A
INDISSOCIABILIDADE ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: EFICAZ FERRAMENTA
PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO SUPERIOR
Viviane de Souza Reis 1. profavivianereis@gmail.com
Luciana Teles Moura 2 . lucianatmoura@gmail.com
1 Mestrado em Gestão Social, Educação
e Desenvolvimento Regional, pela Faculdade Vale do Cricaré – FVC, Professora
das Faculdades Integradas de Aracruz – FAACZ e Técnica Pedagógica da
Secretaria Municipal de Educação de Aracruz/ ES
2 Doutorado em Psicologia, pela
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES e Orientadora do Núcleo
Avançado de Comunicação da Universidade Vila Velha/ ES.
1 RESUMO
Este artigo fundamentou-se
nos pressupostos da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como
uma eficaz ferramenta para a educação ambiental. Buscou-se assim, trazer à
tona uma discussão acerca da importância da integralidade dessa tríade, no
contexto do ensino superior, com vistas a despertar a criticidade dos
alunos, levando-os ao desenvolvimento da cultura da sustentabilidade. Para
tanto, buscou-se demonstrar a necessidade de uma aproximação
interdisciplinar, envolvendo a educação ambiental aos pressupostos da
pesquisa e da extensão desenvolvidas pelas instituições de Ensino Superior.
O referencial teórico deste estudo tem como base autores que discutem ambas
as temáticas: Ensino, Pesquisa e Extensão e Educação Ambiental e
Sustentabilidade, com aplicação dos conceitos e seu uso, bem como a
aquisição de informações no que se refere à realidade da sociedade e às
probabilidades de discutir transformação, envolvendo toda comunidade
universitária, contribuindo assim, para a implantação da bioconsciência,
por meio de um envolvimento educativo, cujo alvo metodológico é criar,
reconstruir, agregar, conciliar as intenções e valores das ações cotidianas
em relação à educação ambiental.
Palavras-chave: Ensino;
Pesquisa; Extensão; Educação Ambiental.
2
ABSTRACT
This article was based on the assumptions of the indissociability between teaching, research and extension as an effective tool for environmental education. We sought to bring up a discussion about the importance of the integrality of this triad in the context of higher education, in order to awaken students' criticality, leading them to the development of a culture of sustainability. In order to do so, we sought to demonstrate the need for an interdisciplinary approach, involving environmental education to the research and extension assumptions developed by higher education institutions. The theoretical framework of this study is based on authors who discuss both themes: Teaching, Research and Extension and Environmental Education and Sustainability, with application of the concepts and their use, as well as the acquisition of information regarding the reality of society and the The possibility of discussing transformation, involving every university community, thus contributing to the implantation of bioconsciousness, through an educational involvement, whose methodological aim is to create, reconstruct, aggregate, reconcile the intentions and values of daily actions in relation to environmental education.
Palavras-chave: Teaching; Search;
Extension; Environmental education.
3 INTRODUÇÃO
O
princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é um
assunto relevante no contexto do sistema universitário expresso no art. 207 da Constituição de 1988, o qual afirma
que “as universidades gozam de autonomia didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL,
1988).
Assim,
a compreensão sobre a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão,
não se restringe em mera questão conceitual ou legislativa, mas
fundamentalmente, paradigmática, epistemológica e político-pedagógica, uma
vez que está relacionada às suas funções sócias educacionais e à razão
existencial das universidades, que se constituíram, historicamente,
vinculadas às aspirações e aos projetos nacionais de educação. Como
ressalta Silva (2000), as relações entre ensino, pesquisa e extensão
decorrem dos conflitos em torno da definição da identidade e do papel da
universidade ao longo da história.
Nessa
direção, pretende-se aqui articular tais princípios aos pressupostos da educação
ambiental, pois esta tem a função de mostrar e sensibilizar as pessoas de
que somos parte do meio ambiente, buscando superar a visão antropocêntrica
– onde o homem é visto como centro de tudo – deixando de lado a importância
da natureza, da qual somos parte integrante.
