Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/09/2018 (Nº 65) A TECNOLOGIA DE VIDEOGRAVAÇÃO COMO METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO DO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA
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A TECNOLOGIA DE VIDEOGRAVAÇÃO

COMO METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO DO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA



Márcia Belo Soares

Rita de Cássia Frenedozo2



Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Cruzeiro do Sul - São Paulo, Doutoranda em Ensino de Ciências pela Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL, e-mail: belomarcia@yahoo.com.br

2 Doutora Doutorada em Geociências e Meio Ambiente (Universidade Cruzeiro do Sul - São Paulo, Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática), e-mail: ritafrenedozo@yahoo.com.br



RESUMO

O artigo tem como objetivo apresentar as potencialidades da metodologia de tecnologia de vídeo utilizada nas aulas de ciências como instrumento de investigação dos saberes dos estudantes sobre o processo de transformação da matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro de uma composteira. Os trabalhos foram desenvolvidos com estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental e contou com a professora como observadora da proposta. A atividade investigativa teve duração de 7 aulas e contou com 3 momentos, são eles: 1º - Problematização, Investigação e Produção de Dados; 2º Tratamento dos Dados Transcrição e Análise e 3º Organização e Aplicação. Para produção de dados utilizamos videogravações de maneira coletiva e individual. As análises evidenciam o quanto as tarefas de natureza exploratórias e investigativa são importantes para o aprendizado dos estudantes em um movimento de reflexão, socialização e argumentação. Os resultados apontaram para a responsabilidade e sensibilidade ambiental dos educandos e a atividade de natureza exploratória foi fundamental para observar os saberes dos alunos em relação aos fatores que favorecem a transformação química dos materiais e possibilitam a decomposição da matéria orgânica dentro da composteira.

Palavras-chave: Ensino de Ciências, abordagem investigativa vídeo, Educação Ambiental.

ABSTRACT

The aim of this article is to present the potentialities of the video technology methodology used in science classes as a tool to investigate students' knowledge about the process of transformation of organic matter into humic substances (humus) within a composter. The works were developed with students of the 2nd year of elementary school and counted on the teacher as an observer of the proposal. The investigative activity lasted 7 classes and counted on 3 moments, they are: 1º - Problematization, Investigation and Data Production; 2nd Transcription and Analysis Data Processing and 3rd Organization and Application. For data production we use video recordings collectively and individually. The analyzes show how exploratory and investigative tasks are important for student learning in a reflection, socialization and argumentation movement. The results pointed to the environmental responsibility and sensitivity of the students and the activity of exploratory nature was fundamental to observe the knowledge of the students in relation to the factors that favor the chemical transformation of the materials and make possible the decomposition of the organic matter inside the compost.

Keywords: Science Teaching, Video Investigative Approach, Environmental Education.



INTRODUÇÃO



A aprendizagem segundo Demo (2009) não foi inventada pelas novas tecnologias, contudo, elas trazem para a sala de aula muitas novidades significativas para a aprendizagem. E cabe ao educador proporcionar aos estudantes o que há de melhor em relação ao conhecimento e as tecnologias. Para o autor a instrumentação metodológica é um suporte indispensável para a educação científica, sendo ela uma das habilidades do século XXI, devendo fazer parte da formação do aluno (DEMO, 2009).

Neste sentido, é fundamental que os professores se aproximem das tecnologias educacionais disponíveis atualmente e proporcionem aos estudantes momentos de reflexão, argumentação e criticidade favorecendo a criação do conhecimento.

Educar e pesquisar conforme Demo (2000) são atividades ligadas e necessitam estar presente no cotidiano de educadores e educandos. E segundo o autor cabe primeiramente ao profissional da educação ser um pesquisador.

A utilização do vídeo como instrumento metodológico de pesquisa é de extrema importância, pois, possibilita aos pesquisadores observar detalhes, que muitas vezes podem passar despercebidos durante a pesquisa.

Com a utilização das novas tecnologias (videogravação) nas pesquisas em diversos campos do conhecimento alguns métodos para coleta de dados, transcrição e análise de dados de videogravações surgem como estratégia para possibilitar o trabalho do pesquisador.

