Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
14/06/2018 (Nº 64) O PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL –PPGEA-FURG: UM ESPAÇO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES AMBIENTAIS
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=3273 
  


O PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL –PPGEA-FURG: UM ESPAÇO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES AMBIENTAIS

Vilmar Alves Pereira1

Márcia Pereira da Silva2

Narjara Mendes Garcia3

Este artigo tem a pretensão de apresentar o Programa de Pós Graduação em Educação Ambiental – PPGEA-FURG como um espaço permanente de Formação de Educadores Ambientais. Para tanto se vale de uma contextualização e trajetória do Programa e do seu alcance nos últimos 24 anos em diferentes e importantes espaços em defesa de uma Educação Ambiental crítica e transformadora. Nesse sentido, posiciona o PPGEA além de ser o primeiro e único Programa do país com mestrado e doutorado em Educação Ambiental, como um dos contextos em que mais se produz sobre EA no Brasil e na América Latina e consequentemente, mais se formam Pesquisadores, lideranças comunitárias e sociais, servidores e agentes sociais de ONGs .Nosso propósito maior consiste não só em buscarmos com a proposta a Popularização da Educação Ambiental, bem como a disseminação desse espaço que contribui e pode continuar contribuindo com a sociedade na Formação Permanente de Educadores Ambientais.



CONTEXTUALIZAÇÃO DO PPGEA

A Universidade Federal do Rio Grande - FURG está inserida em uma região localizada na Planície Costeira do Rio Grande do Sul e por isso assume a sua vocação pelo ecossistema costeiro onde buscamos articular/relacionar/incluir nas abordagens das diversas áreas de conhecimento, integrando o tripé basilar da instituição que fomenta o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão. Em nosso caso, como parte do campo na educação e das ciências humanas, temos focado neste particular em sua relação e diálogo tal realidade e contexto, mas também nas abordagens dos colegas que veem de outras áreas/campo do conhecimento procurando reconhecer nos como um contexto multidisciplinar.

O Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA) surgiu no ano de 1993 (estará completando 25 anos em 2019), por iniciativa de um grupo pluridisciplinar formado por docentes desta instituição de ensino superior em nível de mestrado, tendo em vista a importância da Educação Ambiental face à crise socioambiental brasileira e mundial expressa no conteúdo da linha de pesquisa de Fundamentos da Educação Ambiental; bem como à vocação educativa da Universidade expressa nas linhas de pesquisa de Educação Ambiental: Ensino e Formação de Educadores (as) e Educação Ambiental Não Formal como espaço de olhares e estudos da EA que transbordam os espaços institucionalizados. Assim, em 1994 o curso de mestrado em Educação Ambiental foi implementado e, após 12 anos, em 2006, ampliou-se em suas pesquisas e reflexões com a primeira turma em nível de doutorado.

A atuação do PPGEA está alicerçada nos seguintes elementos:

1) A FURG é uma universidade voltada para o Ecossistema Costeiro (Planície Costeira do Rio Grande do Sul), com vasta experiência em ações e pesquisas sobre o meio ambiente, formação de educadores em diversas áreas e campos do conhecimento bem como de profissionais diversos.

2) Da urgente, no passado e ampliada no presente, reflexão e problematização da situação crítica da relação predatória das sociedades atuais com a natureza. Pensando na atual crise socioambiental em nível planetário, torna-se premente discutir esses temas/questões com e no nosso campo de saber na atualidade. As diversas conferências históricas que trataram/tratam da mencionada crise, nos colocam a pensar sobre ela. Destacamos aqui a Rio+20, ocorrida no ano de 2012, com a participação efetiva deste programa, com representação docente e discente. Em decorrência disso é inquestionável o lugar da educação ambiental crítica e para a justiça ambiental, portanto, em debate com as causas mais profundas da referida crise bem como possibilitadoras de ações educativas, articulando pesquisas, ações de ensino e de extensão. No entanto, também nos apoiamos na legislação brasileira, como na Constituição Federal, Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA, e no Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, que corroboram tais preocupações e no desdobramento de nossas ações educativas, de pesquisa e extensão neste rumo/utopia.

