Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/11/2016 (Nº 58) EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UNIDADE ESCOLAR CONSELHEIRO SARAIVA, BATALHA – PI
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA NO ENSINO FUNDAMENTAL:

 UNIDADE ESCOLAR CONSELHEIRO SARAIVA, BATALHA – PI

 

Genildo Soares Caxias

 

RESUMO

A relação entre a educação e o meio ambiente é cada vez mais desafiadora, uma vez que demanda emergência para compreender os processos sociais que tornam os riscos ambientais mais complexos e intensos. Desta forma, uma sociedade ambientalmente educada é fundamental para a preservação e conservação do meio ambiente, uma vez que cada cidadão é responsável pelo equilíbrio da natureza e, assim garantindo o bem estar individual e coletivo. Nessa perspectiva, o presente trabalho buscou analisar como a é educação ambiental é trabalhada pelos professores do ensino fundamental na Unidade Escolar Conselheiro Saraiva, na cidade de Batalha-PI; e como essa prática contribui para a formação cidadã dos alunos. Como procedimentos metodológicos aderiu-se o caráter quanti-qualitativo, com aplicação de questionários e geração de gráficos. Os principais resultados demonstram que a educação ambiental não ocorre de forma satisfatória na escola em questão, é preciso que haja uma reorganização do plano de trabalho dos professores que envolvam toda a comunidade escolar em prol do desenvolvimento de projetos/atividades direcionadas ao temática ambiental. Entretanto, percebe-se, ainda, que apesar dessa deficiência os alunos tendem de conhecimento sobre a importância da proteção do meio ambiente, porém precisam ser instigados para tornarem-se cidadãos ambientalmente críticos e reflexivos.

Palavras-chave: Educação ambiental. Cidadania.Ensino fundamental.

 

ENVIRONMENTAL EDUCATION AND CITIZENSHIP IN ELEMENTARY SCHOOL:

UNIDADE ESCOLAR CONSELHEIRO SARAIVA, BATALHA, PIAUÍ, BRAZIL.

ABSTRACT:

The relationship between education and the environment is becoming more challenging, since demand for emergency understanding social processes that make them more complex and intense environmental’s risks. In this way, an environmentally educated society is fundamental to the preservation and conservation of the nature, since each citizen is responsible for the balance of nature and thus ensuring the well-being individually and collectively. From this perspective, this study to analyze, as is environmental education has learned by elementary school teachers in the School Unit Conselheiro Saraiva, in Batalha City, Piauí; and as this practice contributes to civic education of students. The methodological procedures adhered to the quantitative and qualitative, with questionnaires and graphics. The main results show that environmental education doesn’t satisfactorily in the school, there must be a reorganization of the teacher work plan involving the whole school community for development projects / activities directed to environmental issues. However, we can see also that in spite of a disability students tend knowledge about the importance of protecting the environment, but need to be encouraged to become environmentally critical and reflective citizens.

Keywords: Environmental education; Citizenship; Education

 

INTRODUÇÃO

 

            Uma sociedade ambientalmente educada é fundamental para a preservação e conservação do meio ambiente, uma vez que cada cidadão fazendo sua parte estará contribuindo para manter o equilíbrio da natureza garantindo o bem estar individual e coletivo.De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do ensino fundamental, trabalhar o tema meio ambiente em sala de aula possibilita que o processo de ensino e aprendizagem  torne-se mais participativo, onde o educando assume o papel central do processo, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e buscando soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidade e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizente com o exercício da cidadania.

A educação ambiental possibilita, ainda, que os educandos compreendam a complexidade das questões ambientais e, para isso é fundamental oferecer-lhes uma visão sistêmica e, ao mesmo tempo, contextualizada o que inclui além do ambiente físico as suas condições sociais e culturais (Brasil, 1997).

