Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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11/09/2016 (Nº 57) A FORMAÇÃO DE INDIVÍDUOS CONSCIENTES NA AÇÃO DE PROTEGER O AMBIENTE
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Nome: VICTOR HUGO NEDEL OLIVEIRA

A FORMAÇÃO DE INDIVÍDUOS CONSCIENTES NA AÇÃO DE PROTEGER O AMBIENTE

 

 

Prof. Me. Victor Hugo Nedel Oliveira

Professor de Geografia das redes pública e privada de Porto Alegre

Doutorando em Educação – PPG em Educação

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Av. Ipiranga, 6681, Prédio 15, Porto Alegre, RS, Brasil.

E-mail: victor.nedel@acad.pucrs.br

 

RESUMO

 

A questão ambiental já vem sendo tomada em voga nas últimas décadas. O presente estudo visa possibilidades para que o Educador e o Geógrafo dêem um foco principal em seu discurso de sala de aula, ou em seu ambiente de trabalho, na problemática do meio em que vivemos dentro de sua contemporaneidade. Embora a situação climática planetária não nos mostre um bom cenário, podemos, ainda, amenizar certos impactos de ciclos biogeoquímicos com origem em milhares de anos atrás, contudo, esta situação apenas se estabelecerá se ampliarmos o foco que damos, em nossas aulas, envolvendo o aluno do espírito de preservação ambiental e de sustentabilidade ambiental. A movimentação de idéias dos indivíduos é um dos focos deste projeto de mudança na formação das pessoas. Para atingir os objetivos propostos levantou-se bibliografia sobre o tema bem como se realizaram entrevistas com professores de Geografia, para analisar suas percepções sobre o tema sustentabilidade. Considera-se, com base na realização da pesquisa que é através do panorama da conscientização que o indivíduo mudará suas atitudes frente à situação atual.

 

Palavras-chave: Educação, Ensino de Geografia, Sustentabilidade.

 

ABSTRACT
 
The environmental issue has already been taken into vogue in recent decades. This study aims to possibilities for the educator and geographer give a major focus in your classroom discourse, or on your desktop, on the issue of environment we live within its contemporaneity. Although the global climate situation does not show us a good scenario, we can also mitigate certain impacts of biogeochemical cycles originating from thousands of years ago, however, this only be established if we widen the focus that we, in our classes, involving student spirit of environmental preservation and environmental sustainability. The movement of ideas of individuals is one of the focuses of this change project in training people. To achieve the goals rose bibliography on the subject as well as conducted interviews with geography teachers to analyze their perceptions of the sustainability issue. It is considered, based on the realization of the research that is through the landscape of awareness that the individual will change their attitudes to the current situation.
 
Keywords: Education, Geography Education, Sustainability.
INTRODUÇÃO

 

            Com o advento do ambientalismo e outros movimentos de cunho político-ambiental, vê-se que determinadas ramificações da sociedade não acompanharam, em sua totalidade, as propostas e princípios norteadores para a construção de um planeta limpo e auto-sustentável. A Educação é um desses ramos que deveriam ter tido maior importância no acompanhamento das políticas ambientais, política que está extremamente ligada com a educação, pois é através dela que formamos novos indivíduos da sociedade, bem como formamos os profissionais que atuarão nesta mesma sociedade, no futuro.

Movimentos em diversos níveis vêm aumentando a preocupação da esfera global com o meio ambiente. Os professores devem aperfeiçoar-se, para poder estarem aptos a lecionar, de forma correta, utilizando-se dos métodos mais úteis e eficazes, com o intuito de efetivamente formar não só um aluno, mas um cidadão realmente comprometido com a sociedade. Nesse sentido, a educação para o ambiente, com base na sustentabilidade ambiental tende a avançar em futuro próximo.

 

A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA HISTÓRIA

 

            Diversos países e diversos fatos da história mundial nos remetem a conceitos e vivências de sustentabilidade ambiental. O conceito de sustentabilidade surge com as políticas dirigidas ao meio ambiente. Logo após a economia utiliza-se também deste conceito. Devido à expansão do mundo capitalista, vê-se a necessidade de criar uma economia auto-sustentável, baseada na produção com o necessário, visando, obviamente, o lucro. Porém, outras partes da sociedade utilizam-se do conceito de sustentabilidade, tais como a educação (foco deste trabalho, juntamente com a questão ambiental), a saúde, o governo, entre outros.

