CARTILHAS DE PREVENÇÃO
A DESASTRES COMO FERRAMENTAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DE
PERCEPÇÃO DOS RISCOS
Lorena
Martins Vilas Boas Amorim1,
Francisco Janio Bezerra Costa2,
Milena Marília Nogueira de Andrade3
1Graduanda
em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis, Universidade
Federal Rural da Amazônia, lorenamvbamorim@gmail.com.
2Engenheiro
Civil, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do estado do Pará,
fr.janio21@gmail.com.
3Geóloga,
professora Adjunta Classe C da Universidade Federal Rural da Amazônia
em Belém/PA, milenamarilia.andrade@gmail.com.
Resumo:
Os riscos a desastres fazem parte da realidade da população
e possuem o potencial de gerar prejuízos. Logo, salienta-se a
importância de programas e ações de educação
ambiental voltadas para o aumento da percepção de risco
com disseminação de informações sobre os
riscos de desastres. Assim sendo, este trabalho objetiva apresentar
um relato de experiência da iniciativa com a produção
de Cartilhas Educativas de prevenção a desastres para
uso da academia, e da Defesa Civil do Estado do Pará e o Corpo
Bombeiros Militar do Pará em suas ações. A
metodologia deste trabalho consistiu nas etapas de pesquisa
bibliográfica, confecção e disponibilização
das cartilhas. Os resultados foram a confecção de três
cartilhas nomeadas:
“Ondas de Rio: Cartilha de Prevenção à
Inundação”, “Fogo Urbano: Cartilha de
prevenção a incêndios nas cidades” e
“Ventania: Cartilha de prevenção a vendavais e
tempestades”. Os produtos foram desenvolvidos de 01/04/2022
a 28/02/2023 podendo ser considerados uma importante ferramenta de
educação ambiental.
Palavras-chave:
Prevenção a Desastres. Percepção de
Riscos. Cartilhas Educativas. Educação ambiental.
Abstract:
Disaster
risks are part of the population's reality and have the potential to
cause damage. Therefore, the importance of environmental education
programs and actions aimed at increasing risk perception with the
dissemination of information on disaster risks is highlighted.
Therefore, this work aims to present the Educational Booklets on
disaster prevention developed by the Geodesastres Group, from the
Federal Rural University of Amazônia, together with the Civil
Defense of the State of Pará and the Military Fire Brigade of
Pará. The methodology of this work consisted of the stages of
bibliographical research and preparation of booklets. The results
were the preparation of three named booklets: “River Waves:
Flood Prevention Booklet”, “Urban Fire: Fire Prevention
Booklet in Cities” and “Wind: Windstorms and Storms
Prevention Booklet”. The products were developed from
04/01/2022 to 02/28/2023 and can be considered an important
environmental education tool.
Keywords:
Disaster
Prevention. Risk perception. Educational Booklets. Environmental
education.
Introdução
O
vocábulo risco refere-se a algo que não aconteceu, mas
que pode acontecer, resultando em danos tanto moderados como até
mesmo gravíssimos ao ser humano (Veyret,
2007),
ou seja, o risco é a possível exposição a
um perigo, que pode levar a perdas materiais e humanas. Esse perigo
está associado a um fenômeno de ordem natural e/ou
daqueles associados ao trabalho e às relações
humanas (Abreu;
Zanella; Medeiros, 2016).
Por
sua vez, segundo Souza e Zanella (2009), a expressão risco
ambiental refere-se a uma situação de ameaça
ambiental (de ordem física, tecnológica e até
mesmo social) atuando sobre uma população
reconhecidamente vulnerável. Essas vulnerabilidades podem ser
de ordem natural, física, econômica, social, política,
tecnológica, ideológica, cultural, educacional,
ecológica e institucional (Marchezini,
2015).
No
Brasil, nota-se que uma expectativa por melhores condições
de vida, saúde e emprego são os principais motivos que
levam muitas pessoas a trocarem áreas rurais pelas urbanas
(Borba
et al., 2020).
Esse processo levou a um processo de urbanização onde a
procura por habitação em áreas com baixo preço
da terra provoca o aumento das ocupações precárias
(favelas e loteamentos irregulares), que geralmente estão
localizadas em áreas sem infraestrutura e expostas a perigos
naturais e degradação ambiental (Alves
et al., 2010).
