Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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14/06/2018 (Nº 64) ANÁLISE DE SOLO EMPOBRECIDO DEVIDO À EFEITOS DE AGROTÓXICOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A POPULAÇÃO CONSUMIDORA DE SEUS MEIOS
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ANÁLISE DE SOLO DANIFICADO E EMPOBRECIDO DEVIDO À EFEITOS DE AGROTÓXICOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A POPULAÇÃO CONSUMIDORA DE SEUS MEIOS



Zilmar Timóteo Soares1

zilmarsoares@bol.com.br

Fernanda F. Paiva2

freitaspaiva576@gmail.com

Geysa Manuelle S. Vieira3

geisa_manuelly117@hotmail.com

Mayara Gomes4

Mayara_wjm@hotmail.com

Mylca C. de Oliveira5

mylkaoliveira18@gmail.com

1-Professor Doutor da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão-UEMASUL

2,3,4,5 Acadêmicos dos Curso de Especialização em Ciências Ambientais

Resumo: É sabido que, a manutenção de um solo que está sempre em processo de preparação para receber resíduos e maquinarias, é de suma importância, pois, sua parte biológica é afetada e esta manutenção auxilia para a melhoria das características químicas (teor de matéria orgânica), físicas e biológicas desta área. Pelo fato de, em agricultura de conservação, ser normal a existência de resíduos das culturas que já estão na superfície do solo, a aplicação de herbicidas em pré-emergência pode não fazer sentido, pois os resíduos ao provocarem o chamado efeito “guarda-chuva”, não vai permitir que os herbicidas atinjam a superfície do solo, tendo por isso pouco ou nenhum efeito, visto tratar-se de herbicidas residuais. A melhoria das características físicas, químicas e biológicas dos solos proporciona melhores condições para o desenvolvimento das culturas, com um aumento esperado das produtividades tão significativo quanto a consolidação do sistema, o que tem benefícios, quer na redução dos custos de produção, quer na redução do impacto ambiental das atividades realizadas. Desta forma, objetivamos implantar uma nova ideia de Conservação de solo agrícola, dando ênfase à uso de agrotóxicos menos evasivos, técnicas de plantação e preservação do solo (deixar práticas errôneas objetivando o enriquecimento do solo, preservando-o), adotar maneiras corretas para o manejo do solo (uso adequado de produtos químicos) e analisar as diferenças entre uma parte deste solo já degradado devido ao uso de agrotóxicos e outro local sem impurezas. O local escolhido para o desenvolvimento da pesquisa foi a Fazenda Arca de Noé localizada no Município de Davinópolis.

Palavras-chave: Agrícolas. Agrotóxicos. Conservação. Preservação.

INTRODUÇÃO

Sabe-se que, a manutenção de um solo que está sempre em processo de preparação para receber resíduos e maquinarias, é de suma importância pois, sua parte biológica é afetada e esta manutenção auxilia para a melhoria das características químicas (teor de matéria orgânica), físicas e biológicas desta área.

O conceito de agricultura e conservação, isto é, trabalhar a agricultura procurando manter e/ou melhorar a fertilidade do solo manejado, de forma que as gerações futuras possam obter produtividades iguais ou superiores às que se obtinham no modo convencional, objetiva exatamente isto: inverter o grande ciclo de degradação que se faz associado à instalação de culturas comuns com o recurso à mobilização do solo.

O processo de degradação ambiental tem início quando a exploração de um determinado recurso natural se torna maior do que a capacidade da natureza de repor ou reconstituir este recurso com suas características originais. Mas, sabe-se que, para que se faça possível a construção de uma manufatura ou maquino fatura para consumo próprio e sustento de um lar ou para venda (com o mesmo fim); é necessário que haja uma interrupção na forma e no modo de vida de um determinado local para que outros produtos sejam ali cultivados. Desta forma se dá todos os plantios. Porém, por mais que haja um entendimento sobre “o que é preservar”, “quais formas mais viáveis para que não se utilize produtos químicos em um plantio”, não fazem 100% correto; realmente, agricultores têm razão quando se defendem de pragas com herbicidas, mas, o manejo, e consequentemente a quantidade exercida se torna algo de segundos planos, não se preocupando com dados futuros tanto para quem irá consumir os produtos que receberam estes materiais quanto para o solo que com os efeitos, empobrece, perdendo sua essência, força e naturalidade.

A melhoria das características físicas, químicas e biológicas dos solos proporciona melhores condições para o desenvolvimento das culturas, com um aumento esperado das produtividades tão significativo quanto a consolidação do sistema, o que tem benefícios, quer na redução dos custos de produção, quer na redução do impacto ambiental das atividades realizadas e nos produtos utilizados.

