Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
27/11/2016 (Nº 58) EDUCAÇÃO AMBIENTAL: TEORIA E PRÁTICA – UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS RESÍDUOS ELETRÔNICOS NO MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA - PARANÁ.
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=2566 
  

educação ambiental: teoria e prática – um Estudo de caso sobre os resíduos eletrônicos no município de medianeira - paraná.

 

OSTROVSKI, Dalésio1, OSTROVSKI, Crizieli2, BERNARDON, Jean Michel3; SANTOS, Ronaldo Limberger dos4;

1 – Professor Doutor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Campus Medianeira.

Avenida Brasil, 4232 CEP 85884-000 - Caixa Postal 271 - Medianeira - PR – Brasil.

Telefones: (45) 3240-8089; (45) 9814-8350.

dalesio@utfpr.edu.br

 

2 – Professora e Pedagoga da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Campus Medianeira.

Avenida Brasil, 4232 CEP 85884-000 - Caixa Postal 271 - Medianeira - PR – Brasil.

Telefones: (45) 3240-8077; (45) 9910-9111.

crizieli@utfpr.edu.br

 

3 – Tecnólogo em Gestão Ambiental.

Avenida Brasil, 4232 CEP 85884-000 - Caixa Postal 271 - Medianeira - PR – Brasil.

Telefones: (45) 3240-8089; (45) 9814-8350.

Telefone: (45) 9948-2718

gan_49@hotmail.com

 

4 - Tecnólogo em Gestão Ambiental.

Avenida Brasil, 4232 CEP 85884-000 - Caixa Postal 271 - Medianeira - PR – Brasil.

Telefones: (45) 3240-8089; (45) 9814-8350.

Telefone: (45) 9902-8995

ronaldo.limberger@hotmail.com

 

Resumo

Com o avanço tecnológico, os constantes lançamentos de mercadorias eletrônicas e o baixo custo de produção tornaram os equipamentos eletrônicos parte de nosso cotidiano, resultando em um novo tipo de resíduo sólido que necessita de uma destinação correta e adequada. É neste tema que o artigo está inserido, apresentando uma pesquisa que procurou diagnosticar a percepção ambiental e posteriormente desenvolveuestratégiaspara a sensibilização quanto à destinação correta deste resíduo, a fim de evitar a poluição ambiental por seus componentes. Como estratégia prática/investigativa foi realizado um acompanhado com seis turmas de alunos do quarto ano do ensino fundamental, no município de Medianeira – Paraná, seguindo o seguinte roteiro: aplicação de questionário diagnóstico, palestra de sensibilização, campanha de coleta de resíduos, aplicação de questionário avaliativo, recolha dos resíduos, catalogação e destinação correta. Por intermédio da educação ambiental procurou-sealiar a teoria e a prática, objetivando a sensibilização e complementação do conteúdo das turmas. Como resultado pode-se perceber um envolvimento pleno dos alunos, sendo que os conteúdos abordados e a dinâmica adotada surtiram o efeito esperado, isto é, sensibilização para a separação e destinação correta dos resíduos eletrônicos.

 

Palavras-chave: Lixo Eletrônico. Resíduo Sólido. Sensibilização.

 

ENVIRONMENTAL EDUCATION: THEORY AND PRACTICE - A CASE STUDY ON ELECTRONIC WASTE IN MEDIANEIRA - PARANÁ.

 

Abstract

 

With the advancement of technology, the constant release of electronic goods and the low cost of production made the electronic equipment part of our everyday lives, resulting in a new type of solid residue which needs a correct and adequate disposal. This is the theme that the article is inserted, presenting a research that tried to diagnose the environmental perception and subsequently developed strategies to increase awareness as to the correct disposal of this waste, in order to avoid environmental pollution by its components. As a practical/ investigative strategy an study with six groups of students of the fourth year of elementary education was conducted, in the municipality of Medianeira - Paraná, as the following script: application of a questionnaire tool, lecture to raise awareness, campaign to collect waste, application of evaluative questionnaire, waste collection, cataloguing and correct disposal. Through environmental education there was an attempt to combine theory and practice, aiming to raise awareness and complement the content of the classes. As a result, it is possible to notice the full involvement of students, and that the contents and the dynamics adopted had the expected effect, i.e., awareness for the separation and correct disposal of electronic waste.

