Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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27/11/2016 (Nº 58) EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO MEIO EDUCACIONAL
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Educação AMBIENTAL e formação de professores no meio educacional

 

Euzimar Gregório dos Santos – Professora, Especialista em Psicopedagogia Institucional e Agroecologia, mestre em Ciências da Educação, doutoranda em Ciências da Educação – UAA/PY. euzimar.gregorio@gmail.com

 

 

Resumo

Este artigo trata da realização de uma das atividades realizada com professores graduandos que cursa pedagogia e com vinculo profissional na Escola Municipal Marta Nóbrega Rodrigues da Cidade de Malta, Paraíba, Brasil. Tem como objetivo registrar uma experiência realizada com professores do Ensino Fundamental menor, que é uma formação em Educação Ambiental (EA), escolheu-se a mesma por ser um importante mecanismo de inserção social, político e econômico, sendo fundamental na melhoria da qualidade de vida de uma dada população. Elencou-se como meta deste trabalho a sensibilização dos professores de crianças da pré-escola ao 5ºano a importância para o Meio Ambiente de se trabalhar com práticas e ações através da EA na comunidade escolar. Buscou-se inspirações em formações realizadas em outras escolas e com resultados positivos, pois a mesma como política pública nos permitiu o planejamento das ações dentro de nossa realidade educacional para uma melhor qualidade ambiental na escola e na comunidade local. Promover o trabalho na escola objeto de estudo atual se tornou mais importante depois da aceitação do grupo de educadores em aceitar a proposta da formação, pois fundamenta todas as iniciativas indicadas pela gestão da escola que é, a valorização da importância da EA no processo de ensino-aprendizagem, na formação do professor, visando assim, uma boa qualidade de vida para todos os membros da comunidade escolar e em seu entorno.

 

Palavras chave: Educação Ambiental, professores, formação.

 

RESUMEN

Este artículo se ocupa de la realización de las actividades llevadas a cabo con professores titulados que asiste a la pedagogía y el vínculo profesional en la Escuela Municipal Marta Nóbrega Rodrigues Ciudad de Malta, Paraiba, Brasil. Su objetivo es registrar un experimento realizado con los profesores de la enseñanza primaria inferior, que es una pedagogía de la educación ambiental (EA), elegimos lo mismo ser un importante mecanismo de inclusión social, político y económico, es fundamental en la mejora de la calidad de la vida de una población dada. Se ha enumerado como objetivo de este trabajo a los niños de preescolar a la conciencia de 5º curso de los maestros la importancia de Medio Ambiente para trabajar con las prácticas y medidas por EA en la comunidad escolar. Se buscó la inspiración en el entrenamiento llevado a cabo en otras escuelas y con resultados positivos, ya que nos permite como acciones de planificación de políticas públicas dentro de nuestra realidad educativa para mejorar la calidad del medio ambiente en la escuela y la comunidad local. Promover el trabajo en la actual escuela objeto de estudio se hizo más importante después de la aceptación del grupo de educadores para aceptar la propuesta de la formación, ya que subyace a todas las iniciativas establecidas por la dirección del centro, es decir, la apreciación de la importancia de la EA en el proceso de enseñanza -aprendizaje en la formación docente, buscando con ello una buena calidad de vida para todos los miembros de la comunidad escolar y su entorno.

 

PALABRAS CLAVE: educación ambiental, capacitación docente.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho é um relato de experiência de uma das ações do estudo sobre Educação Ambiental nas escolas públicas do município de Malta, Paraíba, Brasil, que tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento ambiental de comunidades educacionais através da formação do professor.

  O mesmo se deu a partir de um diagnóstico de cada escola, e de um estreitamento das relações com a secretaria municipal de educação e PDDE interativo da escola na parte escola sustentável, daí se passou a realizar-se conversa formal com o grupo de professores envolvidos.

       As atividades práticas em relação a EA, procurou-se apoiar o que já era feito pelas professoras e agregar inovações, com criatividade e com a utilização de recursos oriundos da própria comunidade, a exemplo de vídeos, livros didáticos, dentre outros recursos pedagógicos.

