Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Saber do Fazer
10/09/2018 (Nº 61) COMO FAZER UM BORBOLETÁRIO
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COMO FAZER UM BORBOLETÁRIO

 


Parecia até o que dia ontem estava ganho. Fingi que não tinha mil coisas a fazer e passei a manhã toda às voltas com a preparação de um borboletário; finalmente, depois de tantas lagartas!

A última turma que apareceu aqui foi de Automeris sp., uma das espécies mais bonitas que conheci nesse ano. Encontrei algumas delas comendo as marantas de um canteiro novo, que ainda nem acabei de plantar. Eu trabalhando em uma ponta e elas comendo o que eu havia acabado de plantar na outra. Oportunidade melhor, impossível.

Nas semanas que passaram andei guardando umas e outras lagartas em vidros, a maioria lagartas-cachorrinho, mas estava meio improvisado porque os vidros eram pequenos e mal cabiam as folhas para alimentar as aprisionadas.

Pois ontem acordei profissional e resgatei um aquário de 45 litros embrulhado há anos. Nem precisava ser tão grande, mas o espaço foi perfeito pra brincar de paisagista oriental e fazer um jardim zen para as meninas. Junto com o vidro tinha guardado alguns pedaços de toco de madeira que faziam parte do aquário, e usei também no borboletário. Decoração absolutamente desnecessária no quesito funcionalidade, mas fez toda a diferença na boniteza final.

 


Segundo João Angelo, técnico do Laboratório de Entomologia e Acarologia da ESALQ, para fazer um borboletário básico você só precisa de um vidro com um pouco de substrato no fundo (pode ser terra ou vermiculita) e das folhas que a lagarta estava comendo quando você a encontrou. É que cada espécie de lagarta tem hábitos alimentares específicos, e pode ser que seja difícil descobrir, na base da tentativa e erro, o que vai apetecer a uma lagarta que você encontrou andando por aí. Você pode tentar folhas de couve, de repolho, mas é bem mais garantido conseguir alimentar uma que você tenha encontrado comendo. É só manter o cardápio que ela escolheu.

Além disso, muitas vezes encontra-se lagartas já andando à procura de um lugar onde vão passar pelo processo de metamorfose, e nesse momento elas não querem mais comer, não adianta oferecer alimento. Nessa fase elas precisam mesmo é de um lugar seguro onde vão virar pupa. Esse é o nome do casulinho que constroem quando chega a hora de mudar de estágio. Algumas pupas são chamadas de crisálidas por causa da coloração dourada que têm. Em grego, chrysós significa ouro. E uma curiosidade bem legal: aurélia (aurus é ouro em latim) foi um termo usado no passado para as crisálidas, e dele surgiu aureliano, que é quem estuda o processo de saída da borboleta da crisálida. 

Enfim, se você quer acompanhar um lepidóptero em transformação, colete uma lagarta ainda se alimentando e com um pouco de sorte você vai vê-la borboleta.

Conheci o João Angelo enquanto navegava tentando identificar espécies, e escrevi pra elogiar o blog que ele escreve sobre borboletas e perguntar se ele não gostaria de identificar as que fotografei. Ele, super simpático, me respondeu sugerindo que eu fizesse o borboletário, porque é mais fácil identificar os indivíduos adultos (borboletas e mariposas) do que os imaturos (lagartas e taturanas) que tenho mostrado aqui no blog.

 


Lavei o aquário, coloquei vermiculita no fundo (por acaso tinha comprado recentemente, para o viveiro), ajeitei os tronquinhos e fui coletar folhas e lagartas. Já tinha percebido que as folhas de maranta enrolam rapidamente depois de cortadas, e murchas assim as lagartas não querem, então instalei dois vasinhos de vidro com água dentro do borboletário para manter as folhas mais frescas até serem devoradas.

Com pauzinhos e a ponta de uma tesoura caçei uma a uma as sete peludas que encontrei, e com paciência fui passando todas para dentro da casa nova, convencendo-as de que as instalações são de primeira.

 


Nos primeiros minutos andaram bastante, fazendo o reconhecimento da área. No vidro não conseguiram subir - acho que ficou escorregadio depois da limpeza - mas logo encontraram as madeiras e as folhas.

 

 

O nhac-nhac começou em poucos minutos e logo já davam cabo de grandes pedaços de folhas. Como comem! E como "descomem"! Em menos de uma hora os cocozinhos pretos já caíam na vermiculita.

 

 

 

Hoje foi o dia 2 do borboletário; vamos ver quanto tempo dura a brincadeira. Enquanto isso deixo vídeos, para quem quiser passar minutos a fio assistindo junto comigo ao hipnotizante programa A vida das lagartas. 

 

https://youtu.be/bZLJZWk96Zg

 

https://youtu.be/OwLsCBE06Yc

 

https://youtu.be/IYakaj3DU2Q

 

Fonte para matéria completa: http://www.deverdecasa.com/2013/04/como-fazer-um-borboletario.html

 

 

Ilustrações: Silvana Santos