BIORREPELENTE
PARA USO EM POLICULTIVOS
José André
Verneck Monteiro
educativo@live.com
Licenciado
em Pedagogia pela Fundação Universidade do Tocantins,
Especializado em Educação Ambiental pela Universidade
Candido Mendes, Mestre em Práticas em Desenvolvimento
Sustentável pela Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro/Global MDP, Mestrando em Agricultura Orgânica (PPGAO
UFRRJ/EMBRAPA/PESAGRO). Publica no Instagram @jardim_vital
Resumo
Este
ensaio traz uma receita prática de biorrepelente para sua
utilização visando reduzir infestações
comuns em hortas e jardins. É uma contribuição
elaborada a convite de Berenice Gehlen Adams para integrar a Seção
Sementes, na Revista Educação Ambiental em Ação,
queem sua 72ª Edição traz o tema: Educação
Ambiental para reaprender a sentir e perceber.
Palavras
chave: agroecologia, caldas naturais, controle de pragas.
Introdução
Preliminarmente
é imprescindível realçar que a preparação
descrita a seguir não pode ser aplicada na pele nem ser
ingerida. Seu uso é apropriado, diluída em água,
para pulverizar no ambiente, como coadjuvante à repelência
de infestações comuns em hortas e jardins!
A produção agroecológica
doméstica de alimentos é uma importante estratégia
de combate à fome e à desnutrição, ao
mesmo tempo que proporciona impacto ambiental positivo, seja no
ambiente rural ou urbano.
Ao cultivar em casa parte dos alimentos
necessários à sua dieta, cada famíliacontribui
para reduzir o uso de combustíveis fósseis gastos no
transporte de cargas e pode promover o intercâmbio de mudas,
sementes e aprendizados, estimulando que seus parentes e vizinhos
também pratiquem e usufruam dos privilégios da
agroecologia: alimentos frescos, saudáveis, sortidos e com
significado especial por serem resultado do seu empenho no manejo
adequado do ambiente de cultivo.
Entretanto, é comum notar que algumas
pessoas inadvertidamente adquirem e aplicam utilizam venenos sem
qualquer critério quando notam a presença de insetos
nas plantas. Em algumas situações a simples presença
desses organismos não significa que estejam ocasionando
prejuízos aos cultivos, pois muitas das vezes são
insetos benéficos que podem inclusive atuar como predadores de
insetos-praga.
Portanto a correta identificação
das espécies é um fator-chave para a salvação
da lavoura. A Embrapa desenvolveu um aplicativo gratuito, disponível
para baixar e usar no seu telefone celular (GuiaInat).
“Sem a educação
das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem
sentido.”Rubem Alves
Por vezes a ocorrência de pragas e
doenças nas lavouras é sinal de desequilíbrios
ambientais, tais como: solo inadequado (infértil, compactado,
seco demais ou muito encharcado); reduzida população de
predadores naturais (como pássaros e joaninhas); deficiência
nutricional (que torna a planta vulnerável ao ataque e com
baixa capacidade de se regenerar).
Via de regra, ao invés de usar venenos,
bastariam ações de melhoria do solo, controle de regas,
melhor insolação do canteiro ou seleção
adequada das espécies compatíveis com o clima de sua
região, para reduzir, e até mesmo evitar a incidência
de pragas ou doenças nas plantas em cultivo.
Nesse sentido, o conhecimento (tanto prático
quanto científico) e o uso sustentável da
agrobiodiversidade contribuem para o sucesso no manejo de
policultivos em hortas e jardins, sem uso de agrotóxicos.
É sabido que vários dos
invertebrados que comumente infestam e causam prejuízos
agrícolas são atraídos por odores exalados pelas
suas plantas preferidas, da mesma forma que são repelidos por
algumas outras espécies vegetais, também por sua
fragrância.
Seguindo a premissa de que um maior número
de espécies num dado local contribui para que se estabeleça
o equilíbrio ambiental, da mesma forma se recomenda o plantio
consorciado de variadas espécies aromáticas em
diferentes parcelas e entre os canteiros de alimentos com a
finalidade de que tais ervas aromáticas atuem como repelente
natural de insetos-praga.
Embora não tenha ainda desenvolvido uma
análise laboratorial que justifique e comprove a razão
de sua eficácia, a calda descrita a seguir vem sendo elaborada
e utilizada por esse autor desde 2017, com notáveis efeitos
positivos na redução de infestações. Por
mera dedução, a mistura de muitas fragrâncias
pode causar confusão olfativa e criar um ambiente
desconfortável, motivando as espécies indesejáveis
a se afastar para locais com menos estímulos.
Modo
de fazer
Obtenha pequenas porções da maior
diversidade possível de ingredientes de odor forte que estejam
à sua disposição.
A listagem a seguir não está
elencada como ingredientes de maior ou menor importância,
apenas segue ordem alfabética a título de sugestões
para compor a calda-base: agrião , alecrim, alfavaca,
alfazema, alho, almécega (resina), anis, arnica (flores),
aroeira(folhas), arruda, boldo, cambará (folhas),
camomila(flores), canela (em casca), cânfora, capim-cidreira,
carqueja, cebola (picada), cebolinha, citronela, coentro (folhas),
cominho (em grão), cravo-da-índia (inteiro),
cravo-de-defunto (flores e folhas), cúrcuma (em fatias),
endro, eucalipto, falsa-mirra, funcho, gengibre (fatias),
gerânio(folhas), hortelã, jatobá(casca), lavanda,
limão (casca), louro (folhas), malva, manjericão,
melissa, menta, neem (folhas ou óleo), noz-moscada (quebrada),
pimenta-de-cheiro, pimenta-do-reino (grãos), poejo, sálvia,
rúcula, orégano, própolis(gotas), salsa, tabaco,
tomateiro (folhas), tomilho, zimbro.
Coloque essa mistura em recipiente de boca
larga, cubra com aguardente e tampe bem. Cole uma etiqueta escrita
BIORREPELENTE – NÃO INGERIR e a data de preparo. Não
coma, beba ou fume durante o preparo. Lave as mãos após
o preparo.
Guarde este recipiente fora do alcance de
crianças e animais, em ambiente fresco, abrigado da luz,
agitando o recipiente uma vez por semana.
Após 30 dias do preparo filtre bem
utilizando coador de papel e guarde essa solução
filtrada em recipiente bem tampado. Cole uma etiqueta escrita
BIORREPELENTE – NÃO INGERIR e a data de preparo. Guarde
o recipiente fora do alcance de crianças e animais, em
ambiente fresco, abrigado da luz. Validade indeterminada.
Não coma, beba ou fume durante o
preparo. Lave as mãos após o preparo, bem como todos os
utensílios utilizados.
Os ingredientes que foram filtrados podem ser
secos ao sol e adicionados à compostagem.
Modo
de usar
Para cada litro de água adicione 10 ml
do biorrepelente. Use luvas, roupas adequadas e óculos de
proteção. Evite a inalação ou contato da
calda com a pele. Não coma, beba ou fume durante a aplicação.
Utilize um pulverizador de névoa fina.
Aplique no início da manhã, para que a brisa leve
espalhe a essência. Pulverize no ambiente e estruturas (cercas,
portões, telados, etc) de modo que a névoa seja
aspergida na direção dos canteiros, mas não
aplique diretamente sobre as plantas.
Lave as mãos após a aplicação,
bem como os utensílios utilizados.
Recomenda-se aplicar semanalmente.
Saiba mais
Caldas
naturais. Soluções Alternativas para o Manejo de Pragas
e Doenças. Grupo Temático de Práticas Ambientais
Sustentáveis. Projeto doces Matas. Disponível em
<https://www.fca.unesp.br/Home/Extensao/GrupoTimbo/caldas_naturais.pdf>
Acesso 01 set 2020.
Guia
InNatpara reconhecimento dos inimigos naturais das pragas agrícolas.
EMBRAPA. Disponível em
<https://play.google.com/store/apps/details?id=br.embrapa.innat>.
Acesso 01 set 2020.