É dentro do coração do homem que o espetáculo da natureza existe; para vê-lo, é preciso senti-lo. Jean-Jacques Rousseau
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 89 · Dezembro-Fevereiro 2024/2025
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Ações e projetos inspiradores
AO SAIR DA SALA DE AULA, PROJETO EXPLICA HISTÓRIA DO BAIRRO E RACISMO AMBIENTAL A CRIANÇAS Atividades e aulas compartilhadas em escola pública do bairro de Perus, em São Paulo, fortalecem a conexão da turma com a história do território e o meio ambiente por Danilo Daniel dos Santos Localizado entre áreas remanescentes da Mata Atlântica, o bairro de Perus, em São Paulo (SP), conta com aproximadamente 80 mil moradores. Para integrar os alunos do 4º ano do ensino fundamental da EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Philó Gonçalves dos Santos ao contexto histórico e ambiental da região, marcada por um passado de impactos socioambientais, como aterros sanitários e pedreiras, criei o projeto “Pequenos guardiões”. Desde
2021, a EMEF se associa à FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo) para ampliar seu
espaço educativo. Com
o apoio
da universidade,
um terreno abandonado de mais de 14 mil m² ao lado da escola foi
transformado no Eco-Parque
Escola Philó. Uma parte essencial para o cuidado com o eco-parque foi a formação continuada dos professores, que participaram de oficinas sobre educação ambiental, metodologias ativas e “desemparedamento” da educação. Essas aulas garantem que as atividades ao ar livre estejam sempre alinhadas às práticas pedagógicas da escola e aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas).
As aulas acontecem no contraturno da escola Primeiros passos Sou
professor de história e atualmente trabalho no laboratório
de educação digital, mas sempre gostei muito de
atividades relacionadas à natureza e à conservação
ambiental. E assim nasceu o projeto “Pequenos guardiões:
explorando e preservando com a EMEF Philó Gonçalves dos
Santos”. Contexto histórico Perus
faz divisa com Caieiras, Cajamar e Osasco, além dos distritos
de Jaraguá e Anhanguera. As políticas públicas
do século passado escolhiam as áreas periféricas
para derrubar as matas e instalar lixões, fábricas
poluidoras e pedreiras. Por quê? Para que funcionassem longe do
grande centro, deixando marcas significativas ao bairro da periferia,
com sérios danos ao meio ambiente – sem contar a
degradação do solo e a poluição dos
rios. Não daria para realizar uma pesquisa ambiental completa se eu não mostrasse o passado da região, marcado por violações de direitos humanos que também influenciam a degradação ambiental. De maneira sensível, realizamos rodas de conversa. Além do eco-parque, a escola está ao lado do cemitério Dom Bosco. Perguntei se eles sabiam o motivo de o cemitério ter sido construído ali. Por que ocupava um espaço tão grande? A instalação do próprio cemitério, em 1971, em uma região periférica e extremamente pobre, teve pouca fiscalização e impactou a natureza ao redor. Expliquei
que, quando inaugurado, a intenção era enterrar
indigentes, mas os governantes passaram a utilizá-lo para
enterrar pessoas perseguidas. Muitos alunos conheciam o cemitério,
mas desconheciam a história da Vala Comum e do memorial
instalado ali para preservar a memória. Acho importante
apresentar temas difíceis aos pequenos, desde que tomados os
devidos cuidados, claro. À medida que os alunos crescem, podem
aprofundar-se ainda mais nesse assunto.
Atividade no eco-parque Visitas a campo Levamos
o debate para fora da sala de aula, explorando os espaços
educativos do território: o eco-parque e a horta
agroecológica. Esses locais, conquistados por professores e
alunos, foram mapeados como áreas de aprendizagem ao ar
livre. O projeto também enfatiza a interdisciplinaridade: em ciências, os alunos estudam a biodiversidade local, enquanto em geografia compreendem o impacto ambiental das atividades humanas. Também visitamos o Cemitério Dom Bosco, pois minha proposta sempre foi unir a consciência social à disciplina de história. Os
materiais utilizados incluíram livros didáticos, mapas
da região, ferramentas de jardinagem, mudas de plantas,
material de limpeza e conservação das trilhas,
pranchetas para anotações, lupas e tablets para
registrar audiovisual das atividades. Os
alunos se sentem orgulhosos ao reconhecer a importância de ser
um cuidador do parque e do território onde estudam e vivem. E
não só isso: ser um guardião também gera
empatia e maior conscientização sobre questões
sociais e ambientais.
Horta agro ecológica Desafios A EMEF
(Escola Municipal de Ensino Fundamental) Philó Gonçalves
dos Santos se
destaca na rede municipal de São Paulo por promover uma
abordagem inovadora de educação, o que fortalece o
sentimento da comunidade. Mas há desafios a serem
superados. Preservar o meio ambiente, lutar por um espaço de lazer e aprendizagem é lutar por justiça social. Está tudo conectado: faz o aluno refletir e relacionar o conceito de racismo ambiental com a realidade ao redor.
Danilo Daniel dos Santos Licenciado em história, pedagogia e filosofia, possui 19 anos de experiência na educação, incluindo três anos como coordenador pedagógico e 15 anos como educador na rede estadual e municipal de São Paulo. Fonte: https://porvir.org/projeto-explica-racismo-ambiental-para-criancas/ |