3) A justeza de tais preocupações se traduz na crescente a procura de candidatos de outros países, como Colômbia, Nicarágua, Cuba, Uruguai e México dentre outros, bem como das demais regiões que compõem o Brasil (Rio de Janeiro, Maranhão, Pará, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul dentre outros) e das mais variadas áreas do conhecimento pelo curso de educação ambiental, o qual nosso programa representa ao ser composto por um mestrado (mais de 20 anos) e de um doutorado na área sendo o único programa no país com pesquisas em nível de mestrado e doutorado específicos no campo da Educação Ambiental. Mas também pela comprovada relevância e implicação social e científica nos campos de atuação profissional dos nossos egressos. Como exemplo regional, temos um prefeito (Secretário do Meio Ambiente de Rio Grande que já foi inclusive Prefeito de Santa Vitória do Palmar- Município Vizinho), secretário de educação e da fazenda (Rio Grande) Secretário da Educação do Município de Rio Grande, Secretária da Ação Social e Cidadania, Coordenadora da EJA do Município, pró-reitora (Universidade Federal de Pelotas), a reitora da FURG bem como inúmeros professores e técnicos (da FURG), secretário e outros servidores públicos (São José do Norte), além de professores e professoras que fizeram mestrado, doutorado em nosso PPGEA das redes federais, estaduais, municipais e privadas dentre outros espaços não formais, dos movimentos sociais, etc. e/ou são nossos colaboradores.

4) Há reconhecimento do MEC de que o Programa deve ampliar o seu campo de atuação, promovendo no Brasil, cursos de pós-graduação na área da Educação Ambiental, na atual gestão estamos ampliando nossas relações com a América Latina, América Central e Europa como exemplo avançado do que estamos realizando com a Udelar (Universidad de La República) de nosso vizinho Uruguai, Universidade de Guadalajara (México), Universidade de Múrcia e Universidade de Santiago da Compostela (Espanha), Ministério da Educação da Nicarágua, Rede Internacional de Pesquisadores em. Educação Ambiental e Justiça Climática (REAJA), a Rede Temática de Educação Ambiental, ligada ao Ministério da Educação, a Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental (REASul), mas também com ONGs, grupos e movimentos sociais.

5) Ampliação, dos recursos disponíveis diante do contexto atual de crise em nosso país, da expansão e oferta do Curso de Educação Ambiental Lato Sensu, na modalidade à distância através da parceria estabelecida entre a FURG e o Sistema Universidade Aberta do Brasil devido a significativa demanda de solicitações provenientes dos mais variados municípios que compõem o Rio Grande do Sul e o Estado de Santa Catarina. Na edição atual tivemos mais de 500 inscritos e estamos ofertando

6) A consolidação da identidade e do reconhecimento da Educação Ambiental no campo da Educação, por meio da criação do GT22 Educação Ambiental na ANPEd em 2004, ocasião em que o Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental teve papel decisivo, constituindo-se em referência científica e acadêmica; e que na atual gestão pretende ampliar ainda mais, por exemplo, já integramos o comitê cientifico (com duas pesquisadoras do Programa) e inúmeros professores/as e alunos/as são ativos partícipes do referido GT, participação efetiva no Fórum Brasileiro de Educação Ambiental em diversas mesas e no comitê científico (pelo atual coordenador), no Encontro Paranaense de Educação Ambiental, bem como de outros espaços acadêmicos. Tais ações são expressão de nossa produção intelectual até o momento são 333 dissertações 91 teses no total, ampliando a composição total desde a existência do Programa para 424 trabalhos.

