O DESAFIO REAL DO COMPLEXO CONHECIMENTO
AMBIENTAL
Francisco
Prancacio Araújo De Carvalho1
João
Batista Lopes2
Francisco
Eduardo de Oliveira Cunha3
Fernanda
Rocha Veras e Silva4
1
Professor do Departamento de Ciências Econômicas da
Universidade Federal do Piauí e doutorando em Desenvolvimento
e Meio Ambiente / PRODEMA – UFPI.
2
Professor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade
Federal do Piauí e Professor do Doutorado / PRODEMA - UFPI
3
Professor do Departamento de Ciências Econômicas da
Universidade Federal do Piauí e Mestre em Desenvolvimento e
Meio Ambiente pelo PRODEMA-UFC
4
Professora do Departamento de Ciências Econômicas da
Universidade Federal do Piauí e Doutora em Economia pela URGS.
RESUMO
Diante
da evolução das discussões ambientais e do
entendimento do seu grau de complexidade, vem surgindo a necessidade
da construção de uma ciência das ciências
que seja capaz de articular e integrar os conhecimentos para
respostas complexas aos problemas ambientais, econômicos e
sociais. As ciências ambientais desenvolvem-se para responder a
complexidade de entender e interferir nessa realidade. Nesse sentido,
este artigo tem por objetivo apresentar a natureza dos conhecimentos
em ciências ambientais, exibindo exemplos latentes do desafio
real desses conhecimentos para as soluções atualmente
exigidas na agenda global das sociedades humanas. Os procedimentos
metodológicos resumem-se a uma pesquisa qualitativa e
exploratória com uso de conteúdo bibliográfico.
Alguns dos principais resultados apontam que a reflexão
crítica sobre o conhecimento científico convencional é
um instrumento balizador das transformações sociais e
ambientais, diante do latente agravamento dos desequilíbrios
ambientais. Um desafio real para o desenvolvimento de novos
conhecimentos através do “saber ambiental”, para a
quebra da estrutura convencional dos conhecimentos, ações,
práticas e atitude da sociedade.
Palavras-Chave:
Interdisciplinaridade. Ciências Ambientais. Problemas
Ambientais.
ABSTRACT
THE
REAL CHALLENGE OF THE COMPLEX ENVIRONMENTAL KNOWLEDGE
Facing
the evolution of environmental discussions and the understanding of
their degree of complexity, the need for the construction of a
science of sciences that is capable of articulating and integrating
knowledge for complex answers to environmental, economic and social
problems, arises. The environmental sciences develops to respond
to the complexity of understanding and interfering with this
reality. In this sense, this article aims to present the nature
of knowledge in environmental sciences, showing latent examples of
the real challenge of this knowledge for solutions currently required
in the global agenda of human societies. The methodological
procedures are summarized in a qualitative and exploratory research
using bibliographic content. Some of the main results point out
that the critical reflection on the conventional scientific knowledge
is a tool for social and environmental transformations, in view of
the latent aggravation of environmental imbalances. A real
challenge for the development of new knowledge through "environmental
knowledge", for breaking the conventional structure of
knowledge, actions, practices and attitude of society.
Keywords:
Interdisciplinarity. Environmental Sciences. Environmental
Problems.
1
INTRODUÇÃO
A
agenda global se depara com o conflito entre o progresso econômico
e social e os problemas ambientais, revelando a necessita de um
processo contínuo de transformações que exige a
articulação de todos os agentes sociais e, ações
capazes de promover o equilíbrio sustentável da vida
natural e social.
Nesse
sentido, a questão ambiental tem se embrincado de dimensões
diversas e amplitude mundial, mostrando que seus problemas e soluções
partem de uma compreensão holística de um equilíbrio
natural e humano, que é dinâmico, complexo e sistêmico.
Diante
disso, surge o constructo da ciência das ciências, que
seja capaz de articular e integrar os conhecimentos diversos para
respostas mais amplas aos problemas multidimensionais da sociedade.
Nesse contexto é que se integram as ciências ambientais,
como forma de entender e interferir em realidades complexas, através
do confronto entre a prática, a técnica, a vida e a
ciência, especialmente pela dinâmica emblemática e
irreversível da natureza.
Em
seu processo, as ciências ambientais exigem o desenvolvimento
da interdisciplinaridade, na busca de transformações
paradigmáticas e “cultivo” de relações
multidimensionais integradas na formação de
pensamentos, conhecimentos, métodos, ações e
atitudes.
Nesse
sentido, este artigo tem por objetivo apresentar a natureza dos
conhecimentos em ciências ambientais, exibindo exemplos
latentes do desafio real desses conhecimentos para as soluções
atualmente exigidas na agenda global das sociedades humanas.
A
forma de pesquisa deste artigo, conforme Pradanov e Freitas (2013),
foi de natureza básica; do ponto de vista do problema
caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa e quanto aos fins,
exploratória. Discute-se conhecimentos já
estabelecidos. Os procedimentos básicos utilizados foram de
pesquisa bibliográfica e documental. E quanto ao instrumento
de pesquisa, a fonte foi principalmente bibliográfica, com
enfoque em autores como Lef (2000), Capra (1982, 2002, 2003) e Nações
Unidas, ONU (2014, 2015, 2016 e 2017).
O
artigo divide-se em três seções. A primeira trata
desta introdução, a segunda das ciências
ambientais, a terceira dos exemplos reais dos desafios dos
conhecimentos ambientais e, por último, tem-se a conclusão.
2 CIÊNCIAS
AMBIENTAIS: O DESAFIO DE NOVOS CONHECIMENTOS
Com
a evolução do conhecimento e das formas e amplitudes da
intervenção humana nas sociedades e na natureza, a
escala da exploração social e do meio ambiente
consolidaram diversas formas de desigualdades, dentre as quais as de
renda e ambientais, privando a maioria das pessoas ao acesso pleno as
garantias fundamentais de um ambiente econômico digno e de uma
natureza saudável; apesar de importantes ganhos tecnológicos,
sociais e econômicos. Enquanto algumas comunidades locais,
regiões ou nações usufruem dos benefícios
do fortalecimento do sistema capitalista, outras, não de forma
homogênea, “digerem” suas mazelas e; ao mesmo
tempo, de forma desigual, pagam o preço dos desequilíbrios
ambientais, apesar destes terem seus efeitos globais e atingirem
também as nações desenvolvidas.