              Dessa forma, o tema central desse trabalho discorre sobre educação ambiental e cidadania. Tendo como objeto de estudo educação ambiental no ensino fundamental na Unidade Escolar Conselheiro Saraiva, situada à Av. Getúlio Vargas, 646, Centro, na cidade de Batalha- PI. Assim, este trabalho justifica-se pelo fato da educação ambiental ser um tema transversal da Educação Brasileira, portanto, deve ser abordada por todas áreas do conhecimento, mas que nem todos os professores a trabalham em sala de aula, deixando, assim, de contribuir na formação de cidadãos social e ambientalmente conscientes. Também, possibilitar o conhecimento acerca da temática do meio ambiente para a escola e, consequentemente para a comunidade. E, tem como objetivo geral analisar como o tema da Educação Ambiental e Cidadania é trabalhado nas séries iniciais do Ensino Fundamental da Unidade Escolar Conselheiro Saraiva afim de trazer para a comunidade em geral a importância e como este tema pode ser tratado em sala de aula.

              Os resultados demonstraram que a educação ambiental não ocorre de maneira satisfatória na escola Conselheiro Saraiva, provavelmente esse fato tenha relação com projetos e atividades mais eficientes voltados para essa área. Esse débito pode ser, ainda, atribuído também a infraestrutura precária da escola aliada a uma gestão que não incentiva a promoção de tais práticas.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

Contextualizando a educação ambiental: um breve relato

 

Após as duas Grandes Guerras que ocorreram no século XX, o mundo vivenciou uma exploração desenfreada dos recursos naturais devido ao intenso processo de industrialização que se estabeleceu, sobretudo a partir de 1945 com fim da Segunda Grande Guerra.  Esse processo gerou grandes impactos negativos ao meio ambiente por causa do uso exacerbado dos recursos naturais. Com isso, a comunidade mundial se deparou diante de vários problemas ambientais: poluição atmosférica, poluição das águas, degradação dos solos, desmatamento das florestas dentre outros(Victor Gentilli, 1950).

Sabe-se que os países são responsáveis pela conservação e uso da diversidade biológica, para isso, devem criar áreas protegidas e estabelecer condições de cooperação financeira, visando estratégias de conservação de seus territórios. Assim, a convenção da biodiversidade sugere o intercâmbio entre os países detentores de tecnologias relevantes para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais (GODINHO, 2011, p.89).

Tendo em vista esse cenário, emergiu-se também a distinção entre os termos conservação e preservação, muitas vezes usados como sinônimos, mas na verdade expressam ideias que se originam de raízes e posturas distintas e correntes ideológicas que representam relacionamentos diferentes do ser humano com a natureza.

Para Sahop (1978) o preservacionismo tornou-se sinônimo de salvar espécies, áreas naturais, ecossistemas e biomas sendo uma corrente ligada a proteção da natureza independentemente do interesse utilitário e do valor econômico que possa conter. Já o conservacionismo permite o uso sustentável e assume da natureza para algum fim. A conservação admite, ainda,a participação humana em harmonia e voltada à proteção da natureza, sendo uma técnica de planejamento que busca articular dois objetivos: o desenvolvimento direcionado para melhoria da qualidade de vida através do incremento da produtividade e manter em equilíbrio o ecossistema onde se realizam essas atividades.

Considerando a importância da temática ambiental e a visão integral do mundo, no tempo e no espaço, a escola deve oferecer meios efetivos para que cada cidadão compreenda os fenômenos naturais e as ações humanas e suas consequências para todos os seres vivos e não vivos que compõem o ambiente (Brasil, 1997).

A educação é a fonte de todas as coisas positivas na vida de qualquer ser humano e com a educação ambiental não seria diferente já que ela possibilita um relacionamento saudável com a natureza. A esse respeito Jacobi (2006, p. 524) afirma que:

 

A educação ambiental representa um instrumento essencial para superar os atuais impasses da nossa sociedade; as políticas ambientais e os programas educacionais relacionados à conscientização sobre a crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade contraditória e geradora de desigualdades que transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis.

 

Assim, a relação entre a educação e meio ambiente assume um papel cada vez mais desafiador, uma vez que demanda emergência para compreender os processos e saberes sociais que tornam mais complexos e intensos os riscos ambientais Jacobi (2006, p. 528). Numa sociedade ambientalmente sustentável as responsabilidades devem ser compartilhadas amplamente, habilitando as pessoas a tomarem decisões. Mas para uma sociedade ser sustentável, não basta que seus cidadãos tenham acesso a informação, eles devem também ser sensíveis a informação. Tal sensibilidade precisa ser construída junto aos sujeitos das comunidades (GODINHO, 2011).

