Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
11/09/2016 (Nº 57) UMA ABORDAGEM EM CAMPO SOBRE EVOLUÇÃO NO MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DO RIO DE JANEIRO - RJ
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A Evolução e seu entendimento no mundo “real”

UMA ABORDAGEM EM CAMPO SOBRE EVOLUÇÃO NO MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DO RIO DE JANEIRO - RJ.

 

                                                                                               Fernanda Oliveira de Carvalho¹

Michelle Menezes Soares Gonçalves¹

Samantha Vieira Rodrigues de Araújo¹

Sonia Cristina de Souza Pantoja Pantoja2

¹ Graduando de Ciências Biológicas na Instituição Universidade Castelo Branco. Rio de Janeiro –UCB. E-mail: Fernanda.oc@live.com, menezesbio.veg@gmail.com, svraraujo@gmail.com

2(MSc UFRJ) Prof assistente/pesquisador Universidade Castelo Branco , Centro de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente– RJ.

 

Resumo

 

O termo “evolução” refere-se à teoria da evolução biológica, que é o conjunto de transformações adaptativas que ocorrem ao longo do tempo nos seres vivos. Apesar de ter sido sugerida no século XVIII, como a nova possibilidade da palavra evolução, a teoria concretizou-se somente com a publicação do livro “Origem das Espécies”, em 1859, do autor Charles Robert Darwin, onde apresenta a Teoria da Seleção Natural, que aborda a descendência das espécies, com modificações, de ancestrais comuns; os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados. Nos últimos cem anos, a teoria da evolução das espécies foi confirmada pelo avanço da genética, levando os cientistas a acreditarem na diversidade biológica, principalmente por mutações em organismos primitivos e recombinações. Objetivou-se investigar o conhecimento dos entrevistados sobre evolução e suas aplicações. Foram aplicados questionários com interrogações relativas ao tema. Os resultados foram contabilizados e observou-se o conhecimento, as opiniões e as curiosidades. A evolução popularmente não é um assunto difundido e até nas escolas é pouco abordado.O presente estudo descreve os resultados obtidos em um levantamento realizado com 50 pessoas, nas redondezas do Museu Nacional – Quinta da Boa Vista.

 


Palavra-chave: Evolução. Educação. Museu Nacional.

 

Abstract

 

      The term “evolution” refers to the biology evolution theory, that is the amount of adapting transformations which occurs on living beings during time. Despite of being suggested in 1800’s as a new possibility to the term, this possibility became concrete on the book “Origin of the species” in 1859, form Charles Robert Darwin. This book present the natural selection theory that runs species ancestry modified from its ancestral; the best adapted organisms have greater chances to survive. In the last century, this theory was confirmed by genetics, leading scientists to believe in biological diversity, mainly because by primitive organism mutation.

      This study describes results gained with 50 people around the National Museum, at Quinta da Boa Vista.

      The object was to research about their knowledge about evolution and its appliance. Forms with questions around the theme were applied. The results were put in to data and put in observation. Evolution is not a spread theme, even in school it’s not well used.

 

Key Words: Evolution. Education. Museu Nacional de História.

 

 

Introdução

 

Inicialmente, o termo “evolução” foi concebido no ano de 1744 pelo alemão e biológo Albrecht Von Haller, para descrever a teoria do desenvolvimento de embriões surgindo a partir de homúnculos contidos no óvulo ou no esperma humano. Albrecht Von Haller escolheu o termo criteriosamente, pois o termo latino “evolvere” significa desenrolar (Gould, 1987 p. 26).

Há indícios que Charles Darwin, inicialmente, não se satisfez com a nomenclatura e preferindo a sua expressão: “descendência com modificação” (Gould, 1987 p. 29).

O termo foi descrito por Darwin como “transmutação”, em seguida como “descendência com modificação” e Lamarck utilizou os termos como “progressão” e “aperfeiçoamento” (Martins, 1997: 34).