Tais
ideais consistem numa ação educativa durável, em que a comunidade tenha
consciência de suas decisões e da atual realidade do nosso planeta. Assim, essa
prática amplia atitudes que atrela o estudante às problemáticas da
sociedade, desenvolvendo valores que promovem transformação nos aspectos
naturais e sociais.
Face ao exposto,
a integralidade entre ensino pesquisa e extensão no contexto do ensino
superior, reflete tomada de posturas para a conservação do meio ambiente,
visando à qualidade de vida e a sustentabilidade.
Desse modo, faz-se
necessário dizer que as instituições de ensino superior podem exercer vital
importância nesse contexto, basta que estruture a aplicabilidade de seu
ensino, visando mudanças, práticas, estratégias e didáticas
interdisciplinares, pautadas em métodos para o exercício prático da
cidadania, sintetizando as dimensões do processo socioambiental.
A educação
ambiental consiste em um planejamento constante, refletindo a prática
cotidiana numa aprendizagem significativa que conduzirá a mudanças no
comportamento dos estudantes do ensino superior e na sociedade. Vale
ressaltar que simultaneamente, é necessário agregar novos valores e
atitudes, desempenhando o papel de cidadão em uma sociedade com inúmeros
problemas socioambientais, levando a sociedade a uma reflexão acerca das
bases da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável.
Dessa forma, as
instituições de ensino superior podem contribuir, significativamente,
articulando suas propostas de pesquisa e extensão a diferentes temas da
atualidade voltados aos aspectos socioeconômicos, políticos e naturais.
A definição ampla
do ambientalismo demanda diálogo entre teorias e práticas, incentivando a
participação social. Nessa perspectiva, torna-se fundamental inserir o
contexto da educação ambiental nas bases da integralidade do ensino, da
pesquisa e da extensão, fundamentadas nos pressupostos da tríade norteadora
do ensino superior.
4 PRESSUPOSTOS
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
A LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação) de 1996, nos artigos 43 a 57, mostra que a
educação superior tem por finalidade estimular a criação cultural e o
desenvolvimento do pensamento científico e reflexivo; formar profissionais
em diferentes áreas do conhecimento, aptos para serem inseridos no mercado
de trabalho; incentivar a pesquisa e a iniciação científica; bem como o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e a difusão da cultura; suscitar
o desejo de aperfeiçoar-se cultural e profissionalmente; propiciar o
conhecimento e promover a abertura à participação de todos. Em outras
palavras, Libâneo, Oliveira e Toschi (2003, p. 259) afirmam que a educação
superior.
[...]
tem por finalidade formar profissionais nas diferentes áreas do saber,
promovendo a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
e comunicando-os por meio do ensino. Objetiva-se estimular a criação
cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento
reflexivo, incentivando o trabalho de pesquisa e a investigação científica
e promovendo a extensão.
Face
ao exposto, pelos Autores (2003, p. 259), é notória a importância da
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, visto que a gestão de
conhecimento requerida para os acadêmicos do Ensino Superior prevê uma
formação com bases no desenvolvimento científico e no pensamento reflexivo,
pautado nos princípios da pesquisa e da investigação científica, promovendo
assim a extensão dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação de nível
superior.
Nessa
direção, as instituições de ensino superior podem exercer um importante
papel no contexto da educação ambienta, pois as relações com a gestão do
conhecimento, a partir do ensino, da pesquisa e da extensão, tornam-se reconhecidas,
sistematicamente pelos principais agentes na educação superior,
permanecendo como uma meta a ser perseguida e, por outro lado, uma meta a
ser alcançada pela sociedade. E foi frente a essa necessidade que os
estudos aqui apresentados foram fundados e tem como finalidade ampliar o
olhar dos atores que compõem o universo do Ensino Superior, tendo como
intuito fortalecer e ampliar as práticas de gestão do conhecimento, a
partir da indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão na perspectiva
da educação ambiental.