            O conceito de sustentabilidade deve estar associado a novas formas de apropriação e de uso do ambiente, sendo também, uma definição do estado desejável da sociedade no futuro. (Rattner, 1984). Neste ponto, podemos perceber que emergem a face da sociedade questionamentos significativos acerca da “preocupação com o futuro”, denotando-se, de alguma forma, que esta mesma sociedade está fazendo algo que não colabora com o ambiente (destruição do meio), e está se omitindo com a preocupação e a preservação do planeta.

            Segundo Cabello (2004), durante o período colonial a exclusão social aumentou de uma forma considerável, uma vez que o povo não tinha acesso à educação. O sistema educacional estava subordinado ao modelo político e econômico vigente naqueles países. Portanto, o sistema educacional adotado, baseava-se no processo de sustentabilidade que o legitimava. Legitimar a educação em um período tão relevante na história da humanidade foi uma tarefa de importância considerável. Contudo, esta legitimação não levou em conta que não era tão somente a elite da época que deveria ter acesso aos estudos. Criou-se uma notável exclusão abominadora das fatias mais populares da sociedade, o que também exclui o acesso a informações importantes sobre como preservar o ambiente.

Com a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (1977), inicia-se a grande discussão no mundo inteiro acerca das responsabilidades que a educação toma à frente do processo de mudanças no comportamento da natureza e, mais precisamente, sobre a preocupação com a formação da consciência dos indivíduos acerca do valor da natureza e sobre a produção de conhecimento acadêmico de como gerir novos profissionais preocupados com o ambiente.

A Rio 92, mais conhecida como ECO 92, nos deixou o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, que nos deixa muito clara qual é a função da educação ambiental e sua importância na construção de novos pensamentos e mentalidades, mais preocupados e responsáveis com a natureza. A Agenda 21, documento elaborado no mesmo evento, faz um apelo mundial para a preocupação, a prevenção e o cuidado com a camada de ozônio, o ar e a água, o uso de transportes alternativos, o incentivo ao ecoturismo, a redução do lixo das indústrias e empresas e, por fim, a redução da chuva ácida. Esta conferência deu bases para muitas outras, em principal à Convenção de Kyoto.

Evidentemente que a política vigente em um país conduzirá a forma com a qual será tratado o meio ambiente. O processo de sustentabilidade ambiental na história da humanidade passar a existir, mais fortemente, com as políticas de acordo ambientais em níveis mundiais. O Protocolo de Kyoto (1997) é um dos principais e atuais tratados mundiais que prevê a redução da emissão de gases que geram o efeito estufa. Embora muitos países já assinaram o tratado, alguns ainda não o fizeram, e continuam lançando à atmosfera mundial gases tóxicos e altamente prejudiciais, em demasia.

Em suma, temos um longo e grande processo histórico de envolvimento com a sustentabilidade ambiental, entretanto, apenas nas últimas décadas que vem se tratando, com mais intensidade, a preocupação com os recursos minerais e naturais, devido à grande percepção, por parte das indústrias, com o esgotamento de recursos, e por parte da sociedade em geral, com as significativas mudanças do clima mundial e regional. Sustentabilidade muitas vezes está sendo tratada de forma secundária, contudo, é através da construção de métodos e técnicas de produção auto-sustentável que poderemos garantir um futuro para a sociedade, não sabendo ao certo se teremos tudo para todos.

 

A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO

 

A educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. (Jacobi 2003, citando Reigota, 1998). Tais propostas pedagógicas são fundamentais para que o professor possa ter bases sólidas e aplicar os conceitos de sustentabilidade ambiental.

            A conscientização, segundo a obra do Sociólogo da Educação, Karl Mannheim (1972), é o resultado da transmissão da cultura, que por sua vez é decorrente de educação que deriva de uma situação social. Exemplificando, em camadas mais pobres da sociedade, em que o acesso à cultura é restrito, a transmissão de conhecimentos e conceitos que ajudam a preservar o ambiente será nula ou quase isso. Evidente que classe social não é sinônimo de aquisição ou falta de cultura, contudo, a atualidade nos garante essa verdade. Em suma, a conscientização, que passa por este processo de cunho social, tem grande fundamento na educação, pois é junto à educação, primordialmente, que o indivíduo passa a adquirir cultura, além do berço familiar.