7) Consideramos como ação inovadora a forma com que o Programa organiza as suas linhas de pesquisa na busca de um trabalho interdisciplinar que procuramos expressar na composição das três Linhas, em que os professores do PPGEA trabalham e que, nos últimos anos foram realizadas ações visando consolidar os objetivos das linhas e sua articulação com as disciplinas, os projetos de pesquisa e/ou orientações. O sentido da interdisciplinaridade, de um lado; e da transdisciplinaridade de outro, expressam nas novas Diretrizes da Educação Ambiental (2012) está expressa nos objetivos do programa e do contexto mais amplo apresentado no primeiro parágrafo; mas também das demandas de uma Educação Ambiental cada vez mais compromissada, crítica e, que nesta gestão, estamos chamamos uma educação ambiental para a justiça ambiental. O trabalho interdisciplinar realiza-se como esforço de uma compreensão de totalidades dos elementos que constituem os fenômenos da realidade, a fim de fortalecer as vinculações entre a teoria e a prática nas atividades formativas e transformadoras da Educação Ambiental, promovendo desta forma, a almejada práxis ambiental. E no relacionado ao transdisciplinar no sentido de que a temática e a questão ambiental perpasse as diferentes áreas do conhecimento em seu fazer educativo.

Aberto também as temáticas emergentes no campo da Educação Ambiental, a proposta do PPGEA consiste na formação, nas mais diversas áreas do conhecimento, de educadores ambientais, isto é, educadores para espaços formais e não-formais da e na educação; e profissionais que tenham como preocupação: aprofundar a compreensão crítica da atual crise socioambiental no Brasil e no mundo; perquirir e experienciar alternativas teóricas diversas e práticas superadoras no local, da referida crise, sem descurar da crítica das utopias e das relações, tanto locais e globais, diretamente relacionados à mesma; elaborar e fundamentar propostas pedagógicas capazes de contribuir para a formação de cidadãos críticos e transformadores na superação coletiva, e em sua diversidade e sem anular o potencial crítico do posicionamento individual em relação à crise socioambiental vigente; focalizar, a partir de todos os fundamentos anteriores, a situação socioambiental regional e o papel que cabe à Educação face à referida situação bem como na problematização da educação ambiental tradicional e justificadora do status quo ou da disciplinarização dos seres em sua relação com a natureza/meio ambiente; pesquisar na área da Educação Ambiental, buscando identificar problemas e propor soluções, ou da problematização cidadã dos respectivos problemas bem como dos causadores dos mesmos dentro de sua área de conhecimento e atuação; e em relacionar seu agir e ação educativa e profissional de forma crítica ao desenvolvimento social e econômico não inclusivo, mantenedor da desigualdade e da exclusão e/ou ainda na apropriação desigual da riqueza, das terras/territórios e/ou ainda, no uso privado dos espaços de poder (instituições) de forma insustentável e não em benefício da totalidade da população brasileira com respeito e ponderação na relação com a natureza/meio ambiente.

Disso, buscamos que os educadores/as e os/as profissionais egressos do programa estejam capacitados para exercer atividades de docência e/ou pesquisa e cargos diretivos em instituições educacionais, além de poderem atuar em organismos sociais e empresariais que demandem conhecimentos relacionados à Educação Ambiental, como já exemplificamos acima. Para tanto, o PPGEA tem como área de concentração a Educação Ambiental, parte do campo da educação, e apresenta as seguintes LINHAS DE PESQUISA:

1) Fundamentos da Educação Ambiental (FEA) - aborda os fundamentos históricos, antropológicos, sociológicos, filosóficos (éticos e epistemológicos) da Educação Ambiental, considerando que os mesmos são importantes na definição e na busca de mudanças de valores, conhecimentos, habilidades e comportamentos almejados pela Educação Ambiental na transformação da crise socioambiental;

