Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 61) SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL COMO UMA ESTRATEGIA NA EDUCAÇÃO NO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA DO BURAQUINHO: O RIO JAGUARIBE EM DEBATE
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SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL COMO UMA ESTRATEGIA NA EDUCAÇÃO  NO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA DO BURAQUINHO: O RIO JAGUARIBE EM DEBATE

 

Janaina Vital de Albuquerque1; Joélia Natália Bezerra da Silva¹; Aldenice Correia Lacerda1 ; Magda Suzana Neri ²

 

1 Mestrandas do Programa de Pós-Graducação em Desenvolvimento em Meio Ambiente- PRODEMA, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.  Av. da Arquitetura, s/n - Cidade Universitária - Recife – Pernambuco – Brasil. CEP: - 50.740- 550; 2 Graduada em administração com habilitação em gestão de negócio - Faculdade Santa Helena - FSH . Rua Demócrito de Souza Filho, 452 - Madalena - Recife - PE - Brasil. CEP 50610-120

RESUMO

A mata do Buraquinho constitui uma estrutura vegetal florestal outrora submetida a um histórico de intensa degradação, estando severamente alterada pela ação antrópica. É neste espaço prazeroso de Mata que se encontra o nosso Jardim, este é mantido, fiscalizado e sob a responsabilidade da SUDEMA.   Assim, objetiva-se de demonstrar o papel sociocultural das áreas de preservação, assumindo um papel na sensibilização de visitantes e moradores das comunidades circunvizinhas.  A pesquisa foi realizada nos anos de 2012 a 2014, no Jardim Botânico Benjamim Maranhão. Desenvolvendo atividades de pesquisa dentro das comunidades circunvizinhas e com os visitantes de escolas e turistas de todo o mundo. Um misto de metodologias foi utilizado para abranger as necessidades para o estudo do trabalho. Inicialmente foi feita pesquisa Documental /Bibliográfica, isto para a fundamentação teórica e aprofundamento de conhecimentos com relação à instituição aprendendo normas e condutas que deveriam ser tidas dentro do JBBM bem como novas didáticas no que diz respeito às aulas de campo e/ou vertentes lúdicas. Com relação à Educação Ambiental este trabalho e continuo  e as ações estão relacionadas à visão de mundo de cada indivíduo, tende-se a inferir que os elementos naturais, para os moradores, têm valor enquanto recursos para a dominação e não para a preservação. Daí a importância de se identificar qual a representação social que cada parcela da sociedade tem do meio ambiente natural.

 

Palavras-chave: Sensibilização ambiental; Refugio da vida silvestre; Visitação; Jardim botânico.

 

ABSTRACT

 

The forest of Buraquinho, constitutes a vegetative forest structure once subjected to a history of intense degradation, being severely altered by anthropic action. It is in this pleasant space of Mata that is our Garden, it is maintained, supervised and under the responsibility of SUDEMA. Thus, the objective is to demonstrate the socio-cultural role of the Preservation Areas, assuming a role in sensitizing visitors and residents of the surrounding communities. The research was carried out in the years 2012 to 2014 in the Botanic Garden Benjamin Maranhão. Developing research activities within surrounding communities and with visitors from schools and tourists from around the world. A mix of methodologies was used to cover the needs for the study of work. Initially a documentary / bibliographical research was done, this for the theoretical foundation and deepening of knowledge regarding the institution learning norms and conducts that should be had within the JBBM as well as new didactics with respect to the field lessons and / or playful aspects. With regard to Environmental Education, this work is continuous and actions are related to the world view of each individual, it tends to infer that the natural elements, for the residents, have value as resources for domination and not for preservation. Hence the importance of identifying the social representation this each part of society has of the natural environment.

 

Keywords: Environmental awareness; Wildlife refuge; Visitation; Botanical Garden.

 

INTRODUÇÃO

 

Em detrimento de suas características peculiares, a Mata do Buraquinho, foi considerada área prioritária de extrema importância biológica, segundo o documento do Ministério do Meio Ambiente/2007 “Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira: Atualização – Portaria MMA N° 09, de 23 de janeiro de 2007”, e em 2004 o Jardim Botânico de João Pessoa recebeu o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA).