            Após o processo de conscientização, tendo a real consciência dos problemas relacionados à natureza e que devemos preservá-la, muitas vezes utilizando-nos de recursos auto-sustentáveis, presume-se que o indivíduo mude seu comportamento, partindo dos próprios atos. Atitudes simples, como não jogar lixo no chão, reduzir o consumo de água, separar resíduos recicláveis dos orgânicos e encaminhá-los ao seu correto destino, podem colaborar com a preservação do ambiente. Essa mudança de comportamento, deve ser espontânea, realmente partindo-se do processo de conscientização, com o intuito de favorecer as boas maneiras no trato com o ambiente nas proximidades de cada cidadão.

            Segundo o Dicionário Aurélio de língua Portuguesa, competência são as qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos. Desenvolver competências é estar a serviço da sociedade, contribuindo para seu desenvolvimento, dentro das aptidões de cada um. Com a mudança de atitudes e comportamentos, competências serão desenvolvidas, para tanto, é necessário que o indivíduo possa integrar-se com métodos já desenvolvidos, para a preservação do ambiente, e, assim, gerar qualidades de liderança com atitudes mais favoráveis à construção de um planeta limpo.

            Evidente que todo esse processo, além de ser aplicável na escola, pode também ser aplicado na sociedade em geral. Com os alunos, em específico, Reigota sugere que se desenvolva a capacidade de avaliação e participação. Avaliar se as técnicas de preservação do ambiente produzem resultados positivos e criar métodos eficazes de participação dos alunos, para que surjam, cada vez mais, indivíduos realmente preocupados com a preservação do ambiente em que vivem.

            Concorda-se com Guimarães e Tomazello (2003), quando afirmam que os educadores do ensino fundamental à universidade, precisam estar cientes de que o debate com profundidade dos temas ambientais, poderia contribuir, e muito, para a construção da cidadania e melhoria da qualidade de vida no planeta, mas que, para isso, seria necessário um trabalho interdisciplinar em que cada um aprendesse a comunicar-se em outras linguagens, fazendo interfaces com outras áreas do saber.

A interdisciplinaridade se faz fundamental na construção do conceito de sustentabilidade ambiental no âmbito educacional. Fatores que envolvam, não somente a geografia, mas as áreas do saber relacionadas a ela, podem contribuir para o melhor entendimento do aluno acerca das questões ambientais e de como preservar o ambiente. Discutindo as origens dos problemas, os alunos terão condições e competências de tecer alternativas e propostas para a melhoria das condições de vida no planeta.

Propostas de trabalho na educação que envolvam temas atinentes à sustentabilidade ambiental  se tornam atrativas ao aluno, pois o mesmo encontra-se vivenciando problemas sociais e ambientais, em diversas escalas, partindo-se do regional até o global. Citando Jacobi (2003) afirmo que os professores devem estar cada vez mais preparados para reelaborar às informações que recebem, e, dentre elas, as ambientais, a fim de poderem transmitir e decodificar aos alunos a expressão dos significados sobre o meio ambiente e a ecologia nas suas múltiplas determinações e intersecções...a educação ambiental deve destacar os problemas ambientais  que decorrem da desordem e degradação da qualidade de vida nas cidades e regiões.

            A educação para a sustentabilidade é uma tarefa de grande importância, e muitas vezes deve ser dirigida pelos professores de geografia, sendo os mesmos, os que unem os conhecimentos desenvolvidos na geografia humana, juntamente com as técnicas desenvolvidas na geografia física, temas estes que derivam, nas outras áreas do saber, criando-se, assim, um trabalho interdisciplinar.

 

O DISCURSO DO PROFESSOR ACERCA DA SUSTENTABILIDADE

 

O educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza. (Jacobi, 2003).

 

Muito importante é o discurso do professor acerca da sustentabilidade ambiental em sala de aula. O professor tem a capacidade de construir, juntamente com o aluno, os conceitos necessários para sua formação, e, por conseguinte, o professor pode ensinar o que é correto e o que não é correto em termos de se preservar o ambiente, utilizando-se dos argumentos possíveis, na sustentabilidade ambiental.

Com base em entrevistas gentilmente concedidas por dois Professores de Geografia em atividade, podemos constatar, em poucos números quantitativos, porém, em uma considerável tendência qualitativa, a maneira com a qual o aluno é abordado acerca das problemáticas que envolvem a sustentabilidade ambiental, no ponto de vista de que o aluno é um cidadão que está inserido em uma sociedade e, brevemente, atuará em uma profissão que de uma forma ou outra, incidirá no uso do ambiente.