       Os temas da formação foram escolhidos pela direção, coordenação e professores envolvidos em acordo com as necessidades da escola que foram os seguintes: Políticas públicas em Educação Ambiental; Educação Ambiental e cidadania; Água e lixo no ambiente escolar; Ética Ambiental; Práticas em Educação Ambiental.

       No decorrer do artigo será relatado o que foi abordado em cada tema para os professores, direção e coordenação pedagógica, porém, a execução das atividades do estudo procurou subsidiar os envolvidos no âmbito da convivência com  os PCNs em EA, com os paradidáticos, para construção de um planejamento de atividades que incluam a leitura prazerosa e a formação de multiplicadores de EA como ponte de diálogo com o texto escrito para estudo de sugestões de atividades, numa abordagem reflexiva sobre a concepção de práticas de leitura prazerosas.

       Espera-se que os participantes desta formação reconheçam a EA e os recursos existentes na escola como um instrumento de exercício da cidadania, visto que o contato com o Meio Ambiente amplia a visão de mundo do ser humano e estimula a preservação ambiental.

       Portanto, vale salientar que o estudo em EA na escola está em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais de EA, que prima em “valorizar a qualidade do Meio Ambiente e de vida do ser humano, para isso a EA deve ser abordada de forma sistemática e transversal, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nas atividades escolares. Tem como objetivo, proporcionar aos professores uma formação em Educação Ambiental, a aquisição e construção crítica de conhecimentos, habilidades e valores, contribui assim para um Meio Ambiente equilibrado e uma boa qualidade de vida.

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

 

O trabalho de pesquisa abordou o tema Educação Ambiental na Escola, constituída por alunos em diferentes faixas etárias, visto que a Educação Básica abrange desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, garantidos e assegurados pelo Governo Federal através da Lei 11. 274/2006 (FATH, 2011; MELLO & TRAJBER, 2007). De acordo com Henriques et al., (2007) e Reigota (2008), a escola pode ser considerada um espaço privilegiado para desenvolver o tema Educação ambiental, desde que dê oportunidade a criatividade. A inserção do tema Educação Ambiental na escola propõe modificar a concepção de educação (REIGOTA, 2009).

No ensino Formal, a educação ambiental tem sido geralmente exercida de quatro maneiras que visam estimular a conservação de áreas naturais e as estratégias que possam desenvolver o exercício de cidadania (TAMOIO, 2002).

A própria política Nacional da educação ambiental, na seção II cita a inserção da educação ambiental no ensino formal, que deve ser desenvolvido no âmbito dos currículos das instituições de ensino público e privado, englobando toda a educação básica, educação superior, e ensino de jovens e adultos (PNEA, 1999 & BRASIL, 2006). De acordo com o PNEA (1999), a dimensão ambiental deve constar nos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Uma das funções mais importantes da escola é seu poder de influência e transformação da comunidade em que está inserida. Por outro lado, é na temática ambiental que a escola poderia apresentar um impacto significativo na sociedade (VEIGA et al., 2005).

O Brasil vem promovendo esforços, por meio de diretrizes e políticas públicas, no sentido de promover e incentivar a Educação Ambiental nas escolas do ensino fundamental, principalmente, desde a segunda metade dos anos 90 (LOUREIRO et al., 2007). A aprovação da Lei nº 9.795/99 e do seu regulamento, o Decreto nº 4.281/02, estabelecendo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) despertou grandes expectativas, especialmente para os educadores, ambientais e professores (LIPAI et al., 2007). Segundo Tozoni-Reis (2008), refletir sobre a Educação Ambiental na escola exige, em primeiro lugar, que se reflita sobre a relação entre educação, escola e sociedade. Por outro lado, Saviani (2005), define que, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Concordando com Tozoni-Reis (2008), isso significa dizer que o processo educativo é um processo de formação humana, no qual os seres humanos, que nascem inacabados do ponto de vista de sua humanidade, de seu caráter humano, são produzidos e construídos como humanos.