Segundo Carvalho (2006) a Educação Ambiental é concebida inicialmente como preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização capaz de chamar a atenção para a finitude e má distribuição do acesso aos recursos naturais e envolver os cidadãos em ações sociais e ambientalmente apropriadas. Neste sentido, a educação ambiental assume relevante destaque, uma vez que não pode ser entendida apenas como uma atividade de desenvolvimento de atividades lúdicas com crianças e promoção de eventos em datas comemorativas ao meio ambiente e, sim como parte do processo de construção do conhecimento através de atividades reflexivas, dinâmicas e lúdicas (MEIRELLES; SANTOS, 2005).

Dessa maneira, a educação ambiental deve ser vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimentos e forma cidadãos ambientalmente conscientes. Santos Júnior (1998, p. 11)ressalta:

 

Que a cidadania é exercida por cidadãos, que é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade, inclusive ambientais, pois tudo o que acontece no mundo comigo, então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida.

 

Um cidadão ético e consciente não abre mão do poder de participar da vida em sociedade. Nesse contexto, Saviani(1986, p.73) afirma que “ser cidadão significa ser sujeito de direitos e deveres, cidadão é, pois, aquele que está capacitado a participar da vida ativamente da cidade e extensivamente da vida da sociedade”.

Dimenstein (2005) enfatiza, ainda, que como termo legal, cidadania é mais uma identificação do que uma ação, como termo político, cidadania significa compromisso ativo, responsabilidade: significa fazer diferença na comunidade, na sociedade, no meio como todo. Esse autor destaca, ainda, que (2005, p. 27)

 

Em um sentido mais amplo cidadania constitui o fundamento da primordial finalidade do estado democrático de direito, que possibilita aos indivíduos habitantes de um país, seu pleno desenvolvimento através do alcance de igual dignidade social. Dessa maneira, o conceito amplo de cidadania está conectado e conjugado, por que encontram seus princípios básicos estruturantes, aos conceitos de democracia e de igualdade. A cidadania, no estado democrático de direito, efetivo, oferece aos cidadãos como iguais condições, o gozo atual de direitos assistidos das garantias que permitem a sua eficácia.

 

Dessa forma, a Educação Ambiental pode ser trabalhada através de formas democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas, isso se consubstancia no objetivo de criar novas atitudes e comportamentos de consumo na sociedade e estimular a mudança de atitudes individual e coletiva. Para Dimenstein cidadania tem a ver com:

 

Pertencer a uma coletividade e criar identidade com ela. A educação ambiental, com formação e exercício da cidadania, tem a ver com uma nova forma de encarar a relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de ver o mundo e os homens (DIMENSTEIN,2005, p.25).

 

A educação representa, ainda, a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para que transforme as diversas formas de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade, baseada na educação para a participação. Nesse sentido, a Carta de Belgrado representa o primeiro documento direcionado a educação ambiental, pois nela constava uma análise profunda dos problemas ambientais que o mundo vivenciava até pouco mais da metade do século XX e dentre as sugestões para mitigar tais problemas apontava: erradicação das causas básicas da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição e da exploração e dominação, considerando que se esses fatores fossem superados teríamos um meio ambiente limpo e, consequentemente melhor qualidade de vida (UNESCO, 1975).

Embora os primeiros registros da utilização do termo “Educação Ambiental”, tenha surgido em 1948 no Encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) em Paris, foi na Conferência de Estocolmo em 1972 que começam ser traçados os rumos da Educação Ambiental com sua inserção na Agenda Internacional. Sabendo-se que a educação ambiental é objeto de discussão das políticas públicas, o Plano de Ação da Conferência de Estocolmo recomendou, ainda, a necessidade de oferecer capacitação aos professores e o desenvolvimento de novos métodos e recurso instrucionais para a Educação Ambiental (PEDRINI 1997). Assim, em 1977 em Tibilisi, Geórgia, ocorre a primeira conferência intergovernamental dedicada exclusivamente à Educação Ambiental, onde foi definido os objetivos, princípios e orientações para se trabalhar a educação ambiental (SECAD, 2007).

Em Tibilisi também reconheceu-se na educação ambiental importante fonte para consolidar a paz, eliminar as diversas formas de descriminação racial, política e econômica, além de constitui-se em um instrumento de solidariedade internacional. Dessa maneira, percebe-se que esta conferência foi de suma importância para consolidar a educação ambiental como prática para sanar a degradação social e ambiental. Já na Conferência Rio/92 cidadãos representantes de instituições assinaram tratados nos quais se reconheceu o papel central da educação para a construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado sustentado no princípio da sustentabilidade.