O rio Jaguaribe, o principal rio de João Pessoa em termos de drenagem urbana, cortando João Pessoa no sentido oeste/leste. Apesar de ser o principal rio urbano da cidade de João Pessoa, o rio Jaguaribe sofre muitos impactos ambientais de diversas maneiras em todo o seu curso.

 O Rio Jaguaribe nasce ao sul de João Pessoa, no conjunto Esplanada, em uma lagoa, hoje aterrada. O curso d’água possui uma extensão aproximada de 21 km, até a sua desembocadura, no Oceano Atlântico, entre a Ponta de Campina e o Bessa, no Maceió do Jardim América, hoje Intermarés. Seus principais afluentes são: o Timbó, pela margem direita, e o Riacho dos Macacos na margem esquerda, hoje desaparecido em razão da expansão do bairro da Torre e de parte do bairro de Jaguaribe. Pequenos córregos e drenos completam o sistema de drenagem- O Rio Jaguaribe é alimentado por várias fontes e ressurgências situadas entre seu o seu curso superior e o lago de barragem da reserva florestal do buraquinho hoje Jardim Botânico Benjamim Maranhão (MELO 2001).

 

As formações vegetais da área que norteiam a bacia do Rio Jaguaribe encontram-se fortemente alteradas pela expansão urbana, com exceção da  mata do Buraquinho, por ser uma área protegida por legislação federal.

A Mata do Buraquinho, uma das áreas mais representativas de Floresta Atlântica no estado da Paraíba, compreende um fragmento florestal de aproximadamente 519,75 ha, localizado na matriz urbana do Município de João Pessoa, coordenadas UTM E(m) 294585,620 N(m) 9210695,285, litoral da Paraíba, na Formação Geológica do Baixo Planalto Costeiro.

A Mata do Buraquinho, embora de formação secundária, caracteriza-se pela Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas (VELOSO, 1992), ou ainda segundo Andrade Lima e Rocha (1971) como uma vegetação típica das Florestas Pluviais Costeiras, Nordestino-Brasileira, razoavelmente protegida com estágio sucessional maduro, aparentemente equilibrado, com predomínio de espécies secundárias tardias sobre as secundárias iniciais e pioneiras. De um modo geral a composição fitológica da Mata do Buraquinho está formada por um complexo florístico, em que há participação de elementos não só da Mata Atlântica como também espécies da Floresta Amazônica e da Hiléia Baiana (BARBOSA, 1996). Consequentemente, o dossel é predominantemente formado por espécies Secundárias Tardias, conferindo a área um caráter de equilíbrio.

A mata do Buraquinho constitui uma estrutura vegetal florestal outrora submetida a um histórico de intensa degradação, estando severamente alterada pela ação antrópica. Considerando que, de uma forma geral, as ações relacionadas às unidades de conservação no Brasil são de cunho corretivo e não preventivo, buscam-se medidas de identificar os problemas que já estão ocorrendo, para que se tente adotar medidas, muitas vezes paliativas,  de proteção do patrimônio natural.   Através dessas agressões antrópicas, o rio vem perdendo suas características originais podendo chegar a sua morte, agressões essas que vão desde o aparecimento de comunidades ribeirinhas, desmatamento, queimadas, deposições de resíduos sólidos e líquidos, sofrendo um processo de envenenamento de suas águas causado por essas agressões.

Sendo assim, o trabalho tem como objetivo de demonstrar o papel sociocultural das áreas de preservação, assumindo um papel na sensibilização de visitantes e moradores das comunidades circunvizinhas.

 

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de trabalho

 

O Jardim botânico Benjamim Maranhão (Figura -1) localizado em João Pessoa nosso objeto de estudo, é composto por uma área de Mata Atlântica com extensão 343 ha localizado na capital paraibana, representa neste contexto uma ferramenta de valorosa importância por possuir uma área conservada que recebe visitação constante de escolas, turistas e Universidades, viabilizando desde práticas estudantis até atividades recreativas. Nesse sentido, as Unidades de Conservação, e, entre essas, a Área de Proteção Permanente (APP), constituem-se num mecanismo viável e adequado de preservação dos recursos ambientas no sentido de contribuir, como instrumento da política ambiental em âmbitos Federal, Estadual e Municipal, para a conservação e desenvolvimento sustentável (CABRAL & SOUZA, 2005).