2) Educação Ambiental: Ensino e Formação de Educadores(as) (EAEFE) - investe no desenvolvimento profissional dos pesquisadores em Educação Ambiental, buscando a superação da dicotomia entre formação inicial e continuada e a articulação entre processo de ensino-aprendizagem e sua inserção no contexto sócio-histórico-cultural. Discute a formação teórica, crítica e reflexiva nos contextos educativos que constituem os saberes da docência, as redes da aprendizagem e a constituição de professores educadores ambientais e;

3) Educação Ambiental Não Formal (EANF) - pesquisa as questões socioambientais nos campos não formais e informais de Educação Ambiental, bem como, as dimensões ético-estética, a diversidade e alteridade dos grupos sociais, as relações entre a Educação Ambiental, os gêneros, as gerações humanas em todas as suas idades, o desenvolvimento humano e sistêmico, a compreensão da interligação dos espaços ambientais, da saúde coletiva e da qualidade de vida dos sujeitos e das instituições e organizações sociais. Visa ao comprometimento dos pesquisadores envolvidos, na restituição dos resultados dos trabalhos às comunidades investigadas (princípio e fim das pesquisas), assim como, a participação de comunidades integradas nos processos decisórios do manejo de ecossistemas, preferentemente costeiros, em busca da construção coletiva de sociedades sustentáveis e utopias concretizáveis.

Nessa perspectiva inovadora de perceber as diferentes expressões da Educação Ambiental e visando sempre ampliar a reflexão coletiva deste programa (aqui expresso, mas de forma mais ampla no nosso Projeto Político Pedagógico), de sua produção, linhas de pesquisas e inserção social, conforme parâmetros da área e de nosso contexto social e regional bem como das utopias que movem os gestores atuais em colaboração e solidariedade com os demais participes do programa, professores, pesquisadores/ras, secretária, alunos e bolsistas bem como outros atores que venham se agregar nesta tarefa no período. Com isso, pretendemos ao longo de 2018 darmos seqüência e ampliar as ações, já em desenvolvimento, na ampliação do processo avaliativo e no equacionamento dos próprios problemas e lacunas indicados em avaliações anteriores com o compromisso de nos qualificarmos ainda mais.

Assim de maneira bem clara estamos desenvolvendo nesse momento nossas ações a partir de uma perspectiva que reconhece a necessidade de que nossas produções possam estar cada vez mais a serviço da comunidade e da Educação Básica. Desse modo buscamos num conjunto de práticas maior popularização da Educação Ambiental (Dessa forma todas as atividades do Programa estão abertas a comunidade desde aula inaugural, rodas de conversas, diálogos com comunidades tradicionais, pescadores tradicionais, bancas de defesas e qualificações e demais segmentos); Nesse momento estamos fechando uma parceria com o governo municipal envolvendo quatro secretarias municipais para a construção do Programa Municipal do Meio Ambiente. No que concerne a divulgação dos saberes aqui produzidos temos vinculado ao Programa duas Revistas: Ambiente e Educação e Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, sendo essa segunda um dos periódicos mais importantes em EA no Brasil e na América Latina. As recentes parcerias firmadas reforçam a posição do PPGEA como um dos locais que mais se produz sobre EA no Brasil e na América Latina. Este é o diagnóstico do Dr. Silvio Gallo que em sua conferência na última reunião do GT 22 da Anped reconhece que o Sul é quem mais produz em EA no Brasil e consideramos que a maioria dessa produção está vinculada ao PPGEA são 424 trabalhos defendidos entre mestrado e doutorado nesses 24 anos. Assim continuamos inovando com os pés na região mas com os olhos no mundo ampliando nossas ações de internacionalização e reforçando cada vez mais as parcerias que vem dando certo. Também estamos num momento especial onde há uma grande procura para doutorado sanduíche pelos nossos estudantes. Cabe também ressaltar o caráter participativo e democrático dos estudantes no colegiado do Programa com participação efetiva e voto mas também na organização de eventos. Nossos docentes integram redes de Conhecimento em EA em todo o mundo.

