Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
Início
Cadastre-se!
Procurar
Área de autores
Contato
Apresentação(4)
Normas de Publicação(1)
Podcast(1)
Dicas e Curiosidades(5)
Reflexão(6)
Para Sensibilizar(1)
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(11)
Entrevistas(2)
Divulgação de Eventos(1)
Sugestões bibliográficas(3)
Educação(1)
Você sabia que...(2)
Reportagem(2)
Soluções e Inovações(3)
Educação e temas emergentes(6)
Ações e projetos inspiradores(24)
Cidadania Ambiental(1)
O Eco das Vozes(1)
Do Linear ao Complexo(1)
A Natureza Inspira(1)
Notícias(26)
Relatos de Experiências(1)
Dúvidas(1)
| Números
|
Práticas de Educação Ambiental
GLOSSÁRIO DE TERMOS SOCIOAMBIENTAIS: ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UM CURSO ON-LINE
Valdir Lamim-Guedes Docente responsável Biólogo e Mestre em Ecologia pela Universidade Federal de Ouro Preto Doutorando em Educação pela Universidade de São Paulo Professor do Centro Universitário Senac-Campus Santo Amaro (SãoPaulo-SP) E-mail: dirguedes@yahooo.com.br
Alunos participantes: Andressa de Carvalho Gomes Ferreira; Cisara Ferri Muniz; Daniela Marcia Santin Alencar; Erica Ellen Alfaia Marialva; Gilda Dias Damian; Gustavo Pena Freitas; Luciana de Moraes Costa; Maria Aparecida Ferreira Cardoso de Jesus; Rosemeire dos Santos Araujo da Cunha.
Resumo: A temática socioambiental tem vários conceitos, próprios ou adotados de outras áreas, sendo que é importante conhecermos suas definições, tanto para um uso adequado desta, como para integrar processos formativos. Assim, ouso de glossários pode ser uma ação educativa interessante. Alternativamente, a construção de um glossáriopode ser uma ação educativa muito rica e interativa. Neste sentido, em ações de Educação a Distância (EaD) ou semipresencial, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) dispõem de ferramentas para a construção coletiva de glossários. Neste texto apresentamos a construção colaborativa de um glossário de termos socioambientais desenvolvida em um curso de pós-graduação em educação ambiental.Palavras-chave: Educação Ambiental; Formação Continuada; Conceitos; Educação a Distância; Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
IntroduçãoAtividades de formação continuada de professores, assim como de educadores ambientais (professores ou não), que buscam no trabalho coletivo a troca de experiência e seus saberes envolvidos permitem uma visão mais complexa da realidade. Neste sentido, tanto em ações presenciais, como Cachapuzet al. (2011) descreve, como em ações on-line, como as relacionadas ao curso Escolas Sustentáveis e Com-Vida,oferecido por iniciativa do MEC e de universidades federais(SOUZA; SATO; PALMA, 2011; LAMIM-GUEDES, 2015), têm obtido resultados positivos, demonstrando a relevância de tais iniciativas. Desta forma, muitos programas de formação inicial e continuada buscam favorecer a troca de vivências e de informações entre os participantes, de forma que os docentes possam replicar tais ações, com adaptações para a realidade de cada um. A partir deste cenário, neste texto apresentamos uma prática de construção colaborativa de um glossário de termos socioambientais desenvolvida em um curso de pós-graduação em educação ambiental. Lamim-Guedes e Quitério (2013, s.p.), sugerem o uso de glossário em ações educativas envolvendo os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Segundo estes autores, “em se tratando de tema com vários termos técnicos, é muito importante fornecer aos alunos definições claras. O estudo de um glossário pode ser uma ação educativa interessante”. Neste sentido, temos glossário de termos socioambientais que podem ser usados em ações como estas, por exemplo, Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente (IBGE, 2004) e o Glossário de Termos Usados em Atividades Agropecuárias, Florestais e Ciências Ambientais (ORMOND, 2006) e um glossário do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2016). Alternativamente a consulta de glossários, podemos construir coletivamente um objeto como este, sendo uma ação educativa muito rica e interativa. Neste sentido, em ações de Educação a Distância (EaD) ou semipresencial, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) dispõem de ferramentas para a construção coletiva de glossários. Mattar (2012) cita diferentes glossário disponíveis emAVAs construídos usando o Moodle(Software livre e gratuito para o desenvolvimento e hospedagem de AVAs mais utilizado no Brasil). O Moodle dispõe de vários tipos de glossários, por exemplo, o completo com autor, no qual se “visualiza os itens com o mesmo formato de um fórum, incluindo os dados do autor, a data e horário de última atualização; os anexos são mostrados como links” (MATTAR, 2012, p. 124) e o modelo mais simples, o Dicionário Simples, que é “um dicionário convencional com os itens separados; os autores, a data e o horário da última atualização não são indicados, e os anexos são mostrados como links” (p. 124).
