O conhecimento liberta, a ciência ilumina, informação salva vidas! – André Trigueiro
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 87 · Junho-Agosto/2024
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Ações e projetos inspiradores
06/09/2023 (Nº 84) ATIVIDADES DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE FAUNA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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ATIVIDADES DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE FAUNA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Definir o público e o que se quer atingir é fundamental para o sucesso da proposta.

Suzana Padua

06 DE SETEMBRO DE 2023

O primeiro passo para se propor atividades de sensibilização em educação ambiental é averiguar para qual público que se dirigem. Serão crianças ou adultos? Qual a média do grau de instrução? Quais os traços culturais e religiosos? Esses e outros aspectos semelhantes devem determinar o conteúdo das abordagens para que tenham ressonância com a audiência e assim produzam os efeitos desejados: despertar curiosidade, interesse pela conservação da fauna ou natureza em geral e vontade de agir em prol de sua defesa.

Outro aspecto importante é definir o que se quer com a atividade? Se for uma região que sofre impactos humanos sobre a natureza, quais os pontos a serem destacados? Será sensibilização para reduzir caça, desmatamento e perda de hábitats, assoreamento de um rio, uso excessivo de agrotóxicos? Nesse sentido, outra pergunta relevante é: quem está causando os problemas?

Se forem adultos (às vezes podem ser os pais das crianças a quem se dirigem as atividades, empregados em fazendas produtoras de alguma cultura que use químicos em seus plantios, por exemplo), o que precisa ser levado em conta para se evitar expor pontos de conflitos familiares.

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SAIBA COMO

Caso o foco sejam animais em extinção, é interessante refletir sobre o que causou terem chegado a essa condição? Como foi a ocupação da terra? Quais os processos históricos da região que levaram ao empobrecimento da natureza? O que pode ser feito para recuperar o hábitat dessas espécies?

A seguir compartilho algumas atividades que têm se mostrado eficientes com públicos diferentes.

Atividades de sensibilização para crianças

Elaboração de máscaras que retratam animais selvagens
Essa é uma atividade divertida que oferece a chance de compartilhar características específicas dos animais retratados. Por exemplo, se a máscara for de um pássaro, é possível descrever características de seus bicos ou de suas penas ou patas, ou quais as especificidades que o permite voar?

Se for uma espécie encontrada na região, importante saber como vive e quais as suas necessidades alimentares, como se abriga, quais perigos de predação? Como está seu status de conservação, se ainda abundante ou em perigo de extinção, e por quê?

Desenhos

Desenhos são sempre interessantes, especialmente se solicitados juntamente com histórias ou pesquisas, o que vai depender do nível educacional dos participantes. Arte, em geral, é uma forma de sensibilizar, pois exige mais do lado sensível e não apenas do racional de quem a produz. A criatividade ajuda a aguçar as sensações e os valores atribuídos à natureza.

No caso de crianças mais velhas, pode-se propor que façam pesquisas e tragam informações sobre o que conseguiram apurar para ser compartilhado. Se as crianças forem menores, caberá ao instrutor trazer histórias que ilustrem o que se passa com os animais retratados.

Peças de teatro

Com base nas informações similares às coletadas para a atividade anterior será possível montar uma peça de teatro. Para tal, é necessário que se crie um roteiro com momentos de suspense, fatos engraçados e “pegadinhas”. Ter uma criança como protagonista, sendo herói/heroína que salva um animal de algum perigo pode ser uma ideia interessante, assim como as formas que enfrenta percalços e alguns perigos no decorrer da história. Sua alegria em ser vitorioso(a) ajuda a contagiar a plateia, a sensibilizando para a importância de cada um se envolver em causas conservacionistas.

Atividade de sensibilização para adultos

Simulação
Essa é uma atividade poderosa para mobilizar adultos. Crie uma história com personagens como, por exemplo, caçadores que mataram um veado campeiro (crime de acordo com a legislação brasileira). Os caçadores foram pegos por guardas florestais, já que a infração foi dentro de uma unidade de conservação. A caça seria vendida a políticos ou pessoas poderosas da região, que a encomendaram para fazerem um churrasco comemorativo. Daí aparecem conservacionistas, gente que defende os caçadores e outros grupos relacionados à história.

Prepare envelopes com os papéis que cada grupo terá que assumir, como caçadores, políticos, conservacionistas, guarda parques, e quantos mais acharem necessários. Cada grupo de participantes fica com um envelope, sem saber que papel terá que assumir.

Dê entre cinco a dez minutos para os grupos se preparem com argumentos e faça um júri popular, ouvindo os diferentes atores. Peça que sejam criativos na forma de defenderem seus pontos de vista. O juiz e advogados de defesa e acusação poderão ser pessoas de fora dos grupos, convidados a assumirem esses papéis.

Essa atividade tem sido um sucesso em cursos que ministro em educação ambiental. Interessante perceber como alguns jamais pensaram em argumentos que defendem posições contrárias às suas e como será importante promover maior proteção aos animais e seus hábitats com base na complexidade que vivenciaram nessa atividade.

As histórias podem ser inventadas e ajustadas para as diferentes realidades e necessidades regionais. Crie seus próprios roteiros com os devidos detalhes que fazem sentido no contexto em que são praticadas. É divertido e envolvente.

Atividades lúdicas ajudam as pessoas a se envolverem em temas relacionados à conservação. Todos gostam de brincar, sejam crianças, sejam adultos. Diversão pode ser uma estratégia eficaz de envolvimento e sensibilização de participantes em temas diversos ligados a riscos ou oportunidades de se melhorar as condições de conservar animais e natureza como um todo. Assim, é mais fácil atrair a participação das pessoas e, de forma leve, as envolver em questões complexas que levem a mudanças concretas.

Sobre o autor / Suzana Padua

Doutora em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília e mestra em educação ambiental pela Universidade da Flórida (EUA). Atua em educação ambiental desde 1988, quando criou um programa no Pontal do Paranapanema (SP) ligado a áreas naturais, espécies ameaçadas e envolvimento das comunidades locais. Realiza pesquisas em educação ambiental e publicou inúmeros trabalhos no Brasil […]

Fonte: https://bitlybr.com/GBIvS

Ilustrações: Silvana Santos