 

Educação Ambiental: a inserção no ensino

 

A educação ambiental chega até a escola com o objetivo de sensibilizar e despertar a consciência ambiental dos alunos, transformando-os indivíduos críticos e reflexivos, além de possibilitar práticas pedagógicas que ultrapassam os limites físicos da escola, ou seja, proporcionar visitas para observação das condições ambientais locais. Entretanto, antes de extrapolar os muros é importante que se faça um planejamento baseado num levantamento de locais como parques, unidade de conservação, lugares históricos e centros culturais e empresas onde possam ser observadas condições ambientais em diferentes perspectivas(Jacobi, 2005).

No Brasil, a educação é um direito institucional garantido pela Lei Magma do País, a Constituição Federal de 1988 (CF). O capítulo II da CF garante que são direitos sociais de todos os cidadãos brasileiros acesso à educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, previdência social [...] e no art. 225 assegura que todos tem o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o bem estar da população, portando o Estado assume responsabilidade preservar e manter o meio ambiente adequado para a vida da atual e futuras gerações (BRASIL, 1988).

Tendo como base a Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999, mais precisamente o art. 2º que traz a educação ambiental como um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal, considera-se que os princípios da natureza humana influenciam diretamente no equilíbrio do ecossistema.E, quando se refere à educação ambiental, situa-a num contexto mais amplo, o da educação para a cidadania que configura-se como elemento determinante para consolidar o conceito de sujeito cidadão. Jacobi (2006, p. 524) alerta que:

 

O desafio de fortalecer a cidadania para a população como um todo, e não para um grupo restrito, se concretiza a partir da possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres e se convertem, portanto, em ato corresponsável pela defesa da qualidade de vida. O principal eixo de atuação da educação ambiental deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito diferença.

 

A Lei 9.795/1999 define Educação Ambiental como sendo o processo de construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação o meio ambiente e salubre qualidade de vida.  Assim, o desafio que se coloca é de formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em dois níveis: formal e não formal. Jacobi, (2005, p.234) que

 

A educação ambiental deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva de ação concreta que relaciona o homem, a natureza e o universo, tomando como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o homem.

                                   

Nessa perspectiva, os parâmetros de qualidade para educação básica brasileira estabelece que a escola é o espaço e local onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização. Os comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática e no cotidiano na vida escolar, assim é necessário que os professores estejam atentos a necessidade da educação ambiental para contribuir com a formação de cidadãos responsáveis (Brasil, 1997, p. 126).

Assim, a educação ambiental é um elemento importante para assegurar que as próximas gerações tenham uma qualidade de vida melhor.O cidadão tem um papel muito importante na constituição da consciência ecológica da sociedade, agindo de forma cuidadosa e consciente no espaço que ocupa no meio ambiente, respeitando os outros elementos, como o solo, a água, o ar, a fauna e a flora. Portanto, percebe-se que a educação formal e a educação ambiental caminham juntas, ou seja, precisam ser pensadas como um sistema dinâmico diante do atual cenário mundial, brasileiro e local.

 

METODOLOGIA

 

A pesquisa correspondeu à análise qualitativa e quantitativa com levantamento bibliográfica, observação de campo e aplicação de questionários. Este trabalho foi dividido em quatro etapas. A primeira etapa correspondeu ao levantamento bibliográfico em livros, artigos científicos, dissertações e teses que subsidiaram a discussão do tema. Na segunda aplicaram-se questionários aos professores num total de dez docentes. Cabe ressaltar que não foram entrevistados todos os professores da referida instituição de ensino, foram entrevistados 50% dos profissionais que atuam na respectiva modalidade de ensino, foram selecionados por sorteio professores considerando suas especialidades entre elas Geografia, Inglês, Português, Matemática, História e Ciências. O questionário foi semiestruturado com perguntas abertas e fechadas.