 

ENTREVISTA

Professor 1

Professor 2

O que o Sr. (a). entende por sustentabilidade ambiental?

Sustentabilidade ambiental é o aproveitamento das riquezas naturais, contudo deve manter-se um equilíbrio ecológico.

 

Cito o exemplo do reflorestamento no caso da extração de árvores para a produção de papel.

A racionalização dos recursos naturais, com o intuito de preservar para as próximas gerações que virão ao planeta.

Tem como objetivo a diminuição dos impactos causados pelo homem a natureza.

Como o Sr. (a). aplica estes conceitos, com seus alunos, em sala de aula? Quais as suas estratégias e metodologias de ensino?

Utilizando exemplos práticos e reais, através de notícias retiradas de jornais e revistas, com o intuito de advertir o aluno acerca dos malefícios que o homem causa à natureza e mostrando as melhores maneiras de interagir com o meio ambiente.

 

Através de saídas de campo, recortes da realidade, com exemplos em matérias de jornais.

Exercícios fictícios de construção de uma casa auto-sustentável, ao que tange ao meio ambiente.

Quadro 1 – Entrevista com professores – Fonte: do autor

 

Chega-se à conclusão que urge o aprimoramento dos professores de geografia que já atuam em suas áreas, bem como que a formação dos novos professores possa incluir, consubstancialmente, em seu currículo, disciplinas que favoreçam a metodologia pedagógica, para que o futuro professor já inicie sua vida profissional sabendo como abordar o aluno, ensinando corretamente e com a devida importância os reais métodos de prevenção do ambiente, mostrando o que devemos e o que não devemos fazer com nosso planeta, para colaborar com sua preservação.

Evidente que este é um trabalho árduo, porém extremamente produtivo, pois com a revisão dos professores já formados, poderemos, muito além de rever conceitos estipulados ainda com a ciência geográfica em sua expansão, renovar a visão, muitas vezes distorcida, de tais professores, acerca de sustentabilidade ambiental.

Sendo inclusas novas disciplinas no currículo, para a formação de novos professores, o meio acadêmico ver-se-á obrigado a revisar os cursos de licenciatura, pois a inclusão de disciplinas que tratam de proteção ao meio ambiente, nas diversas licenciaturas existentes, colaborará não só na formação dos professores enquanto profissionais, mas também enquanto cidadãos.

 

FORMANDO INDIVÍDUOS CONSCIENTES

 

            Além de formar de profissionais, o professor de geografia deve estar preocupado com a formação de cidadãos, que possam colaborar, positivamente, para o bom andamento do contexto social em que se encontram. Formar indivíduos conscientes é mostrar como se pode repensar atitudes que fazemos e, através da nova conscientização, podermos avaliar se tal atitude colabora, ou não, com a preservação do meio-ambiente.

            Um indivíduo em processo de formação está (ou deveria estar) aberto a novas idéias e pensamentos que lhe são apresentados. Com base na observação e análise pessoal de tais idéias, o indivíduo pode assimilar e colocar em prática aquilo que o professor lhe ensinou desde a sua pré-infância, o ato de não contaminar o solo, as águas, e preservar, de um modo geral, o ambiente.

            Ao longo da história, podemos perceber que muitas tecnologias já foram lançadas e muito ainda está por vir. O professor de geografia pode utilizar os mais variados meios e métodos para explicar a real situação em que o planeta se encontra e, partindo-se desta premissa, poder argumentar o porquê da preservação do ambiente.

A própria sustentabilidade ambiental é um argumento sólido, pois com a construção de novos investimentos residenciais, muito se fala em sustentabilidade e pouco se entende dela. A construção de um prédio que seja auto-sustentável no consumo de água e também dispõe de energia solar é um exemplo prático que pode ser tomado, em sala de aula. Inclusive, visitas aos locais de trabalho em que se utilize recursos e ferramentas que incentivem a sustentabilidade seriam pontos interessantes de reflexão. Políticas de reflorestamento, o bom trato do lixo, a construção de veículos que diminuam a emissão de gases poluentes, são exemplos que também devem ser explorados em sala de aula, para facilitar o entendimento do aluno.

Com os alunos e demais indivíduos, uma boa sugestão para promover, consolidadamente, ações de motivação a sustentabilidade ambiental, o ecoturismo é uma maneira fácil e eficaz de gerar renda e emprego (sustentabilidade) bem como conscientizar as populações acerca da beleza e que devemos preservar o planeta em que vivemos (ambientalismo).