Nesse
interim, surgiu o movimento ambientalista que se associou
inicialmente com as preocupações de proteção
da natureza, mas foi fortalecido com os ativistas ecologistas,
ideário romântico e com o progresso científico.
Teve suas primeiras influências na Grã-Bretanha e nos
Estados Unidos, mas emergiu em lugares, tempos e motivos diferentes,
consolidando-se em instituições a partir do século
XIX (MCCORMICK, 1992).
As
discussões ambientais são marcadas por um dualismo.
Diegues (2001) afirma que na visão "biocêntrica"
ou "ecocêntrica", a natureza tem uma dimensão
mais elevada, valor em si, e o homem é apenas parte dela,
assim como qualquer outro ser. Já na corrente
"antropocêntrica" o ser humano, por meio da ciência
e tecnologia, tem direito e posse sobre a natureza, esta é
apenas reserva de recursos naturais.
Em
consonância, Tozoni-Reis (2008) em sua discussão sobre
educação ambiental, aponta três formulações
teóricas, que tem abrangência nas ciências
ambientais. Uma dita natural, em que as relações homem
e natureza não têm mediações da cultura e
da sociedade; os indivíduos são parte do meio natural e
se adaptam a ele. Outra, associa-se a razão, com extrema
valorização do conhecimento técnico-científico
na vida dos indivíduos, que define as relações
entre o homem e a natureza e determina a organização
social. Por último, as relações dos seres com o
meio ambiente advêm de uma construção histórica;
tanto os problemas civilizatórios quanto ambientais são
resultantes de relações sociais historicamente
estabelecidas.
A
teoria econômica também segue essas relações
de conflito. Para a economia ambiental neoclássica entende-se
que o meio ambiente é uma restrição relativa,
pois o progresso científico e tecnológico é
capaz de superar os problemas ambientais. Já para a economia
ecológica admite que a natureza impõe o limite que o
sistema econômico deve operar (MAY, 2010).
Apesar
das divergências, a literatura entende que existia um ambiente
inicialmente mais equilibrado que se converteu em problema, diante do
desenvolvimento antropocêntrico do meio social e da natureza.
Morimoto e Salvi (2009, p.8) afirmam:
As relações dos homens com a
natureza constituem o pressuposto para as relações
recíprocas dos homens entre si, a dialética do processo
de apropriação como processo natural se amplia à
dialética da história humana em geral. Nota-se que a
natureza é a primeira condição material de
existência da espécie humana, sendo que o homem é
fundamentalmente constituído por ela. Esta natureza por sua
vez sofreu transformações pela ação
concreta do homem em sociedade, com o objetivo de assegurarem
melhores condições de sobrevivência.
É
como Mariano et al. (2011) expõem, a procura do homem por
romper a dependência com a natureza criou diversas
interferências sociais e os impactos ambientais.
Essencialmente, após a Revolução Industrial
prevaleceu um sistema de exploração da natureza de
escala cada vez maior, gerador de preocupações sociais
com o meio ambiente que culminaram com o fortalecimento do debate
sobre a questão ecológica, principalmente, a partir de
1960 (BRÜSEKE,
2003).
As
ações humanas na busca de transformar a realidade vêm
ocorrendo através de um processo histórico abonançado
pelo ganho material e ao mesmo tempo nefário pelas
externalidades negativas.
A primeira
Conferência sobre meio ambiente das Nações Unidas
(ONU), em Estocolmo, 1972,
revelou um balanço do impacto humano global sobre o meio
ambiente, apontando amplas metas ambientais para o desafio de
preservar e melhorar o ambiente humano. Após esse evento,
verificaram-se avanços na perspectiva ambiental dos agentes da
sociedade e ampliação da legislação sobre
meio ambiente, embora definisse conflitos entre desenvolvimento e
natureza (ONU, 2014).
No
final dos anos 80, com o conceito de desenvolvimento sustentável
atenuando os conflitos entre o meio ambiente e o crescimento
econômico, a questão ambiental passou a se incorporar na
agenda formal das empresas e, o Conselho Empresarial Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) criou, para a Rio-92, o
conceito de eco-eficiência, segundo o qual as empresas
disponibilizariam bens e serviços com cada vez mais valor,
reduzindo os impactos ambientais e o consumo de recursos não
renováveis. Torna-se a partir daí um pilar para
orientar as alterações nos processos produtivos sob
novos paradigmas ambientais e, por consequência, perpetuadores
da ideia de sustentabilidade e de melhores condições
sociais (ALMEIDA, 2002; CARVALHO; GOMES, 2005; WBCSD, 2006).
Na
conferência Rio-92, houve o fortalecimento das bases legais
(marco legal) e a elevação das políticas de
desenvolvimento sustentável, difundindo o conceito ora citado
já com a ideia menos conflituosa onde se preserva o discurso
de direito
a vida saudável e produtiva, mas harmoniosa com a natureza
(ONU, 2014).
Em
meio ao discurso e as ações, há um certo
consenso que existe uma crise ambiental, não menos social e
científica, acelerada pela intensidade da interferência
humana no equilíbrio natural. Seus efeitos perversos e
complexos pairam sobre uma organização econômica
e social dinâmica, desigual e fragmentada, com fundamentos
insuficientes para garantia de um ambiente favorável ao meio
natural.
Capra
(1982) e Leff (2000) confirmam que a evolução social,
em especial a ocidental, ocorreu sem uma visão sistêmica,
pautada na fundamentação cartesiana, positivista,
mecanicista, com conhecimentos disciplinares e especialistas, que
recusam a compreensão do conjunto e as capacidades de
convergência das especialidades em respostas mais complexas aos
problemas sociais e ambientais, inclusive os conhecimentos de teor
naturalista, biologista e ecologista.
