Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Educação e temas emergentes
11/09/2016 (Nº 57) ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA O TRATAMENTO ADEQUADO DO ESGOTO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE/RS
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=2482 
  

ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA O TRATAMENTO ADEQUADO DO ESGOTO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE/RS

 

 

Maira Grasiela Kievel¹

Nívia Cristiani Priebe¹

Luciana Fofonka²

 

 

RESUMO

 

Este trabalho busca reunir e analisar as alternativas sustentáveis para o tratamento adequado do esgoto doméstico em áreas rurais ou em locais onde não há um sistema de esgotamento sanitário, mas que a utilização de soluções sanitárias individuais seja possível. Busca também, conceituar saneamento básico e reunir dados sobre o saneamento rural no Brasil. E por caracterizar-se basicamente rural, formado por minifúndios, encontramos uma oportunidade no município de Arroio do Padre/RS em coletar informações referentes à situação atual do saneamento básico e das ações previstas no Plano de Saneamento Municipal, este em fase de aprovação. Os dados coletados em entrevista ao poder público municipal demonstraram a necessidade urgente de aplicação de soluções sanitárias eficazes nos domicílios rurais, visando à proteção ao ambiente natural e a saúde pública. Utilizamos o método de pesquisa de caráter documental e focamos as buscas por informações referentes ao tema na legislação ambiental e sanitária brasileira, e em artigos e sítios na internet. Os métodos alternativos pesquisados mostraram que não existe impossibilidade no tratamento dos efluentes domésticos, ocorrendo sim, a falta de conhecimento sobre o tema por parte dos governantes e da população em geral, e entraves por parte de órgãos licenciadores, que não os reconhecem como métodos sanitários residenciais, sendo, portanto, necessária maior divulgação das pesquisas científicas realizadas.

 

Palavras-chave: Saneamento rural. Esgoto doméstico. Alternativas sustentáveis.

 

1 INTRODUÇÃO

 

            A Fundação Nacional de Saúde – Funasa (2015) resume os dados coletados através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, realizada em 2012 nos domicílios das áreas rurais do país, da seguinte forma:

 

[...] apenas 5,2% dos domicílios estão ligados à rede de coleta de esgotos e 28,3% utilizam a fossa séptica como solução para o tratamento dos dejetos. Os demais domicílios (66,5%) depositam os dejetos em “fossas rudimentares”, lançam em cursos d´água ou diretamente no solo a céu aberto.

 

¹ Graduandas em Tecnólogo em Gestão Ambiental IERGS/UNIASSELVI

² Prof.ª Orientadora IERGS/UNIASSELVI. E-mail: lufofonka@yahoo.com.br

           

Esta pesquisa é um instrumento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE que coleta informações anuais sobre características demográficas e socioeconômicas da população, cujo resultado é preocupante e demonstra a necessidade urgente de investimentos em saneamento rural. Investimentos que, conforme a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, garantem “às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social”, o que em resumo é a saúde como direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover a condições necessárias ao seu pleno exercício.

            Neste artigo objetivamos conceituar o saneamento básico e apresentar dados referentes ao saneamento rural no Brasil. Elencar os prejuízos ao ambiente natural e à saúde pública oriundos da falta de tratamento adequado do esgoto doméstico nas zonas rurais. Além disso, levantar os dados referentes à situação atual do saneamento básico e as ações previstas no Plano de Saneamento Municipal, do município de Arroio do Padre, um município basicamente rural, pertencente ao estado do Rio Grande do Sul. Na sequência, o objetivo principal deste artigo, apresentar alternativas sustentáveis para o tratamento adequado do esgoto doméstico, especialmente para áreas rurais, que visam à eficiência no tratamento e o aproveitamento dos produtos originários dos esgotos tratados.

            Através do método de pesquisa de caráter documental, buscamos informações em artigos e sítios da internet, na legislação ambiental e sanitária brasileira atual, nas políticas públicas, nos programas e planos que visam à universalização do acesso ao tratamento adequado do esgoto doméstico no país. Buscamos também, por meio de entrevista ao poder público de Arroio do Padre, informações referentes às condições sanitárias no município e em pesquisas realizadas por organizações públicas e privadas, além de pesquisas acadêmicas, alternativas que objetivam o tratamento do esgoto doméstico de forma sustentável.

 

2 SANEAMENTO BÁSICO

 

            A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece em seu Art. 196 que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Este direito de todos é reforçado na Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, nos seguintes artigos:

 

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.

Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.

           

Considerando então que o saneamento básico é um dos determinantes e condicionantes dos níveis de saúde das pessoas, e é conceituado pela Organização Mundial de Saúde – OMS, cuja essência está disponível no sitio do Instituto Trata Brasil (2015), como sendo “o conjunto de medidas adotadas em um local para melhorar a vida e a saúde dos habitantes, impedindo que fatores físicos de efeitos nocivos possam prejudicar as pessoas no seu bem-estar físico mental e social. ”

            Saneamento básico, portanto, é considerado como sendo o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais do abastecimento de água potável, do esgotamento sanitário, da limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e da drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente, conforme as considerações da Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007, a Lei de Diretrizes Nacionais do Saneamento Básico - LNSB, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal deste. E complementando, o saneamento básico também “é o controle de pragas e qualquer tipo de agente patogênico, visando à saúde das comunidades” (Wikipédia, 2015).