Para tanto, o autor supracitado afirma que os seres humanos, para serem considerados de fato seres humanos, necessitam de um processo de humanização, de formação humana de educação, onde a mesma tem como objetivo realizar esta tarefa de formação, através de um processo de conscientização que significa conhecer e interpretar a realidade e atuar sobre ela, construindo-a. Assim, em sintonia com os autores já citados e com os princípios da educação ambiental transformadora, crítica e emancipatória que atribuímos alguns pressupostos que julgamos imprescindíveis para que a educação ambiental seja incorporada ao ensino formal e possa auxiliar na formação de cidadãos, não apenas aptos a viverem em sociedade, bem como capazes de questioná-la e, assim, promover mudanças.

Apesar dos relatos realizados pelos autores supracitados é importante destacar que estes mencionam ainda que a Educação Ambiental tenha sido compreendida a partir de pressupostos teóricos e práticos diferentes entre aqueles que a praticam. As diferentes concepções, que resultam nas práticas educativas ambientais, têm sido bastante estudadas e podem ser sintetizadas em: a Educação Ambiental para mudança de comportamentos considerados ambientalmente incorretos (acrítica); a Educação Ambiental centrada na transmissão de conhecimentos técnicos e científicos sobre os processos naturais (acrítica); e a Educação Ambiental como um processo político de apropriação crítica de conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos para a construção, coletivos e participativos, de uma sociedade sustentável (LOUREIRO, 2007; SATO, 2008; BLANCO, 2005).

De acordo com Seabra (2008) e Carvalho (2011), as abordagens críticas da Educação Ambiental têm como identidade o pensamento crítico no campo do conhecimento pedagógico. Na visão dos autores acima em destaque, os temas educativos e as ideias sobre a função da escola tratam de colocá-la a serviço desse processo, coletivo, de humanização plena dos sujeitos sociais. Se a função democrática e transformadora da escola é a garantia da apropriação, pelos sujeitos, do conhecimento elaborado, a contextualização, histórica e social, dos conhecimentos é sua tarefa educativa, inclusive na dimensão ambiental.

De forma similar, Loureiro (2007), discute a Educação Ambiental como ferramenta imprescindível para a sustentabilidade, cujas discussões culminaram na elaboração desse documento, considerando a educação-formação como um processo contínuo e permanente, cujos princípios educativos são o respeito a todas as formas de vida e os valores e ações transformadoras no quanto à realidade social e ambiental e posicionando-se a favor de conteúdos formativos que estejam centrados na responsabilidade individual e coletiva, local e planetária: De forma geral, uma Educação Ambiental crítica, transformadora e emancipatória é uma estratégia para a construção de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas (TRAJBER & MELLO 2007).

Concordando com Tozoni-Reis (2008), a Educação Ambiental para a sustentabilidade é uma educação política, democrática, libertadora e transformadora. Desta forma, a educação ambiental crítica e transformadora é uma escolha que tem como ponto de partida a constatação histórica de que vivemos numa sociedade ecologicamente desequilibrada e socialmente desigual, pois a maioria das escolhas é realizada através do tempo, visando à relação homem/ambiente, resultando atualmente em desequilíbrio ambiental e social (SEABRA, 2009; MELLO & TRAJBER, 2007). Assim, Silva (2008), afirma que os professores exercem uma grande influência sobre a construção dos valores de conservação ambiental que tange desde o seu surgimento até o amadurecimento total do tema abordado como campo de pesquisa e ação educativa que vem produzindo discussões suficientes para superarmos ou minimizarmos o quadro constatado atualmente. Entretanto, é importante destacar ainda que a inserção da disciplina ou um programa de ensino vinculado ao ensino de Ciências, Biologia e áreas próximas, são imprescindíveis no sentido de tratar o tema abordado de forma mais ampla, como educação que tematiza o ambiente (LOUREIRO, 2007).

Para Tozoni-Reis (2004), se por um lado, a inserção da Educação Ambiental na escola não significa transformá-la numa disciplina de conteúdos formais a serem transmitidos mecânica e criticamente aos educandos. Por outro lado, é importante ressaltarmos que para cumprir a sua função social e de acesso aos alunos à escola além de considerar a importância histórica do tema produzido, esta necessita além deste aspecto, garantir condições concretas através de ações educativas instigantes e inovadoras para que esses conhecimentos sejam por eles apropriados (LOUREIRO, 2007 & TOZONI-REIS, 2008).