O programa possui duas revistas, uma virtual (REMEA) e outra que foi impressa até 2014 (EDUCAÇÃO E AMBIENTE), e que no processo de atualização no primeiro semestre de 2016, deixou de ser impressa. Desde a data de sua criação, o PPGEA cresceu muito no seu espaço físico exclusivo, na sua infraestrutura informática e fundo bibliográfico. Com a criação, em 1999, de uma homepage do PPGEA, que serviu também de base e de qualificação da Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental – REMEA, tendo seu salto de qualidade nos últimos seis anos. Essa revista, em língua português e Espanhol constitui-se em um espaço tradicional para a divulgação da produção regional e nacional e internacional na área e se consolidou nos último seis anos através da Editoria-Chefe do prof. Dr. Vilmar Alves Pereira, docente permanente e Coordenador do programa e da Professora Paula Editora ajunta do profa. Dra. Paula Henning. Neste último quadriênio a revista se consolidou como um espaço significativo de publicação na américa latina e no mundo, uma vez que os autores são de diversas regiões do país e do mundo. Nos reconhecemos como um dos mais importantes periódicos em EA do país. Algumas mudanças foram importantes nesse processo: Adoção de Plataforma open jornal system (OJS) ; Participação com premiação em três editais da Anped para Periódicos em Educação e como decorrência disso, tivemos três Edições impressa financiada pela ANPED 2014, 2015 e 2016 . Disso, em 2003, a revista passou a integrar o Qualis (B2) da CAPES, e a partir de 2015, passou a Qualis (B1) em Educação e Ensino; Qualis B2: Ciências ambientais; Interdisciplinar; Planejamento urbano e regional/demografia;  em decorrência das ações realizadas, dos ajustes e da qualidade dos artigos publicados para fins de avaliação de programas de pós-graduação e da visibilidade externa deste e sua publicização junto a comunidade acadêmica e além dela. (http://www.seer.furg.br/remea). Nossa meta é termos um periódico A em Educação Ambiental pelo quanto aqui se produz em EA. Para tanto em 2018 já implantamos a certificação digital DOI e estamos buscando novas bases de indexação inclusive fomos procurados pela área das ciências ambientais que reconheceram o potencial de nossa revista. Além disso devemos ressaltar que a REMEA cobre com Dossiês temáticos importantes eventos em EA. O PPGEA também possui um periódico que foi impresso e atualmente é on-line, a Revista Ambiente & Educação, a qual foi criada, em 1996, como espaço de discussão no Programa de Educação Ambiental da FURG, e que em fins de 2015, teve alterada sua editoria que assumiu em fevereiro de 2016, e tem como missão, a partir da experiência da revista REMEA, ampliar e potencializar sua qualificação, a publicização de produção referente à Educação Ambiental, assumindo o foco de fortalecer as linhas de pesquisas e temas a elas relacionadas. Trata-se de uma revista semestral que pretende agregar, aprofundar e divulgar concepções e práticas na construção dos saberes sobre o meio ambiente, especialmente visando construir uma perspectiva educativa que sustente a diversidade e a complexidade da problemática contemporânea. (http://www.seer.furg.br/ambeduc). Em 2014 a homepage do Programa foi reconfigurada, oferecendo uma maior eficiência e visibilidade de todas as ações desenvolvidas pelo curso, bem como é constantemente atualizada; em 2016 foi, atualizada suas edições, também lançou recentemente três editais de dossiês especiais com importantes nomes da Educação Ambiental. Estaremos implantando ainda em 2018 certificação Digital doi além de novas indexações para a Revista Ambiente e Educação.