 

Keywords: Electronic Waste. Solid waste.Awareness.

 

introdução

Desde o descobrimento da energia elétrica por Benjamim Franklin no início do século XVIII, pouco a pouco os equipamentos eletrônicos passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, da lâmpada incandescente até os supercomputadores, as pessoas foram introduzindo continuamente esses produtos em suas vidas, tornando-se parte indispensável do nosso dia-a-dia. Alavancadas pelo crescimento da economia e a popularização das novas tecnologias impulsionaram o consumo desses equipamentos. Segundo a associação brasileira da indústria eletroeletrônica (ABINEE, 2011), entre o período de 2003 a 2011, as vendas de computadores pessoais, net-books e notebooks no Brasil teve um aumento de 481,3% em um período de apenas oito anos, aumento esse, que também ocorreu significativamente em outras áreas como da telefonia móvel.

Desejamos possuir novas tecnologias, mas noprincípio poucas pessoas tinham condições financeiras de adquirir esses equipamentos que eram de valor elevado e poucas lojas especializavam-se nestes produtos de difícil manuseio, uma vez que era necessário fazer cursos para dominar tais tecnologias. Mas com o passar do tempo essa tecnologia se disseminou e se desenvolveu de tal forma que na atualidade, na maioria das residências encontra-se ao menos um computador, sendo que e as pessoas têm mais facilidades tanto em comprar como em manusear.

De acordo com ABDI (2012) - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, equipamentos eletroeletrônicos são todos aqueles produtos que dependem do uso de corrente elétrica ou de campos eletromagnéticos para funcionar, sendo divididos em quatro categorias:a Linha Branca, composta por refrigeradores e congeladores, fogões, lavadoras de roupa e louça, secadoras, condicionadores de ar, a Linha Marrom que tem os monitores e televisores de tubo, plasma, LCD e LED, aparelhos de DVD e VHS, equipamentos de áudio, filmadoras, a Linha Azul, composta de batedeiras, liquidificadores, ferros elétricos, furadeiras, secadores de cabelo, espremedores de frutas, aspiradores de pó, cafeteiras e a Linha Verde, que comporta os computadores desktop e laptops, acessórios de informática, tablets e telefones celulares.

É na esfera das linhas verde e marrom que oartigo está inserido, afinal, para onde vão todos esses aparelhos após estragarem ou serem descartados, uma vez que, a grande maioria dos equipamentos eletrônicos possuem componentes de difícil degradação ou até mesmo tóxicos como é o caso das baterias.

O público alvo para o desenvolvimento da pesquisa que se apresenta o artigo foram turmas do quarto ano do ensino fundamental, de duas escolas municipais daCidade de Medianeira, no Estado do Paraná, com localizações e classes socioeconômicas distintas. A escolha das escolas direcionou-se como critério seleção de duas escolas com características distintas para possibilitar umaanálise comparativa dos dados.

O método de pesquisa foi qualitativo, para desenvolvimento das atividades Educativas sobre a destinação dos resíduos. No primeiro momento verificou-se o conhecimento prévio sobre os problemas que esses resíduos podem trazer ao meio ambiente, e utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário. Posteriormente, foi realizado uma palestra informativa, desenvolvendo questões relacionadas ao tema e para verificar a assimilação do tema, aplicou-se outro questionário percebendo se sensibilização para mudança de postura. Finalizou-se a atividade com o desenvolvido de uma mobilização com as turmas para coleta de equipamentos eletrônicos que encontravam-se sem uso em suas residências.

Dessa forma o artigo foi estruturado abordando a educação ambiental como principal ferramenta para sensibilização e conscientização para a adequada destinação final e reciclagem desses resíduos. Em seguida apresenta-se as o materiais e métodos finalizando com os resultados obtidos.

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

O tema educação ambiental pode parecer algo recente, entretanto ao aprofundar-se nas pesquisas verifica-se que:

A educação ambiental surge no Brasil muito antes da sua institucionalização pelo governo federal, marcada, no início dos anos 70, pela emergência de um ambientalismo que se une às lutas pelas liberdades democráticas. No campo educativo, esse movimento se manifesta por meio da ação isolada de professores, estudantes e escolas, em pequenas ações de entidades da sociedade civil ou mesmo por parte de prefeituras municipais e governos estaduais com atividades educacionais relacionadas à recuperação, conservação e melhoria do ambiente.(BRASIL,2014, p.15).