            A Lei n. 12.037, de 19 de dezembro de 2003, dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento do Rio Grande do Sul e em seu Art. 2º considera o seguinte:

 

I - saneamento ou saneamento ambiental, como o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, por meio do abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos líquidos, sólidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária do uso e ocupação do solo, drenagem, controle de vetores de doenças transmissíveis, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida, tanto nos centros urbanos, quanto nas comunidades carentes e propriedades rurais;

II - salubridade ambiental, como o estado de higidez em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere à sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de doenças veiculadas pelo meio ambiente, quanto no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar.

 

            Embora o conceito de saneamento esteja solidificado nas esferas públicas ainda estamos distantes de satisfazê-lo na prática. O Instituto Trata Brasil (2015) afirma que segundo a OMS a “cada R$ 1 investido em saneamento gera economia de R$ 4 na saúde”, portanto, o saneamento básico é primordial também para a saúde financeira do país. Conforme as pesquisas do Instituto, o desperdício é de bilhões de reais em saúde pública, afetando a produtividade dos trabalhadores, diminuição do aprendizado escolar, perda de oportunidade de gerar empregos na área do turismo, além de muitos outros problemas. E nas palavras da Emater/RS - Ascar “as ações em saneamento interferem diretamente no estado de saúde e na perspectiva de desenvolvimento de uma população, contribuindo sensivelmente para a elevação da esperança de vida, uma das variáveis do Índice de Desenvolvimento Humano”, o IDH.

 

3 SANEAMENTO RURAL

 

            Conforme os dados extraídos pela Funasa da pesquisa do IBGE/2010, 30 milhões de pessoas residem em localidades rurais do país, representando aproximadamente 16% da população brasileira. Destes domicílios rurais, 66,5% depositam o esgoto doméstico em “fossas rudimentares”, lançam em cursos d’água ou diretamente no solo a céu aberto e apenas 5,2% estão ligados à rede de coletas de esgotos e os 28,3% restantes utilizam a fossa séptica como solução para o tratamento dos dejetos, conforme o resumo da Funasa a partir dos dados coletados na PNAD-2012/IBGE.

            O programa de Saneamento Rural, coordenado pelo Ministério da Saúde, através da Funasa é previsto no Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB, por determinação da Lei n. 11.445/2007. Mais dois programas são previstos, de Saneamento Básico Integrado e do Saneamento Estruturante, coordenados pelo Ministério das Cidades. O programa de Saneamento Rural possui a seguinte concepção:

 

O Programa visará atender, por ações de saneamento básico, a população rural e as comunidades tradicionais, como as indígenas e quilombolas e as reservas extrativistas. Suas justificativas são o significativo passivo que o País acumula no saneamento para as áreas objeto do Programa e as especificidades desses territórios, que requerem abordagem própria e distinta da convencionalmente adotada nas áreas urbanas, tanto na dimensão tecnológica, quanto na da gestão e da relação com as comunidades. No Programa, intervenções no sentido de cobrir o deficit de infraestrutura física necessariamente deverão vir acompanhadas de medidas estruturantes, no campo da participação da comunidade, da educação ambiental para o saneamento, dos mecanismos de gestão e da capacitação, entre outras.

 

            As metas do Programa Nacional de Saneamento Rural são “voltadas para a universalização de forma gradual e progressiva e terão como base referencial o déficit das condições de saneamento na área rural” (FUNASA, 2015). Segundo a Fundação as metas do PLANSAB são de curto, médio e longos prazos, ou seja, 2018, 2023 e 2033.

 

            Historicamente no Brasil, os investimentos em saneamento básico foram centralizados nos grandes centros urbanos, privando as periferias urbanas, populações rurais de todo país e das sedes urbanas dos pequenos municípios prejudicados pela baixa oferta dos serviços públicos de saneamento básico, conforme justificativas do poder público federal para elaboração e execução do Programa.

 

4 O SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE/RS REFERENTE AO ESGOTO DOMÉSTICO

 

4.1 O MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE/RS

 

O município de Arroio do Padre pertencente ao estado do Rio Grande do Sul está localizado dentro do município de Pelotas, sendo assim é um dos poucos que são enclaves no Brasil, como podemos observar na Figura 1 logo abaixo. É basicamente rural, formado por minifúndios. A área da unidade territorial é de 124,317 km². A população estimada para o ano de 2015 é 2.883 habitantes e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M era de 0,669, conforme os dados do Censo Demográfico do IBGE/2010, um número médio na faixa de desenvolvimento humano, que varia de 0 a 1 considerando indicadores de longevidade (saúde), renda e educação.

 

 

Figura 1 - Município de Arroio do Padre/RS.  Fonte: Wikipedia, 2015.

 

4.2 O SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO

 

            A partir das respostas do Secretário Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento e da Engenheira Agrônoma da Prefeitura Municipal, à entrevista concedida por endereço eletrônico, constante no Apêndice 1 deste artigo, pudemos conhecer alguns dados referentes ao saneamento básico local.

