Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/11/2016 (Nº 58) INOVAÇÕES DA ERA DIGITAL E SUA RELAÇÃO COM A DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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INOVAÇÕES DA ERA DIGITALE SUA RELAÇÃO COM A DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Jurandy Gomes Barbosa Neto, Graduado emEngenharia de Redes de Comunicação pela Universidade de Brasilília, e-mail: b.jurandy@hotmail.com

RESUMO

Esse trabalho visa explorar a diversidade das ferramentas tecnológicas para educação ambiental como forma de difusão de conhecimento para os diferentes tipos de pessoas, níveis educacionais e frente de estudos. A variedade de ferramentas pode trazer uma grande eficiência na propagação da educação ambiental, fazendo com que cada público alvo distinto possa ser atingido com a ferramenta mais adequada e acessível.  É abordada ainda a importância da capacitação dos educadores, que proporcionamà diversidade da educação ambiental aliada a ferramentas tecnológicas oalcance todo seu potencial de ensino.

 

Palavras Chave: Diversidade, educação ambiental, ferramentas digitais.

INNOVATIONS OF THE DIGITAL AGE AND ITS RELATIONSHIP WITH THE DIVERSITY OF ENVIRONMENTAL EDUCATION

Abstract

This work aims to explore the diversity of technological tools for environmental education as a way of disseminating knowledge for different types of people, educational levels and study fronts. The variety of tools can bring great efficiency in the propagation of environmental education, making each distinct target audience can be reached with the most appropriate and accessible tool. The importance of the training of educators, who provide the diversity of environmental education allied to technological tools, is also addressed.

 

Keywords: diversity, environmental education, digital tools.

 

INTRODUÇÃO

Com a grande diversidade de níveis educacionais a serem alcançados pela educação ambiental e da heterogeneidade de cada um desses níveis, as novas ferramentas tecnológicas a favor da educação permitem a difusão de conhecimento com mais eficiência de forma atualizada e acessível.

 

Segundo (QINTAS,2008) o conceito de educação ambiental é:

A educação ambiental deve proporcionar as condições para o desenvolvimento das capacidades necessárias; para que grupos sociais, em diferentes contextos socioambientais do país, intervenham, de modo qualificado tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na concepção e aplicação de decisões que afetam a qualidade do ambiente, seja físico-natural ou construído, ou seja, educação ambiental como instrumento de participação e controle social na gestão ambiental.

A heterogeneidade dos estudantes de hoje levam muitas linhas de estudo a uma busca constante de adaptação para que suas informações sejam bem compreendidas e difundidas.  Com a educação ambiental não deve ser diferente, essa busca por ser cada vez mais eficaz em educar, deve ser feita com um bom entendimento do comportamento dos estudantes, como pensam e o que buscam. Um questionamento pertinente de Gadotti (2000, p 41): “que tipo de educação necessitam os homens e as mulheres dos próximos 20 anos, para viver este mundo tão diverso?”.

 

Como a educação ambiental possui uma grande variedade de frentes e estudos como: a defesa dos parques naturais, ações contra a poluição do ar, ações contra o desmatamento, proteção dos animais, exploração sustentável dos recursos naturais e etc. deve-se ter um conjunto diverso de promoção dessas frentes. Dado que a divulgaçãodesses estudos já seja diversificada, a heterogeneidade do público alvo leva o desafio da escolha das ferramentas adequadas a um nível maior de complexidade.

 

Como um estudo que cada dia ganha mais atenção e o reconhecimento da sua importância, a educação ambiental deve atingir todos os tipos de pessoas em todas as faixas etárias e em todo tipo de atividade. Uma das frentes da educação ambiental, a promoção da sustentabilidade, tem ganhado muitos apoiadores com o passar tempo, fazendo com que a forma de produção por esgotamento dos recursos naturais, esteja mais desvalorizada e menos aceita pelos consumidores. Isso se deve a divulgação cada vez maior dos problemas da exploração desregrada dos recursos naturais, nas redes sociais, sites de noticias e grupos de discussão.

