O DESENVOLVIMENTO DE UMA ECOSFERA: UM
RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Levi Araujo Bezerra¹, Luiz Carlos
Alves de Souza²
¹Graduando
em Ciências biológicas – Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE).
²Mestre
em Educação Agrícola -
Professor do Instituto
Federal de Educação Ciências e Tecnologia de
Pernambuco - (IFPE).
Resumo
Tradicionalmente
o ensino tem sido realizado de forma que o aluno seja um sujeito
passivo, apenas recebendo conteúdo, não participando de
maneira ativa no que aprende. Neste contexto, o uso do modelo
didático como ferramenta didática
em disciplinas muitas vezes consideradas difíceis, pode ser
uma alternativa para facilitar o entendimento destas disciplinas.
Este estudo tem por objetivo descrever o processo de confecção
de uma ecosfera, desenvolvida para auxiliar o professor em sala de
aula quando trabalhar temas relacionados com educação
ambiental e sustentabilidade. A produção da ecosfera
foi dividida em cinco etapas, iniciando-se pela seleção
bibliográfica de trabalhos relacionados ao tema, o
planejamento dos protótipos, logo após foram produzidos
dois protótipos distintos, no quarto momento foi selecionado o
protótipo que apresentou o melhor desenvolvimento e por fim, a
confecção do modelo final. A execução das
etapas acima descritas, resultou na construção de um
miniecossistema lacrado em um recipiente de acrílico,
funcionando como uma bateria biológica, cada componente
desempenha um papel vital no equilíbrio do mesmo. Este recurso
foi apresentado em um evento da Universidade Federal de Pernambuco -
Centro Acadêmico de Vitoria de Santo Antão, sendo
avaliado positivamente por alunos e professores. O uso deste recurso
didático, permite observar os conteúdos de maneira
dinâmica, facilitando o aprendizado, complementando o que é
apresentado nos livros, trazendo a dinâmica das relações
ecológicas e ciclos biogeoquímicos de uma formar que as
figuras planas, e muitas vezes descoloridas dos livros não
podem trazer.
Palavras-chave:
Ecosfera. Recurso didático.
Educação
ambiental.
THE DEVELOPMENT OF AN ECOSPHERE: A
DIDACTIC RESOURCE FOR TEACHING ENVIRONMENTAL EDUCATION AND
SUSTAINABILITY
Abstract
Traditionally teaching has been done in
such a way that the student is a passive subject, only receiving
content, not actively participating in what he learns. In this
context, the use of the didactic model as a didactic tool in
disciplines often considered difficult, can be an alternative to
facilitate the understanding of these disciplines. This study aims to
describe the process of making an ecosphere, developed to assist the
teacher in the classroom when working on issues related to
environmental education and sustainability. The production of the
ecosphere was divided into five stages, starting with the
bibliographic selection of works related to the theme, the planning
of the prototypes, right after two distinct prototypes were produced,
in the fourth moment the prototype that presented the best
development was selected and finally , the making of the final model.
The execution of the steps described above, resulted in the
construction of a mini-ecosystem sealed in an acrylic container,
functioning as a biological battery, each component plays a vital
role in its balance. This resource was presented at an event at the
Federal University of Pernambuco - Vitoria de Santo Antão
Academic Center, being positively evaluated by students and teachers.
The use of this didactic resource, allows to observe the contents in
a dynamic way, facilitating the learning, complementing what is
presented in the books, bringing the dynamics of ecological
relationships and biogeochemical cycles in a way that the flat, and
often discolored figures of the books do not. can bring.
Keywords:
Ecosphere. Didactic resource. Environmental education.
Introdução
A
ausência de
responsabilidade ambiental da sociedade é consequência
da desinformação, falta de participação e
envolvimento com temas relacionados ao meio ambiente. Neste sentido,
a educação ambiental representa
um instrumento essencial para superar este problema. A relação
entre meio ambiente e educação
assume
um papel cada vez mais
importante, demandando a necessidade de novos conhecimentos e métodos
para o entendimento de processos e riscos ambientais que surgem em
nossa realidade (PERETTI, 2012).
O
ensino de educação
ambiental e sustentabilidade tem um
papel relevante para a compreensão dos ciclos biogeoquímicos
que ocorrem em diferentes escalas em todo o mundo, pois, as
informações adquiridas através de seus conteúdos
vão desde o entendimento de conceitos básicos, até
as mais complexas relações ecológicas
desenvolvidas entre os organismos e o meio ambiente. Mas, pela forma
tradicional, fragmentada e descontextualizada da realidade dos
estudantes, acaba tornando o assunto desinteressante e monótono
dificultando o processo de aprendizagem (ZANELLA, 2013).