Somado a isso, em caso de baixa condição econômica,
a
capacidade da sociedade para lidar com os danos por meio de medidas
de mitigação e de conseguir se recuperar dos danos
diminui consideravelmente (Borba
et al., 2020).
Nesse
sentido, segundo o relatório anual das Nações
Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR,
2012), é essencial que os gestores conduzam campanhas de
educação pública sobre redução de
riscos de desastres e segurança com mensagens que tratem das
ameaças locais. Logo, percebe-se o que ações de
prevenção podem auxiliar a população mais
vulnerável a responder de maneira mais eficaz diante de riscos
e a disponibilização de informações sobre
como se prevenir diante de desastres pode contribuir para minimização
dos danos adversos.
Segundo
o guia “Como Construir Cidades Mais Resilientes”, que faz
parte da iniciativa internacional das Nações Unidas
para a Redução de Desastres (UNISDR, 2012), é
preciso implementar programas de educação e treinamento
sobre a redução de riscos de desastres nas escolas e
comunidades. Uma vez que, é de suma importância que toda
a comunidade saiba sobre as ameaças a que está exposta
para estar mais bem preparada, e assim, seja capaz de tomar medidas
de enfrentamento aos desastres potenciais.
De
maneira semelhante, o Marco de Sendai para a Redução do
Risco de Desastres (2015 - 2030), afirma que deve existir uma
abordagem ampla e centrada nas pessoas para prevenir os riscos de
desastres. Ou seja, as práticas de redução dos
riscos precisam ser multissetoriais e orientadas para uma variedade
de perigos, devendo ser inclusivas e acessíveis para que
possam se tornar eficientes e eficazes. Além disso, a agenda
2030 prevê entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS), em seu objetivo 11,
implementar nos assentamentos humanos, políticas e planos
integrados para a resiliência a desastres e desenvolver e
implementar em consonância com o Marco de Sendai (2015-2030)
uma gestão holística do risco de desastres em todos os
níveis (Organização das Nações
Unidas, 2015).
Além
de direcionamentos internacionais, existem diversos autores que
discorrem sobre a temática. Segundo Marchezini (2018),
a gestão para redução de riscos de desastres nas
escolas e na comunidade envolve a criação de programas
educativos para diminuição da vulnerabilidade, pois,
tais programas desenvolverão capacidades para compreensão
dos processos naturais causadores dos riscos ambientais. Abreu,
Zanella
e Medeiros
(2016)
também salientam que a educação ambiental pode
colaborar para desenvolver nas pessoas um maior nível de
conscientização, contribuindo para que estas reflitam e
adotem práticas conservacionistas, que nesse caso, também
assumirão caráter preventivo, já que podem
colaborar para a redução de riscos ambientais.
O
Brasil é atingido por alagamentos, enxurradas, erosão,
estiagem e seca, geadas, granizo, inundação, incêndios,
movimento de massa, tornado e vendavais anualmente (BRASIL, 2012).
Falando mais especificamente da região norte do país e
da cidade de Belém (PA), diversos autores salientam que os
desastres relacionados as inundações, incêndios
urbanos e vendavais frequentemente atingem a população
do estado, causando perdas materiais e humanas (Barreto;
Sales; Barreto, 2020; Paumgartten; Maués; Rocha, 2021; Pegado
et al., 2014; Pontes et al., 2017; Soares; Cruz, 2019; Tavares,
2009).
Tendo
em vista esse cenário, o objetivo desse trabalho é
apresentar um relato de experiência da proposta de cartilhas
para fins de redução de riscos de desastres por meio de
ações de educação ambiental.
Referencial
Teórico
Alguns
conceitos dos temas que nortearam todo o material produzido
referem-se a: Gestão de Riscos, Percepção de
Riscos e Educação para a Redução de
Riscos. A Gestão de Riscos de Desastres (GRD) pode ser
entendida como um processo social permanente e contínuo,
apoiado por estruturas institucionais e comunitárias
(Sulaiman, 2021). A gestão do risco possui como principal
objetivo enfrentar vulnerabilidades e ameaças presentes no
território. Ou seja, gerir riscos significa propor ações
antecipatórias que possam reduzir a possibilidade de danos e
perdas, ou pelo menos, amenizar suas consequências.