            O tratamento do esgoto doméstico é individual, pois não há estação de tratamento no município. Atualmente 70 % das residências possuem fossa-filtro e sumidouro e 30% possuem fossas rudimentares. Há em torno de 700 residências, 30 estabelecimentos comerciais, 1 posto de saúde, 6 escolas, 1 câmara de vereadores e a sede administrativa. Das unidades residenciais, apenas 137 são abastecidas com rede de distribuição alimentada por poço tubular profundo, que recebe o tratamento com cloração. A maioria das residências depende da água de poços artesianos ou de cacimbas, por enquanto sem controle da qualidade da água, porém os indicadores de salubridade ambiental do município são considerados bons se comparado aos parâmetros nacionais, pois existem grandes áreas de matas nativas remanescentes e nascentes em condições de potabilidade

 

4.3 O PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO

 

O Plano de Saneamento Básico Municipal - PSBM é um dos instrumentos para a implantação das Políticas Nacionais e Estaduais de Saneamento. O PSBM do Arroio do Padre até a data de conclusão deste artigo estava na Câmara de Vereadores para apreciação e votação.

Com base nas respostas recebidas do Poder Executivo, constantes no Apêndice 1, está prevista no Plano Municipal de Saneamento a instalação de sistemas individuais de tratamento de esgoto nas residências, compostos por Fossa-Filtro e Sumidouro. Não há previsão para abastecimento com rede de distribuição de água na totalidade das residências no município, apenas serão atendidos os centros urbanos e as residências localizadas entre estes centros. As demais residências serão atendidas por cacimbas rasas tradicionais onde a água será também analisada. O uso de poços artesianos será permitido somente após serem licenciados, basicamente terão que ser substituídos por cacimbas rasas de até 1 metro de profundidade.

            Os respondentes afirmaram que a população arroio padrense não se mostra muito receptiva frente a mudanças que poderão acarretar a diminuição da área cultivável, em razão da recuperação das matas ciliares e restituição de reservas legais, e quando as medidas aumentam custos aos munícipes, mesmo que sejam mudanças para preservação do meio ambiente e da saúde pública. E que a população é convidada para participar de Audiências Públicas, porém poucas pessoas participam.

           

            No sentido de sensibilizar e conscientizar a população pela necessidade da preservação ambiental e da saúde pública está prevista uma campanha de educação ambiental referente ao tratamento adequado do esgoto doméstico. Na Figura 2 podemos observar a disposição do sistema de tratamento individual que será adotado a partir do Plano de Saneamento Municipal, o sistema de tratamento biológico, composto por fossa séptica, filtro anaeróbio e sumidouro:

                                   

 

Imagem Capa grande

    

Figura 2: Fossa séptica, filtro anaeróbio e sumidouro. Fonte: Revista Habitare, 2015.

 

                Resumidamente, “a fossa séptica retém os sólidos, os decompõe e os trata em até 60%. Seguindo para o filtro anaeróbico, o esgoto passa por mais um processo, em que a parte líquida pode atingir 95% de tratamento e, por fim, o sumidouro realiza a destinação do efluente no solo”, conforme a Revista Habitare (2013), que ressalta sobre a necessidade da manutenção periódica da fossa séptica, por empresas especializadas em limpeza de fossas, cujo resíduo deve ser encaminhado sempre para estações de tratamento.

 

5 ESGOTO DOMÉSTICO

 

            Esgoto doméstico é composto essencialmente da água de banho, água de lavagem, sabão, detergentes, restos de comida, excretas, e papel higiênico, originários principalmente de residências, estabelecimentos comerciais, instituições ou quaisquer edificações que possuem instalações de banheiros, lavanderias e cozinhas, de acordo com os conceitos da Fundação Nacional da Saúde, constantes no Manual de Saneamento (2007). O esgoto doméstico contem as águas com material fecal ou águas negras e as águas servidas ou águas cinzas, que são resultantes de banho e de lavagem de utensílios e roupas. As excretas humanas possuem as seguintes características (FUNASA, 2007, p. 154):

 

As fezes humanas compõem-se de restos alimentares ou dos próprios alimentos não transformados pela digestão, integrando-se as albuminas, as gorduras, os hidratos de carbono e as proteínas. Os sais e uma infinidade de microrganismos também estão presentes. Na urina são eliminadas algumas substâncias, como a ureia, resultantes das transformações químicas (metabolismo) de compostos nitrogenados (proteínas). As fezes e principalmente a urina contêm grande percentagem de água, além de matéria orgânica e inorgânica. Nas fezes está cerca de 20% de matéria orgânica, enquanto na urina 2,5%. Os microrganismos eliminados nas fezes humanas são de diversos tipos, sendo que os coliformes (Escherichia coli, Aerobacter aerogenes e o Aerobacter cloacae) estão presentes em grande quantidade, podendo atingir um bilhão por grama de fezes.

 

            Como vimos no conceito de saneamento, a falta do serviço está diretamente ligada ao nível de saúde da população. O que afeta ao meio ambiente consequentemente afeta a saúde humana. As ações antrópicas inter-relacionam-se com os ciclos da natureza e muitas vezes o desequilibram. A qualidade dos nossos alimentos irá definir o nível de toxicidade de nossas excretas, no caso de alimentos mais ou menos industrializados ou com presença de agrotóxicos, também na quantidade de medicamentos artificiais que usamos, e logo estes dejetos não tratados adequadamente poluirão os recursos hídricos, estes mesmos recursos que necessitamos para a nossa sobrevivência. Também os produtos de higiene e limpeza que usamos no dia a dia, quanto menos naturais, mais agressivos serão ao meio ambiente e maiores deverão ser os esforços para recuperá-lo.