O
reflexo do ensino tradicional é a fragmentação e
a memorização dos conteúdos, o que acaba
tornando o ensino e aprendizagem pouco produtivo, cabendo ao
professor quebrar o pensamento tradicionalista, fazendo com que o
estudante se torne protagonista do processo de construção
do seu conhecimento, partindo de uma situação real, em
que o estudante encontre significado no conteúdo apresentado
(CORDEIRO, 2017).
Diante
do apresentado e bebendo da fonte de Carvalho e Gil-Perez (2011)
dentre outros pesquisadores, compreende-se que o ambiente escolar
independente de seu nível, deve ser visto também como
espaço de pesquisa, capaz de produzir conhecimento. Desta
forma, as concepções de ensino de ciências bem
como das metodologias de ensino precisam ser revistas, o estudante
precisa ser levado em consideração dentro desse
processo.
Segundo
Amorim (2013), os modelos
didáticos são facilitadores do processo de ensino,
contribuem para a aprendizagem significava, pois permitem ao discente
ter participação ativa em seu processo de ensino e
aprendizagem.
Complementam o conteúdo dos livros, que na maioria das vezes
são encarados pelo estudante
como
algo composto por termos a serem decorados, com imagens que não
são compreendidas (ORLANDO, et
al.,
2009, p. 2).
Para
Cavalcante e Silva (2008, p.01), os modelos didáticos permitem
a experimentação e a prática, propiciam
diferentes condições para a compreensão dos
conceitos mais complexos que exigem grande capacidade de abstração,
estimulando o engajamento intelectual dos alunos com os objetos e
fenômenos apresentados,
contribuindo também
nas reflexões sobre o mundo em que vivem.
Diante
dos problemas diários em sala de aula, o professor sente a
necessidade de aprimorar suas aulas com métodos que venham a
amenizar problemas como a dificuldade de perceber estruturas e
processos, para Setúval e Bejarano (2009, p.04) “os
modelos didáticos são instrumentos sugestivos e que
podem ser eficazes na prática docente diante da abordagem de
conteúdos que, muitas vezes, são de difícil
compreensão pelos estudantes”.
Dentre
as diversas estratégias a que o professor pode recorrer, os
modelos didáticos podem constituir uma excelente alternativa
que proporciona explorar múltiplas possibilidades de
aprendizagem para os estudantes. Até mesmo para o próprio
professor que muitas vezes, demonstra insegurança ao ensinar
alguns conteúdos de maior complexidade.
Segundo
Carvalho e Gil-Pérez (2011) para modificar as concepções
e metodologias no ensino, faz-se necessária uma profunda
revisão da formação inicial e continuada dos
professores, estendendo também ao avanço das pesquisas
sobre aprendizagem das ciências e, em especial, as propostas de
orientação construtivistas. Desta forma, este estudo
tem por objetivo descrever o
processo de confecção de uma ecosfera
desenvolvida para auxiliar o
professor em sala de aula, podendo ser uma alternativa para facilitar
o entendimento de temas relacionados com educação
ambiental e sustentabilidade.
O
recurso didático como ferramenta no ensino-aprendizagem
Desde
o início da humanidade, o ser humano sempre fez uso de objetos
para facilitar a execução de suas atividades diárias.
Pesquisas indicam que os primeiros objetos produzidos pelo homem eram
simples, feitos manualmente. Acredita-se que eles eram utilizados
como martelos, objetos de corte, caça e defesa. Todo esse
processo de desenvolvimento foi impulsionado pela pressão
natural e necessidade de sobrevivência no planeta (FREITAS,
2007).
De
acordo com Burg, Fronza e Silva (2013) no começo, os materiais
eram usados da maneira como eram encontrados e com o decorrer do
tempo, passaram a ser mais sofisticados. O ser humano passou a
desenvolver novas formas de interagir entre si e com o meio,
inicialmente com os desenhos de seu dia a dia, como figuras próprias
e de animais pintados em cavernas, passando pela escrita cuneiforme,
a escrita mais antiga que se tem conhecimento, até chegarmos
ao primeiro alfabeto fonético, precursor do alfabeto utilizado
atualmente (PARELLADA, 2009).
