Não há nenhuma árvore que o vento não tenha sacudido - Provérbio hindu
ISSN 1678-0701 · Volume XXIII, Número 93 · Dezembro/2025-Fevereiro/2026
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COP30 Especial
08/12/2025 (Nº 93) RESULTADOS E CAMINHOS DA COP30 PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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RESULTADOS E CAMINHOS DA COP30 PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Por Joaquin Gonzalez-Aleman, Representante do UNICEF no Brasil

01 dezembro 2025



UNICEF/BRZ/Luiz Marques 

Com o encerramento da COP30, compartilho algumas reflexões sobre o que a Conferência representou para as crianças, para o Brasil e para nós, do UNICEF.

A decisão do governo brasileiro de realizar a COP na Amazônia merece ser celebrada. Levar o mundo a Belém — com seu calor, chuvas, desafios e cultura — foi, apesar dos desafios, um acerto. Chefes de Estado, ministros e diplomatas vivenciaram de perto a realidade de milhões de crianças e adolescentes, que precisam estudar e se concentrar em salas de aula muito quentes, em momentos de ondas de calor – como alertamos em nossa campanha A Estufa Improvável. Essa oportunidade abriu espaço para diálogos e engajamentos mais reais. Além de que a comida, a música e a energia de Belém não têm igual, e merecem ser compartilhadas com o mundo.

Para o UNICEF Brasil foi uma oportunidade marcante. Recebemos nossa Diretora Executiva, Catherine Russell, durante a Cúpula de Líderes, e nossa Diretora Executiva Adjunta, Kitty van der Heijden, que liderou nossa delegação na COP. Entre reuniões bilaterais, eventos de alto nível, painéis e oficinas — na zona azul, na zona verde e pela cidade — levamos adiante uma mensagem clara, destacada no discurso de abertura da nossa diretora: a crise climática é uma crise dos direitos das crianças.

E as próprias crianças reforçaram essa verdade. Foi inspirador acompanhar os 18 jovens delegados apoiados pelo UNICEF em Belém, exigindo seus direitos e cobrando ação climática em painéis, eventos e nos corredores da COP. Eles sabem o que está em risco e nos lembram da responsabilidade que temos.

Mesmo em um contexto geopolítico global complexo, a COP30 conseguiu consensos importantes para crianças e adolescentes no mundo todo. A Decisão do Mutirão, documento político desta COP, reconhece a relevância da equidade intergeracional, e outros avanços merecem destaque:

A meta de triplicar o financiamento para adaptação, essencial para proteger meninas e meninos e serviços dos quais dependem — educação, saúde, saneamento, proteção social.

A criação do mecanismo de transição justa, que incorpora a justiça intergeracional e poderá apoiar os países a adotar políticas educacionais que preparem as novas gerações para se integrar a economias de baixo carbono.

O avanço do Fundo de Resposta a Perdas e Danos, que abriu sua primeira janela de financiamento, com decisões da COP que avançam no reconhecimento de crianças e adolescentes como grupo que requer atenção diferenciada.

Além das negociações, a Agenda de Ação da COP30 teve avanços notáveis, com compromissos de governos subnacionais, empresas, filantropias e sociedade civil por ação concreta e imediata e avanços na adaptação do setor de saúde, em um mutirão global contra o calor extremo, na cooperação Sul-Sul para fortalecer educação ambiental e climática, entre muitos outros.

Os resultados da COP30 são importantes, mas ainda insuficientes. Como lembrou o Presidente Lula na abertura, dez anos após o Acordo de Paris, estamos na direção certa — mas não na velocidade necessária. Há muito a fazer para garantir um planeta seguro para 2,4 bilhões de crianças, incluindo uma transição que nos afaste dos combustíveis fósseis.

Ainda assim, a COP da Amazônia manteve vivo o espírito do multilateralismo climático. E a cooperação entre países continua sendo o único caminho possível para enfrentar a crise do clima. As crianças do Brasil e do mundo contam que nós seguiremos por esse caminho.

Fonte: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/resultados-e-caminhos-da-cop30-para-criancas-e-adolescentes



Ilustrações: Silvana Santos