 

5.1 ALGUMAS Implicações da falta de tratamento adequado do esgoto doméstico

 

            A falta de tratamento adequado do esgoto doméstico implica diretamente e indiretamente na saúde humana. As principais doenças relacionadas ao destino inadequado dos dejetos humanos são: “ancilostomíase, ascaridíase, amebíase, cólera, diarreia infecciosa, disenteria bacilar, esquistossomose, estrongiloidíase, febre tifoide, febre paratifoide, salmonelose, teníase e cisticercose” (FUNASA, 2007, p. 163). Algumas destas doenças são transmitidas através do solo contaminado e outras por águas contaminadas. Na Figura 3 podemos perceber as diferentes origens de poluição da água subterrânea:

 

 

 

 

 

 

 

Imagem representativa da poluição da água subterrânea com diferentes origens

 

Figura 3 - Poluição da água subterrânea com diferentes origens.  Fonte: lneg, 2015.

 

 

6 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA O TRATAMENTO ADEQUADO DO ESGOTO DOMÉSTICO

 

Diante da ausência de rede de esgotamento sanitário em áreas rurais, soluções para o tratamento de esgoto doméstico ou complementação do tratamento, podem ser realizadas de forma alternativa, como métodos individuais de tratamento do esgoto residencial. Entre as possíveis maneiras de tratamento podemos citar a bacia de evapotranspiração, o banheiro seco, o círculo de bananeiras, a fossa séptica biodigestora e as zonas de raízes.

 

6.1 Bacia de Evapotranspiração

 

A Ecoeficientes (2015) apresenta a bacia de evapotranspiração - BET, também chamada de tanque de evapotranspiração - TEvap, que é popularmente conhecida como “fossa de bananeiras” e seu uso é difundido por permacultores em diversos países como meio alternativo para o tratamento de águas negras em domicílios. Trata-se basicamente de uma cava ou tanque de ferrocimento impermeabilizado, onde este é preenchido com diferentes camadas formadas por pneus, tijolos, britas, areia e a instalação de um duto para eliminação de gases e o posterior plantio de espécies com crescimento rápido com alta absorção de água, como bananeiras, mamoeiros e taiobas. Para o tratamento de esgoto em uma residência com cinco habitantes utiliza-se uma bacia com 10 metros quadrados sendo contabilizados 2 metros quadrados por indivíduo. Na Figura 4 podemos visualizar as características de uma Bacia ou Tanque de Evapotranspiração:

                               

 

Descrição: http://www.ecoeficientes.com.br/new/wp-content/uploads/2013/04/TEVAP.jpg

Figura 4 - Bacia de Evapotranspiração.  Fonte: Ecoeficientes, 2015.

 

 

6.1.1 Funcionamento da Bacia ou Tanque de Evapotranspiração

 

A BET recebe apenas os efluentes oriundos do vaso sanitário, ou seja, as águas negras. A matéria orgânica é naturalmente degradada por organismos microbianos no processo de fermentação na câmara de pneus. Entre as pedras e tijolos existentes ao lado da câmara, os nutrientes são mineralizados, ocorrendo a absorção e a evapotranspiração da água pelas espécies plantadas. É um sistema que transforma os dejetos humanos em nutrientes e devolve ao meio ambiente água limpa, pois, neste sistema a água volta ao ciclo através da transpiração das folhas, por isso este tratamento é denominado evapotranspiração.

Uma das vantagens deste método é que não existe a contaminação do solo, dos lençóis freáticos e dos cursos hídricos, pois a percolação da água existente na bacia ocorre de baixo para cima. Depois de separada dos resíduos humanos passa gradativamente pelas camadas de brita, areia e solo chegando até as raízes das plantas e devolvida ao meio ambiente após o processo de evapotranspiração livre de contaminação. Outra vantagem é o manejo que consiste em manter o solo protegido com as folhas que caem das plantas e aparas de podas de outras plantas do jardim para que o solo permaneça coberto e assim não ocorra infiltração das águas das chuvas no sistema.

 

A desvantagem é que apenas serão tratados os efluentes que saem dos sanitários, pois a presença de produtos químicos acaba prejudicando as bactérias essenciais no processo, deste modo a água cinza, presente em pias, chuveiros e máquina de lavar roupas devem receber outro tratamento.