Jean Baptiste Lamarck (1744-1829), naturalista francês, realizou suas pesquisas em um contexto político e social extremamente turbulento e revolucionário pois, perpassou pela Revolução Francesa e da independência das colônias inglesas norte-americanas e ainda do Bolivarismo sul-americano e republicanismo da Inconfidência Mineira no Brasil, além do Iluminismo que gera um despertar técnico-científico da luz do conhecimento em meio as trevas ignorância. Esse panorama de instabilidade e renovação social e de conceitos políticos favoreceu a um “criticismo” segundo Almeida e Falcão (2005), que favoreceu a elaboração de suas teorias.

            Com a criação do Museu Nacional de História francês, em 1793, Lamarck se torna titular da cadeira dos animais sem vértebras, mudando seu foco de estudo da botânica, do qual já havia escrito vários trabalhos e livros, para a zoologia e segundo Conry (1994), isso influenciou muito o desenvolvimento de sua pesquisa.

O trabalho de Lamarck é considerado pelos historiadores de Biologia como a primeira tentativa de elucidar sistematicamente a evolução dos seres vivos. O objetivo principal desse pesquisador era gerar um equilíbrio entre o que ele acreditava (Deísmo) – crença na geração do universo por um ser superior – e o que ele constatava através da Paleontologia da extinção dos seres vivos. Para solucionar essa dicotomia um fundamento de sua pesquisa para a formação de suas duas teorias seria segundo MAYR:

 

Transformação dos seres vivos: a organização progressivamente complexa dos seres vivos e a sua capacidade de reação às mudanças ambientais (MAYR, 1998: 396).

Segundo Oleques; Santos; Boer, (2011), a primeira teoria de Lamarck designava existir uma lei natural em que não haveria grandes explicações, existindo um potencial inato da vida. Já a segunda teoria havia uma necessidade de se traduzir as maneiras de adaptação dos seres vivos no decorrer do tempo. O ambiente impunha uma necessidade de alteração e consequências sobre o organismo que se adaptavam aquelas novas condições.

 

Lamarck contribuiu ao desenvolvimento de teorias posteriores (inclusive a teoria de Darwin) e principalmente se consideramos o contexto científico em que Lamarck elaborou e descreveu suas pesquisas.

Charles Robert Darwin (1809-1882), naturalista Inglês, desenvolveu grandes obras, a mais divulgada é a Origem das espécies. A evolução das espécies através do conceito da seleção natural era o que propunha a sua teoria, negando que as espécies foram criadas por um poder divino, como se acreditou por bastante tempo. As teorias propostas anteriormente que foram utilizadas de suporte para desenvolver a teoria de Darwin, foram: a ação do meio ambiente como fator das variações, a lei do uso e do desuso dos órgãos ou parte que agiria sem levar em consideração a seleção natural e, a hereditariedade dos caracteres adquiridos.Na teoria de Darwin, a seleção Natural é o principal conceito dessa teoria em que as características mais fortes eram selecionadas e de acordo com Oleques; Santos; Boer, (2011), a sobrevivência estava atrelada a presença dessas características que tornariam o ser vivo mais resistente ou forte podendo posteriormente transmitir aos seus descendentes essas características.

O estudo objetivou a pesquisa aos visitantes do Museu da História Natural quanto ao conhecimento, familiaridade e credibilidade ao conceito de Evolução dos Seres Vivos. O trabalho foi desenvolvido no Museu, pois além de ser um local de referência, se acreditava que um maior número de pessoas poderiam responder aos questionamentos das pesquisadoras.

O Museu de História Nacional, durante o Brasil Império (1822-1889), foi utilizado como a residência da família real. O Museu Nacional foi fundado pelo presidente Epitácio Pessoa através do decreto número 15.596 de 02 de agosto de 1922 e possui um grande acervo como: diversos fósseis, esqueletos de dinossauros, múmias egípcias, meteoritos além de objetos das civilizações primitivas, é o que podemos observar segundo DUMANS:

   A criação do Museu Histórico Nacional pelo presidente Epitácio Pessoa foi simples ato material. O ilustre homem de estado recebeu a inspiração dessa criação daquele mesmo que convidou pra dirigi-la, o Dr. Gustavo Barroso. A este pertence, na verdade a ideia da fundação dum Museu Histórico no nosso país, destinado a guardar e expor relíquias do nosso passado, cultuando lembranças dos nossos grandes feitos e dos nossos grandes homens. (DUMANS,1945: 384)

O levantamento de dados no Museu foi feito através de aplicação de questionário para obtenção dos dados descritos no presente trabalho.