 De forma similar, Tozoni (2008), relata que a superação da Educação Ambiental como disciplina, que já se encontra consolidada entre os educadores ambientais mais críticos, traz como paradigma de organização curricular para a temática ambiental e interdisciplinaridade, tendo como ponto de partida a identificação da Educação Ambiental com os princípios da educação crítica, transformadora e emancipatória fundamentada no pensamento crítico que tem sido problematizada por vários autores (LOUREIRO, 2005 & 2007; TOZONI-REIS, 2004).

Para Henriques et al. (2007), a Educação Ambiental não está presa a uma disciplina ou grade curricular rígida, ela oportuniza a ampliação de conhecimentos em uma diversidade de dimensões, tendo em vista a complexidade dos sistemas naturais e sociais. Por outro lado, Mello & Trajber (2007), analisa que, discutir que a partir do conceito de simplicidade (e não simplista), o programa mantém o foco na sustentabilidade ambiental local e do planeta, aprendendo-se com as culturas locais, estudando a dimensão da ciência, abrindo janelas para a participação dos jovens em políticas públicas de meio ambiente e para a produção do conhecimento na escola. Os autores supracitados ainda mencionam que a escola, para exercer sua função transformadora, no sentido de contribuir para a democratização da sociedade, não poderá abrir mão de sua responsabilidade específica que significa garantir que os sujeitos sociais que por ela passam se apropriem de forma crítica.

De forma crítica e reflexiva do saber elaborado pela cultura à qual pertencem, é importante que o educador compreenda da forma mais complexa possível a realidade social na qual ele atua. Não basta, para isso, conhecer a realidade, é preciso pensar sobre ela, refleti-la, inclusive tendo as diferentes teorias educacionais como referência (LOUREIRO, 2008; MELLO & TRAJBER, 2007; TOZONI-REIS, 2008). Entretanto, Reigota (2009), relata que na Educação Ambiental escolar deve-se enfatizar o estudo do meio ambiente onde vive os (as) alunos (as), a tendência da Educação Ambiental crítica é tematizar não apenas o ambiente natural, mas os aspectos socioambientais dessa relação, procurando levantar os principais problemas cotidianos, enfim, os conhecimentos necessários e as possibilidades concretas para resolução deles.

 Concordando com os autores acima citados, Carvalho (2011), enfatiza que o fato da educação ambiental escolar priorizar o cotidiano dos alunos não significa, de forma alguma, que as que se apresentam aparentemente distantes, não devam ser abordadas, pois a mesma deve estimular a solidariedade, o respeito aos direitos humanos. Para Tozzoni-Reis (2008), as abordagens críticas da Educação Ambiental têm se identificado com o pensamento crítico no campo do conhecimento pedagógico. Segundo o autor, os temas educativos e as ideias sobre a função da escola tratam de colocá-la a serviço desse processo, coletivo, de humanização plena dos sujeitos sociais.

De modo geral, se a função democrática e transformadora da escola é a garantia da apropriação, pelos sujeitos, do saber elaborado, a contextualização, histórica e social, dos conhecimentos é sua tarefa educativa, inclusive na dimensão ambiental (LOUREIRO et al., 2008). De forma similar, Tozoni-Reis (2008), enfatiza que, não tem nenhum sentido pensarmos na inserção da Educação Ambiental na escola sem integrá-la plena e concretamente ao currículo escolar, sendo a proposta ingênua e imobilista da inserção da temática ambiental como atividade extracurricular esvazia de importância essa temática e não contribui para a formação, plena e reflexiva, de sujeitos ambientalmente comprometidos e responsáveis pela construção de relações socioambientais socialmente justas e ecologicamente equilibradas (REIGOTA, 2008 & HENRIQUES et al., 2007).