Segundo
Trajber (2016),
a gestão de risco tem a finalidade de reduzir, prevenir,
controlar e gerenciar os riscos de desastres. Nesse ínterim,
Tominaga (2009)
afirma que no gerenciamento de risco, existem várias
atividades que devem ser realizadas antes do desastre, durante o
desastre e depois do desastre (Figura 1).
Figura
1
- Atividades de gerenciamento de riscos e respostas a desastres.
Fonte:
Tominaga, 2012 (Adaptado).
É
importante salientar que dentro da gestão de riscos, tanto a
percepção de risco, a comunicação de
risco e a educação ambiental, podem ser consideradas
ações de prevenção, uma vez que são
definidas como ações “destinadas a reduzir a
ocorrência e a intensidade de desastres, por meio da
identificação, mapeamento e monitoramento de riscos,
ameaças e vulnerabilidades locais, incluindo a capacitação
da sociedade em atividades de defesa civil” (BRASIL, 2010).
Por
sua vez, a palavra percepção deriva de “perceber”
e significa apoderar-se, adquirir conhecimentos por meio dos
sentidos, formar ideias, distinguir, notar, ver, ouvir e entender,
além disso, cada ser humano tem uma forma individual de
perceber o ambiente (Santos,
2007).
Nesse contexto, podem existir vários tipos de percepção,
entre elas a percepção de risco, que pode ser definida
como a habilidade de identificar uma situação potencial
de danos à saúde e integridade de pessoas e pode
basear-se em experiências prévias extrapolando-as para
situações posteriores (Peres;
Rozemberg; Lucca, 2005; Wiedemann, 1993).
Castro
(2012) ainda conceitua a percepção de riscos como
“percepção sobre a importância ou gravidade
de um determinado risco, com base no repertório de
conhecimento que o indivíduo acumulou, durante o seu
desenvolvimento cultural, e sobre o juízo político e
moral de sua significação”. A partir disso,
podemos inferir que a percepção de risco é
diferenciada para cada grupo social, sendo influenciada pelo contexto
histórico, social, cultural, político, e o grau da
vulnerabilidade existente. Dessa forma, é possível
afirmar que quanto maior a vulnerabilidade, maior o grau de aceitação
do risco e menor a capacidade de gerenciá-lo (Freire,
2011).
De
forma geral, podemos entender que os estudos de percepção
de risco, buscam entender como os moradores de uma área
avaliam os riscos aos quais estão submetidos e quais decisões
estes tomam diante de situações de ameaça para
proteger a si e sua comunidade. Segundo Souza e Zanella (2009) as
investigações de campo em estudos de percepção
dos riscos apresentam, entre seus principais objetivos, o
reconhecimento das diferentes respostas humanas à tipologia de
eventos extremos e às situações de perigo.
Nesse
sentido, de maneira ampla, o estudo da percepção de
risco busca compreender como diferentes indivíduos ou grupos
sociais percebem os riscos e se comportam diante dele. O porquê
alguns riscos são aceitos e outros são rejeitados,
quais são as medidas adotadas pelas pessoas para que possam
conviver com o perigo estão no campo da percepção
de risco. E, em primeiro lugar, por que os indivíduos vivem em
áreas de risco estão no campo de estudos da percepção
(Souza;
Zanella, 2009).
Diante
disso, é possível afirmar que ter informações
acerca da percepção de risco dos moradores corrobora
para o desenvolvimento de estratégias de prevenção,
mitigação e de combate às situações
de risco. Dentre estas estratégias, podemos citar a Educação
Para Redução de Riscos de Desastres (ERRD) que é
definida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) e pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) como um “processo pelo qual os sujeitos de
aprendizagem são motivados a construir uma compreensão
das causas e consequências dos riscos de desastres, de modo a
torná-los aptos a atuarem proativamente na prevenção,
na mitigação, na emergência e a se tornarem
resilientes aos desastres” (UNICEF & UNESCO, 2012).
Ainda
segundo Shelby e Kagawa (2012)
a Educação para Redução de Riscos e
Desastres é um processo de construção do
entendimento das causas, natureza e efeitos dos riscos, ao mesmo
tempo, contribui na promoção de uma série de
competências e habilidades que permitem à sociedade
participar de forma ativa na prevenção dos desastres.