Ludke (1986) coloca que a observação é um dos principais instrumentos de coleta de dados nas abordagens qualitativas. E uma observação controlada e sistemática é um instrumento fidedigno de investigação científica. Devendo se concretizar com um planejamento minucioso do trabalho e preparação rigorosa do pesquisador.

Neste contexto, os autores Powell e Wellerson (2015) apresentam um método analítico para coleta e análise de dados capturados em videogravação. E apontam algumas possibilidades de limitações na tomada da decisão em relação à utilização do vídeo como uma metodologia de investigação do ensino aprendizagem.

Os autores citam que, ainda há uma carência em relação à discussão do assunto na literatura, apontam que em algumas pesquisas a preocupação ainda é voltada para discussão dos resultados gerados e não especificamente para a utilização e a maneira de como tratar os dados obtidos.

A utilização do vídeo como instrumento para coleta de informação oral e corporal pode conforme Powell, Francisco e Maher (2004) capturar:

comportamentos valiosos e interações complexas e permite aos pesquisadores reexaminar continuamente os dados. Ele estende e aprimora as possibilidades da pesquisa observacional pela captura do desvelar momento-a-momento, de nuances sutis na fala e no comportamento não verbal (POWELL; FRANCISCO; MAHER, 2004, p. 86).

Um aspecto importante quando da utilização do vídeo como instrumento metodológico são os chamados eventos críticos que são “sequências conectadas de expressões e ações” são momentos importantes que requerem observação atenta e estudo por parte do pesquisador (POWELL; FRANCISCO e MAHER, 2004, p. 104).

A escolha da temática ambiental teve sua origem a partir de uma Sequência Didática (SD) a qual trabalhou a Educação Ambiental de maneira crítica e possibilitou aos estudantes verificar se a escola praticava ações voltadas para a sustentabilidade. Os temas trabalhados durante a realização das atividades com a Sequência Didática foram: sustentabilidade; compostagem; consumismo; redução de lixo orgânico e inorgânico; coleta seletiva e matéria orgânica e inorgânica.

Contudo, mesmo com o término das atividades sequenciadas alguns questionamentos foram surgindo durante nossos momentos de reflexão (rodas de conversas) e uma questão que se colocou foi: Como ocorre o processo de decomposição da matéria orgânica dentro da composteira?

Conforme os PCNs as discussões com o tema Meio Ambiente nas instituições escolares devem contribuir para a formação de cidadãos conscientes, capazes de decidir e atuar socialmente no âmbito local e global (BRASIL, 2001).

Neste contexto, foi que originou este trabalho investigativo, o qual tem como objetivo apresentar as potencialidades da metodologia de tecnologia de vídeo utilizada nas aulas de ciências como instrumento de investigação dos saberes dos estudantes sobre como ocorre o processo de transformação da matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro de uma composteira.

Os trabalhos foram desenvolvidos com estudantes do 2º ano do 1º Ciclo do Ensino Fundamental Ensino e contou com a professora como observadora da proposta. Para tanto, utilizamos o modelo analítico proposto por Powell, Francisco e Maher (2004) que visa auxiliar pesquisadores na análise dos dados coletados em vídeo.



METODOLOGIA



Este trabalho investigativo originou-se de uma atividade Sequência Didática (SD), a qual trabalhou a Educação Ambiental de maneira crítica, levando os educandos à reflexão e verificação sobre algumas ações praticadas na escola visando sua sustentabilidade. Durante as atividades com a SD trabalhamos os temas sustentabilidade; compostagem; consumismo; redução de lixo orgânico e inorgânico; coleta seletiva e matéria orgânica e inorgânica.

No entanto, mesmo após, o término das atividades da SD, alguns questionamentos se fizeram presentes em nossas rodas de conversas. E uma questão colocada pelos alunos foi sobre o processo de decomposição da matéria orgânica dentro da composteira.