Os
primeiros grupos humanos a fixarem-se na terra, dominando a
agricultura e domesticando animais, preocuparam-se com a transmissão
do conhecimento aos mais jovens, tendo em vista prepará-los
para a sobrevivência e defesa. Nesse período, além
da observação e imitação por parte dos
mais novos, a exposição oral era a ferramenta utilizada
para transmitir o aprendizado e os costumes do grupo (FREITAS, 2007;
MORETTI, 2011).
A
necessidade em desenvolver métodos de comunicação,
demonstra uma preocupação em facilitar o processo de
ensino aprendizagem, uma vez que era preciso garantir a atenção
e estimular a atenção de seus descendentes. O lúdico
é outro aspecto percebido nas técnicas utilizadas para
transmitir o conhecimento, uma vez que as dramatizações
proporcionam prazer aos aprendizes (DAVIS, 2009).
Esses
são alguns exemplos de como o ser humano, sempre lançou
mão de desenvolver diferentes métodos para melhoram sua
qualidade de vida, até mesmo na educação. Essa
é, portanto, uma característica humana, buscar métodos
facilitadores do processo de aprendizagem (FREITAS, 2007).
Atualmente,
a necessidade em desenvolver novos métodos de ensino e
aprendizagem, surge pelas novas exigências deste sistema
social. E como forma de responder a essas exigências, surgem os
recursos didático - pedagógicos que permitem ao
professor desenvolver um tipo de aula diferenciada, dinâmica e
proveitosa. Não se sabe quando começaram a ser
utilizados em aula, mas, esses recursos já são
desenvolvidos há muito tempo, geração após
geração, tendo alcançado bons resultados.
(BRAGA, 2007, p. 4).
O
ensino de ciências geralmente aborda diversos conceitos que
podem ser de difícil compreensão, e exigem certa
capacidade de abstração, além de se tratar de
conceitos distantes do cotidiano dos alunos (SILVA, 2012).
Consequentemente, algumas medidas são necessárias para
simplificar o entendimento de determinados assuntos, como a confecção
de modelos didáticos para a melhor compreensão da
temática abordada.
Esta
ferramenta didática, quando corretamente utilizada, propícia
o desenvolvimento espontâneo e criativo dos estudantes,
permitindo também ao professor ampliar seus conhecimentos
acerca das técnicas de ensino e o desenvolvimento de
capacidades pessoais e profissionais para estimular nos estudantes a
capacidade de expressão e argumentação,
mostrando-lhes uma maneira mais prazerosa de relacionar-se com o
conteúdo ensinado, levando-os à uma maior apropriação
dos conteúdos trabalhados.
Segundo
Santos, (2013) a partir do momento que se desenvolve uma relação
entre o indivíduo com as atividades na sala de aula, cria-se
um ambiente de socialização e troca de informações,
revelando outro ponto importante dos recursos didáticos que
desperta a curiosidade, a capacidade de observar, de questionar e uma
melhor interação nas atividades. Estes recursos são
instrumentos sugestivos e que podem ser eficazes na prática
docente diante da abordagem de conteúdos que, muitas vezes,
são de difícil compreensão (SETÚVAL E
BEJARANO, 2009, p. 04).
Muitos
professores utilizam quase que unicamente o livro didático,
pois é o recurso mais acessível, já que as
escolas públicas recebem livros para utilização
dos professores. Sendo um recurso acessível, muitas vezes por
comodismo, a única opção utilizada pelo
professor em suas aulas, deixando de incorporar outras ferramentas
que poderiam auxiliar no ensino-aprendizagem (NICOLA, PANIZ, 2017).
Para
Cavalcante e Silva (2008), os
recursos didáticos em que os alunos possam visualizar, são
de grande importância, pois o professor consegue mostrar de
forma explicita o que pretende trabalhar e o estudante, através
da visualização, pode ter uma melhor fixação
do conteúdo. As apresentações em PowerPoint,
são um excelente exemplo, onde é possível
associar texto, imagens e animações, demonstrando o que
está sendo estudado (NICOLA, PANIZ, 2017).
Ainda,
segundo Nicola e Paniz, (2017) Independentemente do tipo de recurso,
o seu uso, exige do professor planejamento e clareza de objetivos a
serem alcançados, ou seja, o que se quer e quais conhecimentos
podem ser construídos ou ampliados a partir destes recursos.
Para
formar adultos cientes de suas responsabilidades ambientais com a
natureza e que optem por um estilo de vida sustentável, a
escola é o melhor ambiente para estimular uma consciência
sustentável, pois os estudantes são mais suscetíveis
a determinadas ponderações. “Pelo fato de
encontrarem-se em uma fase de tomada de decisões, onde viver
de forma sustentável é uma opção
plausível” (COSTA, 2018).