Estando inteiramente ciente da insustentabilidade existente na esfera agronômica, ambiental e econômica do sistema Convencional ou tradicional de instalação de culturas com recurso a sequências de inúmeras operações de mobilização do solo por vezes tão longas quanto despropositadas, com elevados custos e também de impacto ambiental negativo leva-nos a ter que mudar o paradigma e procurar realizar um tipo de agricultura que seja ambientalmente sustentável através da conservação do solo, da água e da proteção do ar e economicamente viável pela redução dos custos de produção e aumento da produtividade dos solos.

Lamarche (1993) define a agricultura como tendo uma forte relação entre trabalho e família. Cada família é detentora da terra, dos instrumentos de trabalho e de um conjunto diversificado de técnicas para a administração do patrimônio, que muitas vezes é passado de geração a geração. A força de trabalho empregada na terra é geralmente composta pelos próprios membros das famílias e, de acordo com a necessidade desta, é composta por trabalhadores temporários.

O Sistema de agricultura deu um salto bastante evolutivo quando descobriu-se um modo prático de adubar as culturas (plantações), com os produtos químicos necessários. No entanto, esta praticidade trouxe para os dias de hoje os maiores problemas relacionados ao manejo inadequado do solo. Dentre estes: A erosão (desgaste do solo), a compactação (reduz-se os vazios deixando o solo mais denso) e o aumento da salinidade do solo (problema socioambiental grave, que gera impactos, transformando espaços agricultáveis em terrenos inférteis). Estes problemas, estão relacionados diretamente com a escassez de alimentos (suprimentos em geral) num futuro não muito distante, resultando num profundo desequilíbrio do sistema produtivo, se práticas corretas não forem adotadas.

Desta forma, objetivamos implantar uma nova ideia de Conservação de solo agrícola, dando ênfase à uso de agrotóxicos menos evasivos, técnicas de plantação e preservação do solo (deixar práticas errôneas objetivando o enriquecimento do solo, preservando-o). Assim, foi escolhida a Fazenda Arca de Noé localizada em Davinópolis para que pudéssemos estar desenvolvendo tanto a parte teórica quanto a parte prática deste projeto.

Quando se faz abordagens sobre o manejo inadequado do solo, é necessário lembrar de procedimentos que se executados em áreas prioritárias se tornam-se eficazes para a conservação. Diante disso, podemos citar um processo denominado Planejamento Sistemático de Conservação, que consiste na identificação de áreas e análises do solo para a conservação. Este planejamento, se destaca entre muitas outras técnicas em relação a maximizar a conservação do solo.

Como objetivo geral nós planejávamos demonstrar práticas, mostrar ideias e trazer novidades ao proprietário da fazenda escolhida para se trabalhar fazendo com que o mesmo começasse à fazer uso de maneiras corretas para o manejo do solo (uso adequado de produtos químicos) e analisar as impacto diferenças entre uma parte deste solo já degradado devido ao uso de agrotóxicos e outro solo sem impurezas. Obtivemos sucesso em nossa prática. E como objetivos específicos buscamos identificar a origem de problemas presentes no local em questão de fertilidade de solo e propor soluções para os possíveis problemas encontrados; onde novamente, obtivemos êxito pois o proprietário é dotado de conhecimento biológico e sustentável.

METODOLOGIA

O estudo se deu na Fazenda Arca de Noé, localizada no Município de Davinópolis. Como instrumentos de coleta aplicamos questionários (ANDRÉ; LÜDKE, 1986) para 6 pessoas residentes nas proximidades da Fazenda e que de alguma forma usufruíam de seus bens e Entrevista (Realizada apenas com o Proprietário da Fazenda –Gilberto Castro-). Todas as informações foram cedidas com veracidade. Assim, nossa metodologia se fez concreta em duas etapas.

A primeira: Aplicar os questionários com a população e fazer a primeira visita na Fazenda, conversando e esclarecendo as dúvidas do proprietário quanto ao nosso projeto e começar a análise da área de plantio desta fazenda, o que era cultivado e como era repassado para a população. Utilizamos o modo de coleta manual e convencional com 200g de solo e em seguida levamos ao laboratório (nesta etapa utilizamos tubos de ensaio para quantificar os níveis de acidez, fertilidade e outros parâmetros e entregamos os resultados da amostra na segunda visita ao local).

A segunda etapa se deu por mostrar os resultados ao proprietário e dar mais ideias sobre como trazer a Conservação para sua agricultura.