 

Somos uma nação que caminha para sensibilização que leva a preocupação com o ambiente. Segundo o INEP (2004) a preocupação com o meio ambiente frequenta, cada vez mais, a sala de aula. Atualmente, 65% das escolas do ensino fundamental inserem a temática ambiental em suas disciplinas de 1ª a 4ª série, sendo que 27% desenvolvem projetos específicos sobre o assunto.

No entanto, na Rio +20,  Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável:

a educação não foi um dos pontos centrais no evento oficial, porém esteve presente nas discussões em diversas atividades paralelas, como na Cúpula dos Povos, onde foi realizada a II Jornada Internacional de Educação Ambiental. Nesta jornada foi discutida e lançada a Rede Planetária de Educação Ambiental, como parte da implantação do Tratado de EA. (BRASIL 2014, p. 22)

 

Em uma busca por uma implementação mais abrangente o Programa Nancional de Educação Ambiental ainda,

propõe um constante exercício de transversalidade para internalizar, por meio de espaços de interlocução bilateral e múltipla, a educação ambiental no conjunto do governo, nas entidades privadas e no terceiro setor; enfim, na sociedade como um todo. Estimula o diálogo interdisciplinar entre as políticas setoriais e a participação qualificada nas decisões sobre investimentos, monitoramento e avaliação do impacto de tais políticas. (BRASIL, 2015, p. 23)

 

Baseado nessas informações, busca-se nos estabelecimentos de ensino fundamental, repassar os conhecimentos sobre a educação ambiental, no intuito de promover uma ação social, sensibilização e até o mesmo uma mudança de opinião dos jovens alunos sobre a educação ambiental e meio ambiente. Segundo a UFRRJ (2008) a educação ambiental representa um desafio que vem envolvendo um número significativo de pessoas há aproximadamente trinta anos.

Quando reflete-se em pouco mais, levando-se em consideração apenas alguns indicativos da educação ambiental, tais como:

·               Interdisciplinaridade.

·               Adequação da realidade – partir da realidade ou das questões socioambientais locais.

·               Ajudar a descobrir as causas, sintomas e desdobramentos de problemas socioambientais.

·               Situar o problema num contexto cultural, político, econômico e histórico.

·               Desenvolvimento do senso crítico e habilidades necessárias à resolução de problemas.

·               Utilização de técnicas participativas que incentivem a reflexão e a expressão de todos os participantes.

·               Articular questões locais e globais envolvidas no problema. (UFRRJ 2008).

Isto é confirmado com as diretrizes do ProNEA que afirma que suas ações destinam-se a assegurar, no âmbitoeducativo, a interação e a integração equilibradas das múltiplas dimensões da sustentabilidade ambiental– ecológica, social, ética, cultural, econômica, espacial e política – ao desenvolvimento do país, buscandoo envolvimento e a participação social na proteção, recuperação e melhoria das condições ambientais e de qualidade de vida., assumindo a postura da transversalidade e interdisciplinaridade, a descentralização espacial e institucional, a sustentabilidade socioambiental, a democracia e participação social, o aperfeiçoamento e fortalecimento dos sistemas de ensino, com a interface com a educação ambiental. (BRASIL, 2014).

Desta forma o ProNEAapresenta-se como uma importante ferramenta,

Considerando-se (...) um dos instrumentos fundamentais da gestão ambiental, (...) desempenha um importante papel na orientação de agentes públicos e privados para a reflexão, a construção e a implementação de políticas públicas que possibilitem solucionar questões estruturais, almejando a sustentabilidade socioambiental. Assim, propicia-se a oportunidade de ressaltar o bom exemplo das práticas e experiências exitosas, como a integração entre professores e técnicos ambientais em programas de formação. (BRASIL, 2015, p.25)

 

Pode-se verificar, que no atual cenário, devemos conciliar a educação ambiental com estratégias de separação, destinação e reciclagem de resíduos, incluindo estas ações no cotidiano das pessoas. Seria um esquema de educação ambiental onde não somente o poder público seria responsável pelos resíduos, mas sim as pessoas que o geram. Segundo PoletoeBressiani, (2013, p. 53) “[...] a educação ambiental se mostra uma preciosa ferramenta. Estimulando a participação pública, pois chamando a atenção para a responsabilidade da população é mais fácil conseguir com que a comunidade se identifique com as ideias propostas.” De tal forma que cada cidadão tenha consciência de seu resíduo gerado, e que cada um tem o dever de destina-lo corretamente.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

