Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
26/01/2018 (Nº 62) CERTIFICAÇÃO ISO 14001: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DE MATO GROSSO
Link permanente: http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=3007 
  

CERTIFICAÇÃO ISO 14001: UM ESTUDO COM UMA EMPRESA DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DE MATO GROSSO

Josiane Silva Costa dos Santos1, Márcio Íris de Moraes2, Cleci Grzebieluckas3, Graziele Oliveira Aragão4, Juliana Silva Costa5

1Professora do Departamento de Ciências Contábeis, Mestranda em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola - PPGASP, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

2 Professor do Departamento de Ciências Contábeis, Mestre em Contabilidade – UNISINOS, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

3 Professora do Departamento de Ciências, Administração e do Programa de Mestrado em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – PPGASP, Doutora em Engenharia de Produção – UFSC, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

4 Graduada em Ciências Contábeis, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

5 Acadêmica de matemática, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

RESUMO

A pesquisa objetivou conhecer o processo de certificação da ISO 14001 em uma empresa do setor sucroalcooleiro do município de Nova Olímpia-MT, e teve como objetivos específicos: identificar as principais adaptações realizadas para se adequar a ISO 14001; e analisar a percepção dos empregados com relação a ISO 14001.Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa de dados. A amostra resultou em 274 empregados dos setores agrícola e de corte, colheita e transporte (CCT) e com um gestor do setor ambiental. Os instrumentos de coleta de dados foram questionários, aplicados aos empregados e entrevista semiestruturada, realizada com o gestor. Os resultados demonstram que várias foram as adaptações realizadas pela empresa como, por exemplo, disposição adequada dos resíduos líquidos e sólidos gerados no processo industrial e reutilizados no campo, como a vinhaça, torta filtro, cinzas, resíduos gerais entre outros; o tratamento dos esgotos; plano de preparação e atendimento à emergências ambientais; o dialogo diário ambiental (DDA) e coleta seletiva, sempre envolvendo fortemente os colaboradores na busca contínua da mudança de cultura relacionadas as novas práticas de comportamento a fim de garantir a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável do processo produtivo.

Palavras-chave: Sistema de Gestão Ambiental. Política Ambiental. Meio Ambiente.

ABSTRACT

The objective of this research was to know the process of ISO 14001 certification in a company from the sugar and alcohol sector of the municipality of Nova Olímpia-MT, and had the following specific objectives: identify the main adaptations made to conform to ISO 14001; and analyze the employees' perception regarding ISO 14001. It is a descriptive research with quantitative data approach. The sample resulted in 274 employees in the agricultural, cutting, harvest and transportation (CCT) sectors and with an environmental manager. The instruments of data collection were questionnaires, applied to the employees and semi-structured interview, performed with the manager. The results demonstrate that several adjustments were made by the company, such as adequate disposal of liquid and solid waste generated in the industrial process and reused in the field, such as vinasse, filter cake, ash, general waste, among others; treatment of sewage; preparedness and response to environmental emergencies; the daily environmental dialogue (DDA) and selective collection, always involving strongly the employees in the continuous search of the culture change related to the new practices of behavior in order to guarantee the environmental preservation and the sustainable development of the productive process.

Keywords: Environmental management system. Environmental politics. Environment.

1 INTRODUÇÃO

A expansão das atividades industriais surge como necessidade do crescimento econômico e tecnológico. Na busca de tal desenvolvimento as empresas precisam utilizar recursos do meio ambiente, capaz de tonar possível a produção de bens e serviços, sendo necessário simultaneamente além de captar, preservar ou de outro modo, em curto tempo não terão mais esses recursos disponíveis para continuar a produção a não ser, com custos mais elevados (DIAS, 2008).

Dessa forma, questões ambientais vêm preocupando a sociedade, fazendo com que diante do aumento da conscientização a própria sociedade cobre e fiscalize a preservação do meio ambiente na busca de qualidade de vida (CAPPARELLI, 2010) e embora o principal objetivo da maioria das empresas seja o lucro, a preocupação com a imagem coorporativa levam as organizações a repensarem suas práticas e criar estratégias para solucionar questões ambientais (OLIVEIRA; SERRA, 2010).

No Brasil a parceria entre a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (IBPA), resultou no projeto de certificação ambiental e sistema de gestão ambiental com diretrizes estabelecidas pela série ISO 14000 (DIAS, 2008). A norma ISO 14001 define os requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) com base em padrões internacionais podendo ser aplicada a todos os tipos e tamanho de organizações, sejam elas sem fins lucrativos ou governamentais (ABNT, 2015).