 

Dado às características inerentes da Educação Ambiental, a difusão de conhecimento deve ser direcionada a todos os níveis educacionais como: escolas, universidades, repartições públicas, empresas e etc. O uso das ferramentas digitais e dos novos recursos tecnológicos poderá atender não só os diversos níveis de educação, mas também os diversos tipos de pessoas de cada um desses níveis. Apenas as ferramentas digitais, não irão resolver todos os problemas de comunicação e informação da educação ambiental, mas são instrumentos proporcionam uma grande expansão dos conteúdos e estudos dessa área.

 

Como afirma (Rocha 2009):

A tecnologia não é a salvação da educação nem lhe dará todos os respaldos para buscá-la, mas é um novo instrumento que abre possibilidades para novos direcionamentos metodológicos e pedagógicos, que podem solucionar problemas da área da informação e da comunicação.(ROCHA, 2009, p.31).

 

Para cada nível educacional e cada tipo de público alvo para cada frente de estudos da Educação Ambiental há uma ferramenta que atende com mais eficiência, sendo assim os instrumentos como: redes sociais, fóruns de discussão, grupos de bate papo, portais especializados em troca de conhecimento, aplicativos de celular, páginas na internet que hospedam livros, revista e vídeos informativos devem seguir um estudo preliminar para a escolha da ferramenta que melhor atende o público alvo antes de ser empregada.

 

DESENVOLVIMENTO

A acessibilidade e a facilidade de se utilizar são as principais características da aceitabilidade da ferramenta, assim como particularidades do público alvo como idade e nível de escolaridade também influenciarão a sua eficácia.

 

 D’Ambrósio, sobre a tecnologia na educação, afirma o seguinte:

Estamos entrando na era do que se costuma chamar a “sociedade do conhecimento”. A escola não se justifica pela apresentação de conhecimento obsoleto e ultrapassado e muitas vezes morto, sobretudo, ao se falar em ciências e tecnologia. Será essencial para a escola estimular a aquisição, a organização, a geração e a difusão do conhecimento vivo, integrado nos valores e expectativas da sociedade. Isso será impossível de se atingir sem a ampla utilização de tecnologia na educação. Informática e comunicações dominarão a tecnologia educativa do futuro. (D’AMBRÓSIO, 1996, p. 80).

 

A introdução ou o primeiro contato com a educação ambiental, quando para estudantes de pouca idade, tem como mais indicado, sites de hospedagem de vídeos informativos e páginas com conteúdo informativo, com informações apresentadas de forma lúdica e atrativa para despertar nesse público o interesse por questões ambientais. Quando para pessoas de idade mais avançada, esse primeiro contato pode ser feito com revistas e portais que fornecem leitura especializada em introdução à educação ambiental trazendo o foco para a conscientização e a importância da educação ambiental.

 

Uma das formas mais simples de promoção de conteúdo hoje em dia é a produção de vídeos, com apenas um celular e um texto um aluno pode apresentar informações ou sua opinião, com visibilidade mundial. Um ótimo exemplo de canal de vídeos de educação ambiental é o canal: Ecologia em Ação TV com educação ambiental, hospedado no YouTube, que possui mais de 300 vídeos, onde são abordados diversos assuntos como: projetos de reciclagem, ecologia, temas recorrentes sobre questões ambientais e políticas públicas sobre preservação ambiental e sustentabilidade.

 

Temas mais atuais e ainda pouco debatidos, de muita importância ou mais complexos como, por exemplo: “Ponte quebrada”, que prega a interrupção da comunicação entre ciência e política, dado que a política compromete o desenvolvimento de soluções ambientais adequadas; “Pontos de virada social” que afirma que comportamentos humanos danosos ao meio ambiente podem ser revertidos com políticas públicas adequadas; ambos listados pela Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Natural, Rio+20, podem utilizar fóruns de discussão e revistas digitais, para que as informações possam ser difundidas de forma mais veloz e sejam bem debatidas.