Nesse
contexto, entende-se que a percursora da ERRD foram as atividades
educativas sobre Redução de Riscos e Desastres (RRD)
que geralmente eram abordadas nas disciplinas de Ciências e de
Geografia a partir de conteúdos desvinculados do contexto
local, como terremotos, vulcões e tsunamis (Petal,
2008).
Por sua vez, no Brasil, a lei 12.608/2012 que institui a Política
Nacional de Proteção e Defesa Civil foi um dos marcos
para a ERRD ao prever que “os currículos do ensino
fundamental e médio devem incluir os princípios da
proteção e defesa civil e a educação
ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios”,
além de buscar desenvolver consciência nacional acerca
dos riscos de desastre.
Ainda
sobre a temática, é defendido por vários autores
que a ERRD, tal qual a educação ambiental, precisa
estar incorporada nas modalidades de ensino formal e não-formal
e ter uma abordagem inter e/ou transdisciplinar, adotando métodos
de aprendizagem interativos e participativos que consigam ultrapassar
os limites escolares e atingir também a comunidade (Kagawa;
Selby, 2012; Shaw et al., 2009; Wisner; Gaillard; Kelman, 2012).
Contudo,
ao examinar a Base Nacional Curricular Brasileira para a educação
básica, documento de caráter normativo que define o
conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação
Básica, é possível notar que existem
pouquíssimos objetivos de aprendizagem relacionados aos riscos
e desastres. Alguns exemplos encontrados estão no currículo
de Ciências e de Geografia do 8º Ano, onde se lê:
“discutir iniciativas que colaboram para o restabelecimento
do
equilíbrio ambiental a partir da identificação
de alterações climáticas regionais e globais
provocadas pela ação humana”; e “analisar a
segregação socioespacial em ambientes urbanos da
América Latina, com atenção especial ao estudo
de favelas, alagados e zona de riscos” (BRASIL, 2018, p. 349 e
391).
Diante
do exposto, é possível perceber que Educação
para Redução de Riscos de Desastres é uma
importante ferramenta de prevenção e faz parte da
Gestão de Riscos de Desastres. Dessa forma, salienta-se a
importância de promover iniciativas que venham colaborar com
uma cultura de prevenção a desastres no País.
Metodologia
A
metodologia deste trabalho foi dividida nas etapas de pesquisa
bibliográfica e confecção das cartilhas. O
arcabouço teórico para as cartilhas foi obtido através
de pesquisas bibliográficas sobre riscos, vulnerabilidades,
desastres naturais, e principalmente, sobre como se prevenir aos
desastres relacionados a inundações, incêndios
urbanos e vendavais e tempestades. Essa pesquisa foi realizada de
abril de 2022 até fevereiro de 2023 em plataformas tais como:
Google Acadêmico, Periódico Capes, Scielo e através
de livros e artigos sobre a temática. Foram realizadas também
entrevistas junto à técnicos da Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil do Estado do Pará sobre as questões de
prevenções que são geralmente repassadas por
essa instituição à população para
que fossem agregadas nas cartilhas. As informações
presenciais foram obtidas com auxílio da Divisão de
Apoio Comunitário do Estado do Pará. Além disso,
esses produtos contaram com orientações e informações
obtidas diretamente da Secretaria Nacional de Proteção
e Defesa Civil (SEDEC). Após a finalização do
documento a revisão das informações foram
realizadas pela Divisão de Apoio Comunitário do Estado
do Pará.
A
confecção do designer das cartilhas foi realizada com o
auxílio do programa de diagramação livre
“Canva”, possuem as dimensões de 15 x 21 cm e uma
média de 17 a 20 páginas. As imagens ilustrativas
utilizadas nos produtos estão sob a licença de uso do
Canva especificadas no Acordo de Licença de Multimídia
Gratuita. Uma vez reunidas as informações, as
orientações de prevenção foram dispostas
de forma didática, ilustrada e de compreensão
acessível. O público-alvo ao qual se destina a cartilha
é a população em geral, que moram ou não
em áreas de risco conforme mencionados nas cartilhas.
A
difusão das cartilhas “Ondas de Rio: Cartilha de
Prevenção à Inundação”,
“Fogo Urbano: Cartilha de prevenção a incêndios
nas cidades” e “Ventania: Cartilha de prevenção
a vendavais e tempestades” como ferramentas pedagógicas
e de popularização de informações sobre
prevenção a esses desastres, foi realizada pela
Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil do Estado do Pará e
pelo Corpo Bombeiros Militar do Pará em ações
presenciais realizadas por essas instituições, assim
como pelo grupo Geodesastres no formato impresso e digital.