HORIZONTE E JUSTIFICATIVA DA DISCUSSÃO

Vivemos num contexto social, politico e pessoal de estagnação e retrocessos, são tempo de apreensão, de (des)ação, que tenta plantar uma desesperança, porem há de se encontrar caminhos, desvios que mantenham viva em cada educador e educadora a esperança Freiriana, que não conjuga o verbo esperar na espera apática, mas levanta-se em marcha de esperança, por esta razão é que uma formação de educadores há de partir desta esperança, há de semear neste campo minado de retrocessos a certeza de que é na educação e pela educação de outros ventos hão de levar o banco a navegar para outra margem onde possa ancorar.

Desta forma, as ações formativas empreendidas pelo PPGEA contribuem de maneira basilar para que os educadores e educadoras ambientais que neste ancoram sua formação profissional alicercem os vínculos da universidade na perspectiva de uma Educação Ambiental em ação.

A formação docente proposta pelo PPGEA e que defendemos neste projeto, parte do horizonte de pensar uma Educação Ambiental que preze pelo respeito às outridades ontológicas, tão deixadas à margem da historia da Educação Superior, até a pouco, privilégio de um número seleto de estudantes. Neste aspecto o PPGEA constitui-se como um espaço de dialogo com todas as diversidades e amplia suas ações em direção a ações afirmativas que valorizam o acesso e a permanência na universidade, não somente nas graduações como nas pós-graduações, abrindo-se a um constante movimento circular de aprendizagens diversas e coletivas. Prezando assim por oportunizar uma formação onde, concordando com ORSI (2016) seja ‘possível tornar a docência uma experiência mais humana e sensível, reacendendo a chama do conhecimento e revivendo o desafio e o prazer de aprender e ensinar. ’

Desde sua concepção o PPGEA é apresentado a Comunidade de seu entorno e estendeu seu alcance por todo Brasil e extrafronteira por meio das escolhas por uma Educação Ambiental Transformadora defendida e vivida por muitos egressos do Programa que continuam suas caminhadas inseridos em universidades, seja como docentes contratados ou efetivos, exercendo atividades administrativas adredes à área de conhecimento, em secretarias municipais de educação, meio ambiente e outras, em escolas, e ou ONGs ambientais ou que se dedicam a temas afins, deixando evidenciado a importância de uma programa de formação em Educação Ambiental que parte de um horizonte mais aberto as coletividades. Dessa forma nosso Programa tem participado de forma efetiva na Rede Sul Americana de Educação Ambiental-REASUL, na discussão da Política de Educação Ambiental e agora na Base Curricular (inclusive com enfrentamento da perspectiva que deseja encolher a EA), no Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, no Encontro Paranaense de Educação Ambiental –EPEA, no GT 22 da Anped e na Anped Sul com presença marcante em todos esses eventos.

Para que seus objetivos de formação docente se concretizem em prática o PPGEA organiza sua ação curricular da seguinte forma:



Figura 1- Base Curricular do PPGEA

Com frequência costuma acontecer que professores que atuam em diferentes cursos em nível de graduação acabam realizando, como consequência, uma aproximação e um incentivo mais agudo aos discentes de diferentes áreas do conhecimento que, em decorrência, passam a se envolver e a demonstrar interesse pela área, resultando, paralelamente, na participação direta e indireta em atividades desenvolvidas e nos eventos promovidos e, posteriormente, na procura pelo Programa de Educação Ambiental (mestrado e doutorado) como opção de qualificação em nível de Pós-Graduação. Esse movimento de sensibilização tem se constituído numa tendência positiva em relação ao nosso Programa de Pós-Graduação.

  1. DESENVOLVIMENTO E EPISTEMOLOGIA DA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO.

Para pensarmos a formação dos professores pela pesquisa, consideramos que a linguagem é o meio universal em que se realiza a “compreensão mesma” (GADAMER, 1997) ao mesmo tempo é também complexa, abstrata, capaz de esconder em si nuances de sentido, que por vezes esconde-revela- revela-esconde e sentido do ser-aí. Possibilidade de compreensão a cerca do sentido da linguagem ocorre no e com o dialogo, senão, atravessada por este, não sendo possível pensar dissociadamente linguagem dialogo. A linguagem é, portanto a própria existência do ser, ela o constitui, é resposta aberta e dinâmica do próprio existir. Gadamer (1997) define o ser como linguagem e não como razão.