O SGA trata-se de uma estrutura padronizada, utilizada para sistematicamente rever todas as questões ambientais relativas ao processo produtivo, como a poluição do ar, situações relacionadas a água e esgoto, gestão dos resíduos, a contaminação do solo, alterações climáticas e a utilização e eficiência dos recursos (AVILA; PAIVA, 2006). Ao certificar-se a entidade se compromete com a melhoria contínua e em conscientizar seus colaboradores da importância de se preocupar com as questões ambientais, que além melhorar a conduta ambiental proporciona qualidade de vida (CAPPARELLI, 2010).

Neste contexto o objetivo da pesquisa foi conhecer o processo de certificação da ISO 14001 em uma empresa do setor sucroalcooleiro do município de Nova Olímpia-MT, e teve como objetivos específicos: identificar as principais adaptações realizadas para se adequar a ISO 14001; e analisar a percepção dos empregados com relação a ISO 14001. Justifica-se a pesquisa, pois diante da realidade ambiental vivenciada, faz-se necessário ações que promovam a melhoria e consciência ambiental, para assim demonstrar métodos que deram certo e estimular outras entidades a adotarem modelos de preservação ambiental com foco no desenvolvimento sustentável.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Responsabilidade Ambiental: Certificação da Norma ISO 14001

A Organização Internacional para a Normalização (ISO) criou um sistema de normas que convencionou designar pelo código ISO 14000, com a finalidade de uniformizar as ações a serem tomadas no que tange o meio ambiente, essa serie trata-se basicamente da gestão ambiental. Desta forma o sistema de normas ISO 14000 padroniza as rotinas e os procedimentos necessários para uma empresa certificar-se ambientalmente, cumprindo um mesmo roteiro-padrão de exigências válido internacionalmente (VALLE, 2004). A série ISO 14000 possui cinco normas indispensáveis na implementação e auditoria do SGA, que de acordo com Dias (2008) são:

  • ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental Requisitos com orientações para uso.

  • ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.

  • ISO 14010 Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais.

  • ISO 14011 – Diretrizes para auditoria ambiental – Procedimentos de auditoria –Auditoria de sistemas de gestão ambiental.

  • ISO 14012 – Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualificação para auditores ambientais.

Para certificação ambiental da norma ISO 14001 o primeiro passo de uma organização consiste em elaborar a política ambiental para depois implantar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), permitindo que o desempenho ambiental seja mantido e otimizado, havendo, portanto, a necessidade do comprometimento da alta administração em relação ao atendimento às leis aplicáveis e à melhoria contínua. Sendo assim definir a política constitui a base para o estabelecimento dos objetivos e metas da organização, devendo ser clara, com área de aplicação identificável para o entendimento das partes interessadas, internas e externas, periodicamente analisada, criticada e revisada e ser documentada pela empresa (NBR ISO 14001). A Figura 1 demonstra o ciclo dos requisitos a serem atingidos para estruturação do SGA na organização.

Figura 1 – Modelo de Sistema da Gestão Ambiental

Fonte: ABNT NBR 14001 (2004)

O SGA auxilia a organização na execução dos objetivos ambientais, melhorando as operações industriais conciliando ações ambientalmente corretas com menor custo e maior produtividade (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). Contudo implementar o SGA carece de investimentos na área ambiental e principalmente na conscientização das pessoas (AGUIAR, 2004), sendo este o maior desafio e primeiro passo para a conquista da certificação.

Apesar de todas as exigências a certificação pode ser um diferencial competitivo para as empresas, garantindo aos clientes o comprometimento em minimizar os impactos ambientais, preservar o meio ambiente e conscientizar colaboradores e região (CROTTI; MAÇANEIRO; KUHL, 2016).

3 PROCEDIMENTOS METODÓLÓGICOS

A pesquisa se caracteriza quanto ao tipo descritiva com abordagem quantitativa. As pesquisas descritivas buscam investigar, analisar, registrar e classificar os fatos ou fenômenos sem a interferência do pesquisador, enquanto que abordagens quantitativas permitem quantificar tanto a coleta quanto o tratamento dos dados, por meio de técnicas simples, como percentual, média, fluxo de caixa e outras (RICHARDSON,1999).

O estudo foi realizado com os colaboradores de uma empresa industrial do setor sucroalcooleiro, localizada em Nova Olímpia-MT. O município foi fundado no dia 19 de março de 1954 e emancipado em 13 de maio de 1986, possui população de 17.515 mil habitantes, sendo que 1.679 residem na zona rural (IBGE, 2010).

