Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Relatos de Experiências
AÇÃO PREVENTIVA ÀS GESTANTES RESIDENTES NO BAIRRO “NORDESTE” PRÓXIMO AO RIO POTENGI, NA CIDADE DE NATAL/RN, BRASIL Rosemary Araújo Monteiro1; Gil Dutra Furtado2; Dimítri de Araújo Costa3 1Graduação em Fisioterapia/UFPB; Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)/Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Professora Adjunta I da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: rosemarymonteiro1@gmail.com 2Engenheiro Agrônomo/UFPB; Especialista em Psicopedagogia/UNINTER; Mestre em Manejo de Solo e Água/UFPB; Doutor em Psicobiologia/UFRN; Pós-Doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFPB; Professor Colaborador do PRODEMA/UFPB. E-mail: gdfurtado@hotmail.com 3Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas/UFPB; Mestre em Ecologia e Monitoramento Ambiental/UFPB; Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFPB. E-mail: costa.researcher@yahoo.com.br RESUMO. A gestação é um processo natural vivenciado por grande parte das mulheres, sendo a base da perpetuação da nossa espécie no mundo há milhares de anos. É de fundamental importância a disponibilidade de um acompanhamento profissional para esclarecimento de dúvidas quanto às mudanças que acontecem no organismo nesse período, quanto ao momento do parto, pelo qual elas tanto esperam, e até mesmo como proceder após o término da gravidez. Na tentativa de observar os motivos de fracasso das reuniões do grupo de gestantes, elaboramos questionários que seriam aplicados aos profissionais da Unidade Básica do Bairro Nordeste, município de Natal-RN, Brasil. Esses questionários foram realizados com treze profissionais da saúde. Essa ação é uma alternativa viável para solucionar o problema das reuniões na Unidade, já que as grávidas poderão comparecer a apenas uma ação durante toda a gestação, logo, elas não precisarão se ausentar tantas vezes consecutivas do trabalho. Dessa forma, apesar de todas as dificuldades enfrentadas para organizar a nossa intervenção, principalmente no que tange à questão do tempo, conseguimos alcançar nossos objetivos.
Palavras-chave: Atenção primária à saúde, Gestação, Comunidade. PREVENTIVE ACTION FOR PREGNANTS RESIDENTS IN NEIGHBORHOOD “NORDESTE” NEAR TO POTENGI RIVER, IN THE CITY OF NATAL/RN, BRAZIL ABSTRACT. Gestation is a natural process experienced by most women, and has been the basis of the perpetuation of our species on the world for thousands of years. It is of fundamental importance the availability of a professional follow-up to clarify doubts about the changes that occur in the body during this period, about the time of childbirth, for which they wait so long, and even how to proceed after the end of the pregnancy. In an attempt to observe the reasons for the failure of the meetings of the group of pregnant women, we developed questionnaires that would be applied to the professionals of the Basic Unit of the Neighborhood Nordeste, Natal-RN, Brazil. These questionnaires were performed with thirteen health professionals. This action is a viable alternative to solve the problem of the meetings in the Unit, since the pregnant women will be able to attend to only one action during the whole gestation, therefore, they will not have to absent so many consecutive times of the work. In this way, despite all the difficulties faced to organize our intervention, especially with regard to the question of time, we have managed to reach our goals. Keywords: Primary health care, Pregnancy, Community. INTRODUÇÃOA gestação é um processo natural vivenciado por grande parte das mulheres, sendo a base da perpetuação da nossa espécie no mundo há milhares de anos. No entanto, para muitas mulheres, a gravidez ainda é permeada por medos e inseguranças principalmente quando somados às condições de moradia relacionados