Estas relações que se estabelecem nos espaços de silêncios, de olhar, de gestos, num “compreender mudo”, esse “ficar sem fala” não é outro modo de linguagem? O pensar Hermenêutico abre-se ao fato de que ao pensar a linguagem há de se pensar esta como uma parte do todo vivido, não como um termino compreensivo onde tudo se conclui, mas como um acontecimento aberto, cheio de nuances que se modificam na medida em que se funde através do Diálogo como unidade de mundos de vida diferente.

Um texto escrito é uma linguagem estática e insuficiente pois ao ser questionado, permanece em silencio, esta incompletude e impossibilidade da linguagem escrita a de ser completada por outros nuances do mundo vivido, pelo tempo, pela historia que parte da experiência orientando a linguagem dando-lhe o dinamismo aberto de dizer e deixar dizer.

Visando orientar a formação de educadores que reconheça as diferentes linguagens, o programa tem envolvido e pretende continuar envolvendo-se em suas pesquisas com os seguintes setores: comunidades pesqueiras, escolas, universidades, hospitais, profissionais liberais, ONGs, agentes comunitários, populações em situação de vulnerabilidade socioambiental, dentre outras em sintonia com seus objetivos e utopia. Neste caso, em sua maioria as pesquisas são e estão articuladas ao campo da formação de educadores na educação ambiental para espaços não formal, uma de suas linhas de pesquisa.

Quanto à temática dos trabalhos desenvolvidos pelos acadêmicos/as do programa, podemos destacar: manutenção dos recursos naturais e/ou a investigação e problematização dos agentes e causas de sua degradação e in/sustentabilidade; a reflexão e busca melhoria da qualidade ambiental, e na gestão pretendemos discutir o próprio conceito de qualidade; a educação em espaços formais e informais; o planejamento em diversas perspectivas, mas com destaque ao planejamento participativo na problematização do manejo e uso desigual dos bens comuns ambientais; a discussão com as comunidades e outros atores educacionais de forma solidária, no respeito às diferentes perspectivas, mas sem descurar da explicitação destas, mas na sua utilização como impulsionadora da produção de uma prática educativa e de pesquisa no campo ambiental mais dialógica com os iguais mas crítica aos perpetradores das injustiças e desigualdades ambientais. No entanto a temática mais pesquisada ainda é a Formação de Educadores Ambientais. Reconhecidos estudos no Brasil afirmam que 95% dos professores da educação básica reconhecem que fazem educação ambiental em suas práticas educativas.

Nesse sentido esse estudo se justifica por considerar o PPGEA como um dos grandes espaços que contribui decisivamente na Formação de Educadores Ambientais a 24 anos. Dessa forma além de expor toda a trajetória do PPGEA estudo teve a intenção fundamental de demonstrar seus inúmeros vínculos com diferentes públicos reforçando cada vez mais a necessidade da Popularização da Educação Ambiental. Daí a importância da concepção de ciência que orienta nosso Programa. Trata-se de uma concepção que não dissocia os saberes da Educação Popular Ambiental dos Saberes do Mundo da Pesquisa. Dessa forma acreditamos que Educação Ambiental deve ser sim instrumento de luta contra todas as formas que buscam cotidianamente encolher a vida como é o caso da atual conjuntura socioambiental brasileira.

RERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS



CAPORLINGUA, Vanessa Hernandez; COSTA, César Soares da. A inserção da educação ambiental no direito: horizontes interdisciplinares. Contribuciones a las Ciencias Sociales, ago. 2011. Disponível em: . Acesso em: 12 out. 2011.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura; FARIAS, Carmen Roselaine de Oliveira. Um balanço da produção científica em educação ambiental de 2001 a 2009 (Anped, Anppas e EPEA). Revista Brasileira de Educação, v. 16, n. 46, p. 119-134, jan./abr. 2011.

