Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
27/11/2016 (Nº 58) GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL: PERPASSE ENTRE SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA DISCIPLINA DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
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GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL: PERPASSE ENTRE SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA DISCIPLINA DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

 

Endell Menezes de Oliveira¹, Antônio Carlos Pires Maia².

¹ Universidade da Amazônia- endell_menezes@yahoo.com.br

² Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano- Universidade da Amazônia

 

Resumo: O presente trabalho visa relatar uma experiência vivida durante uma disciplina de Gestão Ambiental, no curso de ciências biológicas (licenciatura). Evidenciando a gestão ambiental como responsabilidade social, calcada em premissas da educação ambiental visando à sustentabilidade. Estimulou-se o debate em sala de aula para temas discutidos universalmente e pensados em realidades locais, aproximando o objeto de estudo do educando. Observou-se a interação em sala de aula, e a importância da metodologia de debates, pois possibilitou a inserção de categorias e sentidos que foram além das referências indicadas, onde o aluno torna-se protagonista no processo na construção do conhecimento e o professor intermedia o sistema.

Palavras Chave: Educação, Desenvolvimento, Recursos Naturais.

Abstract: The present work aims to report an experience lived during an Environmental Management course, in the biological sciences course (teacher). Evidenciating the environmental management as social responsibility, based on premises of environmental education aiming at sustainability. The debate in the classroom was stimulated for themes discussed universally and thought of in local realities, approaching the object of study of the student. It was observed the interaction in the classroom, and the importance of the methodology of debates, because it enabled the insertion of categories and meanings that went beyond the indicated references, where the student becomes protagonist in the process in the construction of knowledge and the intermediate teacher the system.

Keywords: Education, Development, Natural Resources.

 

1 INTRODUÇÃO

A gestão ambiental surge em meio à crítica da sociedade quanto aos modos de produção e circulação de mercadorias. A principal categoria responsável por tais anseios são as empresas, que de modo a atender as demandas advindas da sociedade, modificou a forma de entender o processo produtivo e a distribuição das mercadorias. Entender que a natureza é sistêmica, complexa e multifacetada é um dos focos e objetivos da educação ambiental, entendida como uma das mediadoras do tripé educação-natureza-sociedade. Por princípio a educação ambiental deve ser entendida em seu caráter transdisciplinar, crítico, emancipatória e transformadora, pois dá a possibilidade do questionamento dos paradigmas vigentes, da liberdade intelectual e a real transformação da sociedade. A humanidade está em transição de uma sociedade altamente poluidora e extrativista dos sistemas humanos e naturais para a construção de sociedades sustentáveis, de forma democrática participativa visando à inclusão dos menos favorecidos nos ciclos de debates ambientais. O objetivo do trabalho é revelar uma vivência na disciplina de Gestão Ambiental, no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade da Amazônia, que buscou como base metodológica e conceitual evidenciar a gestão ambiental como processo político-social, e como, responsabilidade social por meio de uma educação para sustentabilidade formadora.

 

2 METODOLOGIA

O trabalho visa à vivência/experiência na disciplina de gestão ambiental, da Universidade da Amazônia como discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. As aulas ocorreram às terças-feiras no período noturno, semestre 2016.2, com aproximadamente 30 alunos.  O professor docente repassava artigos que seriam debatidos em sala de aula com uma semana de antecedência, o objetivo era o debate, que ocorreriam por meio da leitura prévia dos artigos ou do capital cultural e acadêmico de cada aluno. Os debates se basearam nos textos de Reinaldo Dias (2008), capítulos I e II, Fonseca e Bursztyn (2009) e Layragues (2006). Os debates ocorreram em sala de aula, os alunos sentavam em forma de circulo, tendo o professor o papel de mediador dos debates para não haver fuga do tema e manter a oportunidade de abrangência do tema. Na imagem 1, o professor-mediado instiga/questiona uma passagem do texto sobre o tema abordado. O levantamento entra em processo de reflexão pessoal e intrínseco (Imagem 2). Após analises internas, o aluno responde em vista de opinião pessoal ou baseada na literatura prévia (Imagem 3), permitindo assim a replica e complemento dos outros alunos em sala. Concordando com Loureiro (2007) quando exemplifica que não há relações em movimento no tempo-espaço e características peculiares a cada formação social, que devem ser permanentemente questionadas e superadas para que se construa uma nova sociedade vista como sustentável.