Diante de tais constatações e na busca de alternativas que possam contribuir com a melhoria da qualidade do ensino, este trabalho teve como objetivo utilizar recursos auxiliares para o ensino de Educação Ambiental, por meio de trabalho instrumental de coleta, preparação, adaptação, utilização e avaliação de materiais botânicos como elementos didáticos numa metodologia de ensino construtivista e, desta forma, proporcionar aos alunos e visitantes do Jardim botânico uma aprendizagem diferenciada de ensino. Outra perspectiva é o experimento com caráter indutivista-empirista, cujas leis são obtidas por indução, partindo-se do particular para o geral através de inúmeras observações que devem ser neutras e objetivas.

 

Em 28 de Agosto de 2000, foi criado por meio do decreto nº. 21.264 o Jardim Botânico Benjamim Maranhão, com 343 há, situado na reserva de Mata Atlântica do Buraquinho, localizada no centro urbano de João Pessoa, esta reserva constitui-se em um dos principais remanescentes de Mata Atlântica do Estado, com aproximadamente 515 há.  Segundo Carvalho e Almeida (2001), esta reserva representa a maior área de floresta nativa urbana do país.

 

 

No passado esta reserva era denominada Sítio Jaguaricumbe, foi então comprada pelo Estado e implantado o sistema de abastecimento de água da cidade por meio da construção dos 32 poços amazonas espalhadas na Mata. Para fazer a manutenção destes, foram abertos caminhos, hoje utilizados como trilhas. O sistema começou a funcionar por volta da década de 1912, atualmente encontra-se desativado, com apenas um poço em atividade.                                                                         

É neste espaço prazeroso de Mata que se encontra o nosso Jardim, este é mantido, fiscalizado e sob a responsabilidade da SUDEMA. 

Possui uma estrutura física de apoio ao visitante e aos seus funcionários, que compreende um complexo arquitetônico histórico e funcional com edificações da década de 20, atualmente “restauradas”, e utilizadas, com exceção do museu de água, para abrigar: a sede da administração que compõe sala da diretoria, recepção, assistência técnica e outras duas de apoio, laboratório de botânica, banheiros, uma pequena biblioteca, cozinha e amplo espaço para refeições. Nos casarões históricos, está instalada a sala da Prodetur; centro de visitantes; auditório para cem pessoas, sala de exposição e sala de oficinas, sanitários masculinos e femininos.

             Além disso, conta-se com guarita; viveiro para produção de mudas; dois poços amazonas na área externa, apenas um em funcionamento bombeando água para um bairro próximo a mata e mais trinta e um espalhados na reserva, porém desativados; quatro quiosques, onde o primeiro funciona como posto de informações ao visitante, o segundo uma oficina de reciclagem de papel, terceiro e quarto almoxarifados.

Faz-se ainda presente, o Batalhão da Polícia Militar Ambiental, responsável pela segurança e fiscalização da área e do entorno e um posto de tratamento de água da CAGEPA.

Como um dos objetivos do JBBM é disseminar a educação ambiental por meio da visitação do público (Criança, jovens e adultos) e através das atividades de trilhas interpretativas trabalhando também a conscientização ambiental, a cultura de aproximação da sociedade junto à natureza e a valorização desta. O Jardim tenta atrair as escolas da região e outras organizações educacionais como forma de contribuir com uma das missões da organização a qual está vinculado, que é a educação e preservação ambiental no Estado da Paraíba. No entanto, está aberto ao público em geral recebendo grupos de escolas, turistas e estudantes pesquisadores na área.

 

2.2. Delimitação de pesquisa

 

A pesquisa foi realizada nos anos de 2012 a 2014, no Jardim Botânico Benjamim Maranhão. Desenvolvendo atividades de pesquisa dentro das comunidades circunvizinhas e com os visitantes de escolas e turistas de todo o mundo.

Um misto de metodologias foi utilizado para abranger as necessidades para o estudo do trabalho. Inicialmente foi feita pesquisa Documental / Bibliográfica, isto para a fundamentação teórica e aprofundamento de conhecimentos com relação à instituição aprendendo normas e condutas que deveriam ser tidas dentro do JBBM bem como novas didáticas no que diz respeito às aulas de campo e/ou vertentes lúdicas. A abordagem da pesquisa foi de natureza quali-quantitativa, em que a metodologia mais utilizada foi à observação participante por pertencimento original onde também atua como fonte de coleta de dados, conduzindo a função do pesquisador atuando como expectador.