 O perfil do entrevistado, se tratava na maioria de entrevistados com o nível de escolaridade de ensino médio e superior, do sexo feminino e com idades variando entre doze e sessenta e um anos.

Considerando o possível contato relatado pelos entrevistados, em relação aos conceitos das teorias de Darwin e Lamarck, acreditava-se que o nível de escolaridade aliado a referência positiva de ciência do assunto em algum momento da vida escolar e acadêmica seria o indicativo da clareza e conceituação correta das teorias desses estudiosos.

 

Material e Métodos

Para a pesquisa acerca dos conhecimentos sobre evolução foi elaborado questionário com doze questões, com perguntas referentes à formação, opinião e ao conhecimento dos participantes sobre o tema. Questões estas que continham informações gerais como: idade, sexo, escolaridade, se os entrevistados haviam estudado sobre evolução e sobre as teorias evolutivas (Lamarckismo e Neodarwinismo) e se conheciam os autores destas teorias (escolhendo a teoria correspondente ao nome).

Foi levantado também se os mesmos acreditavam na evolução, em sua importância como componente da grade curricular e se acreditavam que com os avanços técnicos científicos seria possível desvendar a origem da vida e seus mecanismos evolutivos.

 Além de questioná-los para verificação de sua posição quanto à evolução (“lamarckismo” ou “darwinismo”), sugerindo que sinalizassem que palavra remetia-os a este conceito (alteração ou adaptação) e definissem se, em seus conhecimentos, o urso polar era branco por viver na neve, ou que vivia na neve por ser branco, para avaliarmos se, perguntados de forma subjetiva, demonstrariam seu conhecimento.

Estes questionários foram aplicados à cinquenta pessoas nas imediações do Museu Nacional – UFRJ situado na Quinta da Boa Vista – São Cristóvão – Rio de janeiro –RJ, no dia 21 de maio de 2016, entre às 09:30h e 11:30h.

A abordagem ocorreu de forma aleatória a pessoas que caminhavam nas redondezas do Museu, sejam as que entravam ou saíam destes. A pesquisa ocorreu em um sábado, dia com previsão de maior movimentação. Neste mesmo dia, ocorriam eventos e exposições com palestras no interior do Museu e saídas de ônibus com visitantes para exposição em outros locais.

      Após pesquisa de campo, foi realizada pesquisa bibliográfica de trabalhos científicos, levantamento de dados e contabilização dos questionários aplicados e confecção de gráficos no programa Excel.

     

 

 

Resultados e Discussão

 

Ao analisar os dados obtidos, percebeu-se que a maioria dos entrevistados era do sexo feminino (66%), com faixa etária entre 12 a 61 anos e com escolaridade variável, sendo 40% com ensino médio completo e ensino superior, formados no curso de graduação como Direito e Administração, não sendo relatada formação científica em área semelhante a do presente trabalho, nível fundamental 8% e pós graduação 12%. Os que disseram possuir ensino médio não eram recém formados. Logo, haviam estudado sobre evolução há um tempo considerável sem possuir pesquisa recente e/ou conhecimento atualmente aprendido.

Quando questionados sobre a aprendizagem de teorias evolutivas em sua vida acadêmica e/ou escolar, não houve diferença discrepante quanto ao conhecimento das teorias perguntadas. Todavia, 15% dos entrevistados relataram não ter conhecimento sobre Neodarwinismo ou Lamarckismo durante sua jornada escolar (figura 1). Dado preocupante quanto à formação básica destes indivíduos, ao pensamento crítico e ciência dos processos evolutivos e a inserção dos seres vivos – e até mesmo de nossa espécie. Alguns dos entrevistados demonstraram familiaridade e facilidade com a nomenclatura, indicando lembrança, mesmo que vaga, do aprendizado em sala de aula.