e aos fatores socioambientais. “A Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde” (BRASIL, 2006). Portanto, é de fundamental importância a disponibilidade de um acompanhamento profissional para esclarecimento de dúvidas quanto às mudanças que acontecem no organismo nesse período, quanto ao momento do parto, pelo qual elas tanto esperam, e até mesmo como proceder após o término da gravidez. Neste contexto, torna-se necessário “dar prioridade às pessoas” realçando, de uma forma equilibrada, a saúde e o bem-estar, assim como os valores e as capacidades das pessoas nas suas comunidades e das que trabalham no setor da saúde” (OMS, 2008, p. 43) A ideia de realizar uma Ação para gestantes na Unidade de Saúde da Família do Bairro Nordeste surgiu a partir de uma roda de conversa com profissionais da unidade e acadêmicos da UFRN. Os profissionais da USF relataram que a realização de reuniões com gestantes residentes no bairro eram escassas e ocorriam pouca adesão por parte das participantes, chegando a haver dias de não comparecer nenhuma. Identificamos essa ausência das gestantes nas reuniões como uma deficiência da USF como falta de planejamento e agendamento interno. A partir desse contexto, decidimos planejar uma ação para as gestantes que contemplasse temas sobre planejamento familiar, momento do parto e cuidados com o bebê. Também, foi desenvolvido um questionário com perguntas sobre quais possíveis causas para falta de adesão aos encontros. Alguns pontos norteadores de análise foram abordados: problema com o horário da ação, temas escolhidos e falta do vínculo com as equipes de saúde da família. Para melhor alcance no entendimento do problema, elaboramos dois tipos de questionários: um para ser aplicado com as gestantes e outro para todos os profissionais da USF Nordeste. Com o planejamento e organização da ação com as gestantes, definimos os temas. O primeiro tema escolhido foi “Cuidados com o bebê”, porque as atuais gestantes e futuras mães e muitas, mesmo já tendo outros filhos, têm muitas dúvidas quanto à amamentação, banho e cuidados em geral com recém-nascidos. Também escolhemos o tema “Momento do parto” por ser o mais esperado pelas gestantes com relação em sentir-se mais segura e desempenho físico e emocional nessa fase. O último tema escolhido foi o “Planejamento familiar” por ser necessário para se obter uma boa qualidade de vida e estar preparada para as situações de saúde inerentes aos cuidados da saúde materna. Ocorreram etapas de divulgação para a comunidade do Bairro, distribuindo convites e pedindo para as agentes comunitárias de saúde (ACS) nos auxiliarem a convocá-las a comparecer na USF Nordeste. Ocorreram a participação de profissionais da USF Nordeste, Acadêmicos da UFRN, além das gestantes da comunidade, realizou-se palestras educativas sobre o planejamento familiar, uma dinâmica sobre o trabalho do parto e uma simulação do cuidado com o bebê. Ao final, distribuímos brindes e realizamos um lanche coletivo. OBJETIVOSAnalisar situação crítica da USF para planejamento de ação necessária que envolva componentes da universidade, serviço e comunidade; Planejar a ação com gestantes abordando temas de planejamento familiar e cuidados maternais como momento do parto e do bebê; Avaliar a ação com as gestantes e elaborar planos para futuras intervenções de continuidade na USF Nordeste. MATERIAIS E MÉTODOSÁrea de estudo O trabalho foi realizado no bairro Nordeste (Figura 1), definido pela lei nº 1.740, de 30 de abril de 1968 (SEMURB, 2008). Este limita-se ao norte pelo rio Potengi, ao Sul pelo bairro Bom Pastor, a leste pelo bairro Quintas, e a oeste pelo rio Jundiaí (SEMURB, 2012). No aspecto ambiental, este bairro apresenta uma Zona de Proteção Ambiental (ZPA-8), estendendo-se desde o Rio Potengi até o manguezal, a qual ainda não se encontra regulamentada (SEMURB, 2012).