A observação participante enquanto pertencimento original possibilita a apropriação e a vivência no mundo da “linguagem natural” dos formadores no seu contexto original. Esse procedimento torna-se elemento constitutivo do processo de conhecimento do objeto pesquisado, sendo esta a nossa metodologia mais utilizada.

Nesse sentido, uma etnopesquisa crítica é uma pesquisa de natureza qualitativa, visando compreender e explicitar a realidade humana tal qual como é vivida pelos alunos da graduação em todas as perspectivas possíveis. Foram utilizadas as técnicas de documentação indireta: pesquisa bibliográfica (fontes primárias) e a pesquisa documental (fontes secundárias) que corresponde a toda informação de forma oral, escrita ou visualizada.

A natureza da pesquisa é a qualitativa aponta que o termo seria o lugar da “intuição”, da “exploração” e do “subjetivismo”. A pesquisa qualitativa é uma estratégia usada para responder perguntas sobre os grupos, comunidades e interações humanas e tem a finalidade de descrever os fenômenos de interesse ou de prever os fenômenos turísticos, ou ainda, de analisar comportamento humano e sua relação com o Jardim botânico, a coleta de dados no estudo de caso é feita mediante a utilização dos mais diversos procedimentos. Assim a pesquisa de campo é exploratório-descritiva utilizando entrevista semiestruturada, recurso áudio visual, observação in loco e diário de campo.

Para cada grupo foram utilizadas técnicas específicas, recebemos alunos especiais, turistas internacionais além de crianças, jovens e adultos. A observação participante enquanto pertencimento original possibilita a apropriação e a vivência no mundo da “linguagem natural” dos formadores no seu contexto original. Esse procedimento torna-se elemento constitutivo do processo de conhecimento do objeto pesquisado, sendo esta a nossa metodologia mais utilizada.

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

 

Como um dos objetivos do JBBM é disseminar a educação ambiental por meio da visitação do público (criança, jovem e adulto) e através das atividades de trilhas interpretativas trabalhando também a conscientização ambiental, a cultura de aproximação da sociedade junto à natureza e a valorização desta. O Jardim tenta atrair as escolas da região e outras organizações educacionais como forma de contribuir com uma das missões da organização a qual está vinculado, que é a educação e preservação ambiental no Estado da Paraíba. No entanto, está aberto ao público em geral recebendo grupos de escolas, turistas e estudantes pesquisadores na área.

O desaparecimento de muitas espécies vegetais e animais com o tempo, a partir de setores degradados através da ação antrópica e a principal responsável pelo desaparecimento das melhores madeiras e até mesmo menos valiosas, portanto concederemos uma floresta secundária, seu porte é muito variado, de acordo com a posição que as espécies ocupam no conjunto. O decreto presidencial nº 98.181, de 20/09/1989, a incluiu nas Áreas de Preservação Permanentes, espera-se, então que esse patrimônio natural seja poupado de maiores dilapidações, tanto em sua periferia como em seu interior.

Essa vegetação, além de proteger o solo contra a erosão, diminui a radiação solar e consequentemente a temperatura máxima do rio, favorecendo a oxigenação e reduzindo o stress de peixes e outros organismos aquáticos (MANDER et al., 1997, REID  E HILTON, 1998). Aliás, a mata ciliar possui papel funcional na conservação da biodiversidade e preservação da qualidade dos recursos hídricos [...] (VIEIRA, 2003). Segundo Firmino (2003), as matas ciliares são um ambiente heterogêneo, apresentando grande número de espécies, o que reflete um índice de diversidade muito maior do que o encontrado em outras formações florestais.

A qualidade de um recurso hídrico é diretamente proporcional à ocupação populacional da bacia a que pertence e às atividades nela desenvolvidas (MINELLA, 2005).  Grandes rios, e mesmo pequenos córregos, que atravessam as áreas urbanas no Brasil são, muitas vezes, usados como receptores de águas servidas e depósitos de lixo. Além de problemas de poluição e de proliferação de vetores, por ocasião de chuvas intensas, esses cursos de água costumam transbordar, ampliando os problemas sanitários e ambientais (BRASIL, 2000). De um modo geral, a poluição das águas pode ocorrer principalmente por esgotos sanitários, águas residuárias, lixiviação e percolação de fertilizantes e pesticidas, precipitação de efluentes atmosféricos e inadequada disposição dos resíduos sólidos (STUDART & CAMPOS, 2001).