A terceira etapa consistiu as atividades práticas tais como: seminários, exposições de fotos e vídeos sobre a realidade ambiental da cidade de Batalha-PI, que resultaram numa mobilização em prol do meio ambiente com a confecção e distribuição de panfletos informativos para a comunidade local. A etapa final correspondeu a análise e interpretação dos dados que deram origem aos gráficos e tabelas. Cabe ressaltar que tais atividades acima seguiram um cronograma de execução que teve duração de quatro meses.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A atuação do professor com as práticas de educação ambiental

 

A atuação do professor em sala de aula constitui um elemento importante para o processo de ensino e aprendizagem e, consequentemente na formação de cidadãos críticos, enquanto sujeitos participativos na sociedade e também remetem direitos e deveres para um convívio saudável entre os habitantes da Terra.

A prática pedagógica de cada professor em sala de aula reflete a sua formação acadêmica e também a organização da escola em que leciona. Nesse sentido, procurou-se primeiro identificar a quanto tempo os professores da Unidade Escolar Conselheiro Saraiva estão na docência, conforme pode ser observado na figura 01.

 

Figura 01: Tempo de atuação na área da docência

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Pesquisa Direta, (2015)

 

Esses dados refletem que os professores da escola, durante sua formação foram orientados e capacitados para desenvolverem atividades relacionadas a educação ambiental, uma vez que a Educação Ambiental é tema cada vez mais frequente nas universidade e eixo de discussões tanto no meio acadêmico quanto no social. Esses dados corroboram, ainda, com as práticas pedagógicas desenvolvidas por esses profissionais na escola, como pode ser observado na figura 02. 

 

Figura 02: Principais práticas pedagógicas de educação ambiental.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Pesquisa Direta, (2015)

 

Percebe-se, que os professores estão procurando inserir a educação ambiental no cotidiano dos alunos, entretanto essa inserção ocorre de maneira tímida, pois somente cerca de 20% dos entrevistados buscam palestras e grupos de discussões sobre a importância da preservação e conservação dos recursos naturais e uma parcela menor ainda, levam os alunos a campo para visitar possíveis áreas com risco ou que estejam degradadas e necessitam de recuperação.

Outro ponto de questionamento com os docentes foi sobre a fonte de pesquisa dos conteúdos a ser desenvolvidos na temática transversalidade meio ambiente (educação ambiental). O Resultado podemos observar na figura 03.

 

 

Figura 03: Principais fontes de pesquisa.

 


 

Fonte: Pesquisa Direta, (2015)

 

Verificou-se também que 50% dos professores entrevistados têm como principal fonte de pesquisa sobre os assuntos de educação ambiental a internet e somente 5% afirmaram que buscam informações em livros, revistas e jornais. Esse dado serve de alarme, pois o professor como mediador do conhecimento não deve ter um meio absoluto para buscar informações, esse profissional deve ter o discernimento para filtrar as informações dos diversos meios e, assim levar para sala de aula assuntos concisos e que de fato faça os alunos refletirem sobre a realidade ambiental e, assim que adotem atitudes que evitem impactos negativos ao meio ambiente.

Disinger e Tomsen, (1995) ressaltam que a necessidade de interação na educação faz com que os educadores influenciem a visão de mundo de seus alunos, sobre isto, vamos entender a opinião que os educadores entrevistados têm sobre a importância da educação ambiental na vida educacional (Quadro 01):

 

Quadro 1. Visão dos docentes sobre a educação ambiental.

Professores

Reflexão sobre o tema: Educação Ambiental

Professor A

A importância da preservação pode contribuir muito com o meio ambiente.

Professor B

Tão importante quanto os demais ramos do conhecimento.

Professor C

Possibilita a construção de valores humanos.

Professor D

É importante, pois se trata do meio onde vivemos.

Professor E

Afirma que a EA torna os alunos mais reflexivos.

Fonte: Pesquisa direta, (2015)

 

Neste contexto, quando indagados sobre sua satisfação pessoal a respeito do ensino da educação ambiental 40% dos professores entrevistados afirmam que estão insatisfeitos com as práticas de educação ambiental, pois faltam incentivos e há carência de infraestrutura adequada para desenvolver projetos e também a dificuldade de interação com a Interdisciplinaridade. Observa-se, ainda, que os educadores consideram importante a Educação Ambiental na formação do cidadão, pois a partir de práticas pedagógicas adequadas surgem um leque de possibilidades para estudar e discutir sobre a temática.  Entende-se, portanto, que todo cidadão tem sua vida regida por direitos e deveres fundamentais para um convívio saudável social e ambientalmente.