5 A INDISSOSSIABILIDADE ENTRE ENSINO, PESQUISA E
EXTENSÃO
A
pesquisa universitária exerce importante papel, visto que funciona como um
elo integrador entre o desempenho científico e técnico, bem como, o
desenvolvimento da vida profissional dos estudantes. Dessa forma, a
produção acadêmica está vinculada aos conhecimentos tácitos e explicito,
sendo o primeiro, entendido como o conhecimento ou habilidade que pode ser
passado entre cientistas por contatos pessoais, mas não podem ser exposto
ou passado por meio de fórmulas, diagramas, descrições verbais ou instruções
para ação (COLLINS, 2001).
Vale
ressaltar que é por meio da pesquisa que a sociedade alcança, promove, e
compartilha saberes capazes de gerar a modernização e as melhorias em nossa
sociedade. Portanto, o conhecimento precisa ser a característica essencial
do Ensino Superior, devendo ser esse universo um espaço privilegiado de
desenvolvimento das pesquisas científicas e tecnológicas, estudos
acadêmicos em ciências sociais, humanas, biológicas, exatas, dentre outras.
A
produção acadêmica constitui-se em um campo de motivação e liberdade para
que a iniciativa individual se proponha, principalmente, para o alcance de
resultados científicos importantes para a vida profissional, social e da
ciência em geral. Segundo Schwartzman (1988),
O foco na motivação e liberdade na produção
individual constitui-se em um dos mecanismos mais importantes de controle
da atividade científica, controle esse que parece estar muito mais presente
no próprio ambiente universitário do que fora dele.
Por
tudo isso, é inegável que a relevância para o conhecimento produzido e
compartilhado nas instituições de Ensino Superior, melhor acontecerão à
medida que se buscar a eficácia da pesquisa e da extensão. A finalidade
precípua da extensão precisa ser o elo do Ensino Superior com a sociedade,
por meio dos resultados alcançados através das atividades de ensino e de
pesquisa, reafirmando assim o compromisso social das instituições de Ensino
Superior na garantia do desenvolvimento social, bem como, os anseios da
comunidade.
Vale
salientar que no Brasil, o termo extensão aparece no Estatuto das
Universidades Brasileiras (Decreto n° 19.851,11/04/31), em seu art. 35:f)
cursos de extensão universitária, destinados a prolongar, em benefício
coletivo, a atividade técnica e científica dos institutos universitários.
(BRASIL, 1931).
As
ações de extensão que as instituições de Ensino Superior desenvolvem
objetivam o acesso da comunidade aos saberes científicos, filosóficos,
culturais e tecnológicos, que confere um caráter dialógico à relação dessas
duas esferas sociais. Cavalcante (2000, p. 18) afirma que o “processo
educativo, cultural e científico, articulado de forma indissociável ao
Ensino e à Pesquisa é que viabiliza uma relação transformadora entre
universidade e sociedade”.
De
acordo com Saviani (1987), a extensão, por sua vez, significa a articulação
da universidade com a sociedade, com o objetivo de que o conhecimento novo
que ela produz pela pesquisa e difunde pelo ensino não fique restrito aos
seus muros apenas.
Segundo Silva (2002), o conceito de
extensão, também, apresenta-se ligado a função social da universidade,
integrando um mecanismo de intervenção nos setores sociais, permitindo o
apoio à comunidade no enfrentamento de carências, em respostas as suas
demandas. Integrando, ainda, a universidade ao contexto regional e à realidade
social, promovendo a troca de saberes com a atividade pedagógica,
desenvolvendo uma metodologia de ação social na universidade.
Conforme
a visão de alguns autores, como Silva (2002) e Nogueira (2005), as
características da extensão apresentadas conceitualmente por alguns,
exprimem a extensão como um espaço para formação acadêmica e o repassar do
conhecimento anterior, no qual a universidade assume um compromisso de
parceria entre universidade e sociedade de desenvolvimento social.
Nogueira
(2005) reforça essa ideia, afirmando que o papel social da universidade
passa pela extensão, podendo ser entendida como o meio por onde as
Instituições de Ensino Superior (IES) podem cumprir seu compromisso social,
indo além das atividades básicas relacionadas a sua atividade-fim por meio
de seus cursos regulares.