As margens do rio Jaguaribe, vêm sendo ocupadas já há algum tempo, onde se multiplicam rapidamente, em decorrência da precariedade de condições da população, onde na maioria das vezes, esta ocupação se dá de forma desordenada, prejudicando todo o geossistema do rio.   A ocupação do entorno da Mata do Buraquinho vem se dando através de invasões que ocorrem desde meados da década de 70, sendo as áreas subdivididas em lotes. O aglomerado situa-se no bairro de Jaguaribe, alongando-se ao lado do atual Jardim Botânico, a partir da chamada ladeira do Rangel até as proximidades da feira de Jaguaribe. Segundo os relatos, no inicio existia na área parte de uma trilha existente no entorno da mata.

A poluição das águas do Rio Jaguaribe também afeta os organismos vivos que habitam essas águas, modificando o meio aqüífero e o habitat natural desses seres que das águas dependem para sobreviver. Como resultado, a morte de diversos seres aquáticos, que mantém o sistema ativo e que poderiam servir de alimento para as comunidades.  No Jardim Botânico vemos um serio problema com relação a utilização destes animais, como o mesmo está contido em uma Área de Preservação Permanente muitos animais utilizam essa faixa de mata Atlântica como um refugio sendo mais fácil sua captura por pescadores e caçadores que invadem a área.

Um sistema aquático que recebe esgotos in natura sofre alterações ecológicas decorrentes, na maioria das vezes, da eutrofização que é a introdução excessiva de nutrientes no meio, o que acarreta uma rápida diminuição da qualidade das águas. Quando se verifica um aumento na disponibilidade de nutrientes, a produtividade primária aumenta e assim também a biomassa das plantas aquáticas, desequilibrando o ecossistema, como acontece no rio Jaguaribe na parte do Jardim Botânico. A propagação das plantas anaeróbicas é outro problema sério para o Rio Jaguaribe, que apresenta em toda sua extensão diversas áreas que se encontram totalmente coberta por essas plantas, contribuindo para a desoxigenação do rio, podendo até causar a sua morte.

Os dados analisados foram obtidos a partir das conversas informais bem como questionários semiestruturados respondidos após a visitação. Sendo assim assume-se para esse trabalho a metodologia da observação participante pertencente ao original na qual foi possível trabalhar ativamente na confecção, prática e ação das atividades propostas ao longo dos anos.

Com relação à Educação Ambiental (EA), sendo este trabalho continuo possibilitou um contato maior com o público e comunidades de entorno. Mesmo sabendo que as ações estão relacionadas à visão de mundo de cada indivíduo, tende-se a inferir que os elementos naturais, para os moradores, têm valor enquanto recursos para a dominação e não para a preservação. Daí a importância de se identificar qual a representação social que cada parcela da sociedade tem do meio ambiente natural.

Usou-se como instrumento para esta atividade, a comunicação oral para transmitir meus conhecimentos adquiridos e um rádio para comunicação externa. Aproveitava sementes e frutos para demostrar as peculiaridades da natureza com o intuito de chamar a atenção do visitante para a valorização da mesma.    

Foram realizadas atividades Ecoturísticas através de trilhas interpretativas. Cada trilha possui seus pontos de parada, normalmente em uma planta como: a imbaúba, o dendezeiro, o bambu, a sapucaia, amescla e muitas outras. Estas pausas são importantes para mostrar e explicar à visitante característica de cada espécie e sua importância na natureza de modo a desperta-lo quanto a preservação ambiental.


Figura 2: Foto dos Alunos e turistas em Trilhas do Jardim Botânico Benjamim Maranhão

 

A SUDEMA através de seus projetos educativos criou o Ecomunidade voltado ao Bairro de São Rafael, próximo ao jardim. Este projeto contou com o apoio do JBBM para a realização de palestras, atividades de recreação, com as crianças, utilizando e incentivando o uso de brinquedos a partir da reciclagem de objetos colhidos nas áreas da mata e de entorno como frutos, sementes, garrafas pet e construindo uma horta vertical de mesmo material, ambos confeccionados por nós, monitores. 

