EDUCAÇÃO
AMBIENTAL COMEÇA DENTRO DE CASA
Nova
geração é esperança para um futuro melhor
e mais limpo
ADREANA
OLIVEIRA
Marlene
Colesanti é professora e pesquisadora e trabalha há
mais de 30 anos com educação ambiental
"É
triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não
a ouve". A frase do dramaturgo francês Victor Hugo
(1802-1885) infelizmente, ainda faz sentido. Reclamamos do
aquecimento global, do bueiro que não aguenta a água
das chuvas, das enchentes, dos buracos nas ruas... porém,
muitos de nós não conectam essas “respostas”
da natureza a atitudes como jogar lixo em vias públicas, corte
indiscriminado de árvores e excesso de poluição
na atmosfera provocado pela queima de combustível fóssil.
Com
mais de 30 anos dedicados à educação ambiental,
é vendo as atitudes da nova geração e dos netos
de 2 e 7 anos de idade que a professora e pesquisadora Marlene
Colesanti, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
consegue enxergar uma luz no fim do túnel. A geógrafa
tem vários trabalhos publicados sobre cidades sustentáveis,
educação ambiental, geografia urbana e percepção
da paisagem.
“Eu
uso transporte público e converso muito com as pessoas pelos
trajetos que faço. Estamos tão acostumados com o feio
que o belo já não chama mais nossa atenção.
Quando ando a pé, percebo que temos cada vez menos conforto
térmico em nossa cidade”, disse, em entrevista ao jornal
Diário de Uberlândia.
Para
ela uma cidade sustentável só é possível
quando há mudança de atitude. Se as pessoas não
se preocupam com gastos indiscriminados e produção de
resíduos a cidade sustentável não existe. Ela
começa dentro da nossa casa e as pessoas precisam dar o
exemplo. “Conheço gente de diferentes classes sociais.
Muitas viajam pelo mundo e adoram andar de ônibus em Paris, de
metrô em Nova York mas quando voltam para Uberlândia não
têm interesse em saber como está o transporte público
na cidade”, comentou.
Para
Marlene as escolas de educação infantil têm feito
um bom trabalho e o cuidado do meio ambiente é uma atividade
diária. “Há pesquisas que comprovam que quando
saem do campo, ao chegar nas cidades, as pessoas não querem
mais ver terra ou folhas. A primeira coisa que fazem é
cimentar os quintais sem se preocuparem com a infiltração
da água. Temos estudos do Laboratório de Climatologia
da UFU que revelam também que hoje não chove mais que
há 30 anos, temos essa percepção por conta do
aumento das enxurradas”, explicou.
A
pesquisadora vai em setembro para Portugal, onde iniciará uma
pesquisa em parceria com a UFU e a Universidade de Coimbra sobre
arborização e saúde. A pesquisa será
realizada também em Uberlândia, Goiânia e Lisboa,
além de Coimbra. “Vamos sair batendo na casa das pessoas
que moram em ruas arborizadas para saber se há incidência
de doenças como pressão alta, diabetes. Já há
um estudo alemão que comprova que pessoas que moram em ruas
arborizadas são mais saudáveis. Na rua em que moro, no
bairro Umuarama confirmei isso”, adiantou.
Se
pudesse deixar uma mensagem que fosse reverberar pelo país,
Marlene pediria para que as pessoas pensassem mais no planeta. “Conte
até dez antes de comprar algo que você não
precisa. Chame os vizinhos do condomínio para participar
ativamente da coleta seletiva, descarte o lixo no lugar certo, não
desperdice água e plante árvores”.
BASE
Os
primeiros instrumentos legais de proteção ambiental
surgiram no Brasil em 1934, pelo decreto 24.643, que aprovou o
primeiro Código de Águas Brasileiro, e pelo Decreto
Federal 23.793, que aprovou o primeiro Código Florestal
Brasileiro. Desde então, uma série de instrumentos
legais normativos e instrutivos foram criados para ordenar o consumo
de recursos naturais e garantir a sua preservação.
A
área de consultoria e assessoria ambiental, portanto, não
é nova. Sua função está em instruir a
empreendimentos e a comunidade quanto aos procedimentos
ambientalmente adequados para monitoramento e utilização
de recursos naturais. “O setor tem passado por mudanças
que devem ser consideradas para atuação no mercado.
Uberlândia é uma cidade, que nas últimas décadas
apresenta intenso crescimento urbano. O município representa
um ótimo local de atuação para o setor
ambiental, uma vez que, o licenciamento ambiental é necessário
para as mais variadas atividades, tais como industriais, agrícolas
a comerciais”, disse Daniel Fernandes Loureiro, sócio-diretor
da Raiz Assessoria Hídrica e Ambiental, há 11 anos em
Uberlândia.
Atualmente
a empresa atua, principalmente, no setor de licenciamento e
regularização ambiental, desenvolvendo estudos para
avaliar e identificar os impactos ambientais relacionados as
atividades dos clientes e propor medidas voltadas a mitigar tais
impactos, e instruções quanto aos procedimentos legais
vigentes para instalação e operação dos
empreendimentos.
“Desenvolvemos
ainda uma série de trabalhos de monitoramento ambiental,
relacionados ao acompanhamento das licenças vigentes dos
clientes, elaboração de processos de outorga,
monitoramento de recursos hídricos, levantamento de fauna e
flora, topografia, geoprocessamento e execução de
Programas de Educação Ambiental”, disse o
geógrafo e analista ambiental Frederico Augusto Tavares Amaro.
A
falta de conhecimento das exigências legais, os custos
inerentes aos processos de regularização e a carência
financeira das instituições ambientais, geram problemas
que se tornam recorrentes. “Normalmente o empreendedor não
tem ideia do que necessita fazer para ter seu empreendimento
regularizado ambientalmente, por isso a consultoria é
importante. No Brasil existem processos regulatórios em
diversas esferas, não só estadual. Os custos associados
aos longos prazo de regularização, muitas vezes acabam
fazendo com que o empreendedor se arrisque, iniciando suas atividades
de forma irregular”, disse Loureiro.
Fonte:
https://diariodeuberlandia.com.br/noticia/21299/educacao-ambiental-comeca-dentro-de-casa