Na
nova era da humanidade baseada na revolução tecnológica
e do conhecimento, para Leff (2000) existe uma realidade do mundo
conjugada com a desvalorização do conhecimento,
esquecimento dos saberes e práticas tradicionais. A construção
histórica de um pensamento metafísico, da ciência
positivista e da racionalidade tecnológica que se conjuga com
a coisificação do ser no ambiente econômico
alienador. Essa realidade é resultado de uma visão
complexa da vida como construção social dominada pela
racionalidade econômica.
Por
isso, Mariotto e Coraiola (2009) afirmam que se deve romper com o
paradigma cartesiano-mecanicista para criar, de forma integrada e
unida, uma nova concepção do mundo. Corroborando com o
que Leff (2000) já dissera, as questões ambientais
exigem uma abordagem holística com conhecimentos e métodos
interdisciplinares. E também com a expressão de Capra
(1982) ao falar da necessidade das mudanças de paradigmas
capazes de criar novos pensamentos em modelos complexos de interação
sistêmica qualitativamente superiores para natureza e
sociedade. “Da
concepção de uma educação ambiental
fundada na articulação interdisciplinar das ciências
naturais e sociais, avançou-se para uma visão da
complexidade ambiental aberta a diversas interpretações
do ambiente e a um diálogo de saberes” (LEFF, 2000,
p.22).
Além
dos mais, para Capra (2002, p. 20) a vida, em suas diversas formas,
até a ordem econômica e social organiza-se em um padrão
de redes complexas que pode ser compreendida e unificada em todas
suas dimensões através da ideia de sistema. “Os
sistemas vivos são fechados no que diz respeito à sua
organização - são redes autopoiéticas -,
mas abertos do ponto de vista material e energético. Para se
manterem vivos, precisam alimentar-se de um fluxo contínuo de
matéria e energia assimiladas do ambiente”.
O elemento central de qualquer análise
sistêmica é a noção de organização,
ou "padrão de organização". Os
sistemas vivos são redes autogeradoras, o que significa que o
seu padrão de organização é um padrão
em rede no qual cada componente contribui para a formação
dos outros componentes. Essa idéia pode ser aplicada ao
domínio social, desde que as redes vivas de que estamos
falando sejam identificadas como redes de comunicações.
(CAPRA, 2002, p. 93)
É
nesse ambiente complexo com múltiplos processos materiais e
simbólicos, diversas ordens naturais, sociais e humanas com
características não lineares e dimensões
geográficas e culturais múltiplas (LEFF, 2000), onde
transbordam os problemas na natureza, alterações
sociais, econômicas, tecnológicas e científicas,
que surgem as chamadas ciências ambientais. São oriundas
de preocupações isoladas com a natureza e convergentes
em constructos de mudanças nas formas de organização
econômica, social, política, cultural e tecnológica.
Vem tornando-se alicerce para o entendimento e transformação
propositiva da complexa realidade socioeconômica e natural.
Nesse sentido, associam-se ao que se costuma chamar de ciência
das ciências; para integrar ideias e métodos em soluções
unificadas dos problemas, a partir de elementos propositivos de uma
sociedade multidimensionalmente sustentável.
Nessa
perspectiva, não se faz conhecimento novo, diante de estrutura
de organização social e ambiental complexas, sem uso de
métodos interdisciplinares que permitam a compreensão
da realidade de maneira holística e, desenvolva uma
consciência ambiental ampla a partir dos pilares da
sustentabilidade.
A interdisciplinaridade implica assim um
processo de inter-relação de processos, conhecimentos e
práticas que transborda e transcende o campo da pesquisa e do
ensino no que se refere estritamente às disciplinas
científicas e a suas possíveis articulações.
Dessa maneira, o termo interdisciplinaridade vem sendo usado como
sinônimo e metáfora de toda interconexão e
“colaboração” entre diversos campos do
conhecimento e do saber dentro de projetos que envolvem tanto as
diferentes disciplinas acadêmicas, como as práticas não
científicas que incluem as instituições e atores
sociais diversos (LEFF,
2000, p.22).
A
construção de uma nova racionalidade depende da
colaboração de profissionais de formações
disciplinares e do diálogo de saberes através da
interdisciplinaridade. Usada como uma “perspectiva
transformadora dos paradigmas atuais do conhecimento, da abertura à
hibridização das ciências, das tecnologias e dos
saberes populares”. Demanda uma reflexão crítica
conceitual e epistemológica nas ciências com a
incorporação de um saber ambiental, emergente nos
paradigmas “normais” de conhecimento com articulação
multidimensional das ciências naturais e sociais. É um
saber que deve desconstruir a formação
ontológica da sociedade de configuração
unilateral, de
ordem globalizada e de padrão uniforme; para criar um
conhecimento novo, integrador das questões da natureza e da
sociedade, que supere os conceitos e metodologias disciplinares e,
incorpore saberes tradicionais (LEFF, 2000, p.36), de forma a:
Pensar o homem como indivíduo e as
formações sociais como populações
biológicas inseridas no processo evolutivo da natureza [...];
Considerar a Ecologia como a disciplina
por excelência das interrelações, a fim de
convertê-la em uma “teoria geral de sistemas”, em
uma “ciência das ciências”[...]
Fundar a interdisciplinaridade na Teoria
Geral de Sistemas [...];
Orientar a produção de
conhecimentos por um critério de eficácia e eficiência
na integração de um sistema científico-tecnológico
a um sistema social dado, como um instrumento de controle e de
adaptação funcional da natureza e da sociedade através
da ciência [...]
Confundir as condições
teóricas para a produção de conhecimentos
interdisciplinares sobre os processos materiais que convergem em
sistemas socioambientais complexos [...];
Reduzir o estudo das determinações
estruturais e dos sistemas de organização de
diferentes ordens de materialidade do real[...]
(LEFF, 2000, p.25-26)
A
ideia do referido autor é que a interdisciplinaridade exige o
combate dos principais efeitos ideológicos do reducionismo
ecologista e do funcionalismo sistêmico, de maneira a não
criar apenas a união de conhecimentos, nem meramente realizar
uma análise sistêmica das inter-relações.