Foi percebido também que o JBBM, vem sofrendo com impactos resultantes da ação antrópica, foi necessário o desenvolvimento de atitudes do ser humano no sentido de prepará-lo para a vida, enquanto membro da biosfera demonstrando aos moradores e visitantes a importância de uma área de Mata Atlântida no meio de um grande centro urbano. Sendo assim a Educação Ambiental bem como a percepção ambiental tem sido apontada como uma alternativa para solução de diversos problemas ambientais e sociais, sobretudo na busca da melhoria da qualidade de vida do homem.

 


Figura 3: Foto do Evento do dia das Crianças a direita e a esquerda ação na comunidade são Geraldo.

 

Por meio do conhecimento de como as pessoas percebem e compreendem os diferentes ambientes de seu convívio é que são obtidos dados singulares e demonstrativos sobre o modo de como elas desenvolvem suas atividades e se relacionam com a natureza, determinando desde as coisas mais sensíveis e simples, até as mais complexas.

 

CONCLUSÕES

 

Da forma atual que se encontra o Rio Jaguaribe, o mesmo precisa ser abrangido de um grande trabalho para se tentar recuperado.

A grande quantidade de macrófitas encontrada acarretou uma maior absorção de nutrientes inorgânicos e na retenção de material particulado, no entanto sua cobertura pode ter impedido ou dificultado o processo de fotossíntese, justificando os baixos valores de oxigênio dissolvido encontrados dentro da mata do Buraquinho.

Considerando que houve uma influência da mata do Buraquinho na recuperação da qualidade da água do rio Jaguaribe, se fosse implantado corredores de mata ciliar ao longo deste rio associado a uma melhoria na coleta de resíduos sólidos e, principalmente, de esgoto doméstico, este ecossistema se recuperaria mesmo em áreas urbanizadas.

Embora as macrófitas possam assorear os rios e diminuir também a penetração de luz, esse tipo de vegetação poderia ser utilizada, desde que de forma controlada, em projetos de biorremediação ao longo do rio Jaguaribe, contribuindo, entre outras  coisas, com a redução dos nutrientes inorgânicos e das bactérias do grupo dos coliformes fecais, semelhante ao processo natural observado na mata do Buraquinho.

Graças a seu caráter eminentemente interativo e colaborativo, as aulas de campo são uma excelente estratégia para ensinar valores de convivência e para desenvolver ou reforçar os vínculos intersubjetivos que perfazem a instituição escolar. Observou-se que com após o termino das trilhas que muitos alunos surgiram com curiosidades do conteúdo dado demonstrando assim um maior interesse pela temática confirmando que com a utilização de práticas os alunos assimilam melhor os conhecimentos já adquiridos, já que o lúdico melhora a compreensão da temática muitas vezes considerada monstruosa se mostrando mais branda e maleável em pratica. Uma saída para melhoria das aulas convencionais poderia ser a valorização do cotidiano no âmbito do ensino de biologia já que muitos dos alunos não veem relação entre ciências e o cotidiano.

Técnicas e recursos didáticos vinculados ao conteúdo a serem trabalhados aliados às experiências pessoais dos alunos mostrou ter grande valia na construção de ensino aprendizagem no decorrer da pratica de ensino. Aqui, entra em jogo, para as ações do dia a dia da sala de aula, o saber e o saber fazer dos professores iniciando pela seleção de conteúdos e sua abordagem em sala de aula. O saber dos professores é o saber deles, relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com a sua história profissional com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros Por ser, a maioria das aulas expositivas e, considerando a formação do professor e as suas dificuldades diante do seu trabalho verifica-se que o ensino de Ciências ainda continua não estabelecendo condições ideais de aprendizado para orientar o aluno na redescoberta do conhecimento e na aplicação no seu cotidiano.

Concluo assim que com a as metodologias aplicadas e recursos didáticos utilizados aos alunos os mesmos puderam vincular as ciências encontradas na escola com as vividas em casa antes vista como um modelo sem nexo e junção com o seu cotidiano.

 

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Ilustrações: Silvana Santos