Entre outras opções, é ainda possível definir se a atividade no glossário será avaliada ou não, e no caso de ser avaliada, se apenas pelo professor o também pelos alunos. Criado o glossário, é possível então inserir os verbetes com bastante facilidade. O glossário é uma atividade muito bem desenhada para o Moodle, que procuro sempre utilizar com meus alunos, em geral com muito sucesso (MATTAR, 2012, p. 124).
O AVA locado da empresa Blackboard (software pago de desenvolvimento e hospedagem de AVAs), na versão que usamos na atividade descrita aqui, tem apenas uma opção de glossário, que é criado pelo docente e apenas este pode adicionar termos. Isto significa uma ferramenta mais limitada em termos educacionais que a disponível no Moodle, apesar disto, encontramos uma alternativa para permitir a interação e construção coletiva do glossário (descrita no item metodologia). Neste texto apresentamos uma prática desenvolvida com alunos de uma pós-graduação em educação ambiental na qual desenvolvemos colaborativamente um glossário de termos socioambientais. O nosso objetivo foi de reunir termos e definições pertinentes à temática do curso, além disto, também foi de ser um exercício para os alunos de escolha de fonte, julgamento de confiabilidade das informações (qualidade da fonte), o compartilhamento de diferentes visões sobre a temática socioambiental e por ser uma atividade coletiva que permite uma maior interatividade e, consequentemente, a proximidade entre os alunos, que encontram-se no início do curso.
MetodologiaA construção colaborativa (coletiva) de um glossário de termos socioambientais foi realizada em setembro de 2016 com alunos da Pós-graduação em Educação Ambiental para Sustentabilidade do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro (São Paulo-SP). O perfil dos alunos é de professores e profissionais de outras áreas, como funcionários públicos, terceiro setor e área ambiental (como consultoria) que buscam uma formação continuada em educação ambiental na modalidade EaD. A relação dos alunos com a temática socioambiental e com a educação ambiental é bastante variado, indo desde pessoas sem relação direta, até aquelas que trabalham diariamente, seja em escolas ou em outras instituições. A maioria dos alunos residem no Estado de São Paulo, no entanto, temos participantes do país todo. Esta atividade foi dividida entre dois ambientes dentro do AVA do curso. Foi habilitada a ferramenta do Blackboard. Esta ferramenta, na versão do software que usamos, tem apenas uma opção de glossário, que é criado pelo docente e apenas este pode adicionar termos. Desta forma, criamos um tópico para discussão (fórum) para que os alunos postassem os termos que queriam adicionar ao glossário. O enunciado da atividade era o seguinte:
Prezados(as) alunos(as), Percebi que não tínhamos nenhum glossário que seja um produto de alunos do curso. Assim, proponho que construamos um glossário colaborativo. Este processo terá duas fases: 1ª. a participação neste tópico, onde vocês postaram definições de termos pertinentes ao nosso curso e a fonte desta definição (obrigatoriamente a referência da fonte, e se possível, a página da mesma onde está a definição); 2ª. os termos indicados por vocês serão adicionados à ferramenta “glossário”, que fica no menu lateral da disciplina. Abraço
A partir das participações dos alunos no fórum, foram organizados os termos selecionados em um arquivo de texto (Microsoft Word: .doc), com o termo entre aspas, seguindo por vírgula e a, seguir, a descrição entre aspas: “termo”,“explicação”; com cada termo em uma linha. Por exemplo, “Meio ambiente”,“Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (BRASIL, 1981, art.3º)” (BLACKBOARD, 2016). Este formato permite que as atualizações sejam adicionadas a este arquivo e importadas para o glossário. Desta forma, foram realizadasalgumas atualizações do glossário durante a atividade de forma que as contribuições dos alunos foram adicionadas aos poucos, refletindo a dinâmica das postagens destes.
ResultadosA turma em que foi realizada esta atividade é composta por 41 alunos ingressantes na pós-graduação, sendo que destes, nove participaram do fórum trazendo termos e definições. A participação dos alunos no fórum foi mediada pelo professor responsável pela disciplina. Além disto, o professor fez uma seleção do termos e definições apresentadas pelos alunos, conforme a confiabilidade da fonte (se era um livro, artigo ou documento oficial, como uma lei), indicação da fonte e se estão corretos.
