Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/11/2016 (Nº 58) INFLUÊNCIA DO POLIETILENOGLICOL NO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE MELÃO
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INFLUÊNCIA DO POLIETILENOGLICOL NO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE MELÃO

 

Luan Danilo Ferreira de Andrade Melo1 e João Luciano de Andrade Melo Junior2

 

¹Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Centro de Ciências Agrárias – CECA. BR- 104 Norte Km 85 S/N, Mata do Rolo- Rio Largo-AL, CEP 58429-500. Emails: luan.danilo@yahoo.com.br e luciiano.andrade@yahoo.com.br.

 

RESUMO - O melão (Cucumis melo L.) é uma cucurbitácea herbácea, anual, cujos frutos são bagas grandes, de cores variadas, utilizados na alimentação humana. Potenciais hídricos negativos, principalmente no começo da embebição, impedem a absorção de água, inviabilizando a sequência de eventos do processo germinativo. Com base nisso, o objetivo deste trabalho foi verificar a qualidade fisiológica de sementes de melão sobre condições de estresse hídrico induzido com polietilenoglicol em diferentes concentrações. A germinação e o vigor das sementes de melão foram afetados com o aumento dos potenciais hídricos, não havendo germinação das sementes quando submetidas a concentração de -0,8 MPa.

PALAVRAS-CHAVE: Cucumis melo L., germinação, PEG 6000.

 

INFLUENCE OF POLYETHYLENEGLYCOL IN THE PHYSIOLOGICAL POTENTIAL OF MELON SEEDS

 

ABSTRACT - The melon (Cucumis melo L.) is an annual herbaceous cucurbit, whose fruits are large berries, of various nuclei, used in human food. Negative water potentials, especially at the beginning of imbibition, prevent the absorption of water, making a sequence of germination processes impossible. Based on this, the objective of this work was to verify a physiological quality of melon seeds on water stress conditions induced with polyethylene glycol in different concentrations. The germination and vigor of the melon seeds were affected with the increase of the water potentials, with no germination of the seeds when submitted to a concentration of -0.8 MPa.
KEY WORDS: Cucumis melo L., germination, PEG 6000.

 

 

INTRODUÇÃO

 

            O melão (Cucumis melo L.) é uma cucurbitácea herbácea, anual, cujos frutos são bagas grandes, de cores variadas, utilizados na alimentação humana. Teve sua origem na Índia, tendo sido introduzido na América por Colombo, e adotado rapidamente pelas tribos indígenas que o espalharam por todo o continente. É uma planta exigente em luz e calor com atmosfera relativamente seca e necessita de água para manter suficiente umidade no solo (GOMES, 1987).

O IBGE (2012) relata que o melão é muito empregado na alimentação humana, e tem seu cultivo no Brasil cada vez mais altivo, atingindo uma produção de 380 mil toneladas/ano, obtidos através do cultivo em 14,9 mil hectares, sendo a região Nordeste responsável por 94,3% desta produção.

De acordo com Hardegree e Emmerich (1994) o período inicial de embebição de água pela semente é bastante crítico para a germinação. Potenciais hídricos negativos, principalmente no começo da embebição, impedem a absorção de água, inviabilizando a sequência de eventos do processo germinativo. O polietilenoglicol é uma das soluções mais empregadas para estudos de restrição hídrica em trabalhos com sementes, pois é um agente osmótico, quimicamente inerte, atóxico para as sementes, que simula a seca e não penetra no tegumento devido ao grande tamanho de suas moléculas (VILLELA et al., 1991).

O objetivo deste trabalho foi verificar a qualidade fisiológica de sementes de melão sobre condições de estresse hídrico induzido com polietilenoglicol em diferentes concentrações.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

O trabalho foi conduzido no Laboratório de Propagação de Plantas pertencente ao Centro de Ciências Agrárias (CECA), Campus Delza Gitaí, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), situado a 9º28’01”S, 35º49’32”W e 141 m de altitude.

As sementes foram semeadas em substrato rolo de papel umedecido com água destilada (testemunha) e soluções de PEG 6000 (-0,2; -0,4; -0,6; -0,8; -1,0 e -1,2 MPa) na quantidade de 2,5 vezes seu peso seco. Para cada tratamento utilizou-se quatro repetições de 25 sementes. O teste de germinação foi conduzido em câmara tipo B.O.D., sob temperatura de 30°C.