6 CONTRIBUIÇÕES
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A educação não
deve ser celeiro de conteúdo, ela implica em transformação, construção de
um ambiente social e ecologicamente agradável a todos. Na educação,
construímos conhecimentos e adquirimos informações que são base para a
mudança no comportamento do indivíduo em prol do meio ambiente, e a
Educação Ambiental é um instrumento diligente de transformação, tendo em
vista que, para se ter qualidade de vida, é preciso conservar e preservar o
meio ambiente.
Milaré descreve,
(2004, p. 612) diz que: “[...] a tarefa de educar não compete somente à
família e à escola: cabe a toda sociedade, representada por seus diversos
segmentos [...]”. É necessidade de todos os indivíduos, pois o descuido com
o meio ambiente só colabora para sua destruição. Desenvolver nas pessoas
atitudes e habilidades direcionadas à conservação da natureza e de seus
recursos é papel fundamental da Educação Ambiental e esta pode ocorrer em
diferentes espaços: escola, empresa, repartições públicas etc. O importante
é que a Educação Ambiental esteja presente em todos os níveis educacionais,
na busca do desenvolvimento sustentável, preservando o meio ambiente e seus
recursos.
A Educação
Ambiental é uma área essencial na sociedade. Por meio dela, podemos
despertar nas pessoas o cuidado e a conscientização dos malefícios
decorrentes dos danos ambientais, tais como: poluição do ar, das águas, uso
inadequado dos solos, o aquecimento global, o desmatamento e outros
presentes em todos os países que buscam o desenvolvimento tecnológico e
industrial.
Vive-se em um
sistema capitalista, onde o consumo e a concentração de riquezas necessitam
cada vez mais dos recursos naturais. Existe uma necessidade de melhorar a
distribuição de renda, devendo esta ser mais justa e equitativa,
proporcionando uma vida mais digna às pessoas. Na verdade, precisamos frear
o consumo exagerado e o desperdício.
Dessa forma,
Reigota diz que o:
Argumento
muito presente na educação ambiental nas suas primeiras décadas era a de
relacioná-la, prioritariamente, com a proteção e a conservação de espécies
animais e vegetais. A educação ambiental estava muito próxima da ecologia
biológica, sem que ela tivesse de se preocupar com os problemas sociais e políticos
que provocaram esta situação de desaparecimento de espécies (2012, p. 12).
Para Reigota
(2012), a Educação Ambiental é definida como educação política, priorizando
as relações econômicas, cultural e social entre os seres humanos e a
natureza de forma consciente, participativa e democrática. Assim, a
Educação Ambiental política expande a cidadania, a liberdade, a autonomia
dos cidadãos na procura de recursos e de vicissitudes que permitam a
coexistência correta e volvida para o bem social.
A Educação Ambiental
necessita ser vista de maneira ampliada, não apenas voltada para o cuidado
com os recursos naturais; abrange muito mais do que a conservação da fauna
e flora, envolve as questões relacionadas ao favorável convívio e interação
do ser humano em sociedade.
A vida é um ato
de sucessivas e duradouras experiências de Educação Ambiental. Por meio de
atitudes e ações conscientes, o ser humano aprende a interagir de forma
correta com o meio ambiente. Dessa forma, não se pode permitir que a
cultura da depredação da natureza, das injustiças sociais e do consumo
exagerado continue sendo divulgada indiscriminadamente. A necessidade de
mudança de valores, comportamentos e atitudes é evidente e aumentam a cada
dia. Assim, por meio da educação ambiental, é possível promover o
respeito ao meio ambiente e aos seus recursos através do desenvolvimento
sustentável, fortalecendo a relação homem e natureza.
GUIMARÃES (1995;
p. 107) conceitua a Educação Ambiental da seguinte forma: “é um processo
longo e contínuo de aprendizagem, de uma filosofia de trabalho
participativo, em que todos, família, escola e comunidade, devam estar
envolvidos”. Para isso, a educação ambiental deve superar as relações
existentes entre homem e natureza, estabelecendo uma reflexão consciente da
importância do meio ambiente e de sua conservação.