Segundo
Amorim (2013), neste contexto, os modelos didáticos, são
facilitadores do processo de ensino, contribuem para a aprendizagem
significava, pois permitem ao discente ter participação
ativa em seu processo de ensino e aprendizagem. Os modelos
complementam o conteúdo dos livros didáticos, que na
maioria das vezes são encarados pelo estudante, como algo
composto por termos a serem decorados, com imagens que não são
compreendidas (ORLANDO, et al.,
2009, p. 2).
A
partir disso, o uso de modelos e o desenvolvimento de atividades
lúdicas podem auxiliar o professor a despertar o interesse dos
alunos, tornando a aprendizagem mais significativa, por meio da
visualização e interação com o recurso
didático. Estimulando assim, o aluno a participar do processo,
possibilitando momentos prazerosos de aprendizado (HERMANN; ARAÚJO,
2013).
A
produção da ecosfera
O
presente recurso
foi
produzido por um discente do
curso de Ciências Biológicas da UFPE-CAV, durante os
meses de abril e junho de 2018,
para ser exposto como recurso
didático no ensino de educação ambiental, como
requisito para obtenção de aprovação
parcial na disciplina de ecologia. Depois de produzido, foi
apresentado como recurso didático nas dependências da
Universidade Federal de Pernambuco – Campus Vitoria de Santo
Antão, em um evento local.
Para
a confecção do modelo foi utilizada como referência
a Ecosfera (Ecosferas®), que surgiu de pesquisas aeroespaciais
desenvolvidas pela Administração
Nacional do Espaço e da Aeronáutica
(NASA), seus pesquisadores procuravam construir um sistema fechado no
espaço, onde os astronautas pudessem sobreviver durante longas
viagens espaciais, em um ambiente autossuficiente, que fosse capaz de
produzir recursos e manter o ar e a água limpos e
reutilizáveis. Como resultado surgiram as Ecosferas produzidas
pelo grupo internacional Ecospheres (ECOSFERAS, 2007).
Após
o desenvolvimento de seus estudos, a NASA cedeu
seus resultados para a sociedade, esta tecnologia passou a ser usada
como ornamentação e embelezamento pois o grupo
Ecospheres criou as suas Ecosferas com esse objetivo. Deixando de
lado o potencial didático deste recurso, pois, utilizando a
ecosfera como recurso didático, é possível
entender o equilíbrio e funcionamento da natureza, um
ecossistema fechado e autossuficiente que pode ser usado como um
excelente recurso de ensino e aprendizagem capaz de fornecer
informações acerca da vida e de seu delicado equilíbrio
em nosso planeta.
A
Ecosfera, funciona como uma bateria biológica que armazena a
energia luminosa transformada bioquimicamente,
é um globo de vidro, com um ecossistema marinho, este recurso
apresenta um valor inacessível para boa parte da população
brasileira, em torno de três a quatro mil reais, não
contando com valor de frete e que esse produto não é
vendido para a américa do Sul e seu tempo de vida útil
e de dois anos (ECOSFERAS, 2007). O modelo que será
apresentado a seguir, é a representação de um
ecossistema contendo um grupo de organismos de ambiente dulcícola,
sendo composto por um recipiente de acrílico lacrado, contendo
água doce, basalto e quartzo triturados, substrato fértil,
plantas aquáticas Eleocharis
parvula, Cabomba
caroliniana, Lobelia cardinalis, Hemianthus callitrichoides
e musgos Taxiphyllum barbieri,
quatro caramujos trombeta
Melanoides
tuberculata.
Para
averiguar a viabilidade e confecção do modelo, foram
produzidos dois protótipos, com outras variedades de plantas
aquáticas para verificar quais seriam os organismos mais
adequados para esse tipo de ambiente e condições. Após
montados e observados num período de três meses,
optou-se pelo uso dos organismos citados acima, pois foram os mais
adequados aos critérios como: organismos que não
apresentam comportamento agressivo entre si, resistência a
variação de parâmetros de PH, baixos níveis
de oxigênio na água, variação de
temperatura, ciclo de vida e baixo custo.
Para
a confecção dos protótipos, foram utilizados
dois potes de acrílico cilíndricos, (250 ml e 300 ml) e
silicone Sil Trade próprio para montagem de aquários,
as tampas dos dois potes, foram cortadas para que ambas fossem
coladas de forma perpendicular, servindo de apoio para fixar o pote
menor sobre o maior.
Os
potes de 300 ml, tiveram suas tampas coladas com silicone, para
promover a vedação completa, os potes de 250 ml ficaram
sem tampas, e foram colados invertidos sobre os de 300 ml, após
a secagem, foi aberto um furo com o tamanho proporcional a abertura
do frasco de 250 ml, que em seguida foram rosqueados com as tampas
dos potes de 300 ml que já vieram com as roscas de fábrica,
o resultado pode ser observado na figura 1 logo abaixo.
Figura
1: imagem
de protótipo com os frascos de 250 ml e 300 ml colados e em
fase de secagem do silicone.
Fonte:
Elaborado pelos autores.
Após
a colagem com o silicone, foi aguardado um período de dez dias
para a secagem completa. Em seguida, para montagem do substrato, foi
colocado cem gramas de basalto
negro e quartzo triturado ambos em proporções iguais,
foram colocados sobre uma camada de dois centímetros de
substrato fértil utilizado em aquários plantados, em
seguida foram colocadas as plantas aquáticas (Eleocharis
parvula, Cabomba caroliniana, Lobelia cardinalis, Hemianthus
callitrichoides e musgos
Taxiphyllum barbieri,),
água tratada com os parâmetros adequados para os animais
e plantas que farão parte do ecossistema, e por fim, após
uma semana, os quatro caramujos trombeta
Melanoides
tuberculata.
Figura
2:
imagem
de protótipos,
montados com plantas e animais em desenvolvimento.
Fonte:
Elaborado pelos autores.
Para
a confecção do modelo definitivo, foram utilizados dois
potes de acrílico cilíndricos, (600 ml e 2.000 ml) e
silicone Sil Trade próprio para montagem de aquários,
as tampas dos dois potes, foram cortadas para que ambas fossem
coladas de forma perpendicular, servindo de apoio para fixar o pote
menor sobre o maior.
Após
o corte, as tampas foram coladas com o silicone sobre o pote maior,
foi aguardado um período de dez dias para a secagem completa
do silicone. Em seguida, para montagem do substrato, foi colocado
duzentos gramas de basalto
negro e cem
gramas de quartzo triturado,
sobre uma camada de quatro centímetros de substrato fértil
utilizado em aquários plantados, depois foram colocadas as
plantas aquáticas, água tratada com os parâmetros
adequados para os animais e plantas que farão parte do
ecossistema e por fim, os caramujos.
Para
acelerar o processo de maturação do sistema, foi
adicionado 100 ml da água de um aquário já
estabilizado com uma microbiota de algas e bactérias bem
estabelecidas. Após serem colocados todos os itens, o pote
menor foi colocado sobre o maior e fixado com fita isolante e
silicone resistente
a água,
é importante
salientar que vinte por cento
do ambiente interno deve ser preenchido com ar, tanto dos protótipos,
quanto do modelo final.
Cada
componente deste ecossistema desempenha um papel vital no equilíbrio
do mesmo, as plantas aquáticas recebem a luz solar e iniciam a
fotossíntese liberando oxigênio que
será consumido pelos camarões
e
os limpa vidro que também serão nutridos com algas e
bactérias que se desenvolvem a todo momento dentro da
estrutura.
As
bactérias nitrificantes, decompõem os dejetos dos
animais, disponibilizando recursos para que as plantas aquáticas
continuem seu desenvolvimento, os crustáceos, peixes e
bactérias também produzem dióxido de
carbono que é utilizado pelas algas e plantas aquáticas
no processo de fotossíntese.
Todos
os animais são consumidores. Os herbívoros,
alimentam-se de plantas, são, portanto, consumidores
primários. Os animais que se alimentam de herbívoros
são consumidores secundários, os que se alimentam dos
secundários são consumidores terciários e assim
por diante; os decompositores, degradam a matéria orgânica
presente em produtores e consumidores de todas as cadeias citadas,
utilizam os produtos da decomposição como alimento e
liberam no meio ambiente minerais e outras substâncias, que
podem ser novamente utilizados pelos produtores.
O
aluno, ao
entra em contato com um recurso didático como a ecosfera, terá
maior facilidade para a entender o papel que cada indivíduo
desempenha na manutenção e existência da vida,
podendo aprender a respeitar e entender
a importância das questões ambientais para futuras
gerações, refletindo sobre seu papel na manutenção
da preservação ambiental.