 

 

Figura 1: Representação dos entrevistados que estudaram sobre as teorias evolutivas.

 

 

            Em relação aos autores das teorias, dentre o total dos questionários, 54% informaram nunca ter ouvido falar de Lamarck e 24% não tinham ideia de quem haveria sido Darwin, sendo este um dado paradoxal considerando-se que apenas 9 dos 50 entrevistados haviam negado o estudo das teorias (figura 2 e 3).

 

 

Figura 2: Colaboradores perguntados se conheciam Lamarck e dadas as opções de teorias para relacioná-las.

 

 

 

 

 

Figura3: Resultado percentual sobre os que conheciam Charles Darwin e sua teoria evolutiva.

 

Esta informação demonstra que embora as teorias sejam familiares aos colaboradores, o conceito e os autores das mesmas ainda não foram consolidados e a associação de teoria-autor ainda necessita ser desenvolvida em classe onde deveria haver o aprendizado.

A maioria dos entrevistados associou à Teoria de Seleção Natural aos dois autores. Fato este que indica uma maior disseminação desta teoria na construção do saber evolutivo. Embora as alternativas tenham gerado dúvida e tenham relacionado a seleção natural à Lamarck, 60% dos entrevistados respondeu corretamente quanto à Darwin, apresentando uma maior certeza sobre este autor que os demais. Haja vista que apenas 24% marcam corretamente a Lei do Uso e Desuso relacionada à Lamarck.

Mesmo havendo a possibilidade de as opções de respostas trazerem à memória o conhecimento anterior, muitos demonstraram não somente dúvidas, mas desconhecimento das expressões nas opções de resposta. Havendo reações adversas no momento, como curiosidade sobre as teorias relacionadas como alternativa e indagações posteriores sobre a definição das mesmas.

            Após avaliar o conhecimento básico dos entrevistados, foi indagado que palavra remetia-os à evolução: alteração ou adaptação. Neste momento, mesmo havendo grande parte dos colaboradores demonstrando prévio e geral conhecimento sobre as teorias, 74% afirmaram que o termo “adaptação” os remete à evolução, demonstrando que embora a maioria tenha respondido afirmativamente quanto à apresentação das teorias, grande parte do grupo ainda possuía o processo evolutivo relacionado diretamente à necessidade de sobrevivência dos seres vivos (figura 4).

 

 

Figura 4 –Representação sobre a definição de Evolução segundo os entrevistados.

 

Os entrevistados que responderam “adaptação” o fizeram demonstrando certeza e clareza no momento do questionamento. Estando apenas 26% cientes de evolução como mutação, alteração de características. Foi notado que dentre os que responderam corretamente havia pessoas com formação recente (seja ensino médio ou fundamental).

Conforme Oleques; Santos; Boer, (2011), em seu trabalho realizado com vinte professores de Biologia do ensino médio, a associação de adaptação à evolução ocorreu em cinco docentes, ou seja, 25% dos entrevistados. Este dado informa a possibilidade de propagação deste equívoco conceitual dos professores aos alunos.Na presente pesquisa o número de associações semelhantes foi elevado quando comparados ao outro. Embora neste caso sejam entrevistados de áreas diferentes, havia pessoas com nível superior e recente formação.

Através desta questão, foi avaliada de modo implícito, a aplicação do aprendizado em evolução dos colaboradores, a fim de descobrir o quão “lamarckistas” ou “darwinistas” estes eram. Mas ainda havia um questionamento a ser feito para esclarecimento pleno, seria o item que os indagava sobre urso polar ser branco por viver na neve ou viver na neve por ser branco.