Segundo esse
autor, o princípio básico da Educação Ambiental:
É a
atenção com o meio natural e artificial, considerando fatores ecológicos,
políticos, sociais, culturais e estéticos. A Educação Ambiental deve ser
contínua, multidisciplinar, integrada dentro das diferenças regionais,
voltada para interesses nacionais e centrada no questionamento sobre o tipo
de desenvolvimento. Tem como meta prioritária a formação nos indivíduos de
uma consciência coletiva, capaz de discernir a importância ambiental na
preservação da espécie humana e, sobretudo, estimular um comportamento
cooperativo nas diferentes elações inter e intranações. (GUIMARÃES, 1995;
p. 107).
Esse é um
princípio que deve ser desejado por todas as nações que procuram
desenvolvimento tecnológico, sem esgotar os recursos naturais, criando
amostras de crescimento não somente na relação homem e natureza, mas também
na relação homem pelo homem, onde existem imensas desigualdades sociais a
serem minimizadas.
No que diz
respeito à Educação Ambiental, Loureiro afirma que:
Educação
ambiental é uma perspectiva que se inscreve e se dinamiza na própria
educação, formada nas relações estabelecidas entre as múltiplas tendências
pedagógicas e do ambientalismo, que têm no “ambiente” e na “natureza”
categorias centrais e identitárias. Neste posicionamento, a adjetivação
“ambiental” se justifica tão somente à medida que serve para destacar
dimensões “esquecidas” historicamente pelo fazer educativo, no que se
refere ao entendimento da vida e da natureza, e para revelar ou denunciar
as dicotomias da modernidade capitalista e do paradigma analítico-linear,
não-dialético, que separa: atividade econômica, ou outra, da totalidade
social; sociedade e natureza; mente e corpo; matéria e espírito, razão e
emoção etc. (2004; p.82).
Todo esse
preâmbulo surge para demonstrar que, para produzir sentidos, é
imprescindível relacionar o meio ambiente com o espaço social, considerando
as afinidades implantadas nesse universo e destacando a eficácia do espaço
escolar na edificação de uma educação ambiental voltada para a
sustentabilidade.
A educação
permite informação e transformação na vida social, possibilita relação
entre homens e natureza. Nesse sentido, escola e sociedade necessitam ser coligadas
criando ambientes de debates e treino de cidadania voltada para a
construção efetiva nas decisões políticas, lutando por uma educação
acessível a todos, estabelecendo relações de respeito e solidariedade no
mundo. A escola se destina à ascensão do indivíduo, a efetivação do
ensino-aprendizagem, capaz de desafiar, de fazer pensar de maneira crítica
a realidade social e política, na luta por uma sociedade igualitária.
O trabalho de
Educação Ambiental deve ser desenvolvido, a fim de ajudar os alunos a
construírem uma consciência global das questões relativas ao meio, para que
possam assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e
melhoria. Para isso, é importante que possam atribuir significado àquilo
que aprendem sobre a questão ambiental (PCN’s, 2001; p.47, 48).
7 SUSTENTABILIDADE:
HISTÓRICO E SEUS CONCEITOS
Entende-se por
sustentabilidade: “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem
suas próprias necessidades." (BRUNDTLAND, 1987).
As ansiedades
relacionadas ao meio ambiente iniciaram-se na década de 50 do século
passado, mas somente em 1960 houve efetivamente consciência ambiental em
escala global, com convenções, documentos, quando foi discutida a
possibilidade real do desenvolvimento sustentável. Nesse período, o aumento
da demanda por matérias-primas e energia nos países industrializados e a
explosão demográfica nos países em desenvolvimento foram destaques e
causaram preocupação, pois dessa maneira seria difícil conciliar
crescimento econômico com desenvolvimento sustentável. Dessa forma, na
conjuntura da globalização, surge a sustentabilidade, marcando o progresso
da sociedade, explorando o meio ambiente sem que haja deterioração.