É
importante salientar que, todas as etapas de produção
deste recurso obedecem o que está preconizado na lei
nº 11.794,
que regulamenta a criação e uso de animais em
atividades de ensino e pesquisa, em todo o território
nacional, aplicando-se aos animais das espécies classificadas
como filo Chordata, subfilo Vertebrata, sendo o
filo Chordata entendido como envolvendo animais que possuem,
como características exclusivas, ao menos na fase embrionária,
a presença de notocorda, fendas branquiais na faringe e tubo
nervoso dorsal único, e o subfilo Vertebrata entendido
como animais cordados que têm, como características
exclusivas, um encéfalo grande encerrado numa caixa craniana e
uma coluna vertebral, o presente recurso não faz uso de
organismos pertencentes aos filos acima descritos (BRASIL, 2008).
Resultados
e discussão
Como
resultado, obteve-se um ecossistema fechado, com diferentes
organismos, onde é possível observar o funcionamento de
ecossistemas, relações ecológicas e vários
outros conteúdos da área de meio ambiente. Este modelo
foi avaliado por professores do Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas da UFPE-CAV, em um evento realizado nas
dependências da instituição, os professores foram
incentivados a exortarem observação a respeito do
recurso didático e foram levantados os seguintes pontos: “O
uso do modelo em sala de aula, atrairia a atenção dos
alunos e apresentaria de forma visual algo que não é
tão fácil de ser observado” um dos professores
afirmou que: “este recurso didático é uma
excelente ferramenta para mostrar o funcionamento de ecossistemas,
teias alimentares e vários outros conteúdos da área
de meio ambiente”.
Produzir
este modelo exigiu criatividade para a escolha dos materiais,
paciência e destreza para o preparo do modelo, antes dos
processos de construção foi necessário
compreender e identificar qual seria a melhor forma de apresentar o
funcionamento do ecossistema e muito estudo sobre o tema abordado e
de várias áreas de conhecimento. Abaixo a figura 3 do
recurso didático que foi montado e está em
funcionamento desde o mês de junho de 2018.
Figura
3: Modelo de ecosfera, montada e em funcionamento.
Fonte:
Elaborado pelos autores.
Durante
a apresentação deste modelo, os discentes do curso de
Ciências Biológicas tiveram a oportunidade de montar um
exemplar e relembrar o conteúdo estudado na disciplina de
ecologia sobre as relações ecológicas e o ciclo
biogeoquímico de vários elementos.
Dezessete
alunos afirmaram que usariam o modelo em sala de aula e demonstraram
o interesse de adquirir um exemplar. O uso da mini ecosfera como
modelo didático, permite ao estudante interagir com o
material, visualizando-o de vários ângulos, contribuindo
assim com o entendimento dos conteúdos abordados. Também,
a própria construção dos modelos faz com que o
estudante perceba a inter-relação e complexidade de
nosso meio ambiente. Em concordância com essa afirmativa, Matos
et al.
(2009 p. 20) afirmam que, o modelo didático reproduz a
realidade, tornando-a mais concreta e compreensível ao aluno,
representando uma estrutura que pode ser utilizada como referência,
permitindo ao aluno materializar os conceitos, tornando-os mais
assimiláveis.
A
confecção dos modelos didáticos permite a
construção de novos conhecimentos e a rememoração
de conhecimentos anteriormente adquiridos, contribuindo assim na
formação docente. Para Setúval e Bejarano,
(2009, p.10) os modelos didáticos na profissionalização
do futuro professor apresentam-se não só como
ferramentas didáticas para o exercício profissional em
sala de aula, mas também como um subsídio de
interferência reflexiva sobre as atuais demandas para o ensino
de Ciências e Biologia.
Conclusão
A
construção do modelo aqui apresentado, possibilitou o
aprimoramento e desenvolvimento de novas habilidades, mostrou-se um
facilitador no ensino de novos saberes, de forma eficaz, permitindo
observar os conteúdos de maneira dinâmica pelo contato
com este recurso didático.
O
uso da ecosfera como modelo didático para o ensino de
ecologia, pode facilitar o aprendizado, complementar o conteúdo
apresentado nos livros e trazer a dinâmica das relações
ecológicas e de vários ciclos biogeoquímicos
necessários para a existência da vida, de uma formar que
as figuras planas e muitas vezes, descoloridas dos livros, não
podem trazer.
É
importante destacar também, a necessidade do desenvolvimento
de novos métodos e recursos educacionais, capazes de estimular
no estudante o interesse por ideais que cultivam o convívio
harmônico com o meio ambiente.
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