As práticas docentes de ensino em Geografia devem também estar ligadas às demais disciplinas que tangem a sustentabilidade ambiental, havendo, assim, um consenso multidisciplinar, com o intuito de conduzir o aluno à visão global e amplificada sobre as questões ambientais.

 

PROTEGENDO O AMBIENTE

 

            Na mesma entrevista, citada neste trabalho, constatou-se que, em suma, os conteúdos abordados em sala de aula, acerca de sustentabilidade ambiental e suas decorrências, são: lixo, aproveitamento de riquezas naturais, plantio de árvores..., contudo isto é muito pouco, perante as grandes demandas de matéria-prima e de outros extratos do ambiente, para tratarmos em sala de aula.

Proteger o ambiente é prover ações de sustentabilidade ambiental. Proteger o ambiente é buscar, com todas as forças, maneiras de colaborar com a preservação do planeta. Proteger o ambiente é cuidar da sustentação dos ecossistemas. Proteger o ambiente é reconduzir o pensamento das pessoas, para que, com novos princípios de formação consciente, possam reaver suas atitudes e ações, revigorando e promovendo a revitalização do meio no qual vivemos.

Mostra-se, aqui, sucintamente, o que seria, realmente, proteger o ambiente através da formação escolar. Ressalto que proteger o ambiente é reconduzir o pensamento das pessoas, para que, com novos princípios possam reaver suas atitudes e ações. O professor tem papel fundamental neste aspecto, pois deriva-se, em considerável parte, de seu discurso em sala de aula, a formação de novos indivíduos. Reconduzir o pensamento dos indivíduos que já têm alguma pré-concepção sobre como interagir com o ambiente não é uma tarefa fácil. Professores e alunos devem trabalhar em conjunto, formando opiniões, de maneira aberta e com muitos momentos de discussão acerca de todas as problemáticas globais da atualidade, revivendo, evidentemente, os fatos históricos que nos levaram a chegar ao ponto em que nos encontramos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONTRIBUIÇÕES NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA PARA O AMBIENTE

 

Muito ainda tem-se a discutir acerca das práticas pedagógicas que repercutem em ações para a educação ambiental e sustentabilidade ambiental. Devemos ofertar mais atenção aos nossos professores, para que possam se criar espaços de discussões abertas, sobre como o professor pode agir, em sala de aula, e, desta forma, criar-se grupos de debates de profissionais e novos métodos de abordagem ao aluno.

Sugere-se, pelo presente trabalho, que haja, em nossas escolas, uma “força-tarefa”, para melhor conduzir os conteúdos programáticos acerca de preservação ambiental. Fato que necessitaria de um trabalho interdisciplinar, envolvendo diversas disciplinas que podem colaborar com a construção de conceitos representativos da visão do aluno, evidentemente que sob a direção dos professores das mais diversas disciplinas (geografia, biologia, química, história, sociologia, etc).

Para Giordan e Souchon (1997), a interdisciplinaridade para ser colocada em prática, deve observar alguns fatores fundamentais: reformulação dos conteúdos das diversas disciplinas, convergência disciplinar, que seria a complementação entre as disciplinas, feita pelos professores, e, por fim, a pedagogia transdisciplinar ou didática de projeto, sendo uma espécie de integração entre as disciplinas.

É através da conscientização que o indivíduo mudará suas atitudes frente à situação atual. O mundo globalizado nos remove fronteiras de comunicação, não as geográficas. Contudo, o resultado desta formação consciente de indivíduos favorecerá, em grande escala, a formação de novas gerações mais conscientes e com isso, a propagação e multiplicação de idéias acerca da sustentabilidade ambiental. O progresso no avanço das discussões sócio-políticas sobre da problemática da sustentabilidade ambiental será realmente estabelecido através de uma nova visão de mundo e de sociedade. As autoridades competentes, sob pressão da ótica da população em geral, deverão estabelecer discussões envolvendo a questão pertinente às novas e antigas soluções dos problemas já existentes com o auxílio de programas e projetos de sustentabilidade ambiental. (Victor Hugo, 2008).

A respeitabilidade ambiental também será uma conseqüência a ser atingida, ora, o indivíduo que não respeita o ambiente em que vive não tem direito de viver nele, pois, além de causar danos para si, estará agredindo o ambiente em que vive o outro, e, partindo-se de um princípio de igualdade, no uso e propriedade da Terra, deve-se estabelecer o bom-senso por parte de todos os indivíduos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos