Fonte:
Elaboração própria (2019).
Esta ausência de percepção
dos problemas que acometem os córregos pode advir do contato
distante com o ambiente em que se vive, ou mesmo da falta de
conhecimento dos impactos causados neste, o que pode dificultar a
identificação dos possíveis problemas, mesmo que
perto de sua residência e/ou comércio.
Apesar disso, algumas/ns moradoras/es do
entorno dos córregos visitados cuidam do ambiente e constroem
estruturas simples de convívio em alguns pontos, como bancos e
mesas de tijolos, além de pequenas plantações de
espécies vegetais ornamentais e mesmo comestíveis (como
temperos), como apresentado nas Figuras 11 a 13.
Figuras
11 a 13 –
Margem do córrego Monjolinho próxima ao ponto 2 de
entrevista.
Fonte:
Elaboração própria (2019).
Nota-se que estes ambientes são
limpos e conservados por pessoas que optaram por cuidar daquele
espaço, porém são poucas as pessoas realmente
envolvidas desta maneira, uma vez que este espaço cultivado é
pequeno.
Considerações
Finais
Tendo
em vista os resultados apresentados e explanados, fica evidente que
as/os moradoras/es urbanas/os
estão
cada vez mais distantes dos ambientes naturais que estão à
sua volta,
principalmente com os corpos d'água.
Percebe-se que o olhar das pessoas está “anestesiado”
com as alterações e impactos causados nos córregos,
pois, mesmo quem reside e/ou trabalha há menos de 100 metros
de distância destes, não remete suas afirmações
no sentido de identificar e perceber as alterações
antrópicas que ocasionam severas consequências no meio
natural. Os discursos são colocados muito mais nos sentidos de
incômodo a resíduos depositados de maneira inadequada e
irregular. Ainda, há muitas pessoas que não percebem
impactos, ou mesmo não enxergam os rios e córregos no
cotidiano de sua vida, literalmente afirmando que não os
conhecem.
Contudo,
as denúncias em torno do resíduo sólido e/ou
esgoto despejado incorretamente nos rios e córregos são
importantes e apontam para falhas no sistema de saneamento básico,
no sentido de manter o ambiente urbano limpo, para se prevenir
doenças, assim como para a necessidade do manejo de águas
pluviais, que são apontadas, mesmo que indiretamente, como
causas de se carrear resíduos de superfície dos
pavimentos urbanos (first
flush
de águas pluviais) para o corpo hídrico. Devem ser
feitas melhorias nestes sentidos, para que haja promoção
da qualidade de vida às/aos usuárias/os do sistema, e
estas/es poderem almejar melhores condições de vida e
ambientais.
É fundamental, então,
identificar os aspectos que desvirtuam a percepção das
pessoas em relação aos rios, para que sejam pensados e
planejados materiais comunicativos cada vez mais assertivos, que
demonstrem os equívocos cotidianos recorrentes sobre os rios
urbanos e sobre o saneamento básico, mal compreendidos pela
maioria das pessoas. É preciso sensibilizar as pessoas sobre
as alterações ecossistêmicas que se tornam mais
profundas a cada dia, principalmente sobre os córregos
urbanos, que devem ser recuperados o tanto quanto possível
para próximo do natural, sob o raciocínio de causas e
efeitos nas relações de seus sistemas ambientais.
Também é relevante a
consideração das diversas formas de atuação
e de motivação para as soluções dos
problemas ambientais, as quais devem ser empenhadas individualmente e
de forma coletiva no sentido de exigir melhores condições
dos rios urbanos, assim com na prestação adequada dos
serviços de saneamento básico, colaborando com a
implementação e o aprimoramento constante de melhorias
ambientais e de qualidade de vida.
É possível (re)ascender o
espírito de reconhecimento e respeito pelos rios urbanos, de
maneira a se praticar relações simbólicas e
íntimas com os rios, estendendo-se os profundos sentimentos
com respeito, admiração, religiosidade, misticidade, de
saúde, de sobrevivência, de conservação e
de lazer também às/aos cidadãs/os urbanas/os,
para que estas/es se conectem com o ambiente à sua volta, e se
vejam como parte influente e intrínseca deste ecossistema tão
interligado, influente e importante para vida urbana.
Agradecimentos
À FAPESP pelo substancial apoio à
pesquisa de iniciação científica que me
proporciona frutos de aprendizados constantes. À UFSCar e ao
DCAm pela formação que me encanta e me motiva e ao
Prof. Dr. Frederico, por todos os ensinamentos prestados.
Processo
nº 2018/07585-8, Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
“As
opiniões, hipóteses e conclusões ou
recomendações expressas neste material são de
responsabilidade do(s) autor(es) e não necessariamente
refletem a visão da FAPESP”.
Bibliografia
A
CIDADE ON.
Prefeitura realiza obras contra enchentes em São Carlos. mai.
2020. Disponível em: <https://bit.ly/3cIWxRi>.
Acesso em: 13 ago. 2020.
ANA.
Agência Nacional de Águas. Metadados. Disponível
em: <https://metadados.ana.gov.br/geonetwork/srv/pt/main.home>.
Acesso em: Acesso em: 14 ago. 2020.
BACCI,
D. L. C; PATACA E. M. Educação para a água.
Estud.
av., v.
22 n. 63, São Paulo, 2008.
BARROS,
A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos
de metodologia científica.
3a. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
CHIZZOTTI,
A.
Pesquisa em ciências humanas e sociais.
10a. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
COMITÊ
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO TIETÊ-JACARÉ. Relatório
de Situação dos Recursos Hídricos 2018 - Ano
Base 2017:
UGRHI 13 - Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré.
Araraquara, 2018. 45 p.
DICTORO,
V. P.; HANAI, F. Y. Análise da relação
homem-água: a percepção ambiental dos moradores
locais de Cachoeira de Emas - SP, bacia hidrográfica do rio
Mogi-Guaçu. R.
Ra’e Ga,
v. 36, p. 92 -120, Curitiba, 2016.
DICTORO,
V. P.; HANAI, F. Y. Relações
humanas com a água:
perspectivas para novas abordagens na educação
ambiental. In: XV Simpósio do Programa de Pós-Graduação
em Ciências da Engenharia Ambiental e X Simpósio do
Curso de Especialização em Educação
Ambiental e Recursos Hídricos. 04 a 07 de Outubro de 2016.
EESC. São Carlos-SP. Brasil. Anais eletrônicos do XV
Simpósio do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Engenharia Ambiental e X Simpósio do Curso
de Especialização em Educação Ambiental e
Recursos Hídricos. Disponível em:
<http://soac.eesc.usp.br/index.php/PPGSEA>. Acesso em: 12 ago.
2020.
FONTANELLA,
B. J. B. et
al.
Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para
constatar saturação teórica. Cad.
Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 389-394, 2011.
FONTANELLA,
B. J. B.; RICAS, J.; TURATO, E. R. Amostragem por saturação
em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições
teóricas. Cad.
Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 17-27, 2008.
G1.
Globo.
São Carlos tem novos alagamento e obras no centro são
destruídas pela chuva. fev. 2020. Disponível em:
<https://glo.bo/3iiTUGY>.
Acesso
em: 13 ago. 2020.
GONDIM,
S. M. G.; FISCHER, T. O discurso, a análise de discurso e a
metodologia do discurso do sujeito coletivo na gestão
intercultural. Cadernos
Gestão Social,
v. 2, n. 1, p. 09-26. Salvador, 2009.
GOOGLE
MAPS.
Imagens de satélite. 2017. Disponível em:
<https://www.google.com/maps/>. Acesso
em: 15 de julho de 2018.
Governo
Estadual do Rio Grande do Sul.
Manual para o uso não-sexista da linguagem: o que bem se diz
bem se entende [Manual]. Porto Alegre: Secretaria de Políticas
para as Mulheres. 2014.
LAKATOS,
E.M.; MARCONI, M.A. Fundamentos
de metodologia científica. 7a.
ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LEFEVRE,
F.; LEFEVRE, A. M. C. O sujeito coletivo que fala. Interface
– Comunic, Saúde, Educ,
v. 10, n. 20, p. 517-524. Botucatu, 2006.
MINAYO,
M. C. S. (Org.). Pesquisa
social:
teoria, método e criatividade. 33a.
ed. Petrópolis: Vozes, 2013. (Coleção Temas
Sociais).
MINAYO,
M.C.S. Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa:
consensos e controvérsias. Revista
Pesquisa Qualitativa.
São Paulo, v. 5, n. 7, p. 01-12, 2017.
OLIVEIRA,
D.C. Análise de conteúdo temático-categorial:
uma proposta de sistematização. Rev.
enferm.
UERJ, Rio de Janeiro. v. 16, n. 4, p. 569-76, 2008.
SÃO
CARLOS AGORA.
Loja na Rotatória do Cristo tem prejuízos imensos após
enchentes. Disponível em: <https://bit.ly/3cLy2mA>.
Acesso em: 13 ago. 2020.
SAUVÉ,
L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações.
Educação
e Pesquisa,
São Paulo, v. 31, n. 2, p. 317-322, 2005.
SILVA,
R. V. da.; SOUZA, C. A. de.; BAMPI, A. C. Os olhares dos pescadores
profissionais e proprietários comerciais, sobre o Rio Paraguai
em Cáceres, Mato Grosso. Revista
Brasileira de Ciências Ambientais,
São Paulo, n.32, p. 24 – 41, 2014.
TREVISAN,
D. P. Análise
das variáveis ambientais causadas pelas mudanças dos
usos e cobertura da terra no município de São Carlos,
São Paulo, Brasil. Dissertação
(Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, 2015. 80 p.
" data-layout="standard"
data-action="like" data-show-faces="true" data-share="true">