Mas causar uma ruptura com a transformação de
paradigmas para fazer emergir o citado saber ambiental, pois em sua
visão, a questão ambiental ainda se enquadra em
políticas científicas e educativas guiadas pelas bases
da ciência convencional; dependente de indivíduos e não
de política institucional.
Ao mesmo tempo em que o ser humano
superexplora recursos e desgasta ecossistemas para convertê-los
em valor de troca, “tecnologiza” a vida e coisifica o
mundo. A ciência e a tecnologia se converteram na maior força
produtiva e destrutiva da humanidade. [...] Nessa civilização
supercientificada e “hipertecnologizada”, tanto os que
dominam como os que são dominados, se encontram alienados de
seus mundos de vida, em um mundo no qual a incerteza, o risco e o
descontrole aumentam proporcionalmente ao aumento dos efeitos de
domínio da ciência sobre a natureza (LEFF, 2000, p.23).
[...] “a estratégia
epistemológica proposta para compreender as possíveis
articulações das ciências no campo da
interdisciplinaridade ambiental, acaba sendo oposta ao positivismo
lógico e a todo idealismo empirista e subjetivista”.
(LEFF, 2000, p.27).
Por
isso, deve-se procurar a união de diferentes disciplinas por
um problema comum, em busca de reintegração e
“retotalização” dos conhecimentos; da
interação entre as ciências disciplinares sem o
afastamento de seus conceitos e métodos. Em sentido forte
é um processo de “colaboração” entre
ciências que leva à construção de seus
objetos teóricos pelo saber ambiental. Ao mesmo tempo, deve
ser acompanhado de práticas sociais que interfiram na
construção do ambiente e colaborem para o processo de
hibridização das ciências, tecnologias e saberes,
culminando, em sentido amplo, com a transdisciplinaridade, um ponto
extremo no horizonte do conhecimento (PHILIPPI JÚNIOR, 2000).
[...] interdisciplinaridade é uma
busca de “retotalização” do conhecimento,
de “completude” não alcançada por um
projeto de cientificidade que, na busca de unidade do conhecimento,
da objetividade e do controle da natureza, terminou fraturando o
corpo do saber e submetendo a natureza a seus desígnios
dominantes; exterminando a complexidade e subjugando os saberes “não
científicos”, saberes não ajustáveis às
normas paradigmáticas da ciência moderna. Para salvar os
problemas que colocam a interdisciplinaridade como processo de
recomposição do saber fracionado, se postula a
transdisciplinaridade como sua solução final: um
conhecimento holístico e integrador, sem falhas nem vazios; um
conhecimento reunificador que transcende o propósito de
estabelecer pontes interdisciplinares entre ilhotas científicas
isoladas. No entanto, a transdisciplinaridade não é a
constituição de uma super-disciplina [...] [...] é
um processo de reconstrução do saber que transcenda a
divisão e a configuração disciplinar do
conhecimento em compartimentos estanques (LEFF, 2000, p.32).
A
interdisciplinaridade depende de transformações
paradigmáticas e o “cultivo” de relações
multidimensionais integradas na formação de
pensamentos, conhecimentos, métodos, ações e
atitudes sustentáveis. Como expõe Capra (2003), é
preciso uma definição operacional para sustentabilidade
que passa por reconhecer que não é necessário
inventar comunidades humanas sustentáveis, mas sim moldar as
existentes com os ecossistemas naturais, de modo que as atividades
humanas de produção, tecnologias e estilos de vida não
interfiram na capacidade de manter a vida.
Layrargues
(2006, p.2) entende que as transformações nas ciências
ambientais não criam um distanciamento das clássicas
doutrinas político-ideológicas, na verdade colaboram
para suas afirmações.
[...] trilhar o rumo do “desenvolvimento
sustentável”, incorporar os sistemas de gestão
ambiental nas empresas, ou adotar um comportamento individual
“ecologicamente correto” não significa estar imune
às clássicas doutrinas político-ideológicas,
e tampouco estar afastado das relações sociais
cotidianas, mas sim, significa ser declaradamente eco-capitalista,
eco-socialista, eco-anarquista ou simplesmente ser movido por uma
dessas subjetividades, para ficar na dimensão mais genérica
do espectro doutrinário político-ideológico. Um
cidadão “ecologicamente correto”, preocupado com a
construção da sustentabilidade planetária, pode
ser um cidadão que adote comportamentos que favorecem o
capital ou o trabalho, o mercado ou a sociedade, os princípios
liberais ou o ideal da justiça distributiva. E tantas outras
implicações e decorrências das escolhas que são
feitas, para se corrigir o rumo civilizatório [...]
Também
“não bastassem os aspectos citados, a produção
de objetos na dimensão capitalista predominante também
torna o ambiente um fator central para a reprodução do
capital”. A busca do lucro fez com que se ignorasse a finitude
dos elementos essenciais à produção, cuja oferta
é limitada. A tecnologia seria a maneira de garantir a
reprodução do capital e criar uma independência
dos recursos não renováveis (RIBEIRO, 2010, p.10).
Em
meio as discussões nas ciências e, ao mesmo tempo diante
das mudanças sociais e econômicas que vêm sendo
impressas pela questão ambiental, o tempo torna-se fator
fundamental, pois não se pode esperar que seja ultrapassado o
limite da capacidade de suporte do planeta, nem que ocorram
transformações que geram um equilíbrio onde a
vida não suporte mais, como já afirmou Capra (1982).
Nesse mesmo tempo, é necessário que se construa:
Consciência
ambiental social média capaz de mobilizar as pessoas no
sentido humanamente entendido como sustentável, apesar de sua
insegurança conceitual;
Transformações
sociais, científicas, tecnológicas e de políticas
capazes de involuir o progresso dos desequilíbrios ambientais
e manter condições para a perpetuação da
vida no seu amplo sentido.
É
fato que, apesar de tratar-se de uma questão recente de forma
sistemática e global, o meio ambiente tornou-se uma agenda
irreversível das questões humanas, institucionais e
sociais. Mas depende de ações amplas e integradas não
apenas balizadas pela natureza. É necessário resolver o
problema fundamental de ordem econômica e social, a
desigualdade, tanto em renda quanto em outras formas de privações.