Neste item 60% dos colaboradores afirmaram que o mais provável era o urso polar ser branco por viver na neve, apresentando desta forma a ideia de as mutações serem condicionadas ao habitat e não considerando os fatores envolvidos na seleção natural e ao Neodarwinismo (figura 5).

Segundo Oleques; Santos; Boer, (2011), a função adaptativa foi relatada por 100% dos docentes entrevistados, sugerindo que esta alteração ocorreria para atenção às necessidades surgidas ao longo da vida dos seres vivos. Ratificando, em ambos os trabalhos, o pensamento de evolução condicionada.

 

 

 

Figura 5 – Situação problemática com associação à teoria Neodarwinismo ou Lamarckismo.

 

Estes resultados, combinados aos demais, informaram o pensamento “lamarckista” dos entrevistados, que responderam com certeza sobre o urso ser branco por viver na neve, considerando sua adaptação como processo evolutivo e não a seleção natural, onde se considera que estas características o permitiram viver neste ambiente, sendo este adaptado sim, mas não tendo adaptando-se para tal, tendo sofrido mutações objetivas. Sem, contudo, considerar que evolução é mutação e alteração, mas que estas ocorrem de forma aleatória, sendo positivas ou negativas, mas não condicionadas e objetivadas à dada característica.

Segundo Almeida e Falcão (2005), quando os alunos, de diversos níveis escolares, são apresentados à evolução e os processos que a envolvem; eles não possuem dificuldades de entendê-la e aceita-la. Contudo, quando são expostos a situações problemáticas sobre o tema, associam representações e associações aos conceitos “lamarckistas” – o que ocorreu na presente pesquisa quando inseridas situações semelhantes.

Quanto à importância do estudo sobre os processos evolutivos, 96% afirmaram positivamente sobre o ensino em escolas e universidades, justificando sua resposta com a valorização do conhecimento, na assunção da realidade das transformações dos seres vivos e descobertas sobre o passado e possíveis esclarecimentos sobre a origem da vida. Relatando inclusive que através do passado, pode-se compreender melhor o futuro (figura 6). Demonstrando que os mesmos possuem ciência da importância do tema e da relação direta com a descoberta passada e futura dos seres vivos.

 

 

Figura 6 – Opinião dos entrevistados sobre importância do ensino de evolução em escolas e faculdades?

 

 

            Os colaboradores acreditam ser importante estudar e conhecer evolução e foram indagados quanto à sua crença nesta, 80% acreditam na evolução, 16% que acreditam, mas possuem dúvidas e 4% tendo declarado não crer (figura 7).

 

 

Figura 7: Posicionamento sobre acreditar ou não na evolução.

 

Os que relataram não crer demonstraram esta opinião baseada em sua crença na teoria Criacionista, respondendo abertamente ao grupo que não acreditava por este motivo.

            Durante a aplicação dos questionários, mesmo havendo resposta positiva neste item, as pessoas deixaram clara sua posição quanto ao Criacionismo, relatando acreditar na evolução, mas manter seu posicionamento ao lado desta teoria – relato que ocorreu algumas vezes durante a pesquisa, inclusive dentre os 80% que afirmaram acreditar.

            De acordo com Almeida e Falcão (2005) a teoria evolucionária desafia crenças de fundo religioso, ideológico e filosófico, sendo um tema de abordagem difícil em sala de aula tanto para discentes, quanto para docentes. Afirmação esta percebida durante o estudo, em que as pessoas demonstraram que suas crenças estão acima da

            No encerramento do questionário, foi levantado se os colaboradores acreditavam que com o avanço técnico-científico, seria possível explicar a origem da vida no planeta e todos os mecanismos de evolução, foram obtidos 60% de respostas afirmativas, demonstrando possivelmente que os 40% que não achavam que isto seria possível, traziam como parâmetro o Criacionismo.  Neste item, algumas pessoas revelaram ainda sua posição criacionista, bem como na questão anterior. Reafirmando novamente que criam na evolução, mas quando em conflito com sua crença anterior a escolha deu-se pela teoria criacionista.