Figura 1: visãode parte do glossário de termos socioambientais construído colaborativamente. Fonte: autores. Neste sentido, um participante compartilhou o termo “Efeito Estufa” e a seguinte definição “o aquecimento do clima da Terra devido ao aumento da concentração do dióxido de carbono e de certos outros poluentes atmosféricos”. Esta definição não condiz com outras definições deste fenômeno, sendo na verdade uma explicação para o aumento do efeito estufa, desta forma, este termo e a explicação não foram adicionados ao glossário. Alguns participantes indicaram trechos de artigos que faziam referência a outro documento, por exemplo, uma definição de educação ambiental em um artigo fazia referência ao Congresso de Belgrado (1975), neste caso, buscamos a definição dada pela fonte original, isto é a Declaração deste evento. Ao fim deste processo de mediação, foram adicionados 16 termos ao glossário das áreas ambiental e de educação ambiental, que apresentamos a seguir:
Glossário de termos socioambientais
Considerações finais:A versão do glossário apresentada neste texto será utilizada em outros ambientes do curso para construção colaborativa constante deste, de forma a ser ampliado e aprimorado.É interessante notar que o produto – o glossário em si – é importante para os alunos, tanto para consulta, como para conhecimento dos termos listados. Além disto, ele permite a aprendizagem baseada na interação, o que enriquece este processo e fortalece o sentimento de rede que buscamos desenvolver nas ações de EA, como na EaD. ReferênciasACSELRAD, H.; MELLO, C. C. A.; BEZERRA, G. N. O Que é Justiça Ambiental? Rio de Janeiro: Garamond, 2009. BLACKBOARD. Criar um glossário. Ajuda da Blackboard. 2016. Disponível em <https://pt-br.help.blackboard.com/Learn/9.1_2014_04/Instructor/090_Course_Content/060_Glossary>. Acesso em 5.set.2016. BRASIL. Lei Federal 9795/99 (Política Nacional de Educação Ambiental). 1999. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm>. Acesso em 5.set.2016. BRASIL. Lei Federal n° 9985 de 18 de Julho de 2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC). 2000. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=322>. Acesso em 5.set.2016. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 agosto d 1981 (Política Nacional do Meio Ambiente). 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 25 ago. 2016. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. A Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2000. Disponível em <http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_dpg/_arquivos/cdbport.pdf>. Acesso em 5.set.2016. CACHAPUZ, A.; GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A. M. P. de; PRAIA, J.; VILCHES, A. A Necessária Renovação do Ensino das Ciências. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2011. CMMD (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO). Nosso futuro comum (Relatório Brundtland). 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991. COMITÊ NACIONAL DE ORGANIZAÇÃO RIO+20. Desenvolvimento sustentável. Rio+20. 2011. Disponível em <http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20/desenvolvimento-sustentavel.html>. Acesso em 5.set.2016. CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Resolução n.º 001/86. 1986. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> Acesso em 01 set 2016 IBGE. Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Compensação Ambiental. 2016. Disponível em <http://www.icmbio.gov.br/portal/compensacaoambiental>. Acesso em 5.set.2016. LAMIM-GUEDES, V. Pegada ecológica como recurso didático em atividades de educação ambiental on-line. Educação Unisinos (Online), v. 19, p. 283-289, 2015. Disponível em <http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/edu.2015.192.12>. Acesso em 01.set.2016. LAMIM-GUEDES, V.; QUITÉRIO, J. Organismos Geneticamente Modificados e educação ambiental: entre polêmicas e o fazer ciência. Educação Ambiental em Ação, n. 46, 2013. Disponível em <http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1638>. Acesso em 5.set.2016. LANNA, A. Ed. L. Gerenciamento de Bacia Hidrográfica: aspectos conceituais e metodológicos. Brasília: IBAMA, 1995. MATTAR. J. Tutoria e Interação em Educação a Distância. São Paulo: Cengage Learning, 2012. MMA (Ministério do Meio Ambiente). Glossário. 2016. Disponível em <http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/glossario>. Acesso em 01.set.2016. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO). Carta de Belgrado: Uma estrutura global para a educação ambiental. 1975. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/pdfs/crt_belgrado.pdf>. Acesso em 5.set.2016. ORMOND, J. G. P. Glossário de Termos Usados em Atividades Agropecuárias, Florestais e Ciências Ambientais. 3 ed. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), 2006. RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. SOUZA, A. S. de; OLIVEIRA, T. P. O racismo ambiental na Ilha do Cururupeba. 2011. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/26464-26466-1-PB.pdf>. Acesso em 01 set 2016. SOUZA, G. V. de; SATO, M.; PALMA, S. Escolas Sustentáveis e Com-Vida em Mato Grosso: processo formativo em educação ambiental (caderno de experiências). Cuiabá, EdUFMT, 2011. WWF BRASIL. Pegada Ecológica? O que é isso?. 2016. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/o_que_e_pegada_ecologica/>. Acesso em: 25 ago. 2016. |