A
secretária-executiva da Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe (CEPAL), Bárcena (2017, p.1)
afirmou que “A América Latina e o Caribe precisam
avançar rumo a um novo paradigma de desenvolvimento baseado na
igualdade e na sustentabilidade ambiental como motor do crescimento.
O atual modelo, o capitalismo, não funciona.”
No
Brasil não é diferente. Salvo et al. (2015) afirmam
ainda que há forte pressão sobre o meio ambiente no
Brasil diante desse modelo econômico que é liderado
pelas exportações, que pressionam a mineração
e agricultura, setores causadores dos maiores impactos ambientais em
nível mundial. Pois, segundo os referidos autores, há
uma dilapidação do capital natural das economias mais
pobres em função do uso intenso dos bens primários
destas pelas economias mais ricas, o que torna necessário o
enfrentamento da crise ambiental a partir do controle da biofísica,
materiais, energia, terra e água.
3
O DESAFIO REAL DA CIÊNCIA DAS CIÊNCIAS
Perante
as limitações provocadas pelas heterogeneidades
econômicas, sociais, políticas e naturais e, diante da
complexidade do objeto ambiental, as Nações Unidas
(ONU) entendem o conceito de desenvolvimento sustentável como
um desafio que exige o uso contínuo de metas e indicadores
objetivos e mensuráveis. Não se pode negar efeitos
positivos para um ambiente natural sustentável. Após a
Rio+10 (Joanesburgo, África do Sul, 2002) e a Rio+20,
Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio de Janeiro, 2012); em Nova
York, 2015, a ONU lançou a agenda de desenvolvimento
sustentável 2030 para promover os objetivos de desenvolvimento
do milênio e integrar a agenda de desenvolvimento sustentável.
Foram definidos 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) segunda a Nações
Unidas no Brasil (ONUBR, 2015, p.1 e ONU, 2015, p.1)
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas
as suas formas, em todos os lugares;
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar
a segurança alimentar e melhoria da nutrição e
promover a agricultura sustentável;
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável
e promover o bem-estar para todos, em todas as idades;
Objetivo 4. Assegurar a educação
inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos;
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de
gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e
gestão sustentável da água e saneamento para
todos;
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável,
sustentável, moderno e a preço acessível à
energia para todos;
Objetivo 8. Promover o crescimento
econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego
pleno e produtivo e trabalho decente para todos;
Objetivo 9. Construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação;
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro
dos países e entre eles;
Objetivo 11. Tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis;
Objetivo 12. Assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis;
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para
combater a mudança climática e seus impactos (*);
Objetivo 14. Conservação e
uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos
para o desenvolvimento sustentável;
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover
o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma
sustentável as florestas, combater a desertificação,
deter e reverter a degradação da terra e deter a perda
de biodiversidade;
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas
e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar
o acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;
Objetivo 17. Fortalecer os meios de
implementação e revitalizar a parceria global para o
desenvolvimento sustentável.
Em
função da complexidade da estrutura das relações
humanas e ambientais em suas interações para promoção
da vida social, os objetivos são amplos e multidimensionais,
pois as ações para um ambiente natural saudável
passam pela superação de inúmeros problemas
sociais, sem os quais a natureza retorna apenas para uma agenda
secundária, mesmo que não seja de forma generalizada.
Sem
renunciar a importância da efetividade integral e mundial do
demais objetivos, nem depreciar suas análises em profundidade,
neste artigo a discussão resume-se a alguns aspectos
relacionados às emissões de CO2
e ao uso indiscriminado da água que causam impactos ambientais
e socioeconômicos relevantes. Exemplos da dimensão dos
desafios apresentados a sociedade atual, diante das prospecções
ambientais desfavoráveis e das perspectivas de sociedades do
saber ambiental.
3.1
Emissões de CO2:
elementos dos desequilíbrios globais
Como
as questões ambientais possuem interações
globais, as ações humanas locais, regionais e nacionais
afetam o equilíbrio ambiental mundial, a exemplo do clima.
Uma questão complexa que despertou um dos maiores destaques
das discussões internacionais. Elevação da
temperatura do planeta ligada as emissões antrópicas de
carbono, as mudanças climáticas, aumento dos níveis
dos oceanos e desastres socioambientais e, seus efeitos, são
pautas intensas nas ciências ambientais.
O
Intergovernmental
Panel on Climate Change (IPCC,
2014a) subdivide o sistema terrestre, para fins de estudo em grupos
de trabalho, em sistemas humanos, natural e climáticos
conforme Figura
1. Percebe-se uma interação integrada entre os
sistemas, em que as ações desenvolvidas em qualquer um
deles afeta diretamente e indiretamente os demais, gerando novos
equilíbrios com outras dimensões de impactos.
Figura
1 – Interação e impactos entre sistemas do globo
terrestre
Fonte:
IPCC (2014b, p. 985).
Nota:
3 Poluição das bacias hidrográficas –
impacto: colapso das pescas. 4 Pragas agrícolas - impacto:
queda do rendimento das culturas. 5 incêndios florestais –
impacto: mudanças na umidade. 6 ocorrência do El
Niño
– impacto: mais incêndios. 7 ocorrência do El
Niño
– perdas de safras.
A
exemplo as emissões de CO2
(seta
vermelha 1) do sistema humano provocam impactos diretos de
aquecimento, afetando o sistema climático, que por sua vez,
retornam sobre o sistema humano (1a) alterando o rendimento agrícola
e, afetam também o sistema natural com mudanças na
fenologia das plantas (1b). Além disso, as mesmas emissões
de CO2
da
ação humana afetam diretamente a o sistema natural
(seta vermelha 2), gerando a fertilização de Carbono
das plantas (para Allen Jr., Baker e Boote (1996) o aumento da
concentração de CO2 na
atmosfera e a elevação da temperatura, ampliam o
tamanho e peso seco da maioria das plantas C3
e
tendem a diminuir seu índice de colheita)
que
por sua vez retroalimentam impactos no sistema humano com incremento
no rendimento florestal (2a) e mudança de umidade (2b).