 

6.2 Banheiro seco

 

A Vida Sustentável (2015) nos ensina sobre o banheiro seco, também conhecido como banheiro compostável. É um método eficiente que transforma fezes humanas, papel higiênico e serragem em composto orgânico, além disso, o processo não gera odores e nem contaminação do solo e dos cursos hídricos. O banheiro seco é estruturado com duas câmaras de uso alternado cobertas por uma chapa preta, chaminé para eliminação de gases, vaso sanitário que apresenta dois compartimentos para separar as eliminações líquidas das sólidas. As eliminações líquidas são captadas em bombonas e posteriormente utilizadas como fertilizante após sua diluição em água, já as eliminações sólidas passam pelo processo de decomposição realizado por organismos termofílicos que sobrevivem em altas temperaturas, em seguida encaminhadas para um minhocário e posteriormente os húmus gerados é utilizado como adubo orgânico. A estrutura do banheiro seco é simples e de baixo custo em comparação aos demais métodos que apresentamos neste artigo. Na Figura 5 apresentamos a estrutura de um banheiro seco:

 

Esquema de funcionamento do sanitário

 

Figura 5 - Banheiro Seco.   Fonte: SETELOMBAS, 2015.

 

 

6.2.1 Funcionamento do Banheiro Seco

 

Conforme explicações da Vida Sustentável (2015), o banheiro seco tem seu funcionamento contínuo necessitando apenas alternar o uso de suas câmaras decompositoras. Esta alternância é realizada a cada seis meses, quando a matéria orgânica é retirada e encaminhada para um minhocário, depois de transformada em húmus é utilizada como adubo em plantações e para enriquecimento do solo.

O banheiro seco é coberto por telhado, podendo este ser de diferentes tipos de telhas ou coberto por plantas. Na parte superior interna são instalados o assento sanitário e a tampa de fechamento da câmara, que será isolada durante seis meses para decomposição. Na parte interna inferior do sanitário a 80 cm do assento é encontrada uma rampa com inclinação mínima de 45º por onde passam as fezes se misturando a serragem que é utilizada para uma melhor decomposição e eliminação de umidade evitando assim o odor desagradável. As câmaras onde o composto é armazenado tem 1 metro cúbico cada, são feitas de tijolos e o piso é de concreto não havendo assim contato com o solo.

Na parte externa das câmaras são encontradas duas portas para retirada do composto orgânico, uma chapa metálica pintada com a cor preta para que haja absorção da luz solar garantindo assim uma temperatura elevada no interior da câmara auxiliando no processo de decomposição dos resíduos. O ar frio que entra pelo buraco do assento é aquecido pelo calor gerado pela chapa preta e captado pela chaminé e direcionado para fora da câmara eliminando gases e odores.  É importante que esta chapa metálica, aqui no Brasil, fique instalada voltada para o norte onde receberá insolação durante todo dia. Outro cuidado que se deve ter é para que nenhuma árvore ou edificação faça sombra para não interferir no processo de decomposição termofílico das câmaras. Importante também é lembrar que antes do primeiro uso a rampa deve ser molhada e coberta por serragem, durante o período de utilização ao fim de cada uso deve ser colocada uma pequena quantidade serragem que envolve as fezes auxiliando no processo de decomposição.

Podemos citar como vantagens do uso do banheiro seco, a não geração de efluentes sanitários, a utilização do composto orgânico gerado pelas fezes e pela urina em adubo orgânico, o que elimina a necessidade do uso de adubos químicos, enriquecendo assim o solo e devolvendo os nutrientes ao ciclo. Como desvantagens, temos o tempo de tratamento, a funcionalidade associada ao uso correto e a aceitação do uso do banheiro seco por parte da população.

 

6.3 Círculo de bananeiras

 

O vídeo de Eckelberg (2014) nos ensina sobre o método do círculo de bananeiras usado para o tratamento biológico de águas cinzas provenientes do uso de pias, chuveiros, tanques, máquinas de lavar roupas e louças, que são destinadas para uma cava circundada por bananeiras que através da transpiração purificam a água. Na Figura 6 podemos observar a estrutura do Círculo de Bananeiras:

 

circulo

Figura 6 - Círculo de Bananeiras. Fonte: SETELOMBAS, 2015.

 

6.3.1 Funcionamento do Círculo de Bananeiras

           

            O funcionamento do círculo de bananeiras é simples e de fácil construção. Consiste na abertura de uma cava de 1m³, tamanho dimensionado para uma família de até 5 indivíduos. A cava deverá ser preenchida no sistema de camadas, primeiramente troncos grossos, após médios e por último os galhos provenientes de podas ou similares. Depois da cava preenchida com esses materiais e a tubulação que destinará o efluente instalada, circundasse-a com a terra retirada da cava, essa terra servirá de proteção, evitando a ação da água da chuva, após essa proteção deve-se colocar uma pilha com folhas, aparas de grama e galhos pequenos, essa pilha deve ser reposta frequentemente para que não ocorra aprofundamento da cava que consequentemente poderá acumular água e danificar o sistema. As bananeiras devem ser plantadas na parte externa da cava e do lado de fora do círculo de terra o plantio deve ser intercalado com plantação anual. A cada três anos as bananeiras mais antigas devem ser retiradas.

            As vantagens neste sistema são o tratamento do efluente cinza, a simplicidade de construção, a fácil manutenção e o baixo custo, uma vez que a maior parte dos materiais para a implantação encontra-se na natureza. Como desvantagens temos a falta de tratamento do efluente do sanitário, a água negra, o não reconhecimento dos conselhos de engenharia como sistema sanitário e a eficiência do sistema condicionada a não utilização de produtos químicos na lavagem de roupas e louças e nos banhos.