A amostra resultou em 274 empregados dos setores agrícola e de corte, colheita e transporte (CCT) e com um gestor. O instrumento de coleta de dados foi questionários aplicados aos empregados e entrevista semiestruturada realizada com o gestor do setor ambiental.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Responsabilidade Ambiental da empresa

A empresa localiza-se no município de Nova Olímpia-MT, foi criada em 1980, atua no setor sucroalcooleiro na produção de álcool, açúcar e energia elétrica. Foi certificada pela ISO 9001 – Sistema de Gestão e qualidade, ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental e FSSC 22000 – Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos. A empresa foi a primeira do setor sucroenergético mato-grossense a receber a certificação da ISO 14001.

Tendo como escopo respeitar e preservar o meio ambiente, convicta de que nenhum progresso é possível se não houver o comprometimento com o futuro das novas gerações, foi implantado o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que possibilitou o estudo e detecção dos impactos ambientais decorrentes do processo produtivo agrícola e industrial, e posteriormente o desenvolvimento de ações concretas para diminuí-los ou eliminá-los. O SGA é uma ferramenta fundamental para identificar e solucionar problemas ambientais de forma continuada (PEROTTO et al., 2008)

Neste sentido o SGA está voltado para a construção de uma conscientização ambiental coletiva, visando a participação de todos os públicos envolvidos: trabalhadores, diretores, acionistas, clientes, fornecedores e comunidade. Cada profissional, independentemente de seu nível hierárquico ou função é responsável por ações que permitam desempenho ambiental correto. Sendo as ações de educação ambiental realizadas não somente na empresa com o publico interno, mas na região a fim de envolver toda a sociedade.

Dentre as ações desenvolvidas estão: Doce Peixe – Realiza a soltura de alevinos de diversas espécies nativas nos rios da região; Pensamos Verde – Consiste na doação de mudas para conservação e recuperação de áreas degradadas; Muda Mundo – estimula a prática da coleta seletiva e reurbanização dos município através da troca de garrafas pets recolhidas por mudas de árvores nativas e frutíferas produzidas no viveiro florestal da empresa; Educação Ambiental – Promove a conscientização da necessidade de respeitar, preservar e conservar o meio ambiente, disseminando ações ambientalmente corretas como coleta seletiva de resíduos, recuperação das áreas de preservação ambiental, economia de água e energia elétrica.

4.2 O processo de certificação

O SGA começou a ser implantado na organização no ano de 2003, tendo como objetivo desenvolver e implementar a política ambiental a fim de gerenciar os impactos ambientais. Neves e Rozemberg (2010) destacam ser um trabalho gradativo que deve ser construído fase a fase visando avanços contínuos do sistema, com análise e estratégias dos procedimentos ambientais, o que requer comprometimento de toda a organização.

Para tanto, de acordo com o gerente ambiental, o primeiro passo foi estabelecer a política ambiental, nesta fase à empresa realizou um estudo e com base neste elaborou o plano de melhoria, e através da aplicação de ações corretivas e investimentos em infraestruturas necessárias, os aspectos negativos foram sendo eliminados ou minimizados. Conforme destacado por Donaire (2009), essa política deve ser formalizada e repassada a todos os colaboradores da organização, pois impactará na mudança de cultura/hábitos que por sua vez, não consiste em uma tarefa simples. O segundo passo após identificar as falhas e corrigi-las foi aperfeiçoar o processo conscientização para mudança de hábito na empresa, envolvendo os setores agrícola e de corte, colheita e transporte. Após estas etapas a empresa passou pela auditoria externa e foi certifica com a ISO 14001 no ano de 2007.

Dentre as principais adaptações realizadas para adequar-se às normas estão: disposição adequada dos resíduos líquidos e sólidos gerados no processo industrial e reutilizados no campo, como a vinhaça, torta filtro, cinzas, resíduos gerais entre outros; o tratamento dos esgotos; plano de preparação e atendimento à emergências ambientais como pequenos derramamentos de óleo no campo, controle e monitoramento de águas superficiais subterrâneas, efluentes, emissões gasosas; o dialogo diário ambiental (DDA), realizado nos setores certificados; coleta seletiva de resíduos; e a exigência de adequação aos requisitos ambientais legais por parte dos fornecedores e prestadores de serviços.