Este artigo pode ser descrito como qualitativo, pois o pesquisador teve contato direto com ambiente pesquisado para coleta de dados, analisando o processo e seu significado (GIL, 2010). A partir de dois questionários aplicados. O primeiro deu-se como diagnóstico, aplicado aos alunos sem que houvesse nenhuma informação sobre a temática que seria abordada. No segundo momento, após dinâmica de sensibilização, campanha de coleta de materiais recicláveis e destinação, aplicou-se um segundo questionário, buscando assim, perceber a evolução na aprendizagem.

De posse destes dados, apresentou-se e interpretou-se os resultados de forma qualitativa e dissertativa, trazendo a apresentação dos dados em formas de gráficos e quadros.

Quanto aos objetivos, define-se como a sensibilização para a destinação dos resíduos eletrônicos, e assim contribuir com as atividades pedagógicas relacionadas a educação Ambiental.

Em relação aos procedimentos, foramrealizados em duas escolas, retratando as realidades desses contextos. Conforme Gil (2010, p.38) a pesquisa busca ‘’explorar situações da vida real [...]preservar o caráter unitário do objeto estudado [...] descrever a situação do contexto em que está sendo feita de terminada investigação[...]’’.

Para tal, os locais escolhidos para a realização das atividades de educação ambiental foram duas escolas da rede pública no município de Medianeira-PR, sendo que, uma esta localizada em região central e outra em região periférica.

Para a realização da dinâmica de orientação aos alunos foram utilizados, projetores, notebooks, folhas de papel impressas para questionários, caixas para recolhimento dos resíduos e cartazes.

A dinâmica de orientação para aplicação do primeiro questionário foi organizada:com apresentação e breve explicação sobre o projeto, espaço aberto para perguntas e dúvidas; entrega de questionários de avaliação do conhecimento geral e recolha dos questionários.

Foi focando no questionário a geração e disposição do resíduo eletrônico, as questões eram simples e de fácil resolução, sendo as seguintes:

Na escola, você já aprendeu sobre os diferentes tipos de lixos?;

Na sua casa, você e sua família separam o lixo reciclável do orgânico?;

Você sabe quantos tipos diferentes de lixo reciclável existem?;

Quando um celular ou algum equipamento eletrônico estraga na sua casa, onde vocês “jogam fora”?;

Você conhece a forma ou local adequado para depositar somente o lixo eletrônico?;

Você já participou de alguma campanha de reciclagem?;

Você gostaria de participar de uma campanha de reciclagem na sua escola?

Após o questionário respondido, e análise do mesmo, os alunos, tiveram uma palestra de sensibilização, sobre o lixo eletrônico, com duração de cerca de cinquenta minutos. Essa palestra consistiu em explicar, orientar, e sensibilizar os grupos envolvidos, abordou-se:Quais os tipos de lixos/resíduos recicláveis existentes;Coleta seletiva e como reciclar o resíduo eletrônico.

No desenrolar da apresentação, foi apresentado um breve vídeo, que teve como principal objetivo mostrar de forma ilustrativa como se separa, recicla, e destina o resíduo sólido eletrônico recolhido de maneira correta.

Segundo Ostrovski e Ostrovski (2009, p. 194):

 

[...] considera-se o cinema como um mecanismo para intervenção pedagógica, auxiliadora na compreensão e aprendizagem doconteúdo escolar e instrumento de correlação entre o conteúdo escolar e  a realidade sociocultural, destacando nesse processo a intervenção pedagógica do professor, ao interagir com o educando, objetivando essa  contextualização

 

Após o envolvimento dos alunos com a palestra, abriu-se um breve espaço para as dúvidas e perguntas.Ao término da apresentação e considerações finais, foi aberta a campanha da recolha de resíduo eletrônico das residências dos alunos, parentes, vizinhos, motivando e sensibilizando para o descarte correto, não depositando este resíduo no lixo comum residencial. Para o acondicionamento, foram implantadas caixas de papelão em sala de aula e corredores das escolas.