Figura 1. Mapa de localização do Bairro Nordeste, estado do Rio Grande do Norte, região Nordeste do Brasil. Para a elaboração da nossa intervenção, nosso primeiro passo foi a realização de visitas domiciliares junto com os ACS da USF às famílias do Bairro Nordeste. Nessas visitas, realizamos uma avaliação de riscos na comunidade onde percebemos que as maiores dificuldades enfrentadas pelos moradores do Bairro foram riscos com a segurança, ambientais como acúmulo de lixos e falta de saneamento em algumas partes do bairro. Além das visitas, também conversamos bastante com os profissionais da Unidade de Saúde da Família do Bairro Nordeste e, a partir dessas conversas, descobrimos que a Unidade realizava cursos quinzenais com as gestantes do Bairro e que nos últimos encontros nenhuma gestante apareceu. Com base nessas informações, decidimos que a nossa intervenção seria voltada para solucionar esse problema e atrair mais gestantes para as reuniões. Para entender o motivo de as gestantes não comparecerem aos encontros, elaboramos questionários e aplicamos esses questionários tanto com as gestantes do Bairro Nordeste, como também com os funcionários da USF do Bairro Nordeste. Depois da aplicação do questionário, começamos a organizar um modelo de curso de gestantes, o qual deve ocorrer num intervalo de três meses e deve ser bastante rápido, abordando temas que são realmente relevantes para as gestantes. Confeccionamos convites, que foram distribuídos pelas agentes de saúde com o intuito de atrair as gestantes para o curso e compramos alguns brindes e lanches para distribuir no dia da intervenção. Dessa forma, conseguimos realizar com sucesso o curso de gestantes na USF do Bairro Nordeste. RESULTADOSTabela 1. Questionários das Gestantes
Das sete gestantes que responderam o questionário, quatro nunca haviam participado das reuniões de gestantes, porém todas tinham conhecimento sobre a existência das reuniões. Elas não compareceram tanto por motivos pessoais quanto por incompatibilidade de horários entre trabalho e o curso. Essas gestantes também alegaram que palestras tornariam os encontros mais atraentes, porém apenas uma sabia o que é um curso de gestantes. Três se mostraram interessadas em participar das reuniões, porém nem todas tinham tempo apropriado para isso. Três gestantes já participaram de mais de uma reunião e duas delas afirmaram que dinâmicas tornariam os encontros mais atrativos. Todas alegaram que participariam caso houvesse um curso contínuo de gestantes na Unidade. Questionários aos Funcionários da UnidadeNa tentativa de observar os motivos de fracasso das reuniões do grupo de gestantes, elaboramos questionários que seriam aplicados aos profissionais da Unidade Básica do Bairro Nordeste. Esses questionários foram realizados com treze profissionais da saúde. Após analisar os resultados obtidos, verificou-se que dos 13 profissionais entrevistados, 12 acreditam que o grupo de gestantes contribui de forma significativa para elas. Na opinião da maioria dos profissionais, os maiores motivos de desinteresse das gestantes em comparecer às reuniões, foram incompatibilidade no horário e falta de interesse, 12 funcionários da unidade escolheram esses dois itens, sendo 6 para cada um deles. No item de falta de vínculo com os profissionais da saúde, dois funcionários relataram ser o motivo de desinteresse das gestantes. E outros motivos foram observados por outros quatro funcionários, dois deles relataram que muitas das grávidas tinham trabalho secular, por isso não frequentam o grupo, e os dois restantes falaram da dificuldade de deslocamento até a unidade (Figura 2). Com relação à terceira pergunta realizada, que questionava o que poderia ser acrescentado ao grupo de gestantes, para que elas, de certa forma, pudessem sentir-se mais motivadas em participar do grupo, tivemos sete dos funcionários respondendo que o que poderia ser feito era a realização de dinâmicas, pois essas se encontravam em falta nas reuniões do grupo. Além disso, uma pessoa respondeu que rodas de conversa seria bastante interessante. Outras sugestões que não estavam presentes no questionário foram realizadas como: distribuição de brindes, sugestão feita por cinco pessoas, e uma pessoa relatou que nas reuniões poderiam ser feitas atividades com as grávidas, como danças com um professor de educação física (Figura 3). Por último, ao perguntar se poderia ter ocorrido alguma falha na organização do grupo de gestantes, oito funcionários responderam sim e cinco não (Figura 4). A seguir estão alguns gráficos que representam os resultados obtidos:
Figura 2. Fatores que determinam a ausência das grávidas. Figura 3. Fatores que motivariam as grávidas.Figura 4. Opiniões sobre a presença de falhas apresentadas nos cursos anteriores. O dia da Ação A nossa Ação surpreendeu bastante, estavam com expectativas pouco animadoras, pois não sabíamos se as gestantes iriam. Compareceram em pequeno número, mas lá estavam elas, embora poucas, eram bastante significativas, pelo fato de nenhuma grávida ter confirmado a sua presença. Tivemos a presença da enfermeira que mostrou os cuidados com o bebê, de como dar o banho, como limpar o bebê, a temperatura da água do banho e de como segurá-lo, a fisioterapeuta ensinou alguns cuidados que as futuras mamães devem ter com elas mesmas, como: a forma se sentar, de deitar, de se levantar, alguns movimentos e massagens para aliviar as tensões, tudo isso com a participação das próprias gestantes para a demonstração. Outra enfermeira da unidade falou sobre planejamento familiar, aconselhando os métodos utilizados para a prevenção, a função do anticoncepcional, DIU, pílula do outro dia, camisinha, a injeção de um e três meses, diafragma e alertou as gestantes em que momento deve-se utilizá-los. Realmente foi bastante esclarecedor e de suma importância, pois o crescimento familiar atinge muitas famílias com renda mensal baixa e problemas socioambientais. Depois dos ensinamentos dessas profissionais, houve a entrega dos brindes, cada brinde continha uma saboneteira, um sabonete e uma escova de dente para bebês e em seguida um lanche coletivo. Por fim, chegou a hora mais divertida, a do lanche e das fotos. Um momento de descontração, conversas, risos, agradecimentos e sensação de dever cumprido, pois ter, de alguma forma, ajudado essas gestantes foi muito gratificante, pelo fato de termos contribuído com um bem para elas e termos conseguido alcançar aquilo que almejamos. CONCLUSÕESSendo assim, pudemos perceber que as reuniões com as gestantes representam um dos grandes problemas da Unidade de Saúde da Família do Bairro Nordeste, uma vez que as gestantes não estão mais comparecendo aos encontros. Para compreender os motivos pelos quais as grávidas estão tão ausentes, aplicamos questionários e concluímos que a maior explicação para a ausência das gestantes é o horário das reuniões, já que a maioria delas tem emprego secular fora do domicílio e, portanto, não pode faltar o trabalho para ir até a Unidade. Além disso, a partir dos questionários aplicados com os funcionários da USF, chegamos à conclusão que talvez seja necessário mais interesse por parte da Unidade em implementar essas reuniões. Concluímos isso, porque oito dos treze funcionários entrevistados afirmaram que podia haver falha na organização dos encontros. Ou seja, a ausência das gestantes também pode está relacionada à falta de atrativos nos encontros, pois é preciso que essas reuniões sejam mais dinâmicas e mais rápidas, evitando que as gestantes se tornem entediadas. Portanto, durante a nossa intervenção, tentamos mostrar aos funcionários da Unidade de Saúde do Bairro Nordeste que era possível substituir as reuniões por uma ação com gestantes, o qual, por ser mais rápido e por não ocorrer em intervalos de tempo tão curtos, consegue atrair muito mais gestantes. Vê-se, por conseguinte, que essa ação é uma alternativa viável para solucionar o problema das reuniões na Unidade, já que as grávidas poderão comparecer a apenas uma ação durante toda a gestação, logo, elas não precisarão se ausentar tantas vezes consecutivas do trabalho. Dessa forma, apesar de todas as dificuldades enfrentadas para organizar a nossa intervenção, principalmente no que tange à questão do tempo, conseguimos alcançar nossos objetivos. Montamos uma boa ação, com três excelentes palestras, algumas demonstrações práticas para as gestantes e – o mais importante – conseguimos a presença de cinco gestantes, superando o número obtido em várias reuniões, as quais já são conhecidas pelas gestantes e são organizadas com uma maior antecedência. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos alunos da disciplina Atividade Interativa Interdisciplinar II: Saúde e Cidadania II, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Aos profissionais da Unidade de Saúde da Família do Bairro Nordeste, Natal/RN. Às gestantes da comunidade do bairro nordeste, Natal-RN. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM n. 648, de 28 de Março de 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde, 2006. OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Relatório Mundial da Saúde 2008: Cuidados de Saúde Primários - Agora mais que nunca. Genebra: OMS, 2008.
SEMURB - SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO
AMBIENTE E URBANISMO. Prefeitura Municipal de Natal. Conheça
melhor o seu bairro: Nordeste. 2008. Disponível em:
SEMURB - SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO. Prefeitura Municipal de Natal. Conheça melhor o seu bairro: Nordeste. 2012. Disponível em: < http://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/File/bairros/Bairros2017/Oeste/Nordeste.pdf>. Acesso em: 9 jul. 2017. APÊNDICE
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