Para tanto, nosso ponto de partida é a identificação da Educação Ambiental com os princípios da educação crítica, transformadora e emancipatória fundamentada no pensamento crítico que tem sido problematizada por vários autores (LOUREIRO, 2005 & TOZONI-REIS, 2004), partindo do princípio de que as propostas pedagógicas têm que ser construídas pelos próprios educadores, em parceria com os educandos, pois a participação é um dos diferenciais da pedagogia crítica, trazemos para análise dos professores a articulação de duas possibilidades metodológicas: o mapeamento ambiental, para identificação dos temas ambientais locais mais significativos para a comunidade escolar, e a metodologia dos temas geradores para tratar destes temas.

Em Reigota (2009), o autor defende que, as práticas pedagógicas de educação ambiental precisam estimular o contato e as relações com a comunidade. Segundo Carvalho (2004), a escola desempenha papel fundamental no desenvolvimento, já que os educandos envolvidos nos projetos escolares relacionados ao assunto realizam um efeito multiplicador na comunidade em que vive. Para Mayer (1991 e 1992), tem sido através desta proposta, que a investigação e o estudo na escola e seu entorno podem ser realizados de maneira participativa, pois ela estimula o desenvolvimento de atitudes investigativas, instigando a responsabilidade, a organização e a iniciativa necessárias para a realização de trabalhos coletivos pautados na cooperação, sendo o mapeamento ambiental é uma proposta da autora. Ainda na ótica da autora supracitada, esta proposta pedagógica é uma estratégia educativa para ampliar a compreensão dos educandos sobre o ambiente em que vivem, articulando investigação e ação educativa.

Neste contexto, de acordo com a discussão dos autores é preciso a realização de levantamentos ambientais, diagnosticando o ambiente conforme a concepção de cada indivíduo quanto ao espaço social, histórico, político e cultural e, ao mesmo tempo, se apropriarem do conhecimento produzido, tornando-se, portanto, sujeitos das ações educativas ambientais. O mapeamento ambiental tem como principal objetivo ampliar a compreensão dos sujeitos envolvidos acerca do ambiente em que vivem e pode ser realizado com resultados muito interessantes por crianças, jovens, adultos e idosos. Portanto, o mapeamento ambiental é uma metodologia potencializadora para a identificação dos temas ambientais locais como geradores de discussões socioambientais (LOUREIRO, 2004; TOZONI-REIS, 2008 & MAYER, 1992).

A Educação Ambiental não pode se limitar ao acúmulo de conhecimentos, mas sim, selecionar e interpretar os conhecimentos disponíveis e sem perder de vista que o objetivo principal é fazer com que esse conhecimento possibilite e amplie a participação política social dos (as) alunos (as), professores (as) e toda a comunidade escolar e local, assim como de todos os sujeitos do processo educativo (REIGOTA, 2009; CARVALHO, GRUN & TRAJBER, 2006).

 

 

METODOLOGIA

 

O trabalho foi desenvolvido com 14(treze) professores estudantes de Pedagogia da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Marta Nóbrega Rodrigues, localizada a Rua Boileau Dantas Wanderley s/nº, no município de Malta-Paraíba, Brasil. A mesma conta com 200 alunos, funcionando nos turnos manhã e tarde. Para a implementação e desenvolvimento do presente trabalho foi utilizada as seguintes formas de comunicação: contato o Secretário de Educação, Diretora e em seguida conversa formal com os professores.

Desenvolveu-se pesquisa de opinião, dentro da comunidade escolar com os professores sobre os temas a serem ministrados na formação, e os mesmos elencaram os seguintes temas: Educação Ambiental e cidadania, Políticas públicas em EA, ética ambiental, água e lixo no ambiente escolar e práticas em EA.  Na conversa com os docentes se deu a definição dos temas a serem ministrados na formação.

Em seguida, depois da definição dos temas, passou-se a definir datas e carga horária para os encontros.   

 

Eventos realizados

 

FASES DA ATIVIDADE

TIPO DE EVENTO

DATA / PERÍODO

CARGA    HORÁRIA

Preparação dos professores

Foram realizadas, na comunidade escolar as reuniões prévias para tratar da organização da formação em Educação Ambiental.

Compreenderam desde o ano de 2014 até a data atual.

04 hs cada reunião

Formação ministradas

Formação: Educação Ambiental e cidadania

01 a 30 de março de 2014.