 

A formação do aluno no contexto da educação ambiental na Escola Conselheiro Saraiva

 

A educação ambiental está inserida nos Parâmetros Curriculares Nacionais, como tema transversal da educação, porém é uma prática obrigatória. No entanto, percebe-se que a educação ambiental na maioria das escolas brasileiras, ainda, ocorre de forma bastante tímida, provavelmente esse cenário esteja ligado falta de planos e projetos que contemplem de fato a esta temática nas escolas.

Em busca de transformar a realidade da Educação Ambiental na Escola Conselheiro Saraiva, buscou-se estimular nos alunos a mudança de atitudes estimulando novos hábitos em relação a utilização dos recursos naturais favorecendo a reflexão sobre a responsabilidade ética de cada cidadão perante o meio ambiente.Para tanto, primeiramente foi apresentado uma palestra sobre os problemas ambientais destacando aqueles da realidade local dos alunos (Figura 04).

 

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Figura 04: Palestra para os alunos sobre problemas ambientais.

Fonte: Pesquisa direta, (2015)

 

Foi relatado sobre os problemas ambientais que ocorrem na cidade de Batalha com o objetivo de despertar a sensibilidade ecológica dos alunos frente a realidade vivenciada por eles mesmos. Dias (2004) corrobora com essa metodologia ao afirmar que os problemas ambientais devem ser compreendidos do menor para o maior, ou seja, primeiramente no contexto local e em seguida ser entendido em seu contexto global. Assim, primeiramente falou-se sobre a problemática do lixo tanto nos ambientes escolar como doméstico em busca de estimular a reflexão críticas dos alunos. Entretanto, é importante que tais atividades sejam constantes na escola, pois caso contrário não obterá os resultados esperados. Medeiros (2010) ressalta que a temática sobre resíduos sólidos, sobretudo, no ambiente escolar contribui para a formação de valores e atitudes e a ética, uma vez que é um assunto do cotidiano do educando.

Enfim, valorizando o respeito, a vida, a solidariedade, a cooperação, o ser humano, de forma espontânea, volta-se á natureza e, por consequencia, procura preservar o meio ambiente; terá, portanto uma noção clara de que tudo estar integrado, tudo está interligado. Então, trata-se de uma iniciativa individual para posteriormente passar a ser coletivo, em um processo permanente desde as séries do ensino fundamental.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante do exposto, cabe dizer que a educação ambiental tem a capacidade de promover valores, não sendo somente um meio de transmitir informações, trata-se de um processo que envolve transformações no sujeito que aprende e incide sobre sua identidade e posturas diante do mundo. Percebeu-se que os alunos, dentro de sua realidade, possuem informações sobre o seu meio ambiente e conseguem relacioná-las com sua vivencia. No entanto, é desejável que haja o desenvolvimento contínuo de projetos e demais atividades envolvendo o meio ambiente.

A partir da pesquisa feita junto aos docentes da escola Conselheiro Saraiva foi possível identificar que a educação ambiental está sendo discutida em sala de aula e sempre que possível para a comunidade em geral. De forma que atitudes simples como a coleta seletiva do lixo doméstico pode se tornar um elemento fundamental na conservação do meio ambiente.Verificou-se, ainda,a falta de projetos e recursos dificultam o desenvolvidos de atividades mais incisivas de educação ambiental na escola, além do déficit na formação dos professores.

Pensando em melhorar a prática da educação ambiental na Escola Conselheiro Saraiva sugere-se que a gestão da escola programe formações com profissionais da área ambiental para capacitar os professores da escola para desenvolverem com maior satisfação as atividades de educação ambiental. Outro ponto, seria a ação integrada entre escola, município e comunidade na formação de cooperativa de reciclagem e reaproveitamento dos resíduos sólidos, principalmente dos órgãos.

Portanto, acredita-se que o respeito a vida, a solidariedade e o respeito a natureza é uma tarefa de todos, mas para isso é preciso investir na educação ambiental, principalmente daqueles que ainda estão em formação para que se tornem cidadãos, críticos, reflexivos e, sobretudo, ambientalmente conscientes.

 

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Ilustrações: Silvana Santos