Apesar
do entendimento que o clima se altera naturalmente no tempo e no
espaço, a ciência tem provado que as ações
antrópicas aceleram as alterações climáticas,
especialmente pela emissão de CO2.
O IPCC (2014c) mostra a evolução anual dos gases de
efeitos estufa de ação antrópica de 1970 a 2010
que pode ser observado na Figura 2.
Figura
2 – Total de emissões antrópicas anuais de gases
de efeito estufa – 1970 – 2010 (1) (2).
Fonte:
IPCC (2014c, p. 7).
Nota:
(1) F-Gases são os fluoretos. CO2
FOLU são as emissões associadas silvicultura e outros
usos da Terra. CH4
é Metano e N2O
é o Óxido nitroso (IPCC, 2014c); (2) Para os United
States
Environmental
Protection Agency
(EPA, 2017, p.1), os gases de efeito estufa são o
Dióxido
de Carbono (CO2),
Metano (CH4),
o Óxido Nitroso (N2O),
e os Gases Fluorados.
Vem
ocorrendo uma aceleração das emissões de gases
de efeito estufa de ação antrópica,
especialmente de CO2,
ligadas
a queima de combustíveis fósseis e processos
industriais, que tem maior participação. Em geral, o
crescimento total entre 1970 e 2000 com 1,3% ao ano, foi menor que em
período mais recente, pois entre 2000 e 2010, cresceu 2,2% ao
ano, passando de 40 Gt em 2000 para 49 em 2010.
As emissões de CO2
provenientes da combustão de combustíveis fósseis
e processos industriais contribuíram com cerca de 78% do GEE
do aumento total das emissões de 1970 a 2010, [...] [...] As
emissões de CO2
relacionadas com o combustível fóssil atingiram 32 (±
2,7) GtCO2 /
ano, em 2010, e cresceram ainda mais em cerca de 3% entre 2010 e 2011
e cerca de 1-2% entre 2011 e 2012. Dos 49 (± 4.5) GtCO2eq
/ ano no total emissões antropogênicas de GEE em 2010, o
CO2
continua a ser o principal, responsável por 76% (38 ±
3,8 GtCO2eq
/ ano) das emissões totais, em 2010. 16% (7,8 ± 1,6
GtCO2eq
/ ano) são provenientes de metano (CH4), 6,2% (3,1 ±
1,9 GtCO2eq
/ ano) do óxido nitroso (N2O) e 2,0% (1,0 ± 0,2 GtCO2eq
/ ano) de gases fluorados (IPCC, 2014c, p.6).
Entendida
como a maior ameaça ao desenvolvimento, as mudanças
climáticas (objetivo 13), marcam um impacto profundo e
alarmante no mundo; as emissões de CO2
(400
partes por milhão, em 2016)
continuam aumentando, a temperatura apresentou níveis recordes
de elevação entre 2011 e 2015, atingindo 1,1 graus
Celsius acima do período pré-industrial, em 2016, e, o
gelo atingiu seus níveis mais baixos da história. Além
do mais, tem ocorrido forte
influência do fenômeno El
Niño
e comuns desastres naturais ligados ao clima, afetando principalmente
quem não tem condições de se proteger, pobres e
mais vulneráveis (ONU, 2016; ONU, 2017a).
Isso
ocorre mesmo com os acordos internacionais, a exemplo do Protocolo
de Quioto,
que
definiu metas de redução de emissões para os
países desenvolvidos, e inúmeras outras ações
das agências ambientais. Em 2016, 175 países-membro
reuniram-se para um novo acordo em
Paris como o objetivo de acelerar e intensificar ações
e investimentos para inibir as mudanças climáticas e
ampliar a sustentabilidade com baixo carbono, gerando esforços
para que as temperaturas globais não subam mais de 2 graus
Celsius acima dos níveis pré-industriais (ONU, 2016).
As
mudanças climáticas geram efeito diversos e
heterogêneos entre as regiões do Planeta, para o Centro
de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC, 2017,
p. 1)
Países
em desenvolvimento são, especialmente, vulneráveis aos
extremos climáticos e meteorológicos. Tais eventos
extremos provocam desastres naturais como deslizamentos em encostas,
colapso de safras agrícolas de subsistência, poluição
do ar, epidemias, entre outros. Aprender a conviver com a
variabilidade natural do clima, incluindo seus extremos, é o
primeiro passo para adaptar-se às mudanças climáticas
e com um eventual aumento da ocorrência de fenômenos
extremos. Isto pressupõe o entendimento dos fenômenos
naturais como as secas do Nordeste do Brasil, e o desenvolvimento
econômico e social, ambientalmente saudável. São
questões difíceis de equacionar em países em
desenvolvimento com grandes contrastes e desigualdades, como é
o Brasil. Aumentar a resistência de sistemas sociais é a
melhor estratégia para fazer frente aos fenômenos
naturais extremos no país.
O
Brasil tem participação no enfrentamento dos problemas
do clima. Além de participar
dos acordos internacionais e desenvolver ações
setoriais, criou a Política
Nacional sobre Mudança do Clima,
através da Lei
nº 12.187, de 2009,
que procura dentre outros objetivos, compatibilizar o desenvolvimento
social e econômico com a redução dos gases de
efeito estufa (BRASIL, 2009).
Mas,
é necessário ampliar os esforços para combater
as alterações climáticas. Pois como apontou
Bárcena (2017) as
mudanças climáticas são uma falha de mercado que
exigem um grande esforço ambiental que torne a produção
e consumo livres de carbono.
Mensurar
os níveis de emissões de gases de efeito estufa,
torna-se fator determinante para o conhecimento modificador das
atividades produtivas por alterações em processos e
produtos que colaborem para sustentabilidade ambiental, econômica
e social. Há uma densa literatura mundial sobre mudanças
climáticas e diversos estudos mensuram os níveis de
emissões para setores e regiões a partir do IPCC
(2006), que elenca os parâmetros e medidas necessárias.