Neste contexto, nosso artigo tem como objetivo apresentar as potencialidades da metodologia de tecnologia de vídeo utilizada nas aulas de ciências como instrumento de investigação dos saberes dos estudantes sobre como ocorre o processo de transformação da matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro da composteira.

A pesquisa foi desenvolvida em uma escola da rede municipal de Santo André - SP. A qual atende a demanda do próprio bairro e de bairros adjacentes, e possui um total de 664 alunos, sendo 188 de Educação Infantil e 476 de Ensino Fundamental.

Participaram da atividade 29 estudantes do 2º ano do 1º Ciclo do Ensino Fundamental, faixa etária entre 7 e 8 anos e a atividade contou com a professora como observadora da proposta.

A proposta visou à formação do pensamento crítico, levando-os a refletir sobre como ocorre o processo de transformação da matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro da composteira.

A atividade investigativa teve duração de 7 aulas de 60 minutos cada aula e utilizamos para análise o modelo analítico proposto por Powell, Francisco e Maher (2004) o qual auxilia pesquisadores quanto a utilização do vídeo como instrumento metodológico de coleta e análise dos dados.

De acordo com Powell, Francisco e Maher (2004) a captura do conteúdo com o vídeo leva a análise dos dados considerando a entrevista de cada estudante individualmente, entrevistas clínicas, pequenos grupos ou ainda com todos os alunos da sala envolvidos na proposta de pesquisa.

A produção do vídeo aconteceu de maneira coletiva e individual, todo material coletado foi analisado em seus mínimos detalhes, buscando a identificação de momentos críticos. No entanto, tendo em vista a grande quantidade de material coletado durante as atividades, esclarecemos que, neste trabalho apresentaremos os dados da entrevista realizada com um dos alunos (A1), a qual será descrita, transcrita e analisada. A proposta foi desenvolvida em 7 aulas de 60 minutos cada aula, conforme quadro 1.

  1. Quadro 1 – Proposta investigativa o uso da tecnologia de vídeo como metodologia

Fonte: elaborado pelas pesquisadoras



A atividade contou com os seguintes momentos: problematização inicial e investigação objetivando identificar os saberes dos estudantes sobre, como ocorre o processo de transformação da matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro de uma composteira, organização dos conhecimentos e aplicação dos conhecimentos adquiridos.

O 1º momento problematização, investigação e produção de dados: teve duração de 2 aulas. Nele foi apresentada a proposta do trabalho aos alunos e a problematização inicial se deu por meio de uma roda de conversas. A investigação por aula videogravada que visou levar o aluno à reflexão sobre o processo de compostagem e a decomposição e transformação da matéria orgânica em húmus.

Para a produção de dados utilizamos a videogravação como um importante instrumento metodológico de investigação, os mesmos foram produzidos a partir das expressões orais e corporais registrados.

Também foram utilizados outros instrumentos para a coleta de dados como: os registros fotográficos, produção de texto e produção de desenho esquemáticos sobre o tema.

Na etapa Tratamento dos Dados segundo momento para a transcrição e análise da aula investigativa videogravada seguimos as orientações de Powell, Francisco e Maher (2004, p. 98) os quais descrevem 7 fases para transcrição e análise de vídeo que se relacionam, contudo, não são lineares, são elas:

1) observação atenta dos dados vídeo

2) descrição dos dados

3) identificar eventos críticos

4) transcrição

5) codificação

6) construção de um enredo

7) compor a narrativa

Iniciamos nosso tratamento dos dados com a observação atenta dos dados sem impor intencionalidade, a fim de nos familiarizarmos com o conteúdo gravado. Após, foram observadas as expressões orais e corporais dos estudantes, bem como suas inquietações, emoções e outros aspectos importantes visando à identificação e seleção dos momentos críticos.

Segundo Powell, Francisco e Maher (2004, p.104) eventos críticos são “sequências conectadas de expressões e ações”, são momentos significativos que de uma maneira direta ou indireta são fundamentais para a pesquisa.