______. Educação ambiental crítica: nomes e endereçamentos da educação. In: LAYRARGUES, Philippe Pomier (Coord.). Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: MMA, DEA, 2004. p. 13-24.

CASCINO, Fábio. Educação ambiental: princípios, história e formação de professores. São Paulo: SENAC, 2003.

CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro; SANTANA, Luiz Carlos; CARVALHO, Luiz Marcelo de. Concepções de educação e educação ambiental nos trabalhos do I EPEA. Pesquisa em Educação Ambiental, v. 1, n. 1, p. 141-173, jul./dez. 2006.

FRACALANZA, Hilário. As pesquisas sobre educação ambiental no Brasil e as escolas: alguns comentários preliminares. In: TAGLIEBER, José Erno; GUERRA, Antonio Fernando Silveira (Org.). Pesquisa em educação ambiental: pensamentos e reflexões de pesquisadores em educação ambiental. Pelotas: Ed. Universitária/UFPel, 2004. p. 55-77.

GONZÁLEZ GAUDIANO, Edgar; LORENZETTI, Leonir. Investigação em educação ambiental na América Latina: mapeando tendências. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 3, p. 191-211, dez. 2009.

LORENZETTI, Leonir; DELIZOICOV Demétrio. A produção acadêmica brasileira em educação ambiental. Pré-publicação - V Congreso CEISAL - Bruxelas, 11 -14 de abril de 2007. Disponível em: Acesso em: 19 jul. 2011. Pesquisa em Educação Ambiental, vol. 7, n. 2 – pp. 65-78, 2012 78

LORENZETTI, Leonir; DELIZOICOV, Demétrio. Uma análise da pesquisa em educação ambiental desenvolvida na área de ciências humanas. Anais do VII Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul: Pesquisa em Educação e inserção social. ANPEdSul, Univali: Itajaí, 2008.

MOLON, Susana Inês. Formação em Educação Ambiental: um olhar sobre o PPGEA/FURG. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient, v. especial, p. 71-86, dez. 2008. Disponível em: Acesso em: 30 set. 2011.

PEREIRA, Vilmar A. SATO Michèle. SILVA Márcia P. Tendências epistemológicas e metodológicas nas pesquisas em educação ambiental na américa latina: discutindo as produções Brasil-México. Edição Especial: XVI Encontro Paranaense de Educação Ambiental (EPEA) p. 208- 227. REMEA Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambient. E-ISSN 1517-1256, ISSN 2318-4884, Rio Grande, Brasil, 2017.

REIGOTA, Marcos. O estado da arte da educação ambiental no Brasil. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 3., 2005, Ribeirão Preto, SP. Mimeo.

SATO, Michèle; CARVALHO, Isabel Cristina de Moura (Org.). Educação ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre: Artmed, 2005.

SCHIMDT, Elisabeth Brandão et al. Projeto pedagógico do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental: aprovado pelo colegiado do PPGEA e, 17 de dezembro de 2009. Rio Grande: FURG, 2010.

TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campos. Pesquisa-ação em Educação Ambiental. Pesquisa em Educação Ambiental, Ribeirão Preto, v. 3, n. 1, p. 155-169, jun. 2008. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2011.



1 Doutor em Educação; Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA/FURG), Professor e pesquisador no Instituto de Educação e nos Programas de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU/FURG) e Educação Ambiental (PPGEA/FURG) – Líder do Grupo de Estudos Fundamentos da Educação Ambiental e Popular (GEFEAP) da Universidade Federal do Rio Grande; Editor-chefe da Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (REMEA) da FURG.

2 Doutoranda em Educação Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA/FURG).

3 Doutora em Educação Ambiental; Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA/FURG).

Ilustrações: Silvana Santos