Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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O que fazer para melhorar o meio ambiente
11/09/2016 (Nº 57) FIM DA QUEIMA DA CANA-DE-AÇÚCAR AFETA FAUNA E FLORA
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FIM DA QUEIMA DA CANA-DE-AÇÚCAR AFETA FAUNA E FLORA

MATHEUS ORLANDO 

Especialistas notam aumento do número de animais, mas sem recomposição de áreas verdes. O fim gradativo da queima da palha da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, iniciado em 2002, tem consequências ambientais em Jaú. Com a supressão do uso administrado do fogo como etapa da produção da cana, observou-se a redução dos riscos de incêndios acidentais em áreas de vegetação nativa.

Constatou-se também a queda na mortalidade de animais silvestres – antes, era comum que bichos perecessem durante a queima ou tentando fugir do incêndio, quando poderiam acabar atropelados.

Não existem na cidade estudos específicos sobre a relação entre fim das queimadas de cana e seus efeitos ecológicos, mas profissionais da área perceberam, de forma empírica, essas mudanças.

O professor Jozrael Henriques Rezende, do curso de meio ambiente e recursos hídricos da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Jaú, explica que não queimar a cana, por si só, não ajuda a regenerar áreas florestais. 

Contudo, diminui-se o risco de que chamas atinjam as florestas preexistentes, que são poucas. Estudo indica que a Bacia Hidrográfica do Rio Jaú conta com apenas 3% de vegetação nativa (leia texto). Para que as áreas nativas voltem a crescer, é preciso implementar políticas com esse objetivo específico.

Em relação à fauna, as consequências do fim das queimadas é mais perceptível. O diretor-técnico da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Jaú, João André Miranda de Almeida Prado, atesta que muitos pequenos animais, como insetos e aracnídeos, habitam os canaviais. Espécies de porte maior, como caninos e capivaras poderiam passar pelas plantações e ser atingidos pelas chamas.

O biólogo Antonio Moura acrescenta que as mortes de animais por causa do fogo em canaviais diminuíram. Apesar da boa notícia, que é o aumento da biodiversidade da fauna e das populações de diversas espécies, pode haver prejuízos nas cidades.

Mudança

Como aumentou a população de animais, mas as áreas verdes não foram recompostas, existe consequente migração de espécies para os espaços urbanos. Então, os animais com maior facilidade de adaptação, os chamados oportunistas, como maritacas, gambás, capivaras, ouriços, serpentes, urubus, carcarás, corujas-buraqueiras e lagartos teiús, passam a viver definitivamente nas cidades. 

“Essa seria uma boa notícia, mas as pessoas e autoridades não estão preparadas para lidar com isso”, pondera. A tendência é que esses animais que se adaptam com mais facilidade não voltem para as florestas nem mesmo se houver aumento da flora, pois eles conseguem encontrar na cidade condições favoráveis de sobrevivência, como oferta de alimentos e ausência de predadores. 

“Será necessário sensibilização das autoridades para promover campanhas junto à população sobre como lidar com esses animais”, projeta o biólogo. 

É possível que a população enfrente transtornos consideráveis se os macacos-prego chegarem à cidade. Estes animais costumam destravar portas e desarrumar telhas para entrar em casas em busca de comida. “Eles podem se tornar animais oportunistas, e causam um escarcéu. É uma preocupação”, finaliza Moura. 

 

Fonte: http://www.comerciodojahu.com.br/noticia/1352636/fim-da-queima-da-cana-de-acucar-afeta-fauna-e-flora

 

Ilustrações: Silvana Santos