RESULTADOS

Como já era previsto, não houveram níveis que determinam um alto teor de defensivo agrícola nesta propriedade. Os dados utilizados neste estudo são recortes de manifestações expressas por parte da população ali residente, relacionados às questões: Você consome com frequência os alimentos produzidos na fazenda Arca de Noé? Você sabe qual a procedência destes alimentos? Você já chegou a sentir algo (tontura, fraqueza, alergia e outros sintomas) ao consumir alimentos deste local? Você sabe quais os perigos eminentes em alimentos com alto teor de agrotóxicos, pesticidas, herbicidas e outros. Dentre todos os questionários, houveram as mesmas respostas onde: Consomem com frequência: hortaliças, leguminosas e cereais; Sabem que os produtos ali cultivados são de boa qualidade (com uso sábio de defensor agrícola); nunca chegaram a sentir nenhum problema e sabem pouco sobre perigos do consumo de agrotóxicos, porém, o suficiente para não colocarem produtos de má qualidade na mesa (Figura A).

Figura A: Área de plantação de feijão-

Fonte: os autores, 2017

Figura B: Colheita de Plantas aromáticas para obtenção de óleo essencial

; Figura C: Área de plantio de sementes e capim para pastagem do gado; Figura D: Pastagem vitaminada para gado e demais animais

Fonte: os autores, 2017





Figura E:Espécie cultivada para sombreamento; Figura F: Plantio de uma nova planta (Moringa) e área de cultivo das hortaliças; Figura G: Moringa

, Fonte: os autores, 2017

Figura H: Mudas de açaí adquiridas com a Embrapa para restauração das margens do Riacho Cacau que passa dentro de sua propriedade; Figura I: Graviola. Um dos frutos plantados nesta fazenda e comercializados dentro de Davinópolis e arredores; Figura J: Limão-galego, também cultivo e comercializado em Davinópolis.

Fonte: os autores, 2017

Figura K:Parte do Riacho Cacau onde serão plantadas as mudas de açaí; Figura L e M: Etapa onde fomos colher amostras de solo para fazermos a análise; Figura N: Entrevista com o proprietário Gilberto Castro (segue em anexo a assinatura do termo de consentimento),

Fonte: os autores, 2016

Para o proprietário, foram feitas as perguntas, em forma de entrevista (segue em anexo) onde observamos quais eram as formas de manejo deste defensivo, o quanto aplicava, qual o período de tempo de uma aplicação para outra e se havia por parte dele uma grande preocupação com o enriquecimento do solo, quais os efeitos causados à população devido a ingesta de produtos ali cultivados e quais melhorias ainda se tinha em mente para uma Agricultura em constante conservação.

CONCLUSÃO

Os efeitos nocivos do uso inadequado de defensivos agrícolas tem sido objeto de inúmeros estudos, inclusive deste. A utilização de agrotóxicos no meio rural tem trazido uma série de complicações tanto para o ambiente como para com os trabalhadores rurais e/ou pessoas que fazem o consumo de alimentos provenientes destes locais. Além da exposição à estes produtos, há também a contaminação alimentar e ambiental deixando os rastros de destruição pelo solo.

Durante esta pesquisa pudemos estar observando a importância de uma agricultura conservada, limpa; o solo é rico e os recursos naturais apenas aumentam juntamente com os fins lucrativos para quem adota técnicas de conservação. Anualmente são perdidos vários hectares para a agricultura e pela severa degradação do solo que muitas vezes ela proporciona, quando os devidos métodos a serem feitos não são aplicados. A recuperação de um solo degradado leva cerca de 500 anos dependendo da gravidade do impacto.

O conjunto de funções do solo é bastante amplo, ele atua como filtro do ar e da água, troca gases com a atmosfera, e assim influencia o clima do planeta.

Portanto a agricultura e conservação procura manter ou melhorar a qualidade do solo, de forma que as gerações futuras possam obter produtividades iguais ou superiores as que se obtinham as gerações passadas que utilizavam métodos convencionais, melhorando assim a sua qualidade de vida e não causando muitos impactos para a biodiversidade. A conservação tem também o objetivo da recuperação da fertilidade dos solos danificados através da melhoria das suas características físicas, químicas e biológicas.

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, M. E.; LÜDKE, M. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. SP: EDU, 1986

BARROS, J. F. C., Freixial, R. & Amante, R. (2011). El control de malezas em agricultura de conservación y siembra directa. Revista Tierras, Agraria 11, 176: 82-86, Valladolid, España.

BRUMER, A. et al. A exploração familiar no Brasil. In: LAMARCHE, H. (Coord.). Agricultura familiar. Tradução Ângela M. M. Tigiwa. Campinas: UNICAMP, 1993. p. 179-234, (Coleção Repertórios).

FREIXIAL, Ricardo J. Murteira de Carvalho, Carvalho, Mário J. (2004) – A Sementeira directa de Culturas Arvenses. Porquê? Uma Experiência no Alentejo. Vida Rural, nº 1700, pp. 38-40.



Ilustrações: Silvana Santos