A campanha desenrolou-se em cinco dias úteis, após o término, foi aplicado um novo questionário com questões pontuais para perceber a sensibilização quanto ao tema, as quais eram: O que é lixo/resíduo reciclável eletrônico? Você gostou de participar da campanha de reciclagem de lixo/resíduoeletrônico? Você gostaria de participar de campanhas assim mais vezes?

Como última ação, recolheu-se todo o material e encaminhado-sea um localde separação, catalogação e pesagem de todo o resíduo sólido eletrônico recolhido nas escolas, com posterior destinação.

 

resultados e discussões.

O projeto foi desenvolvido em duas escolas, um total de 146 alunos e como resultado análise do primeiro questionário, que foi dividido em duas partes, na primeira para identificação do perfil dos grupos participantes, como sexo, idade e núcleo familiar, identificando assim os pontos convergentes e divergentes.

Identifica-se que na Escola 1 existe uma proximidade entre a quantidade de gêneros, pois, 52% da amostra corresponde ao gênero masculino e 49% de feminino, já na Escola 2 existe uma pequena diferença, sendo que 54% da amostra é composta pelo gênero masculino e 46% do gênero feminino.

Em relação a idade, nota-se que na Escola 2,15% do grupo não pertence faixa etária escolar ideal, que seria de nove a dez anos para oquartoano do ensino fundamental. Na Escola1, esse percentual é de apenas 6% mesmo existindo uma maior quantidade de alunos na turma.

Quando questionados sobre a quantidade de pessoas que moravam em seu domicilio,(gráfico 01), na Escola2 a maioria das famílias tinham entre quatro e cinco integrantes. Por sua vez na Escola 1, maioria das famílias eram de três a quatro integrantes.

Identificar o tamanho das famílias teve por objetivo mensurar a população atingida indiretamente pelo trabalho desenvolvido na educação ambiental das crianças na escola, sendo que, para atingir esse valor utilizou-se a formula: aluno x pessoas na família + aluno x pessoas na família.Utilizou-se tal fórmula para chegar ao resultado de que na Escola 2, apesar do número menor de alunos, as suas famílias são na maioria,76% com quatro ou mais integrantes e na soma final resultaram em 297 pessoas, já na Escola 1é o oposto, a grande maioria 82% possuem quatro ou menos integrantes e na soma resultaram em 285 pessoas, atingida indiretamente pelo projeto desenvolvido com os aluno, ou seja, apesar de a Escola 1 ter um número maior de alunos, a população a ser atingida indiretamente pela atividade será menor.

Por fim o total de crianças foram 148 (em ambas as escolas) e se somados as famílias formam um montante de 582pessoas afetadas direta ou indiretamente pelo projeto de educação ambiental desenvolvido nas escolas.

Na segunda parte do questionário, buscou-se descobrir o nível de conhecimento teórico dos alunos, afim de, verificar e diagnosticar os assuntos que precisavam ser trabalhados sobre o tema proposto no projeto.

Conforme (gráfico 02), percebeu-seque na Escola 2, 27% dos alunos responderam não ter aprendido sobre os diferentes tipos de lixo, mesmo com a explicação da pergunta e dando alguns exemplos de tipos de lixo. Enquanto que, na Escola2, todos os alunos responderam afirmativamente,ou seja, 100%, haviam estudado a temática.

Segundo os professores de ambasas escolas, esse conteúdo já havia sido abordado em sala por completo em todas as turmas, tanto na questão dos resíduos recicláveis como os orgânicos.

Esta informação é confirmada com o censo da educação básica. Segundo dados

[...] existiam, em 2001, cerca de 25,3 milhões de crianças matriculadas com acesso à Educação Ambiental. Em 2004, este total subiu para 32,3 milhões. Nesse período, a taxa de crescimento do número de escolas que oferecem Educação Ambiental no Ensino Fundamental foi de 28%. Em 2001, havia 177.808 escolas de Ensino Fundamental, contra 115.130 que ofereciam, de alguma forma, Educação Ambiental. Em 2004, de 166.503 escolas, 151.929 a ofereciam. (BRASIL, 547, 2013)

 

 

Percebe-se o reflexo que a educação ambiental causa quando bem inserida no cotidiano das pessoas, isso fica evidente na questão que aborda a separação do lixo. Os alunos da Escola2 possuemuma porcentagem menores em relação ao conhecimento sobre os tipos de lixo reciclável, responderam que em sessenta e nove por cento (gráfico 03) das suas casas é feita a separação do lixo. Na Escola 01esse percentual subiu para oitenta e um por cento, relacionando o conhecimento a boas práticas.

