|  | Nós nunca sabemos o valor da água até que o poço esteja seco. (Thomas Fuller) ISSN 1678-0701 · Volume XIX, Número 74 · Março-Maio/2021  Início  Cadastre-se!  Procurar  Área de autores  Contato
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 A FORÇA DAS ÁGUAS Cláudio Loes 
 
 Nasci numa gota Que se juntou a tantas outras Até formamos um pequeno corpo 
 Fomos escorregando pela pedra Não foram poucas as dificuldades Os arranhões, as quedas, Às vezes, ganhando velocidade E em outras quase parando 
 Uma criança veio brincar à margem Gostava da água empoçada na estrada Hoje ela preferiu vir aqui na sanga Nós a convidamos para continuar Seguir conosco adiante 
 Ela não entendeu Mas foi correndo Acompanhar uma folha que boiava Um pouco adiante 
 Nossa viagem ficou lenta Caímos num lago Sem muita opção Ficamos ali represadas 
 Conseguíamos ver lá longe A criança da folha crescendo Tornando-se um jovem Jogando bola no pasto com seus amigos Depois já não vinha muito O que aconteceu? 
 Passaram-se muitos anos Ele voltou bem diferente Quase não o reconhecemos Estava bem mais alto 
 E veio para a beira do lago Disse que não nos esquecera E que nos daria a liberdade 
 Ele compreendera Que viver é ser livre Livre para amar e sonhar Para chegar ao seu destino Ser o que se é 
 No dia seguinte Máquinas começaram a trabalhar Movendo as margens do outro lado Aos poucos sentimos algo novo 
 Esquecemos durante esses anos Como era se movimentar de verdade Agora livres Corríamos cada vez mais 
 Encontramos outras águas Agora éramos parte de um grande rio Demos adeus à nossa criança da folha Já não tão criança E seguimos em busca do mar 
 A viagem não foi nada fácil Às vezes, ficávamos muito poluídas Parecia ser a morte certa Aí as árvores com suas raízes ajudavam Nos limpavam de alto a baixo E novamente transparentes e brilhantes Seguíamos em frente 
 Enfim, chegamos à foz do rio No grande mar Uma quantidade imensa de água Que se move o tempo todo 
 Aqui não corríamos mais numa direção Era um ir e vir Com finais de tarde deslumbrantes 
 Sem esquecer aquele sol maravilhoso Que aparecia todas as manhãs Brincávamos na praia Fazendo espuma e nosso som ia longe 
 Numa manhã ensolarada Vimos uma criança correndo E um adulto lá longe Chegamos mais perto Com nosso ir e vir 
 Reconhecemos o adulto Era a criança da folha que nos libertou no lago Ela já não nos reconheceu Mas a criança da praia chegou perto de nós Molhou seus pés bem devagarinho 
 Ela disse que tinha um segredo para contar Aí ficamos ouvindo sem nada dizer Ela então disse que seu pai tinha dito Que gostava muito das águas E que brincar com elas Foi o que fez de melhor em toda sua vida 
 Cláudio Loes nasceu em 1959, em Blumenau (SC), residindo atualmente em Francisco Beltrão (PR). É filósofo, engenheiro elétrico, especialista em Educação Ambiental, escritor, poeta e articulista. Membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão, Associado Correspondente da Academia Paranaense da Poesia e associado do Centro de Letras do Paraná. Desenvolveu e coordena o projeto Aqui Livros para incentivar a leitura pela socialização e circulação dos livros. http://www.claudioloes.ecophysis.com.br/. 
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