Resultados
e Análises
A
estruturação das cartilhas basicamente conta com o
mesmo padrão de tópicos principais: 1. Introdução
geral ao assunto; 2. Como agir antes do desastre; 3. Como agir
durante o desastre; 4. Como agir depois do desastre; 5. Telefones de
Emergências (que apresenta os principais telefones de
emergência que a população pode utilizar para
pedir ajuda no caso de um desastre); 6. Recapitulando (que contém
um resumo das principais orientações contidas na
cartilha); 7. Encerramento.
Todas
as cartilhas possuem capa (Figura 2) e uma página de
apresentação que esclarece o público-alvo do
material e seus direitos de uso de imagens e reprodução.
Além disso, esse tópico salienta que as cartilhas foram
concebidas como um produto de
prevenção em acordo com o Decreto Nº 1.778/2021
que dispõe sobre o Plano Estadual de Proteção e
Defesa Civil e apresenta como um dos objetivos deste órgão
o papel de promover ações
de prevenção, mitigação, preparação,
resposta, restabelecimento e recuperação, por meio da
gestão integral dos riscos e dos desastres. Além de
consonância com a lei
N°12.608/2012 que dispõe sobre a Política
Nacional de Proteção e Defesa Civil que
afirma que é competência comum da União, dos
estados e dos municípios desenvolver e fomentar uma cultura
nacional de prevenção de desastres no País.
Os
produtos também possuem um sumário (Figura 3) que
objetiva apresentar ao leitor o tópico abordado, bem como a
paginação de cada tópico contido na cartilha.
Por sua vez, a introdução (Figura 4) traz informações
gerais acerca do conceito de cada desastre e como este pode trazer
riscos e prejuízos para a população atingida.
Figura
2
– Capas das cartilhas com as logomarcas das instituições
que colaboraram com sua confecção
Fonte:
Autora,2023.
Figura
3 –Sumários
das cartilhas produzidas
Fonte:
Autora,2023.
Figura
4
– Introdução das Cartilhas
Fonte:
Autora,2023.
Os
tópicos seguintes apresentam medidas de prevenção
(Figura 5) que foram organizadas do seguinte modo: como agir antes do
desastre, durante o desastre e depois do desastre. Essa organização
seguiu as etapas da gestão de risco de acordo com o que propõe
Kobiyama et al., (2004),
em especial quando afirma que medidas preventivas são
essenciais e devem considerar as fases sequenciais do pré-evento,
evento e pós-evento.
Figura
5
- O que fazer antes, durante e depois do desastre de inundação.
Fonte:
Autora,2023.
Malcher
et al., (2013),
aponta a necessidade de adaptar a linguagem no processo de
apresentação de um conteúdo científico a
diferentes públicos, por isso, as cartilhas apresentam
linguagem simples, de fácil entendimento e compreensão,
uma vez que, foram elaboradas com o intuito de atender um público
heterogêneo, que inclui crianças e adultos de todas as
faixas etárias, pertencentes a diferentes níveis
sociais e de escolaridade.
As
cartilhas também apresentam os principais telefones de
emergência (Figura 6) que podem ser utilizados em caso de
desastres, a saber: telefone da Defesa Civil Estadual, telefone para
acionar uma Ambulância (SAMU), telefone do Corpo de Bombeiros e
telefone da Polícia Militar. Esses contatos podem ser
utilizados durante emergências. Por fim, no tópico
recapitulando (Figura 7), as orientações principais
apresentadas nas cartilhas são dispostas de forma sintetizada
e didática para auxiliar na fixação das
informações. A impressão das cartilhas foi
realizada para Coordenadoria de Defesa Civil do estado do Pará
e vem sendo utilizada em ações de prevenção
deste órgão.
Figura
6
- Telefones de emergência, divulgados na cartilha para o caso
de desastres.
Fonte:
Autora,2023.
Figura
7
- Tópico “Recapitulando” com a sintetização
das informações mais
importantes
das cartilhas.
Fonte:
Autora,2023.