 

 

Quando questionados mais especificamente sobre os conhecimentos que tinham, os resultados mais uma vez estavam atrelados ao conhecimento obtido em sala, na escola 2,3% (gráfico 04) confirmaram conhecer os diferentes tipos de lixo reciclável, enquanto que escola 1, esse percentual eleva para 76%.

 

 

Nesta questão, diferentemente das demais, colocou-se uma opção a mais que era a expressão (outros) e como pode-se visualizar no Gráfico (05) foi a opção mais escolhida para ambas as escolas, para entender tal resultado primeiramente verifica-se o contexto. Durante a explicação da questão a opção “outros” era para ser escolhida caso esses matérias fossem: armazenados em casa, depositados em algum local, desmontados, reaproveitados, etc.

Nesse caso obteve-se um resultado diferente do esperado, já que, o que era para ser exceção,tornou-se regraem ambas as escolas. NaEscola2, foram 42% eEscola 1, 65%desconhecem um método adequado de destinação, armazenando em suas residências, tentando reaproveitá-los ou depositando em locais inadequados.

Segundo dados da Abrelpe (2014) - Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais em 2013, 41,7% do lixo era depositado em lixões e aterros controlados. Em 2014, essa parcela foi de 41,6%, uma insignificativa melhora, sendo que nos últimos 11 anos, o aumento da geração de lixo no país foi muito maior do que o crescimento populacional. De 2003 a 2014, a geração de lixo cresceu 29%, enquanto a taxa de crescimento populacional foi de 6%. Cada brasileiro produziu em média 1,062 kg de resíduos sólidos por dia.

 

 

Após esta questão direcionou-se o questionar ao conhecimento sobre a forma adequada de depositar o resíduo eletrônico. No (gráfico 06), pode-se notar que os resultados são próximos em ambas escolas, sendo 42% na escola 2 e 37% na escola 1, afirmaram que tinham conhecimento sobre o tema.

 

 

Como seriadesenvolvido uma campanha de coleta de materiais,averiguou-sea experiência dos alunos com este tipo de atividade. Como se pode observar no (gráfico 07), na Escola 2,30% dos seus alunos já haviam participado de campanhas de reciclagem, contra apenas 15% na Escola 1, ao buscar os motivos diagnosticou-se que a escola 2, teve mais acesso à educação ambiental no quesito reciclagem. Em função da proximidade da escola a uma Universidade, favorecendo a presença de acadêmicos que desenvolvem projetos e campanhas inclusive no âmbito ambiental.

Porém percebe-se que essas campanhas, não influenciaram de forma concreta e efetiva no aprendizado dos alunos, já que fica evidente através dasanálises das respostas apresentadas no gráfico7, que os alunos da Escola 2demonstraram menos conhecimento sobre reciclagem do que na Escola 1.

 

 

 

Por fim, foi verificado o interesse dos alunos em aprenderem e participarem de uma campanha, para que pudessem fixar os conhecimentos que obtiveram nas duas escolas. A aceitação foi unanime nas duas escolas

Durante este período o docente das turmas os incentivou a trazerem o lixo eletrônico, mesmo que fosse algo simples como uma pilha, para realmente fixar os conhecimentos adquiridos. Após cinco dias úteis retornou-se as escolas, para reencontrar as turmas, verificar se o conhecimento foi absorvido e se os resultados foram satisfatórios quanto à coleta.

Elaborou-se questões simples e diretas sobre o tema abordado, pode-se perceber pelo gráfico 8, que o objetivo foi alcançado quase que na sua totalidade, uma vez que98% dos alunosda Escola 2 e 99% na Escola 1 absorveram tal informação.

 

 

Quando questionados sobre a satisfação de participar da campanha, os alunos mais uma vez se mostraram contentes em fazer parte do processo, pois dos participantes 95% da Escola 2 e 99% da Escola 1, foram positivos.

Quanto adisposição dos alunos em participar de outras campanhas percebeu-se um entusiasmo. Em ambas as escolas obteve-se 97%de respostas afirmativas.