A coleta seletiva na empresa é realizada de forma padronizada, por todos os setores, inclusive os ainda não certificados pela ISO 14001. Antes da implantação da ISO 14001 a empresa jogava todo o lixo em lixão aberto no município de Nova Olímpia-MT, após a mudança de hábito, somente os resíduos não recicláveis são recolhidos, prensados e depositados no município de Denise-MT, que possui aterro sanitário licenciado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA).

A separação é feita da seguinte forma: O papel, papelão e plástico geram receita para entidade com a venda para uma organização de Cuiabá-MT; os resíduos contaminados passam pelo processo de incineração no estado de São Paulo-SP; embalagens de agrotóxicos são recolhidas e transportadas a uma central em Tangará da Serra-MT, Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV); as pilhas e baterias são devolvidas ao fabricante; o óleo é armazenado e vendido por cerca de R$ 0,25 o litro para reprocesso; as lâmpadas são armazenadas na embalagem original e posteriormente devolvidas; os pneus são revendidos; a sucata é reaproveitada dentro da empresa ou vendida. O estudo de Oliveira e Serra (2010) em São Paulo-SP, apontou como barreira a existência de poucas empresas confiáveis para destinação de resíduos, gerando altos custos para o descarte em virtude da grande demanda e falta de concorrência.

Para medir e monitorar os novos procedimentos pós-implantação, a usina investiu em treinamento especializado com uma empresa externa, a fim de formar auditores internos. Através das auditorias internas a empresa consegue saber se os resultados esperados estão sendo satisfatórios de acordo com as necessidades da norma ISO 14001, bem como realizar reciclagem e atualização do conhecimento dos empregados.

O gestor destacou que houve um aumento dos custos com investimentos no processo de certificação. Tal fato foi apontado como uma das dificuldades de implantação e gerenciamento por empresas certificadas em São Paulo que destacaram elevação de custos empresariais necessários como: adequação da estrutura organizacional, intensificação de treinamentos, desenvolvimento de programas de conscientização, modernização de equipamentos, instituição de auditorias etc. (OLIVEIRA; SERRA, 2010).

Por outro lado, dentre os benefícios que poderão ser percebidos a longo prazo, na visão do gestor estão: facilidade em captar recursos junto às instituições financeiras; na exportação dos produtos; na redução de custos com a eliminação de eventuais multas; e principalmente na conscientização dos colaboradores que formam o nome da empresa e poderão levar como herança as novas práticas ambientais para suas famílias.

4.3 Percepção dos empregados com relação a certificação da ISO 14001

Os empregados pesquisados foram os dos setores certificados sendo 60,95% do agrícola e 39,05% do CCT. Quanto ao gênero há predominância do sexo masculino (94,90%). Nestas áreas a empresa trabalhou por um período apenas com o sexo masculino, entretanto, esta cultura vem sendo modificada com participação feminina em todas as áreas. A faixa etária preponderante é de 25 anos à 45 anos, composta por 65,69%. Quanto a escolaridade a maioria (59,13%) possui o 1° grau incompleto e 2° grau completo (Figura 2).

Figura 2 – Escolaridade dos empregados setores agrícola e CCT

Fonte: Dados da pesquisa

Questionados se participaram de treinamentos diversos da área ambiental 98,54% afirmaram que sim, os demais não responderam. Já com relação aos treinamentos da ISO 14001, 99,63% destacaram participar, enquanto que 0,37 não responderam. Corroborando com o resultado da figura 3 em que a maioria dos empregados relaciona a certificação da ISO 14001 com política ambiental da empresa.

Figura 3 – Relação da ISO 14001

Fonte: Dados da pesquisa

Indagados se houve facilidade no processo de adaptação e certificação da ISO 14001, a maioria deles destacou que sim, todavia 10,59% destacaram sim, porém com dificuldades (Figura 4). Tal dificuldade pode ser influenciada devido a baixa escolaridade de alguns empregados. Segundo Oliveira e Pinheiro (2010) dentre os problemas enfrentados no processo de implementação da ISO 14001, destacam-se a baixa escolaridade que tende a influenciar na interpretação dos procedimentos escritos, desmotivação e resistência a mudança.

Figura 4 – O setor se adaptou com facilidades as exigências da ISO 14001

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação à coleta seletiva os empregados foram questionados se tal prática é realizada na empresa e 99,28% afirmaram ocorrer, os demais não responderam, no entanto, quando indagados se tem conhecimento sobre o destino final destes resíduos, 86,87% afirmaram conhecer, 12,77% desconhecem e os demais não responderam. Tal índice pode ser melhor explorado pela entidade através da intensificação de treinamentos para disseminar o conhecimento no que tange a destinação de resíduos.