Em relação à descrição dos eventos críticos os Powell, Francisco e Maher (2004) citam que:

devido à intensidade da mídia, o uso de dados de vídeo resulta frequentemente numa enorme quantidade de informação. Para propósitos analíticos, isso leva ao desafio de não apenas se familiarizar com o conteúdo dos dados do videoteipe, mas também de conhecê-lo em seus mínimos detalhes (POWELL; FRANCISCO; MAHER, 2004 p. 102).

Nas fases de identificação e descrição dos eventos críticos, foi necessário assistir ao evento várias vezes, possibilitando assim a compreensão do fenômeno analisado e identificando maior diversidade e riqueza de informações.

O intervalo de tempo se faz necessário para a identificação de início e término de um evento, bem como, para facilitar a localização do episódio em futuras observações (POWELL; FRANCISCO; MAHER, 2004.

Assim, relatamos, no quadro 2, por meio de textos curtos as ocorrências de cada situação e identificamos o intervalo de tempo do evento no vídeo, visando facilitar a localização do episódio em posteriores análises.

Quadro 2 – Descrição dos dados e a potencialidade da tecnologia de vídeo

Fonte: elaborado pelas pesquisadoras

Em seguida serão realizadas as transcrições dos eventos críticos, as quais segundo Powell, Francisco e Maher (2004) devem seguir de maneira a descrever o evento, conforme quadro 3.

Para realização da transcrição da videogravação a professora/pesquisadora (P) observou e visualizou o vídeo por várias, com o objetivo de transcrever na integra os dados coletados.



Quadro 3 – Comentários e Transcrição de um evento crítico

Fonte: elaborado pelas pesquisadoras



Conforme Powell, Francisco e Maher (2004) a fase de codificação busca a identificação de temas que tem como objetivo ajudar o pesquisador a interpretar seus dados. É uma fase que requer a visualização do vídeo por várias vezes e com um olhar bastante atento. Pois, ao examinar o vídeo repetidas vezes o pesquisador pode perceber interrogações, novos caminhos a serem trilhados.

Os códigos que emergem nesta fase focam a identificação de temas e padrões nas interações discursivas.

Nesse sentido, conforme orientações de Powell, Francisco e Maher (2004) construímos o quadro 4, com as categorias emergentes: Reciclagem e Fatores que favorecem a degradação da matéria orgânica. Buscando assim responder nossa questão central: Quais os saberes dos estudantes sobre como ocorre o processo de transformação matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro da composteira?

Nesse contexto, organizamos as categorias, analisamos e descrevemos suas relações com os momentos críticos apresentados na gravação, conforme quadro 3. E concordamos com os autores quando citam que a construção da narrativa perpassa por todo processo da pesquisa.



Quadro 4 – Codificando e Construindo o Enredo (os saberes do aluno A1)

Fonte: elaborado pelas pesquisadoras



Os dados e os comentários apresentados no quadro 4 revelam os saberes do estudante (A1) entrevistado sobre como ocorre o processo de transformação matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro da composteira. Pode-se perceber sua responsabilidade e sensibilidade em relação ao meio ambiente. Bem como, seus saberes em relação à transformação química dos materiais devido alguns fatores como a temperatura, a qual favorece a decomposição da matéria orgânica dentro da composteira.

O terceiro e último momento denominado Organização e Aplicação dos conhecimentos teve como foco a finalização da atividade investigativa, foram selecionadas 3 (três) aulas onde os estudantes puderam sistematizar os conhecimentos.

Foi exibido um vídeo sobre processo de Compostagem e realizamos uma aula-passeio investigativa em um Parque de Educação Ambiental, onde os estudantes puderam ter uma aula prática sobre o processo de transformação da matéria orgânica em dentro da composteira.

Para fechamento e sistematização da atividade realizamos uma roda de conversas sobre o assunto, e em seguida os estudantes expressaram por meio de produção de texto e desenhos esquemáticos (figura 1) seus conhecimentos sobre o processo de decomposição da matéria orgânica.

Figura 1 – Desenhos esquemáticos sobre Processo de Decomposição da Matéria Orgânica

Fonte: elaborado pelos estudantes



CONSIDERAÇÕES FINAIS



As intervenções educativas foram desenvolvidas visando proporcionar conhecimentos e as interações dos alunos foram facilitadoras para processo de ensino e aprendizado.