O desenvolvimento
sustentável é um processo de transformações onde o uso dos recursos
naturais atenda às necessidades da sociedade atual e do futuro, em condição
de harmonia, e não no padrão de ampliação adotado pela sociedade
fundamentado no consumismo e no egocentrismo.
Em seu ensaio
sobre “O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação”,
Lima destaca que:
À
medida que o debate da sustentabilidade vai se tornando mais complexo e é
difundido socialmente, ele vai sendo apropriado por diferentes forças sociais
que passam a lhe imprimir o significado que melhor expressa seus valores e
interesses particulares (2003, p. 107).
A
sustentabilidade surge como uma crítica à ordem econômica, como uma maneira
do ser humano sobreviver e como apoio para que haja um crescimento
permanente e duradouro do processo de produção.
O desenvolvimento
ambiental adere-se ao Desenvolvimento Sustentável, preocupando-se com o
respeito às diversas formas de vida, à eficiência econômica e à justiça
social. É preciso estar consciente das próprias ações, dos problemas
socioambientais e, consequentemente, lutar mais para superá-los.
De acordo com
Leff,
[...]
O desenvolvimento sustentável é um projeto social e político que aponta
para o ordenamento ecológico e descentralização territorial da produção,
assim como para a diversificação dos tipos de desenvolvimento e dos modos
de vida das populações que habitam o planeta. Neste sentido, oferece novos
princípios aos processos de democratização da sociedade que conduzem à
participação direta das comunidades na apropriação e transformação de seus
recursos ambientais (2005; p. 57).
Desenvolvimento
Sustentável corresponde a um procedimento onde o desenvolvimento econômico,
social e ambiental são instituídos às políticas comerciais, econômicas, industriais
de forma integradas, utilizando os recursos naturais de forma a não
comprometer seu esgotamento e onde se desenvolva uma sociedade mais justa e
igualitária.
8 PAPEL DO
ENSINO SUPERIOR E O DESAFIO PARA A SUSTENTABILIDADE
Perante as
instabilidades ambientais que estão acontecendo pelas desfavoráveis
atividades humanas, é de extrema necessidade que os argumentos sobre
educação ambiental evoluam de forma a acrescentar em uma melhor educação
voltada aos princípios de sustentabilidade. Desse modo, é essencial que as
IES abracem a educação ambiental como temática imprescindível, tentando
desse modo fazer com que os estudantes se transformem em cidadãos com noção
de conhecimento no que diz respeito à educação ambiental.
Atualmente,
educar para o desenvolvimento sustentável é a única maneira de sensibilizar
as pessoas a informação e participação na defesa do meio ambiente e da vida
em sociedade. A educação é uma ferramenta indispensável à sustentabilidade,
ela é um meio para se conquistar o escopo: o desenvolvimento sustentável em
todos os setores de atividades (AGENDA 21, 2001).
O conhecimento de
desenvolvimento sustentável busca elucidar as analogias entre o homem e a
natureza num desafio às ações humanas e suas consequências para o presente
e o futuro de nossa civilização. Dessa forma, o conceito apresentado na
educação ambiental reflete em ações de sustentabilidade, assumindo um papel
transformador, acarretando um mundo sustentável.
O papel do
professor diante de um contexto marcado pela degradação constante da
natureza é de uma imensa responsabilidade. A educação ambiental
configura-se necessária, é uma ferramenta de transformação, potencializando
o envolvimento de todos numa perspectiva interdisciplinar, inovadora e
crítica, voltada para a transformação social. Sua abordagem deve ser numa
perspectiva de ação holística, relacionando o homem, a natureza e sua
responsabilidade de ação no uso dos recursos naturais.
Segura afirma
que:
A
escola foi um dos primeiros espaços a absorver esse processo de “ambientalização”
da sociedade, recebendo a sua cota de responsabilidade para melhorar a
qualidade de vida da população, por meio de informação e conscientização.