5 CONSIRAÇÕES FINAIS

O estudo permitiu conhecer o processo de certificação da ISO 14001, vivenciado por uma empresa do setor sucroalcooleiro do município de Nova Olímpia-MT, que foi a primeira a receber a certificação no estado.

As principais adaptações realizadas para se adequar a ISO 14001 foram: disposição adequada dos resíduos líquidos e sólidos gerados no processo industrial e reutilizados no campo, como a vinhaça, torta filtro, cinzas, resíduos gerais entre outros; o tratamento dos esgotos; plano de preparação e atendimento à emergências ambientais como pequenos derramamentos de óleo no campo, controle e monitoramento de águas superficiais subterrâneas, efluentes, emissões gasosas; o dialogo diário ambiental (DDA), realizado nos setores certificados; coleta seletiva de resíduos realizada por toda a empresa; e a exigência de adequação aos requisitos ambientais legais por parte dos fornecedores e prestadores de serviços.

Os setores certificados foram agrícolas e de corte, colheita e transporte (CCT), a maioria dos empregados afirmaram participar de vários treinamentos ambientais e treinamentos sobre a ISO 14001, acreditam que houve facilidade de adaptação, que a coleta seletiva passou a ser uma prática adota pela empresa, no entanto alguns desconhecem os destinos dados a estes resíduos.

Através do processo de reciclagem, ou seja, treinamentos constantes, a empresa esta sempre atualizando e relembrando os empregados da importância de ser responsável ambientalmente a fim de obter melhorias contínuas, bem como habituar os envolvidos as novas práticas. Sugere-se para pesquisas futuras o levantamento dos custos envolvidos no processo de certificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 14001. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

______. Normas da Série ISO 14000. NBR ISO 14001. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

AGUIAR, A. O. Sistemas de gestão ambiental na indústria química: desempenho, avaliação e benefícios. Tese (Doutorado em Saúde Pública), Universidade de São Paulo, São Paulo-SP, 2004.

AVILA, G. J.; PAIVA, E. L.; Processos operacionais e resultados de empresas brasileiras após a certificação ambiental ISSO 14001. Gestão Produtiva, v. 13, n. 3, p. 475-487, 2006.

CAPPARELLI, H. F. Sistema de gestão ambiental e produção mais limpa: Análise de práticas e interação dos sistemas. Dissertação (Mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental), Universidade de São Paulo, São Carlos-SP, 2010.

CROTTI, K.; MAÇANEIRO, M. B.; KUHL, M. R. Certificação ISO 14001: Análise dos fatores relacionados à conscientização ambiental de colaboradores de uma indústria de papel da região centro-sul do Paraná. IN Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente – ENGEMA. Anais... 2016

DIAS, S. de B. A. Modelo de implementação de Sistema de Gestão Ambiental em empresas públicas e privadas. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais), Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2008.

DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo. Atlas S.A., 2009.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Censo demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: . Acesso em: 03 de junho de 2017.

NBR ISO 14001 – Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e Diretrizes para o uso. Disponível em: http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-ISO-14.001-Sistemas-de-Gest%C3%A3o-Ambiental.pdf Acesso em: 05 de setembro de 2017.

NEVES, E. B.; ROZEMBERG, B. Estudo comparativo entre o sistema de gestão ambiental do exercito brasileiro e a norma ISSO 14001. Revista de Gestão Social e Ambiental, RGSA, v. 4, n. 1, p. 159-177, 2010.

OLIVEIRA, O. J. de; PINHEIRO, C. R. M. S. Implantação de sistema de gestão ambiental ISO 14001: Uma contribuição da área de gestão de pessoas. Gest. Prod., v. 17, n. 1, p. 51-61, 2010.

OLIVEIRA, O. J. de.; SERRA, J. R. Benefícios e dificuldades da gestão ambiental com base na ISO 14001 em empresas industriais de São Paulo. Produção, v. 20, n. 3, p. 429-438, 2010.

PEROTTO, E. et al. Environmental performance, indicators and measurement uncertainty in EMS context: a case study. Journal of Cleaner Production, v. 16, n. 4, p. 517-530, 2008.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas São Paulo: Atlas, 1999.

VALLE, C. E. do: Qualidade Ambiental: ISO 14000. 5ª ed. – São Paulo: Editora Senac, 2004.

Ilustrações: Silvana Santos