 

6.4 Fossa séptica biodigestorA

Atualmente existem diferentes tipos de fossas biodigestoras, em alguns sistemas é possível fazer até mesmo o aproveitamento do gás metano, utilizando este como fonte de energia. O sistema de fossa biodigestora desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA é voltado para a área rural pela necessidade de eliminar a utilização de fossas rudimentares, trazendo como alternativa para destinação de maneira eficiente e livre de contaminações o efluente doméstico oriundo de sanitários e a diminuição dos produtos químicos utilizados como fertilizantes uma vez que o resultado final da fossa biodigestora é um excelente fertilizante. A Figura 7 demonstra a configuração de uma Fossa Séptica Biodigestora:

 

                             

 

Figura 7 - Fossa Séptica Biodigestora. Fonte: CNPDIA, 2015.

 

 

6.4.1 Funcionamento da Fossa Séptica Biodigestora

           

            A fossa séptica biodigestora é composta por três caixas de fibrocimento ou de fibra, instaladas em uma cava, canos e conexões de PVC, pequenos dutos para eliminação de gás metano e material para vedação das tampas, como por exemplo, borracha. A primeira etapa consiste na montagem do sistema através da realização da cava, a instalação das câmaras, canos, conexões, dutos e a ligação do efluente sanitário ao sistema biodigestor.

Antes do primeiro uso é depositado na válvula de retenção, instalada antes da primeira caixa do circuito, 10 litros de uma mistura composta por 50% de água e 50% de esterco bovino fresco. Esta mistura irá gerar uma colônia de bactérias responsáveis pelo processo de decomposição da matéria orgânica através do processo de fermentação anaeróbica ou biodigestão que ocorre nas duas primeiras câmaras. Quanto o efluente chega à terceira câmara do sistema não há a presenta de patógenos fecais e o efluente pode ser utilizado como fertilizante nas plantações. Após o uso inicial se faz necessária a manutenção do sistema que consiste na deposição de 10 litros da mistura inicial feita através da válvula de retenção.

            Além da eliminação do uso de fossa rudimentar encontramos como vantagem no uso deste sistema a durabilidade e a fácil manutenção, a eliminação do uso de fertilizantes químicos e se a capacidade de investimento for maior, a possibilidade de aproveitamento do gás metano para a geração de energia.

            Como desvantagem do sistema apresentado, temos a necessidade de outro sistema para tratamento das águas cinzas pois no processo de biodigestão não podem ser usados produtos químicos ou com agentes bactericidas e a necessidade de esterco bovino torna inviável este sistema para regiões onde não se tenha criação deste animal.

 

6.5 Zona de Raízes

           

O sistema de tratamento de esgoto formado por zona de raízes é destinado ao tratamento de efluentes domésticos. Para a construção deste sistema existem diferentes métodos para diferentes finalidades. O método que descrevemos trata-se do tratamento das águas cinzas e negras, aplicado por Timm (2015) em sua dissertação para a obtenção do título de mestre em engenharia civil. Na Figura 8 podemos observar a estrutura de uma Zona de Raízes ou como também são chamados Jardins Filtradores:

               

Figura 8 – Jardins Filtradores. Fonte: Ambiental da Terra, 2015.

 

 

6.5.1 Funcionamento da Zona de Raízes

 

            O método de implantação do sistema zona de raízes vertical é dimensionado para uma família composta por cinco pessoas. Para que ocorra o perfeito funcionamento do sistema se faz necessária primeiramente a separação e o tratamento das águas cinzas e negras da residência. Para o tratamento do efluente oriundo da pia da cozinha, é necessário um tratamento prévio em uma caixa de gordura e somente depois o efluente é direcionado para o tanque de zona de raízes. O efluente composto por águas negras recebe um tratamento prévio que consiste em fossa séptica e filtro anaeróbico, após é direcionado para o sistema de tratamento formado por zona de raízes. As águas cinzas oriundas de chuveiro e da lavagem de roupas é direcionada para o sistema sem a necessidade de um tratamento prévio. Depois de direcionados, os efluentes recebem o tratamento através do sistema de raízes de plantas macrófitas que consiste também em diferentes meios de oxigenação, umidade e temperatura e assim ao final do processo a eliminação dos agentes patogênicos existentes no efluente é completa.

            O sistema de tratamento de efluente doméstico por zona de raízes é composto pela instalação de três caixas de fibrocimento de 1000 litros em desnível. Após a instalação das caixas e do circuito hidráulico de captação da água livre de contaminantes são implantadas camadas de 40 cm areia e 40cm de brita, o circuito responsável pela distribuição do efluente nas caixas e por fim as plantas macrófitas, conhecidas pelos nomes populares de papiro-gigante, copo-de-leite, cavalinha, taioba, lírio-do-brejo, taboa e bananeira que utilizam os nutrientes da matéria orgânica encontrada no efluente para se desenvolverem.

A vantagem do método de tratamento de efluente por zonas de raízes é a possibilidade de ser utilizado isoladamente ou de maneira complementar podendo assim, tornar outros sistemas de tratamento de efluentes mais eficazes. Além do tratamento de efluente o sistema permite embelezamento do ambiente e a produção de alimentos. A falta de reconhecimento como sistema sanitário por parte dos conselhos de engenharia é a desvantagem da Zona de Raízes.