De
modo semelhante, Andrade e Marques (2019)
realizaram atividades educativas visando construir uma cultura de
prevenção de riscos contra desastres naturais na
realidade Amazônica. O trabalho das autoras consistiu em
realizar atividades de educação ambiental com alunos do
9° semestre do curso de Engenharia Ambiental da Universidade
Federal Rural da Amazônia. As atividades consistiram na
construção de maquetes e folhetos educativos pelos
alunos acerca dos temas de riscos geológicos (erosão
fluvial e costeira) e hidrológicos (inundação e
alagamento). Os folhetos foram confeccionados em formato digital e
impresso e contém as seções de causas,
consequências dos riscos, o que fazer antes, durante e depois
de cada processo e telefones úteis que podem ser utilizados em
caso de sinistro.
Semelhantemente,
Silva Júnior (2018)
buscou evidenciar as potencialidades
da Educação Ambiental no atual contexto da gestão
dos riscos e desastres naturais, relacionadas as inundações
e alagamentos no bairro Montese, Belém/PA. Como produto, este
trabalho confeccionou uma cartilha informativa que teve como objetivo
retratar a problemática dos desastres naturais no bairro
Montese e as potencialidades da educação ambiental na
sua vertente crítica, transformadora e emancipatória
como um instrumento para minimização dos riscos a
inundações e alagamentos.
O
público docente de escolas de nível fundamental também
conta com experiências possíveis de serem realizadas no
livro “Guia da Escola Resiliente: na trilha da percepção
de risco ambiental” organizado por Andrade e Marques (2021). A
partir dessa publicação é possível
verificar qual metodologia é mais adequada para a realidade
escolar local. Embora tenha sido construído no contexto
amazônico as proposições de metodologias para a
RRD podem ser replicadas em todos os ambientes escolares.
Ainda
nessa conjuntura, Ribeiro e Vieira (2018)
visaram identificar e descrever as experiências de Educação
Ambiental (EA) para Gestão de Riscos de Desastres (GRD)
realizadas em nível nacional nas comunidades escolares. Para
tanto, foram analisadas as produções científicas
publicadas em distintas bases de dados, durante o período de
2005 a 2015. Foram obtidos 77 estudos que mencionavam, de forma
direta e indireta, práticas educacionais, visando à
gestão de riscos de desastres, contudo, desse quantitativo,
apenas 1 estudo sobre Educação Ambiental e Riscos foi
encontrado para a região Norte do País. Tal resultado
salienta o quanto iniciativas de ERRD ainda são incipientes
para a região Amazônica e, portanto, é de suma
importância que esse tema seja explorado por outros projetos.
Segundo
Abreu (2016),
as pessoas podem ou não perceber determinados riscos, e
dependendo de suas percepções e de outros aspectos,
podem ignorá-los ou adotar medidas preventivas. Diante disso,
sabe-se que a percepção dos riscos depende de
diferentes fatores, entre eles destacam-se o conhecimento que a
população possui sobre o processo natural relacionado
aos riscos. Nesse sentido, acredita-se que as cartilhas apresentadas
nesse artigo, como produtos de educação ambiental,
podem transmitir e produzir conhecimentos capazes de exercer
influência no desenvolvimento de percepções dos
indivíduos sobre os riscos de desastres e no modo de reagir
frente a eles.
Conclusão
As
cartilhas “Ondas de Rio: Cartilha de Prevenção à
Inundação”, “Fogo Urbano: Cartilha de
prevenção a incêndios nas cidades” e
“Ventania: Cartilha de prevenção a vendavais e
tempestades como materiais didáticos de difusão, podem
ser consideradas instrumentos de popularização da
ciência e uma importante ferramenta de educação
ambiental para prevenção de riscos e desastres. Além
disso, estes materiais se propõem a promover na população
a noção de risco e de percepção do risco,
a fim de que, empoderada desse conhecimento, a comunidade tenha
condições de adotar práticas de prevenção
frente aos desastres. Para
este conhecimento alcançar a população, as
cartilhas estão
sendo difundidas durante as ações pelo estado da
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Estado do Pará e
pelo Corpo Bombeiros Militar do Pará, além de
digitalmente pelo grupo de pesquisa e extensão Geodesastres.
Ressalta-se também que estes produtos, em decorrência de
seu conteúdo, podem contribuir para o entendimento da
comunidade sobre a importância do seu papel para a minimização
do risco.
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