Considerando
as informações do IPCC (2006),
os dados detalhados da oferta e consumo de produtos energéticos
do Brasil do Balanço Energético Nacional - BEN
(construído pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e
disponibilizado periodicamente com dados anuais para consulta); e com
o instrumental de insumo-produto, é possível calcular
as emissões de CO2
de um determinado setor, região ou atividade produtiva no
país.
O
Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São
Paulo (NEREUS) tem realizados inúmeros trabalhos, dentre os
quais, Montoya
et
al.
(2013) e Montoya, Bertussi e Lopes (2017), calculam emissões
de CO2
para o agronegócio e para cadeia da soja no Brasil a partir do
consumo de energia, respectivamente, considerando os setores de
atividade econômica descritos pelo IBGE.
Além
disso, Silva e Perobelli (2009), usando insumo-produto, avaliaram as
emissões de CO2
entre 2000 e 2005 para 15 setores da economia brasileira, mostrando
que os setores com maior associação de emissões
por demanda final foram, transportes, siderurgia e, alimentos e
bebidas.
Vale
e Perobelli (2013) calcularam a intensidade de emissões de
CO2,
considerando indicadores de produção e consumo, para 27
países da União Europeia e 13 países
selecionados, entre 1995 e 2009, evidenciando, por exemplo,
divergência entre China e Estados Unidos no saldo do comércio
global de emissões. Além disso, Vale, Perobelli e
Chimeli (2014), considerando as bases de dados ora citadas e os
multiplicadores de Miyazawa, verificam as emissões no corte
regional ora citado.
Perdigão
(2017) faz a decomposição das emissões de CO2
pelo
consumo energético entre 1999 e 2009,
utilizando
insumo-produto para o Brasil, Rússia, India e China (BRIC).
Seus resultados mostram que no Brasil e na Rússia, os efeitos
da geração de CO2 são mais elevados em relação
a demanda final e na China e Índia pelos investimentos.
3.2
Uso de água: escassez como base de insustentabilidade
A
água é um recurso fundamental para vida humana
biológica e para suas atividades de produção,
distribuição e consumo de bens e serviços, mas é
um bem escasso e fonte de descarga de inúmeros resíduos
da atividade humana.
A
ONU ao discutir o objetivo de desenvolvimento sustentável 6
(Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da
água e saneamento para todos), em 2017, afirma que morrem
ainda milhões de pessoas por ano, a maioria crianças,
por escassez de água (40% da população mundial),
abastecimento de água inadequado ou falta de saneamento (2,4
bilhões de pessoas),
impactando na segurança alimentar e falta de oportunidades
econômicas, especialmente para os mais pobres. Além do
mais, da maior parte das águas captadas, cerca de 70%,
são usadas para a irrigação e 80% das águas
residuais humanas são descartadas sem tratamento em rios ou
mares. Um outro agravante é que as inundações e
outros desastres
relacionados com a água são responsáveis por
70 % das mortes relacionadas com desastres naturais (ONU, 2017b).
Além
disso, os oceanos
(objetivo
14, referente à Conservação e uso sustentável
dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento
sustentável) em sua temperatura, correntes e química
conduzem os sistemas globais que fornecem e regulam os fatores
determinantes para atender as necessidades biológicas da vida
humana, animal e natural e até o desenvolvimento das
atividades humanas de produção e distribuição,
permitindo a vida na Terra. Sendo, em 2017, responsável por
97% das águas do Planeta e por 3 trilhões de dólares
dos recursos marinhos e costeiros por ano, algo de aproximadamente 5%
do PIB global. Além
de ser a maior fonte mundial de proteína, empregar direta e
indiretamente 200 milhões de pessoas
e absorver 30% do CO2
emitido
pelas atividades humanas. Mas, 40% dos oceanos mundiais são
amplamente afetados pela poluição, sobrecarga dos
recursos pesqueiros e destruição da costa marítima
(ONU,
2017c).
O
uso humano intenso de água e descarte de resíduos pode
trazer sérios danos ao ecossistema, já que a água
representa base importante de sua manutenção. Os
desequilíbrios sistêmicos gerados podem prejudicar a
vida selvagem, danificar os micro e macro sistemas naturais e a
própria vida humana, ao esgotar a capacidade de
sustentabilidade da vida física e social, como, por exemplo,
inviabilizar a geração de emprego e renda. Algumas
regiões do planeta já apontam preocupações,
a demanda de água em parte da Europa e da América do
Norte já excede os estoques disponíveis, e no Oriente
Médio, o uso da água já excede os suprimentos
locais (CHISHOLM, 1993).
Em
função das necessidades interregionais de água,
as regiões que possuem menor volume desse recurso podem
compensar pela comercialização de bens com maior volume
de recursos hídricos. Essa transação indireta de
água embutida nos bens é chamada de água virtual
(ALLAN, 1993; VISENTIN, 2017; USSAMI; GUILHOTO, 2017).
O
Brasil é um país com abundância de recursos
hídricos, de extensa área costeira e diversas fontes de
água doce, escassa em muitos países do mundo como
aponta Johns Hopkins University (1998) em função do
crescimento da população e da urbanização,
demandas para irrigação e desenvolvimento industrial.
O
território brasileiro contém cerca de 12% de toda a
água doce do planeta. Ao todo, são 200 mil microbacias
espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como as bacias
do São Francisco, do Paraná e a Amazônica (a mais
extensa do mundo e 60% dela localizada no Brasil). É um enorme
potencial hídrico, capaz de prover um volume de água
por pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela
Organização das Nações Unidas (ONU) –
de 1.700 m³/s por habitante por ano (MMA,
2017, p.1).
Mas
a Agência Nacional de Águas (ANA, 2017) assegura que há
um desequilíbrio na distribuição das águas
disponíveis no Brasil, enquanto a região Norte possui
cerca de 80% desta, concentra apenas 5% da população do
país e, as regiões próximas ao Oceano Atlântico
possuem mais de 45% da população e menos de 3% das
águas.
