Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Plantas medicinais
11/09/2016 (Nº 57) PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS
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PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

O Brasil é responsável por cerca de 20% de toda a biodiversidade mundial. Além disso, é o maior país do mundo em biodiversidade vegetal, com mais de 50 mil espécies de árvores arbustos catalogadas. Esses números podem ser ainda maiores, uma vez que várias regiões do país não foram suficientemente estudadas. De acordo com estimativas feitas pelo Ministério do Meio ambiente, essas espécies conhecidas podem representar apenas 10% de toda a vida encontrada no Brasil.

Biopirataria

Essa vasta biodiversidade representa uma variedade de plantas, incluindo as de uso medicinal. O problema é que outros países exploram nossa flora e nossa fauna, levam os produtos brasileiros para o exterior e registram as espécies encontradas. Essa prática, chamada de biopirataria, representa um entrave ao desenvolvimento de medicamentos e uso de plantas medicinais brasileiras no tratamento de diversas doenças.

Várias medidas adotadas pelo Governo Federal, principalmente através do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, tentam conter a exploração da fauna e flora brasileira por países estrangeiros. As plantas medicinais são um grande alvo para a biopirataria, pois podem ser utilizados pelo indústria farmacêutica e render lucros para o país que as registrou. Algumas plantas brasileiras, com usos medicinais, foram registradas em outros países, como o cupuaçu, o açaí, a andiroba e o jaborandi.

Plantas medicinais brasileiras

O uso de plantas no tratamento de doenças é uma tradição anterior à chegada dos portugueses no Brasil. Os grupos indígenas que viviam em terras brasileiras conheciam muito bem a vegetação e utilizavam já utilizavam as propriedades medicinais de várias espécies brasileiras. Ao longo do tempo esse conhecimento se perdeu e hoje nos voltamos mais uma vez para as plantas em busca da cura para diversas enfermidades. Conheça algumas dessas plantas tradicionais no combate à doenças.

Sucupira

sucupira é uma árvore brasileira de porte médio, encontrada nas regiões de cerrado, como Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. Além de fornecer madeira para a construção civil e produção de móveis, a sucupira possui vários usos medicinais.

O óleo, retirado da casca e das sementes é eficiente no tratamento do reumatismo, enquanto os nódulos da raiz, também chamados de batatas-da-sucupira, são usados no tratamento da diabetes.

Estudos recentes também mostram que o óleo dos futos da sucupira dificultam a penetração da cercária da esquistossomose na pele, podendo ser utilizada no combate dessa endemia. As sementes da sucupira são especialmente eficazes em casos de artrite e problemas ósseos.

Guaco

guaco é um arbusto lenhoso e cheio de ramos, que se assemelha a uma trepadeira. A planta é conhecida tradicionalmente por seus usos medicinais e algumas pesquisas científicas comprovam esses usos.

Estudos mostraram que o guaco funciona como broncodilatador e expectorante, sendo amplamente utilizado no combate a doenças respiratórias, como gripe, dor de garganta e bronquite.

Pequisas realizadas pela Unicamp comprovaram que o guaco também é eficiente no tratamento de cáries e placas bacterianas nos dentes.

Cupuaçu

cupuaçu é uma árvore média, originária da Amazônia brasileira. Os frutos são amplamente utilizados no preparo de sucos, sorvetes, geleias e bombons, principalmente na região Norte do país.

O consumo do cupuaçu é altamente recomendado, uma vez que se trata de um alimento bastante nutritivo.

Ele é rico em ferro, fósforo e proteínas, que contribuem para a formação das células; possui alta concentração de vitaminas C, que melhora o sistema imunológico e combate a gripe; também possui vitaminas no complexo B, que funcionam como tonificante e auxiliam na formação das hemáceas; e contém taninos, que combatem as inflamações.

Mentrasto

mentrasto (Ageratum conyzoides), também conhecido como erva-de-são-joão, é uma das plantas medicinais brasileiras que vendo sendo estudadas por pesquisadores.

De acordo com alguns desses estudos, ela contém substâncias antibacterianas. Além disso, o chá feito com a erva é indicado para tratar problemas como artrite, artrose, bronquite, cólicas menstruais, dores musculares e hemorragias.

O extrato do mentrasto é responsável pelo efeito analgésico e anti-inflamatório, o que explica a maior parte dos benefícios atribuídos à planta.

Andiroba

andiroba (Carapa guianensis) é outra planta medicinal brasileira de grande importância. Ela é usada pelos indígenas da Amazônia há muitos anos. Tanto a casca quanto a folha da planta podem ter fins medicinais.

O uso tópico é o mais comum para combater úlceras, picadas de inseto, irritações na pele e problemas no couro cabeludo. Os índios também utilizam a casca embebida em água para preparar uma espécie de de bebida digestiva.

O óleo feito a partir do fruto da andiroba é excelente para limpar as vias aéreas e amenizar a tosse. Estudos feitos com a casca da planta revelaram uma possível ação anticancerígena que vem sendo melhor pesquisada.

Jaborandi

Outra panta bastante conhecida dos povos indígenas da amazônia é ojaborandi (Pilocarpus microphyllus). O nome vem da expressão em tupi “ya-bor-andi” que significa “que faz babar”. Assim, podemos notar que os primeiros usos tiveram relação com a salivação.

O médico português Symphrônio Coutinho levou a planta para a Europa em 1876. Lá, pesquisadores descobriram que as folhas possuem um componente chamado pilocarpina, que pode ser usado no tratamento de problemas oftalmológicos. A extração é feita por empresas estrangeiras que dominam o mercado de produção dos medicamentos feitos com a pilocarpina.

Além desse benefício, acredita-se que a planta possa ser usada para combater problemas respiratórios, reumatismo e o glaucoma.

Guaçatonga

guaçatonga (Casearia sylvestris) é uma planta bastante utilizada no preparo de medicamentos fitoterápicos. Ela é originária da Floresta Amazônica e foi usada por indígenas da região, tanto no Brasil quanto em países vizinhos, para combater diversos problemas de saúde.

Hoje se saber que as folhas e os galhos da guaçatonga possuem uma substância chamada lapachol, que vem sendo estudada pro suas propriedades medicinais. Os estudos apontam para a ação anticancerígena e antifúngica do fitoquímico.

Por causa desses indícios, a guaçatonga integra a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), que várias espécies que podem gerar produtos que interessem ao Ministério da Saúde.

 

Fonte: http://migre.me/uXhKr

 

Ilustrações: Silvana Santos