 

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            Devido à falta de abrangência dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no meio rural surge a necessidade da utilização de métodos alternativos e sustentáveis para soluções individuais de tratamento de esgotos a fim de sanar a problemática. Há políticas públicas no país voltadas a universalização dos serviços de saneamento básico rural e especificamente no serviço de esgotamento sanitário, a solução que tem sido adotada para domicílios rurais é o sistema de fossa-filtro e sumidouro, embora seja simples a instalação é necessária a manutenção periódica da fossa para manter a eficiência no tratamento. Os sistemas alternativos que descrevemos neste artigo que não podem ser usados unicamente, podem ser usados como complementares ao tratamento sugerido nos planos de saneamento e assim, maximizar a eficiência no tratamento dos resíduos e proporcionar o aproveitamento dos produtos resultantes na propriedade, como é o caso dos compostos orgânicos que substituem os adubos químicos.

                                                                         

            Os métodos alternativos pesquisados mostraram que não existe impossibilidade no tratamento dos efluentes domésticos, ocorrendo sim, a falta de conhecimento sobre o tema por parte dos governantes e da população em geral, e entraves por parte de órgãos licenciadores, como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA, que não os reconhecem como métodos sanitários residenciais, sendo, portanto, necessária maior divulgação das pesquisas científicas realizadas. Embora a divulgação dos métodos alternativos através de palestras e oficinas já está sendo feita em algumas comunidades no país, ainda é incipiente. Atualmente são divulgados métodos de baixo custo por entidades como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, métodos que o produtor rural pode escolher para melhor suprir as suas necessidades. E no mais, se cada morador da zona rural puder contar com o tratamento correto dos efluentes gerados em sua residência, serão economizados gastos para sanar as doenças oriundas da falta de saneamento.

           

 

REFERÊNCIAS

 

ABES. O Programa Nacional de Saneamento Rural. Disponível em: <http://www.abes-dn.org.br/eventos/saneamento-rural/palestras/PVII_FUNASA_Programa_Nacional_de_Saneamento_Rural.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2015.

 

AMBIENTAL DATERRA. Jardins Filtradores. Disponível em: <http://www.ambientaldaterra.com.br/wp-   content/uploads/2011/01/biotratamento.jpg>. Acesso em 30 nov. 2015

 

ARROIO DO PADRE, Prefeitura Municipal. Entrevista concedida pela Prefeitura Municipal do Arroio do Padre. Apêndice 1. Arroio do Padre, 22 set. 2015.

 

BRASIL. Lei. n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2015.

 

BRASIL. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 27 set. 2015.

 

CNPDIA. Fossa Séptica Biodigestora. Disponível em: <http://www.cnpdia.embrapa.br/produtos/fossa.html>. Acesso em: 15 nov. 2015.

 

DEEPASK. IDH Municipal: Veja Índice de Desenvolvimento Humano por cidade do Brasil – ARROIO DO PADRE, RS. Disponível em: <http://www.deepask.com/goes?page=arroio-do-padre/RS-Veja-o-IDH-Municipal---indice-de-desenvolvimento-humano---do-seu-municipio>. Acesso em: 28 nov. 2015.

 

ECKELBERG, Jefferson. BET. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NAbJvkUbj_M>. Acesso em: 25 nov. 2015.

 

ECOEFICIENTES. BET – Como tratar o esgoto de forma ecológica! Disponível em: <http://www.ecoeficientes.com.br/bet-como-tratar-o-esgoto-de-forma-ecologica/>. Acessado em: 15 nov. 2015.

 

EMATER. Saneamento Básico. Disponível em: <http://www.emater.tche.br/site/area-tecnica/gestao-ambiental/saneamento-basico.php#.VlmLhdLF-70>. Acesso em: 28 nov. 2015.

 

FUNASA. Manual de Saneamento. Brasília, 2007. p. 154 e 163.

 

FUNASA. Saneamento Rural. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/site/engenharia-de-saude-publica-2/saneamento-rural/>. Acesso em: 04 set. 2015.

 

FUNASA. Saneamento Rural. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/blt_san_rural.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2015.

 

IBGE. Rio Grande do Sul – Arroio do Padre. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=430107&search=rio-grande-do-sul|arroio-do-padre|infograficos:-informacoes-completas>. Acesso em: 24 nov. 2015.

 

LNEG. Água Subterrânea: Conhecer para Proteger e Preservar (2001). Disponível em: <http://www.lneg.pt/CienciaParaTodos/edicoes_online/diversos/agua_subterranea/texto>. Acesso em: 25 nov. 2015.

 

MINISTÉRIO DAS CIDADES. Plano Nacional de Saneamento Básico. Brasília, 2013

 

PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> . Acesso em: 26 nov. 2015.

 

REVISTA HABITARE. Paraíso distante. Disponível em: . Acesso em: 29 nov. 2015.

 

SETELOMBAS. Círculo de bananeiras. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2015.

 

SETELOMBAS. Sanitário compostável. Disponível em: <http://www.setelombas.com.br/2006/04/sanitario-compostavel/>. Acessado em: 22 nov. 2015.

 

TRATA BRASIL. Diagnóstico da situação dos Planos Municipais de Saneamento Básico e da Regulação dos Serviços nas 100 maiores cidades brasileiras. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/diagnostico/estudo-completo.pdf . Acesso em: 28 nov. 2015.