São
fatos que ainda persistem mesmo existindo a lei das águas no
Brasil a 20 anos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que tem
por objetivos, a utilização
racional e integrada dos recursos hídricos para o
desenvolvimento sustentável; assegurar
a disponibilidade de água de qualidade para as futuras
gerações e, prevenir eventos hidrológicos
críticos de ordem natural ou em função de seu
uso inadequado. Em 2017, adicionou-se ainda o objetivo, incentivar e
promover a captação de águas pluviais (BRASIL,
1997).
Estudos
que mensurem o nível de retirada de água do
ecossistemas em função da atividade econômica são
importantes para o desenvolvimento de políticas de uso
sustentável da água, assim como, para determinar quais
setores ou atividades produtivas tem maior pegada hídrica
(definida
por SILVA et. al, 2017, p.1 “como o volume de água total
usada durante a produção e consumo de bens e serviços,
bem como o consumo direto e indireto no processo de produção”).
A exemplo, o estudo de Visentin (2017) calcula os coeficientes
técnicos diretos de captação, consumo e retorno
de água, os fluxos inter-regionais e pegada hídrica em
bacias hidrográficas. Uma referência fundamental para os
cálculos dos coeficientes técnicos de uso da água
foi a FBB, MMA, FUNARBE (2011)
que expõe dados, para 2006, sobre retirada, consumo e retorno
de água.
Além
disso, Ussami e Guilhoto (2017) avaliaram o uso direto e indireto da
água para São Paulo e o restante do Brasil através
de um matriz multi-regional de insumo-produto, desagregada em 83
setores e 23 regiões, mostrando que o Alto Tietê exporta
bens que são menos intensivos em água. Nesse estudo, os
autores apresentam bases metodológicas importantes para
estudos sobre recursos hídricos, apresentando coeficientes de
água para 83 setores da economia do Brasil.
4
CONCLUSÃO
Diante
dos crescentes problemas ambientais, associados as desigualdades
econômicas, sociais e regionais, os estudos em ciências
ambientais vêm apresentando alinhamento teórico
independente, na prospecção de representar a expressão
de um saber ambiental das sociedades, para além da aglomeração
cartesiana do conhecimento científico tradicional. Pois este
não tem sido capaz de subsidiar, com as ações
sociais e políticas, a solução dos problemas
sociais. Ao mesmo tempo em que é latente o agravamento dos
desequilíbrios da natureza.
As
ciências ambientais são na verdade o resultado de um
processo histórico que se intensifica a partir dos anos de
1960, quando a questão ambiental começa a tornar-se
pauta contínua de discussões dos atores socais.
É
fato que a ciência evolui de forma mecanicista e fragmentada. A
especialização distanciou respostas completas e
complexas para os problemas econômicos, sociais e ambientais.
Unificar pensamentos, ideias e conhecimentos têm sido uma
tarefa complexa, diante da evolução científica,
econômica e social fragmentada. As disciplinas evoluíram
em seus métodos e resultados, mas as relações
interdisciplinares foram disciplinadas a desintegração.
Diante
do exposto, o mais razoável é pensar na
interdisciplinaridade além da integração entre
disciplinas, como algo que deve alavancar a reconstrução
dos conhecimentos disciplinares baseados em novos conceitos e
métodos, mais complexos, sistêmicos e integradores,
associados a uma nova base epistemológica do ambiente natural
e social. Objetiva-se, reconstruir, sob novos paradigmas, um
conhecimento novo, agregado, não mais baseado em disciplinas
de princípio mecanicista e isolacionista, mas em disciplinas
sistêmicas e complexas.
A
fusão de conhecimentos não seria realizada por
aglutinação, mas por adaptação da
realidade em que se vive. Atualmente o ambiente é disciplinar,
nesse sentido, a prática interdisciplinar que envolva todos os
agentes e setores sociais exige a transformação das
disciplinas com mudanças capazes de convertê-las, no
agregado, em conhecimento integrado.
Cada
conhecimento disciplinar modificado pelos paradigmas da prática
da interdisciplinaridade permitiria a construção de
novas disciplinas preparadas para integrarem-se na revelação
e transformação da realidade complexa.
Nesse
sentido, o mais importante é criar, no ambiente disciplinar, a
capacidade de integração e interação
entre disciplinas que permita a construção do
conhecimento conexo no agregado da realidade social. Para isso, é
necessária uma política global das ciências,
integrada com todos os conhecimentos não científicos,
de implantação nas disciplinas do paradigma da
interdisciplinaridade, da complexidade, como se fosse a “disciplina
complexa” das disciplinas, que permitisse o encadeamento dos
seus conhecimentos e métodos (em modificação
dinâmica diante da complexidade) para a construção
do conhecimento conjugado e integrado.
Portanto,
considerando que cada disciplina isoladamente fornece uma compreensão
limitada e parcial de situações e fenômenos
complexos, a superação dos limites disciplinares,
certamente contribuirá para uma resposta mais eficiente frente
à complexidade.
Os
conceitos e métodos desenvolvidos e em desenvolvimento nas
ciências ambientais, a exemplo da interdisciplinaridade, tem
colaborado para criar experiências e ações na
busca de conhecimentos e transformações da realidade de
forma qualitativa do ponto de vista do meio ambiente.
Os
desafios reais que as sociedades enfrentam, em função
do seu nível de integração e complexidade,
tornam-se cada vez mais críticos, amplos e irreversíveis.
A exemplo das emissões de CO2
e uso da água que revelam desafios reais da necessidade humana
de transformação da realidade, agendada na prática
da sustentabilidade.
Por
isso há necessidade da fundamentação coletiva da
consciência humana e das ações efetivas de
alterações nos padrões de manutenção
dos sistemas econômicos e sociais. Seja de ordem da dinâmica
da vida, da ciência, da política e suas interações.
Nesse
sentido, no curto e médio prazos não haverá
outra saída senão a prática da ciência das
ciências, como forma de atenuar o progresso devastador das
alterações estruturais nas vidas naturais e humanas.
Espera-se
que no longo prazo, construa-se, de fato, uma educação
ambiental e os ambientes econômicos, políticos, sociais
e naturais transformem a vida para além do aglomerado de
indivíduos, métodos e processos. Crie-se uma vida
coletiva integrada e qualitativamente superior em todas suas
dimensões.
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