contagiante.

REFERÊNCIAS

BACKES, A. Na floresta com a fada arco-íris: sendo, ensinando e aprendendo educação ambiental In : WILLMS, Elni Elisa et al. Sementes da arte-educação-ambiental. Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação, 2024. DOI: https://doi.org/10.11606/9786587047690 Disponível em:

www.livrosabertos.abcd.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/135

BACKES, Adriana; CORNELLIUS, Adriana; VOGEL, Cláudia. Projeto Conexão Parcão: Amigos e Guardiões. Revista Educação Ambiental em Ação, nº 71, 2020. Disponível em: https://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=3945. Acesso em 31 de mai. 2025.

BACKES, Adriana; CORNELLIUS, Adriana; VOGEL, Cláudia. Uma história encantada vicenciada em um passeio da floresta: contemplando a aprendizagem lúdica, identidade afetiva e investigação na Educação Ambiental. Saberes em foco 2.ed. V.2 n.1 (2019). Disponível em: https://www.novohamburgo.rs.gov.br/sites/pmnh/files/secretaria_doc/2019/Artigo%2018%20Uma%20hist%C3%B3ria%20encantada%20vivenciada%20em%20um%20passeio%20na%20floresta%20-%20contemplando%20a%20aprendizagem%20l%C3%BAdica%2C%20identidade%20afetiva%20e%20investiga%C3%A7%C3%A3o%20na%20EA.pdf, Acesso em 31 de mai. 2025.

BACKES, Adriana.; SILVA, Rosemari de Lima. O Movimento Roessler, o Parcão e a Educação Ambiental no Parcão. Disponível em: Movimento Roessler <http://movimentoroessler.org/o-movimento-roessler-o-parcao-e-a-educacao-ambiental-no-parcao/> Acesso em: 27 mai. 2019.

GADOTTI, Moacir. Boniteza do Sonho: Ensinar e aprender com sentido. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2011. Acesso em: 03 jun. 2025. Disponível em https://acervoapi.paulofreire.org/server/api/core/bitstreams/1b5d02e6-595b-465a-bc4b-38678b8b4eff/content

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete lúdico. Dicionário

Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2001. Disponível em <https://www.educabrasil.com.br/ludico/>. Acesso em 15 jul. 2023.

SCHOEREDER, Gilberto. Fadas, duendes e gnomos. O mundo invisível. São Paulo: Hemus, 1980



1 Para saber mais sobre o Projeto de Educação Ambiental do Parcão, veja em Backes, Cornelius e Vogel (2019; 2020)


Ilustrações: Silvana Santos