Segundo Demo (2014) é preciso transformar a escola em laboratório de pesquisa e produção do conhecimento, sendo educadores e educandos os pesquisadores.

Durante a aula investigativa os alunos refletiram e discutiram a fim de responder a questão: Como ocorre o processo de transformação da matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro da composteira?

A utilização da metodologia de tecnologia de videogravação buscou revolucionar as práticas pedagógicas e permitiu avanços nas ações educativas.

A atividade de investigação proposta apresentou as potencialidades da metodologia de tecnologia de vídeo utilizada nas aulas de ciências como instrumento de investigação dos saberes dos estudantes sobre como ocorre o processo de transformação matéria orgânica em substâncias húmicas (húmus) dentro da composteira.

Uma limitação que colocamos em relação à metodologia de análise de vídeo foi a enorme quantidade de dados coletados, esclarecemos que eles foram analisados minuciosamente. Porém, em relação à descrição, transcrição e análise optamos por trabalhar com a entrevista do aluno (A1) a qual nos revelou sua responsabilidade e sensibilidade ambiental e seus conhecimentos sobre alguns fatores como a temperatura, que favorece a transformação química dos materiais e possibilita a decomposição da matéria orgânica dentro da composteira.

As práticas dialógicas proporcionaram aos estudantes momentos de discussão e reflexão sobre o processo de decomposição da matéria orgânica favorecendo um olhar mais crítico. E a videogravação da atividade possibilitou a educadora refletir sobre os conceitos adquiridos pelos educandos em relação ao tema, esclarecemos que estes saberes também foram observados e apontados pelo grupo como um todo.

A metodologia de tecnologia de videogravação se tornou um suporte para a pesquisadora, possibilitando-lhe um novo olhar sobre os conhecimentos dos estudantes. Corroborando com Powell, Francisco e Maher (2004) quando apontam que ela permite ao pesquisador observar detalhes que muitas vezes passam despercebidos durante a pesquisa.

Portanto, consideramos que a metodologia de tecnologia de videogravação utilizada foi de extrema importância para a pesquisa, ela nos permitiu perceber que a imagem oferece e possibilita à prática de observação, descrição, transcrição e análise dos dados coletados.



REFERÊNCIAS



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DEMO. Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Editora Autores Associados, 4 ed., 2000.

POWELL, Arthur B. e SILVA, Wellerson Quintaneiro da. O vídeo na pesquisa qualitativa em Educação Matemática: investigando pensamentos matemáticos de alunos. Métodos de pesquisa em educação matemática usando escrita, vídeo e internet. (Org.) Arthur B. Powell. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2015, p.14-60. (Coleção Educação Matemática).

POWELL, Arthur; FRANCISCO J.M; MAHER, Carolyn A. (2004). Uma abordagem à análise de dados de vídeo para investigar o desenvolvimento de ideias e raciocínios matemáticos de estudantes. Tradução: JUNIOR, A. O. In: BOLEMA: Boletim de Educação Matemática. UNESP. Rio Claro, SP. v 17, 21, 81-140, mai. 2004.

LUDKE, Menga & ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária, 1986.

LIMA, Fernando Henrique de. Um método de transcrições e análise de vídeos: a evolução de uma estratégia. In: VII Encontro Mineiro de Educação Matemática (VII EMEM), 2015, São João Del Rei. Universidade Federal de São João Del Rei, 2015. v. 7. p. 1-11. Disponível em: <http://www.ufjf.br/emem/programacao/comunicacoes-cientificas/cc-textos-completos/>. Acesso em: 03 nov. 2017.

BELEI, Renata Aparecida; GIMENIZ-PASCHOAL, Sandra Regina; NASCIMENTO, Edinalva Neves e MATSUMOTO, Patrícia Helena Vivan Ribeiro. O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa qualitativa. Cadernos de Educação. Pelotas, jan/jun/ 2008. p. 187 – 199.

Ilustrações: Silvana Santos