Imagem 1: Professor instiga/ questiona os alunos a determinado assunto. 2016.

 


Imagem 2: Os alunos passam por processo de assimilação do questionamento. 2016.

 


 

Imagem 3: O debate ocorre de forma democrática participativa. 2016


Os parágrafos seguintes realçam e categorizamos autores e assuntos onde foram feitas as incisões de debate.

Dias (2008): A evolução histórica da questão ambiental (O homem e anatureza na pré-história, A criação do ambiente cultural, industrialização e meio ambiente, a contaminação industrial); A tomada de consciência do problema ambiental (O problema do século XX, as décadas de 70-80-90 e o início do século XX, o estado do debate ambiental no final do século XX, a expansão da consciência ambiental:o papel das ONGs); O desenvolvimento sustentável como novo paradigma (Antecedentes históricos, a comissão Brundtland e o conceito de sustentabilidade, a conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro e os seus desdobramentos, o desenvolvimento sustentável no âmbito empresarial, as dimensões de sustentabilidade e o protocolo verde).

Layragues (2006): Lembrando um pouco da sociologia da educação ambiental (A função moral de socialização e função ideológica de reprodução das condições sociais); Educação ambiental e mudança social (A mudança cultural e a mudança social); Educação ambiental com responsabilidade social.

Fonseca e Bursztyn (2009): Conceito de Governança e o Manual da Boa Governança; A produção e reprodução do Manual da Boa Governança; As falhas da boa governança; Da boa governança à governança viciosa; A governança suficientemente boa.

 

 

3 CONCLUSÃO

 

Além de mostrar que o conhecimento se constrói no coletivo, que o diálogo fortalece o discurso de quem o pratica. O debate que vai a público sobre as formas de gestão ambiental, não é um processo ingênuo, mas é resultado de um histórico processo de contração e desconstruções conceituais. As atividades desenvolvidas em grupo na sala de aula mostram-se uma estratégia potencial no debate de temas científicos e de pesquisas acadêmicas. Com relação ao tema proposto ouve uma relutância inicial dos alunos, explicando-se, pelo estranhamento a metodologia, alunos que passaram a graduação vendo as disciplinas de formas isoladas, caindo em métodos cartesianos, positivistas, atomizados e de forma linear. Trabalhar gestão ambiental correlacionando com educação ambiental, é a priori, novo, que foge aos paradigmas evidenciados, quebra com a estrutura do pensamento que de forma inconsciente comandam nosso discurso, pois coloca em xeque as relações homem-sociedade-natureza como estrutura lógica de gestão, onde não há gestão ambiental que desconsidere as relações sociais imbricadas em meio as formas de se viver e entender o mundo. Que a partir disto, a gestão ambiental com embasamentos ambientais bem definidos (se um dia for possível), considerando todas suas manifestações sociais, culturais, filosóficas, ecológicas, espaciais, temporais, econômicas e epistemológicas, a gestão ambiental deixará de ser normativa de atitudes e comportamentos, e tornara-se uma responsabilidade social para com as pessoas, as empresas e ao ambiente.   Aqui se evidencia a escolha de referência por entrar em um discurso da sustentabilidade, apresentado ao debate público, apesar de padecer de diversos problemas, não é uma construção ingênua. Revela, ao contrário, uma competente operação político-normativa e diplomática, tomada a sanar um conjunto de contrassensos expostos e não contestados pelos modelos anteriores de desenvolvimento.

 

REFERÊNCIAS

DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo. Atlas. 2008.

 

FONSECA, I. F; BURSZTYN, M. A banalização da sustentabilidade: reflexões sobre governança ambiental em escala local. Sociedade e Estado. Brasília. v. 24. n.1. p. 7-46. Jan-abr. Brasília. 2009

 

LOUREIRO, C. F. B. Educação ambiental crítica: contribuições e desafios. In: MELLO, S. S; TRAJBER, R. (Org.). Vamos Cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Mistério da Educação: UNESCO, Brasília. 2007.

 

LAYRAGUES, P. P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social. In: LOUREIRO, C. F. B; LAYRAGUES, P. P; CASTRO, R. C. (Orgs.). Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez. p. 72-103. 2006.

Ilustrações: Silvana Santos