 

TRATA BRASIL. Saneamento é Saúde. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-e-saude-3>. Acesso em: 28 nov. 2015.

 

TRATA BRASIL. Saneamento no Brasil – backup. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil-bakup>. Acesso em: 15 nov. 2015.

 

TRATABRASIL. Saneamento no Brasil. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil>. Acesso em: 27 set. 2015.

 

TIMM, Jeferson Müller. Estudo de casos de wetlands construídos descentralizados na região do Vale do Sinos e Serra Gaúcha. São Leopoldo: UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2015.

 

UPB. Saneamento Rural: Atuação da Funasa e o Programa Nacional de Saneamento Rural. Disponível em: <http://www.upb.org.br/wp-content/uploads/2013/10/Funasa-Saneamento-Rural-18-09-2015.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2015.

 

VIDA SUSTENTÁVEL. Banheiro Ecológico Seco de Fácil Construção é a Solução da Falta de Saneamento Básico. Disponível em: <http://www.vidasustentavel.net/gestao-de-residuos/banheiro-ecologico-seco-de-facil-construcao-e-a-solucao-da-falta-de-saneamento-basico/>. Acessado em 15 nov. 2015.

 

WIKIPEDIA. Saneamento Básico. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_b%C3%A1sico>. Acesso em: 14 nov. 2015.

 

 

APÊNDICE 1

 

QUESTIONÁRIO

 

1)                 Qual a população atual do município? “Aproximadamente 2800 habitantes.”                                                                

2)                 Quantas residências e estabelecimentos existem no município? “Em torno de 700 residências e 30 estabelecimentos comerciais, 1 posto de saúde, 6 escolas, 1 câmara de vereadores e a sede administrativa.”                                                             

3)                 Número de residências abastecidas com rede de distribuição de água? “137 residências.”                                                  

4)                 A rede de abastecimento de água é alimentada por qual tipo de fonte? “Poço tubular profundo.”                                               

5)                 A rede de distribuição fornece água tratada? Qual tipo de tratamento? “Sim, clorada.”                                                 

6)                 Número de residências dependentes de poços artesianos para consumo humano no município? “De acordo com as novas regras da DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) poços artesianos são licenciáveis e terão que ser substituídos por cacimbas rasas de até 1 metro de profundidade.”

7)                 Há controle de qualidade das águas destes poços artesianos? Com qual frequência? “Não há controle.”                        

8)                 Como estão os indicadores de salubridade ambiental do município? “Existem grandes áreas de matas nativas remanescentes, nascentes em condições de potabilidade, assim apresenta bom índice de qualidade ambiental comparado com os parâmetros nacionais.”

9)                 Há previsão para abastecimento com rede de distribuição de água da totalidade das residências no município? “Não, serão atendidos apenas os centros urbanos e as residências localizadas entre esses centros. As demais residências terão disponibilidades e água por cacimbas rasas tradicionais onde a água será também analisada.”

10)             Quais tipos de serviços de saneamento básico o município dispõe? “Resíduos Sólidos, abastecimento de água e drenagem urbana.”                                                      

11)             O município possui Plano diretor de abastecimento de água, Plano diretor de desenvolvimento urbano, Plano diretor de recursos hídricos, Plano diretor integrado de saneamento básico ou outro instrumento regulador do serviço de abastecimento de água? “Sim o Município possui legislação sobre estes assuntos.”                                                               

12)             O município possui algum destes instrumentos legais reguladores para o serviço de esgotamento sanitário? “Não.”

13)             Número de residências que possuem o tratamento adequado do esgoto doméstico? “Não há estação de tratamento, o tratamento é individual. 70% das residências são com fossa- filtro sumidouro e 30% das residências com fossas rudimentares.”                                     

14)             Nas construções atuais, o município exige do munícipe a execução de um esquema adequado para o tratamento do esgoto doméstico? “Estará previsto no Plano Municipal de Saneamento.”

15)             Quais alternativas o município propõe para o correto tratamento do esgoto doméstico nas novas residências? “Tratamento individual, Fossa- Filtro e Sumidouro.”

16)             Quais alternativas são previstas para implantação do tratamento adequado e sustentável do esgoto sanitário em residências que ainda não o possuem? “Estará previsto no Plano Municipal de Saneamento.”

17)             Há participação ativa da população na elaboração de planos e políticas públicas no município? “A população é convidada para participar das Audiências Públicas, porém poucas pessoas participam.”

18)             A população arroio padrense mostra-se receptiva frente a mudanças, sendo elas para preservação do meio ambiente e da saúde pública, mesmo que isso implique em desembolsos financeiros? “Há um pouco de reversão dos cidadãos quanto à diminuição da área cultivável, em razão da recuperação das matas ciliares e restituição de reservas legais.”

19)             Está prevista uma campanha de educação ambiental para conscientização sobre a necessidade do tratamento adequado do esgoto doméstico? “Sim.”

20)             Quais as dificuldades encontradas pela Administração Pública do município para atender ao Plano Nacional de Saneamento Básico? “Principalmente em medidas que aumentam os custos.”

Ilustrações: Silvana Santos