 

Uma boa utilização para fóruns de discussão é a difusão e debate de informações locais. Um exemplo de fórum local de discussões de questões ambientais é o fórum de Discussões Sobre o Meio Ambiente de Varginha, onde são disponibilizadas de forma gratuita, informações e discussão de políticas públicas para a área socioambiental local. Com esse tipo de ferramenta a população se torna mais informada sobre as políticas publicas locais, além de possibilitar uma maior participação popular na política ambiental local.

 

Em ambientes fora do contexto escolar, o uso de ferramentas, como aplicativos de celular, pode informar e complementar o ensino sobre educação ambiental, de formaampla e interativa. Aplicativos como: Plume Air Report, disponível para Android e IOS,que mede níveis de gases como dióxido de nitrogênio (NO2) e monóxido de carbono (CO) na cidade.O sistema utiliza um conjunto de sensores espalhadospela cidade para monitorar os níveis de gases poluentes. Ele fornece uma previsão da qualidade do ar para as próximas 24 horas, utilizando um índice simples informa os dados recolhidos pelo sistema ao usuário. A Classificaçãoda qualidade do ar vai do nível: fresco ao muito poluído. O aplicativo também emite alguns alertas sobre riscos de inalar partículas tóxicas. O aplicativo Green Tips, disponível apenas para Android,oferece mais de 100 dicas relevantes sobre: água, transporte, resíduos e recursos materiais, consumo das famílias, meio ambiente e saúde, ecologista, mudanças climáticas, produtos químicos, biodiversidade, poluição do ar com opção de compartilhamento nas redes sociais. Há aindao aplicativo Manual de etiqueta Verde – Planeta sustentável, que é um aplicativo que apresenta dicas simples que ajudam o usuário a melhorar seus hábitos em relação à energia, reciclagem e etc. este ultimo disponível apenas para sistemas IOS.

 

No ambiente escolar uma boa pratica é apresentar aos alunos além do ensino da educação ambiental em si, canais e ferramentas tecnológicas de como conseguir mais informações e estender os estudos sobre o assunto, fazendo com que os estudantes desenvolvam o interesse e a capacidade de aprendizado sobre os problemas ambientais e suas soluções.

 

A interatividade das ferramentas digitais é um fator de grande ajuda no aprendizado, torna os conteúdos mais atualizados e direcionados às questões mais emergentes de cada assunto. Como uma grande inovação na forma de educar, além de despertar o interesse, materiais interativos trazem ao processo educacional a possibilidade de o aluno participar da construção de seu próprio conhecimento, explorando, questionando, discutindo ,descrevendo e tornando públicas suas próprias ideias sobre o conteúdo abordado. Lévy, em sua análise sobre a importância da internet no ensino, afirma:

[...] os textos na internet se apresentam formando uma cadeia de informações, com sequência livre para o usuário (ou aprendiz) ligada de maneira criativa por meio de links. Esses textos podem ser modificados, ampliados e reconstruídos a partir da pesquisa em diferentes áreas do conhecimento, encontradas no “mundo virtual” rompendo com a forma hierárquica da estrutura escolar tradicional. (LÉVY apud SLOCZINSKI; CHIARAMONTE, 2005).

 

No nível mais avançado, os estudantes podem ser motivados a desenvolverem suas próprias ferramentas de promoção da educação ambiental, desde os mais simples com vídeos explicativos e postagens na internet, como também mais complexos como páginas na internet e aplicativos de celular. Nesse estágio os estudantes se tornam multiplicadores da promoção da educação ambiental aumentado de forma exponencial a quantidade de conteúdo disponível e a diversidade dos temas abordados.

 

Atualmente as redes sociais têm sido instrumentos muito utilizados para a discussão e divulgação de informações e notícias, acessados principalmente porusuários mais jovens, se faz oportuno o desenvolvimento de materiais mais adaptados a esse público, tanto aos temas abordados quanto à linguagem. Com a aplicação da educação ambiental de forma integrada, páginas com conteúdo educacional hospedadas em redes sociais como Facebook e Twitter, também levam conhecimento e informação a uma grande quantidade de pessoas, trazendo mais pessoas às discussões, além de divulgar outros canais de informação.    