(2001, p. 21)
Para despertar o
empenho dos alunos, é preciso que o professor use a “bagagem de conhecimentos
trazidos de casa” por estes. Como dizia Freire (1987), direcionando-o
a perceber os problemas ambientais existentes no mundo, que envolve todos e
consequentemente lutar por possíveis soluções, para que haja equilíbrio no
nosso planeta.
A sociedade atual
precisa aprimorar o padrão de desenvolvimento econômico e social, poupando
a natureza e o uso dos seus recursos, garantindo a preservação do meio
ambiente para as gerações presentes e futuras, assumindo consciência da
importância da educação ambiental, permitindo o prosseguimento da vida
neste planeta. Para isto, é indispensável a mudança de hábitos de consumo,
criando alternativas, novos parâmetros que agenciem o desenvolvimento
sustentável, fazendo as escolhas conscientes para que a sociedade contemporânea
tenha postura responsável e ética.
Este artigo tem a
função de transmitir a real necessidade da escola, da qual afirma Paulo
Freire, que é investir em conhecimento que funciona na prática com mudanças
desejáveis na sociedade:
Se
o meu compromisso é realmente com o homem concreto, com a causa de sua
humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da
ciência, nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor
lutar por esta causa. (2007, p. 22).
Assim, cabe a escola
uma reflexão crítica da realidade, um lugar de constante aprendizagem, um
espaço para pensar, superando as barreiras impostas na sociedade.
De acordo com
Freire, o “conhecimento emerge apenas através da invenção e reinvenção,
através de um questionamento inquieto, impaciente, continuado e esperançoso
de homens no mundo, com o mundo e entre si”. Com o conhecimento, podemos
transformar as mais adversas realidades.
9 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Mediante aos dados
abordados neste artigo, conclui-se que a indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão, articulada a propostas que visem estimular a
participação dos estudantes em atividades que tenham como propósito
construir estratégias voltadas à Educação Ambiental, acrescentam no
comportamento social e ambiental mais responsabilidade e consciente acerca
desta temática.
Nesse
sentido, algumas
reflexões indicativas tornam-se emergentes no contexto do ensino superior, dentre
as quais destacamos a necessidade de instaurar
uma nova mentalidade pedagógica nessas instituições. Isso pressupõe assumir
compromissos que levem o ensino superior na direção de propostas que
capazes de mobilizar um conjunto de saberes, capacidades e informações, com
vistas a solucionar as problemáticas sócio-ambientais encontradas
atualmente no mundo.
Desse
modo, apontamos como competências necessárias à formação do sujeito
ambiental do século XXI, o envolvimento nas aprendizagens, no fazer
produtivo e no trabalho em equipe; a adoção da inter e da
transdisciplinaridade como pressuposto da produção do conhecimento e da
prática pedagógica; a organização do currículo centrado em problemas da
realidade; a implementação de planejamentos integrados participativos,
dentre outras abordagens.
Vale
salientar que essas ações são enriquecedoras do princípio formativo
expresso nos pressupostos do ensino superior, visto que permitem as
abordagens teóricas e prática dos saberes sobre questões e problemas reais,
com resultado na construção colaborativa de soluções dos mesmos. Esse
processo contínuo permite a aproximação da universidade com a sociedade e a
renovação dos debates acadêmicos.
Em suma, é
importante lembrar que o avanço da tecnologia e as novas descobertas que a
ciência apresenta no cenário atual são evidentes. Dessa forma, é de
fundamental importância que as instituições de ensino superior, investem na
promoção de saberes que busquem caminhos para equacionar essa relação entre
tal avanço e a preservação do Meio Ambiente que se faz urgente e
necessária.
Conclui-se assim,
que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão pode ser este
caminho, através dos projetos e programas elaborados e desenvolvidos pelas
instituições de ensino superior. Tais projetos e programas, viabilizados
por meio de atividades que estabeleçam elo com a sociedade, poderão ser
executados e transformados em excelente ferramenta para disseminar
conhecimento e interação dos sujeitos inseridos no contexto do ensino
superior com os reais interesses e necessidades da comunidade.
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