Primeira contagem de germinação – foi realizado junto ao teste de germinação. As contagens de plântulas normais iniciaram-se ao quarto dia após a semeadura estendendo-se até o oitavo dia. O critério utilizado nas avaliações foi o de plântulas normais, aquelas que apresentarem as estruturas essenciais perfeitas.

 Índice de velocidade de germinação – O índice de velocidade de germinação foi realizado juntamente com o teste de germinação, cujas avaliações das plântulas normais foram realizadas diariamente, à mesma hora, a partir do início da germinação até o final do teste.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo os dados submetidos à análise de variância e de regressão polinomial.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

O comportamento germinativo das sementes de melão, sob déficit hídrico induzido por PEG 6000 encontra-se representado na Figura 1. Observou-se um decréscimo na germinação à medida que o potencial osmótico aumentou, não havendo germinação das sementes quando submetidas à concentração de -0,8 MPa. A partir do potencial de -0,2 MPa foi verificado uma queda drástica na germinação, mostrando o quanto a falta de água interfere na qualidade fisiológica das sementes.

 

Figura 1 - Germinação de sementes de melão (Cucumis melo L.) submetidas a estresse hídrico induzido com ploetilenoglicol (PEG 6000).

 

 

A ampliação do déficit hídrico através do incremento nas concentrações de PEG 6000 na solução do substrato foi responsável por decréscimos expressivos nos valores referentes à primeira contagem de germinação (Figura 2). Esse fato pode ser elucidado pela diminuição no metabolismo das sementes em função da menor disponibilidade de água para a digestão das reservas e translocação dos produtos metabolizados. É imprescindível que haja um nível de hidratação apropriado durante a fase de embebição das sementes, de modo que este venha a consentir a reativação dos processos metabólicos, culminando no crescimento do eixo embrionário.

 

Figura 2 – Primeira contagem de germinação de sementes de melão (Cucumis melo L.) submetidas a estresse hídrico induzido com ploetilenoglicol (PEG 6000).

 

 

Para o índice de velocidade de germinação (Figura 3), observou-se que a partir do potencial -0,2 MPa as sementes apresentaram um decréscimo no vigor. Potenciais hídricos muito negativos influenciam a absorção de água pelas sementes, inviabilizando o processo de germinação (BANSAL et al., 1980). Alem disso, como as sementes são bastante heterogêneas em suas respostas ao estresse hídrico, a germinação é distribuída no tempo e no espaço, permitindo que, em condições naturais, as plântulas encontrem condições ambientais adequadas ao seu estabelecimento e desenvolvimento (BEWLEY E BLACK, 1994).

 

 

Figura 3 – Índice de velocidade de germinação de sementes de melão (Cucumis melo L.) submetidas a estresse hídrico induzido com ploetilenoglicol (PEG 6000).

 

 

CONCLUSÃO

 

A germinação e o vigor das sementes de melão foram afetados com o aumento dos potenciais hídricos, não havendo germinação das sementes quando submetidas a concentração de -0,8 MPa.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BANSAL, R.P., BHATI, P. R., SEM, D. N. Differential specificity in water inibibition of Indian arid zone. Biologia Plantarum, Copenhague, v.22, p.327-331.1980.

BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2. ed. New York: Plenum Press, 1994. 445p.

GOMES, R. P. Fruticultura brasileira. São Paulo: Nobel, 1987. 446p.

HARDEGREE, S.P.; EMMERICH, W. E. Effect of polyethylene glycol exclusion on the water potential of solution saturated filter paper. Plant physiology, v.92, p. 462-466. 1994.

IBGE. Instituto Brasileira de Geografia e Estatística. Produção agrícola municipal 2009. Disponível em: . Acesso em: 02 junho 2012.

VILLELA, F. A.; DONI FILHO, L.; SIQUEIRA, E.L. Tabela de potencial osmótico em função da concentração de polietileno glicol 6000 e da temperatura. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v.26, p.1957-1968, 1991.

 

Ilustrações: Silvana Santos