 

Dentre as ferramentas digitais de divulgação de informações, as mais abrangentes são os portais e sítios na internet. Esses recursos têm a capacidade de atingir os mais variados públicos,além organizar e possibilitar a exploração da diversidade dos temas da educação ambiental em uma só página. Por possuírem um conjunto completo de informações, reportagens, vídeos e fóruns de discussão, são veículos simples de informação e instrumentos bem eficientes de promoção do ensino. Um portal bem completo de educação ambiental é o:Cultura Ambiental na Escola, encontrado no endereço eletrônico: http://www.culturaambientalnasescolas.com.br/, com uma grande quantidade de materiais, noticias e até jogos, com uma atenção especial à qualidade e quantidade de oficinas pedagógicas, abordando os temas mais atuais sobre sustentabilidade e proteção do meio ambiente.

 

Há ainda um grande entrave à aceitabilidade de novas ferramentas para o ensino da educação ambiental, muitos educadores não tem conhecimento de das novas ferramentas digitais, nem do potencial de ensino que elas possuem. Sendo assim, as pessoas responsáveis transmitir conhecimentos deve ter um bom conhecimento da ferramenta que desejam utilizar, tanto da acessibilidade, e da forma de utilização quanto da preferência do público alvo. Assim devem ser promovidos nos centros de ensino treinamentos e cursos sobre cada tipo de ferramenta e a melhor forma de utilizá-las.

 

Considerações Finais

Mesmo que muito inovadoras e eficientes todas as ferramentas tecnológicas a favor do ensino tem por trás como força motriz a figura do educador ambiental. Dada toda a importância desses profissionais, o potencial de ensino das ferramentas educacionais e eficiência sempre estão condicionados às capacidades e empenho de professores e educadores. A postura ativa, por parte do educador, de utilizar fontes variadas e confiáveis de informação, conhecer novas ferramentas,buscar se atualizar e produzir materiais de estudo, traz uma propagação mais eficiente dos conteúdos e melhor utilização das ferramentas, cobrindo com eficácia a diversidade de frentes de estudos da educação ambiental.

 

Uma boa capacitação se faz necessário, dado que o educador é o elemento central e imprescindível para conduzir adequadamente o processo educacional assim: “as tecnologias sozinhas não mudam a escola, mas trazem mil possibilidades de apoio ao professor e de interação com e entre os alunos” (MORAN apud MORAN, MASETO e BEHRENS, 2003, p. 14).

 

 

Conclusão

 

Com a diversidade de inovações tecnológicas sobre difusão de informações tomando cada vez mais espaço na atenção das pessoas, a educação ambiental, assim como outras linhas de estudo, deve se adaptar a essas novas e variadas ferramentas digitais. As várias frentes de estudos da educação ambiental podem ter uma maior eficiência com o uso da ferramenta digital adequada, atingindo também os mais diferentes públicos. Com educadores bem treinados e materiais digitais bem preparados e atualizados, a conscientização da importância das questões ambientais chega cada vez a um numero maior de pessoas, tornando a população cada vez mais informada e engajada na proteção e utilização sustentável do meio ambiente.

 

Referências

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria á prática. Campinas, SP: Papirus, 1996, p. 17-28. Coleção Perspectivas em Educação Matemática.

GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. 2000.

MORAN, José Manuel. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n. 12, p.13-21, Mai/Ago 2004. Quadrimestral.

QUINTAS, J. S., Salto para o Futuro, 2008.

ROCHA, Carlos Alves. Mediações tecnológicas na educação superior, Volume 5/Carlos Alves Rocha – Curitiba: Ibpex, 2009.

SLOCZINSKI, H.; CHIARAMONTE, M. S. Ambiente virtual: interação e aprendizagem. Informática na Educação - teoria & prática, v. 8, n. 1, Porto Alegre: UFRGS, 2005.

Ilustrações: Silvana Santos