Os entrevistados demonstraram dúvidas no tocante à conceituação e aplicação das teorias que foram sanadas após conclusão de suas respostas. Apresentavam curiosidade sobre o assunto, indicando que posterior pesquisa seria realizada sobre os termos abordados que não recordavam ou desconheciam.

 

 

Conclusão

 

Durante a realização da pesquisa, que iniciou como desafio dentro da sala de aula, muitos questionamentos e descobertas começam a surgir, assim que é feita a inserção do ensino de Evolução. Ainda em sala, uma das principais descobertas é que grande parte dos alunos apresentam-se culturalmente “lamarckistas”, acreditando que Evolução é adaptação, que está incorreta, pois evolução é alteração. A maioria dos alunos tem dificuldade para compreender, pois é algo que vem sido muito mal interpretado e repassado, por isso gera grande confusão ao ser introduzido o conteúdo.

A pesquisa realizada mostra que as maiorias das pessoas possuem instrução sobre evolução, mas que seu conhecimento é restrito à sua jornada escolar. Estes conceitos são fundamentais para a aquisição de conhecimento da sociedade moderna, há de se ter cuidado na formação acadêmica (ensino médio), quanto à transmissão correta do assunto evolução,  na aplicação dos questionários aos colaboradores, é evidente que há uma grande deficiência sobre o ensino de Evolução, pois a maioria já estudou sobre o assunto, mas a partir do momento em que o questionário passa a avaliar os entrevistados de maneira mais profunda e subjetiva sobre o assunto Evolução, os entrevistados começam a se questionar e ter dúvida.

Ao ser questionado sobre a importância da evolução, pode-se perceber que o papel do mediador de ideias sobre Evolução é de extrema eficácia, onde o mesmo deverá ter pleno conhecimento sobre o assunto abordado e entendendo como um todo sobre o tema, com clareza para que não haja dúvidas posteriores. Contudo, os discentes estão se tornando formadores de ideias, esclarecedores de dúvidas sobre o real significado de evolução, logo, compreenderam o sentido e aplicabilidade da Evolução.

            Em relação ao questionamento que é feito na 12° pergunta do questionário, “Você acha que com o avanço técnico-científico, os estudiosos conseguiram explicar a origem da vida no planeta Terra e todos os seus mecanismos de evolução?”, onde 40% dos entrevistados, afirmam não acreditar, logo, justificando que evolução é uma constante descoberta sobre a origem e a expansão de novos mecanismos tendo em vista que, está diretamente relacionado a história evolutiva.

 

Referência Bibliográfica:

 

 

ALMEIDA, V. A; FALCÃO, R. J. T Vasconcelos de Almeida, Argus, Rocha Falcão, Jorge Tarcisio da, A estrutura histórico-conceitual dos programas de pesquisa de Darwin e Lamarck e sua transposição para o ambiente escolar. Ciência & Educação (Bauru) 2005, 11 (Abril-Sinmes) Disponível em:  ISSN 1516-7313 

 

CONRY, Y. Lamarck, Penseur de frontière. Nuncius, Firenze, ano 9, n. 2, p. 559-592, 1994

 

 

DUMANS,Adolpho.A ideia de criação do Museu Histórico Nacional.Anais do Museu Hstórico Nacional, vol. III.Rio de Janeiro:Ministério da Educação e Saúde/imprensa Nacional,1945.p.383-397.

 

GOULD, S. J.Darwin e os grandes enigmas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 1987.p.274

 

MARTINS, L. A. C. P. Lamarck e as quatro leis da variação das espécies. Episteme, Porto Alegre, v. 2,n. 3, p. 33-54, 1997

 

MAYR, E.O desenvolvimento do pensamento biológico: diversidade, evolução e herança. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1998. 1107 p.

 

OLEQUES, Luciane Carvalho; SANTOS, Marlise Ladvocat Bartholomei -; BOER, Noemi. Evolução biológica: percepções de professores de biologia. 2011. Disponível em: . Acesso em: 02 fev. 2011.

Ilustrações: Silvana Santos