40hs

 

Formação: Políticas públicas em EA

01 A 30 de novembro de 2014.

40hs

 

Formação: ética ambiental

01 a 30 de abril de 2015.

40hs

 

Formação: Práticas e ações em Educação Ambiental.

01 a 30 de julho de 2015.

40hs

 

Formação: Água e lixo na escola

01 a 30 de junho de 2016.

40hs

Avaliação

Encontro com professores, diretores e equipe pedagógica da escola.

Os mesmos são realizados quinzenalmente no período do curso ministrado.

 

 

Todos os cursos e demais atividades foram realizadas na escola objeto de estudo sempre nos finais de semana.

Trabalhando-se com dinâmicas (músicas, vídeos, desenhos e brincadeiras, plantação de mudas arbóreas que se adaptam ao nosso semiárido, caminhas palestras de sensibilização para educadores e alunos das turmas trabalhadas e apresentação de trabalhos para o público local), de fácil entendimento e aprendizado para os alunos

Recursos matérias utilizados: Material didático: papéis variados, lápis de cor, pincel, tinta guache, cartolina, TNT, cola branca, fita adesiva, tesoura, cola glliter, etc. Materiais recicláveis diversos (garrafas peti, rolo papel diversos, restos de madeira, latinhas, etc.); Aparelho de data show e computador portátil; Aparelho de DVD e televisão; Equipamento de som, com caixas e microfone.

Recursos humanos: Equipe pedagógica da Escola; pais de alunos; Equipe administrativa da Escola e da Secretaria de Educação do município.

 

RESULTADOS ALCANÇADOS

 

A elaboração do presente trabalho permitiu o enriquecimento da Educação Ambiental formal com a utilização da interdisciplinaridade trabalhada pelos professores na compreensão de técnicas com aulas e temas diversificados sobre o meio ambiente e sua importância no meio escolar. Quanto a formação continuada de professores sobre a EA, esbarra quanto não há oferta local e nem regional para tal modalidade, apesar do interesse dos mesmos. Visto que a Conferencia só acontece a cada dois anos.

As experiências vivenciadas junto a equipe da escola, mostram o quanto é importante a valorização das percepções sobre a importância da Educação Ambiental de uma dada comunidade a respeito do ambiente em que vive. O esforço humano aqui utilizado foi minimizado pelo trabalho em grupo, que continua até os dias de hoje.

 

Desenvolver um trabalho desse porte em comunidades escolares é um avanço significativo para ambos os envolvidos, pois são temas relevantes e necessários, e o interesse dos participantes foi visível, os mesmos são atuantes quando se trata de melhorias nas dependências da escola objeto de estudo.

Os resultados foram realmente produtivos, A expectativa dos professores como ficou comprovado na observação prática dos mesmos, condiz com os objetivos do nosso estudo, nos deparamos com falta de recursos para tal fim, um grande número de alunos distorção idade/série, e, além disso, não temos “receitas milagrosas” para resolver os problemas ambientais atuais vivenciados, a nossa intenção foi subsidiar o trabalho dos mesmos para amenizar esses problemas existentes na leitura, conduzindo-nos à troca de experiências e à reflexão acerca de nossas práticas.

 

As comunidades escolares obtiveram como devolução do trabalho realizado, um vídeo em DVD, da oficina realizada com os professores; material impresso, a imagem digital com todos os passos do desenvolvimento do estudo na referida comunidade escolar.

Diante o exposto, esperamos ter estimulado capacidades e potencialidades em relação a Educação Ambiental no ambiente escolar, instigando e proporcionando desafios para a construção do seu próprio conhecimento. É isso que estamos fazendo: inserindo a EA em meios educacionais, subsidiando o trabalho dos professores para que se torne mais produtivo e prazeroso o trabalho com a preservação ambiental e qualidade de vida no ambiente escolar.

 

 

 

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VEIGA. Aline; Amorim. Érica; Blanco. Mauricio. Um Retrato da Presença da Educação Ambiental no Ensino Fundamental Brasileiro: o percurso de um processo acelerado de expansão.  Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2005.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos