Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Prêmio: Selecionados
05/03/2018 (Nº 63) ADOTE UMA ESCOLA
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PROJETO: “ADOTE UMA ESCOLA”

I - Dados de Identificação:

Responsável: Mariluce dos Santos Kurz Vieira

Instituição: Neas/SANEP

Contatos: marilucekurz@ibest.com.br - 053 984258580

Equipe: Sandra Lima, Marcos Silveira, Geovane Silva, Michel Macedo e Aécio de Almeida.

Escolas envolvidas: 80 escolas da Rede Pública e Privada de Pelotas

II - Categoria e temática do Trabalho:

Ações/Práticas em sala de aula e/ou em contato com a natureza ou locais alternativos

III – Apresentação:

O presente relato refere-se à compreensão acerca do projeto “Adote uma escola”, desenvolvido pelo Neas – Núcleo de Educação Ambiental para o Saneamento/ Sanep - Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas, junto a escolas, das redes, pública e privada. O Sanep tem como missão a universalização dos serviços públicos de saneamento básico a população, contribuindo para a melhoria de sua qualidade de vida, através da excelência nos serviços prestados, balizando suas ações na viabilização da autarquia e na sustentabilidade do meio ambiente.

Neste sentido são muitos os desafios e atribuições do poder público municipal, entre eles a formulação de políticas públicas e programas de educação ambiental permanentes, que estimulem a efetiva participação das comunidades envolvidas, nos processos de planejamento, gestão urbana e saneamento, de forma estratégica.

De acordo com MOUSINHO/2003:

Educação ambiental é o processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexibilidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política”.

Nesta perspectiva e com o intuito de integrar aspectos de saneamento ambiental até então fragmentados na prática administrativa e incorporar efetivamente a dimensão social e ambiental aos processos, o SANEP, instituiu, em julho de 2011, o Neas, com o objetivo de propor e implementar projetos e ações contínuas de educação ambiental, direcionando o município para o caminho do desenvolvimento sustentável. Dentre as ações incorporadas pelo Neas/SANEP, alguns projetos de saneamento ambiental demonstram a mobilização da comunidade em torno da mudança de atitude em sua relação ao meio ambiente.

Desta forma, o presente relato refere-se à compreensão acerca do Projeto Adote uma Escola, criado no âmbito do SANEP, pela Lei nº 5.206, de 30 de dezembro de 2005, envolvendo 50.000 estudantes, mais de 300 professores, coordenadores pedagógicos e diretores, além de toda a comunidade escolar de cada instituição.

Tem por objetivo, o de ampliar multiplicadores na busca de uma maior conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente, através da mobilização dos alunos, educadores e comunidade escolar em geral acerca da relevância da segregação dos resíduos sólidos, da sua utilização e dos benefícios da reciclagem.

É desenvolvido através do Núcleo de Educação Ambiental em Saneamento, destinado a todas as escolas, das redes pública e privada. Busca parcerias com instituições e comércios locais, para que “adotem” a escola, no sentido de destinarem seus resíduos sólidos, possibilitando o aumento na arrecadação. Simultaneamente ao trabalho de coleta, ocorrem ações de sensibilização e formação, através de atividades lúdicas, desenvolvidas pelo Núcleo de Educação Ambiental e Saneamento. Os resultados são efetivos, pois além de ocorrer à coleta seletiva, logo a destinação correta destes resíduos, é relevante, a percepção do sentimento de pertencimento dos envolvidos e a postura que passam a adotar, tornando-se multiplicadores e cuidadores do meio ambiente.

II - Justificativa

Na busca da implantação de ações contínuas, é que justificamos a necessidade de elaborar projetos, em que não contemplasse apenas ações pontuais, mas se tornassem práticas efetivas, desta autarquia, neste caso, teremos em pauta o Projeto “Adote uma Escola”, projeto pautado na coleta seletiva e na educação ambiental, criado no âmbito do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas, pela Lei nº 5.206 de 30 de dezembro de 2005, envolvendo aproximadamente 50.000 estudantes, mais de 300 profissionais da educação, considerando professores, coordenadores pedagógicos, diretores e demais trabalhadores envolvidos com a educação, consequentemente estendido a comunidade escolar como um todo, tanto das escolas da rede pública, como as da rede privada, além de buscar parcerias com empresas, instituições e comércios locais.

Neste sentido, temos como principal objetivo, atuar efetivamente nas questões relativas à Educação Ambiental, investindo na busca da ampliação de multiplicadores da ideia de uma maior conscientização acerca da importância e preservação do meio ambiente, e consequente em uma possível mudança de comportamento, se for o caso, em suas ações e intervenções junto ao mesmo. Ações e intervenções estas, que fomentam uma proposta pautada na separação correta do lixo, na importância da reciclagem, no reaproveitamento, na redução da produção de lixo, bem como na percepção, logo, consciência do destino correto do mesmo.

III - Desenvolvimento

O projeto surgiu da necessidade de implantar ações contínuas que possibilitassem resultados a curto, médio e longo prazo, e é desenvolvido nas escolas, contemplando toda a educação básica, desde a Educação Infantil, até o Ensino Médio, logo em todos os níveis e modalidades.

Inspirados na frase do autor Robert Fulghum (1988), “Tudo que eu preciso saber, aprendi no Jardim de Infância”, e acreditando que a Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica é fundamental neste processo, pois é justamente nesta etapa, que a criança inicia a construção de seus conceitos e fortalece valores, entre eles o conhecimento de si, do outro e do meio. Nesta fase possuem uma característica bastante forte e oportuna, a de “cobrar dos pais, as atitudes construídas nos espaços escolares”, o que as tornam verdadeiros multiplicadores e cuidadores do meio ambiente.

O fato da proposta, contemplar desde a Educação Infantil, estendendo-se aos demais níveis e modalidades, a mesma é fortalecida, no sentido que, a longo prazo, passa a ser um processo contínuo, logo, muito mais significativo e eficaz. Ressaltamos ainda que quando afirmamos em todos os níveis e modalidades, temos presente a importância de estarmos constantemente atentos em relação à inclusão, aspecto este que consideramos de extrema importância. Neste sentido, todas as nossas propostas vem ao encontro da acessibilidade e recursos didáticos pedagógicos adaptados.

Adotamos como metodologia; de forma a possibilitar um maior comprometimento e responsabilidade de todos; a organização por etapas: de adesão e acompanhamento. Etapas estas que iniciam pela escola, através da solicitação de adesão, comprometendo-se em viabilizar um local adequado, com cobertura, para a colocação de quatro tonéis (azul – papel, vermelho – plástico, amarelo – metal e verde – vidro), disponibilizados pelo SANEP.

Cabe ressaltar que a escola deverá indicar um profissional que passará a ser o responsável pelo projeto, tendo como atribuições, o contato com o SANEP; acompanhamento de pesagem dos materiais recicláveis junto ao caminhão; recebimento de planilhas e boletins de pesagem; atentar aos dias e horários de coleta; viabilizar junto ao Neas/SANEP momentos de sensibilização e formação para a comunidade escolar, acerca do funcionamento do projeto e sua importância.

A escola, com apoio da comunidade escolar deverá buscar parcerias com empresas, instituições e comércios locais, para que “adotem” a escola, no sentido de encaminhar seus resíduos sólidos recicláveis, com o intuito de fortalecer a arrecadação financeira, bem como ter o destino correto a estes materiais.

È oportuno salientar que a ações do Neas, se tornam fundamentais e de extrema importância, pois os alunos, profissionais da educação, pais e comunidade em geral, têm a oportunidade de participarem de atividades lúdicas, tais como Hora do conto, Cinema na escola, oficinas, palestras, entre outras, todas com o objetivo de sensibilizar para o cuidado e preservação do meio ambiente.

Atividades estas planejadas a partir de um diagnóstico previamente construído, de forma individualizada em cada escola, permitindo uma maior aproximação da realidade, respeitando o contexto de cada comunidade. Acreditamos que esta deva ser uma construção coletiva, onde a comunidade, protagonista deste processo, possa ter, vez e voz, possibilitando ações participativas.

Procura-se ofertar atividades lúdicas, pois estas se tornam mais atrativas, a comunidade participa, sensibiliza-se e constrói conceitos de forma natural. Outro aspecto relevante é que neste processo todos ensinam e todos aprendem, pois de acordo com Paulo Freire: “Não há saber mais, ou saber menos: Há saberes diferentes”. Inspirados neste grande pensador e impregnados pelas nossas vivências, temos percebido o quanto é importante esta partilha de conhecimentos, onde todos somos contemplados e temos a oportunidade de ampliar nossas experiências e desta forma nossos conhecimentos.

IV Resultados Obtidos

Conforme já evidenciado no decorrer deste relato, o Neas, tem como principal objetivo disseminar a Educação Ambiental, na busca da construção de cidadãos mais conscientes e comprometidos com as questões referentes ao meio ambiente e sua preservação.

Concluímos desta forma que o projeto tem tido excelentes resultados, na medida, que, ampliou-se o número de instituições interessadas em participarem.

As escolas que já estão inclusas no projeto em pauta, demonstram excelentes resultados, tanto no aumento da arrecadação dos resíduos sólidos, bem como na busca da ampliação das parcerias, de instituições e comércios localizados no entorno da escola.

Professores, alunos e a comunidade em geral passaram a perceber o projeto como da escola, logo percebe-se um sentimento de pertencimento, o que leva ao um maior envolvimento, consequentemente a resultados mais efetivos e contínuos, pois a participação é efetiva, tanto nas questões diretamente relacionadas a coleta seletiva, bem como ao envolvimento nos momentos de sensibilização e formação.

Outro fator relevante é o fato de que o projeto oportunizou uma aproximação maior das famílias com a escola, ficando desta forma, os pais e/ou responsáveis, mais próximos da realidade escolar de seus filhos.

Os profissionais envolvidos estão extremamente motivados, demonstram isso não só quando procuram o Neas, na busca de orientações e sugestões, bem como quando procuram colaborar, partilhando suas significativas experiências.

Neste sentido podemos afirmar que as mudanças são extremamente significativas, no que se refere à postura destas comunidades, frente às questões ambientais, o que por sua vez reflete diretamente na qualidade de vida desta população, aspecto estes que são evidenciados em nossas visitas as comunidades, onde percebemos o cuidado dos moradores com seus bairros.

V - Possibilidades de replicabilidade

Além dos resultados evidentemente positivos, não só percebemos a possibilidade de replicabilidade, como a fizemos, ampliamos o Projeto, atingindo também a rede federal de ensino, além de desenvolver nossas atividades em outras escolas, que não fazem parte do Adote, mas que acabam solicitando nossa parceria, além de desenvolvermos ainda nossas atividades em associações de bairros, ONGs, eventos, ainda que de forma pontual.

VI - Relevância

O que o torna relevante, a medida em que, conseguimos difundir a Educação Ambiental e suas possibilidades em distintos segmentos, atingindo um público diversificado, tanto no que se refere ao gênero, idade, classe social, nível educacional, segmentos, entre outros.

VII - Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 17. ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 1997. BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. ProNEA. Brasília – 2005.

BRASIL, Referencial curricular nacional para a educação infantil: estratégias e orientações para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais. /Ministério da Educação – Brasília: MEC, 2000.

MOUSINHO, Patrícia. Glossário. In: TRIGUEIRO, André (Coord.). Meio ambiente no século 21. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/carta-da-terra

http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/pdfs/trat_ea.pdf

Ilustrações: Silvana Santos