Quanto aos tipos dos resíduos recolhidos, ao término da campanha foi criado um quadro para quantificar e separá-los, a fim de, verificar se existia diferença no tipo e quantidade recolhidos em cada escola, (quadro 01), ao todo somando o material das duas escolas, foram recolhidos 137 quilos de resíduos.

 

 

Verificou-se pouca diferença entre os resíduos recolhidos de uma escola para outra, entretanto a separação ocorreu de forma simples e não levou em conta preço, tecnologia ou funcionalidade.

A diferença que pôde-se notar visualmente durante a recolha e destinação dos mesmos, é o tipo de tecnologia que foi recolhido nas escolas. Na Escola 2 os resíduos eram mais antigos, com tecnologias mais ultrapassadas, como televisores e celulares antigos e na Escola 1 encontrou-se equipamentos de última geração como notebooks, smartphones e tablets, equipamentos esses que possuem preço maiores e tecnologia mais avançada.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIs

É possível perceber neste artigo a influência que a educação ambiental tem na vida dos alunos, e que a mesma, tem efeito, além dos alunos, nos professores e familiares, uma vez que, todos em algum momento acabam participando direta ou indiretamente, tanto da atividade em si desenvolvida, como na sequência do aprendizado dos alunos.

A educação ambiental já é um tema comumente abordado em sala de aula do ensino fundamental e se torna uma ferramenta essencial na formação de cidadãos conscientes sobre o seu papel fundamental na preservação do meio ambiente e na colaboração no desenvolvimento sustentável.

Entretanto, a realização destas atividades com essas classes de ensino fundamental, teve o principal objetivo alcançado, que era a compreensão por parte dos alunos sobre o lixo eletrônico e a campanha de recolha desses materiais, onde foi notório o interesseem aprender, interagindo o que foi indispensável para a fixação das informações, além do empenho em contribuir trazendo os resíduos para a coleta na campanha.

Quanto as diferenças encontradas nas escolas levantam-se algumas hipóteses para as diferenças no trato com o resíduo nas residências. A primeira visa sobre o grau de instrução influenciar diretamente no processo de separação e destinação correta dos resíduos, o que acredita-se que, na escola central as famílias tenham maior escolaridade e acesso as informações favorecendo maiores índices de implementação da reciclagem nessas residências.

A segunda e que pelas famílias dos alunos da escola periférica serem mais numerosas, existe uma dificuldade maior de fixação do conhecimento e implementação da reciclagem, já que, o número de pessoas a serem abordados e ensinados é maior, ocasionando uma maior dificuldade por parte do aluno em assimilar as informações e inseri-las dentro da sua residência.

A terceira diz respeito aos tipos de resíduos recolhidos, pois tanto o fator financeiro como educacional influenciam diretamente no consumo, o que explicaria a diferença nos tipos dos resíduos recolhidos tanto na questão tecnológica como financeira, bem como, o conhecimento sobre a destinação mais adequada dos mesmos aliadas ao seu descarte.

 

REFERENCIAS

 

ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Logística Reversa de Equipamentos Eletroeletrônicos- Análise de Viabilidade Técnica e Econômica. Brasília, 2012.

ABINEE. Associação Brasileira da Indústria elétrica e Eletrônica. Crescimento da indústria eletroeletrônica. Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/industria-eletroeletronica-deve-crescer-13-em-2011-preve-abinee. Acesso 09/10/2015.

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos No Brasil. 2014. Disponível em: http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm. Acesso 08/10/2015.

BRASIL. Educação Ambiental: Por um Brasil Sustentável - ProNEA Marcos Legais & Normativos. Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação. Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Aumenta número de escolas com educação ambiental. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/c/journal/view_article_content?groupId=10157&articleId=11284&version=1.1. Acesso em 23/10/2015.

OSTROVSKI, Crizieli Silveira; OSTROVSKI, Dalésio. Cinema no processo educativo.  EDUCERE - Revista da Educação, Umuarama, v. 9, n. 2, p. 189-196,jul./dez. 2009.

POLETO, Cristiano e BRESSIANI, Lúcia. Resíduos sólidos. V.3. Editora da Universidade Federal do triangulo Mineiro. Uberaba, 2013. 92p.

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Práticas em educação ambiental. Disponível em: http://r1.ufrrj.br/cfar/d/download/Apostila%20praticas%20em%20educacao%20ambiental.pdf. Acesso 18/10/2015.

Ilustrações: Silvana Santos